Casal: CedricxHarry

Classificação: Slash, Angst

Notas: Eles não pertencem a mim, infelizmente. E culpem o filme por essa história existir. 8D Eu não tinha percebido as probabilidades no livro antes.


Primavera tardia – quinta parte

Seu estômago devia estar infestado de mariposas, borboletas, todos os seres voadores possíveis. Só assim para explicar aquela sensação que sentia conforme caminhava para a entrada do labirinto. Nessas horas queria saber um feitiço do tempo bem poderoso, para que pudesse adiantar aquela terceira tarefa de uma vez.

Harry sorriu ao olhar para o lado e ver Cedric na outra entrada do labirinto. Ele nem estava tão preocupado em ganhar. Contanto que sobrevivesse a tudo aquilo e depois pudesse comemorar com o loiro...

"Não é hora pra isso.", pensou o moreno, balançando a cabeça. Mas seus hormônios de 14 anos não podiam evitar às vezes. Ele encarou Moody e viu quando este lhe deu um sorriso encorajador. Logo o sinal de início foi lançado e Harry Potter adentrou o labirinto, vendo a entrada se fechar atrás de si logo em seguida.

Mal sabia que o pesadelo estava para começar.


Seu corpo todo doía. Ele corria junto com o loiro pelo imenso corredor, já vendo o brilho da taça à frente deles. Ambos tinham prometido que iriam deixar tudo de lado e dar o melhor de si para ganharem. Não que isso fosse problema para o jovem bruxo, ser competitivo era com ele mesmo.

Quando ouviu Cedric cair e ser agarrado por vinhas com vida própria, Harry hesitou. Ele seria salvo depois, não seria? Mas e se perdessem o controle da vinha, como que o loiro ficaria?

A decisão se passou em segundos pela mente do grifinório antes que ele voltasse e gritasse.

- Reducto!

Logo Cedric estava de pé ao seu lado, com cortes no rosto e nos braços.

- Sabe...por um momento, achei que ia me deixar lá.

Olhos verdes o encararam, envergonhados.

- Eu também achei.

O loiro sorriu e puxou-o pela cintura, dando-lhe um beijo.

- Eu sei que alguém me buscaria...mas fico feliz que parou para me ajudar.

Harry sorriu levemente. Foi então que ouviu o assobio forte da nova rajada de vento. Ambos correram como nunca, vendo as paredes do corredor se comprimirem, tentando encurrala-los, fecha-los naquela escuridão. Chegaram a taça e após uma breve discussão, tocaram-na.

O grifinório sentiu o mau pressentimento de dias antes atingi-lo com tanta força quando o poder da chave do portal.

Tudo após caírem no cemitério ainda era um borrão na mente dele. Como ele reconhecera o local, como ouvira a voz comandando a morte de Cedric. Como seu coração falhou uma batida ao ver o corpo do outro caindo no chão com o Avada Kedavra para logo após ser erguido no ar e preso.

Como vira Voldemort renascer.

Como duelara com ele e como vira cada uma das vítimas de Voldemort saindo da sua varinha...até ele voltar.

Mas o que mais se lembrava, como uma dor que nunca sarava fora quando Cedric pedira para levar seu corpo de volta. E depois, por ínfimos segundos, aproximara de si e sussurrara, num segredo.

- Estarei...sempre com você.

O tempo pareceu voltar a correr quando se viu no gramado do campo de Quadribol segurando o corpo sem vida do loiro.


Harry escutava Dumbledore falar para todos os alunos, palavras que somente ele conseguiria proferir. Mas sua mente estava longe, voando.

Lembrando-se de forma amarga e dolorosa cada um dos eventos daquele ano, da carta, das conversas, do primeiro beijo, do segundo, da primeira vez...e do último beijo. Parecia que o loiro até sabia que não voltaria com ele.

- Harry?

O moreno sorriu levemente para Rony, que o chamara. Seguiu com o amigo até seu dormitório, não conseguindo encarar muito dos outros alunos, pois via nos olhos deles a pergunta implícita: O que houve naquela noite? Pergunta que ele próprio não sabia explicar, que ainda não entendia.

Os dias foram passando lentos e preguiçosos, seu coração agradecendo a companhia de Rony e Hermione, pois eles haviam atingido um estágio em que palavras não eram mais necessárias. Agradecia a eles nunca terem perguntado nada, apenas oferecendo sua presença.

E a cada noite que ia dormir, fechava os olhos bem apertados, agarrando-se a memória de um dia tão distante, entre névoas na entrada da floresta proibida, quando Cedric lhe dissera que lhe amava pela primeira vez em voz alta. Quando sentira o corpo dele junto ao seu pela última vez, quando tudo que tinham naquele momento era a si próprios e mais nada. Quando a névoa lhe escondera dos olhos que poderiam manchar aquela perfeição. Aquele momento único.

Harry repassava e repassava aquela imagem na sua mente até adormecer com o nome do outro nos lábios e no coração.

Tinha somente aqueles momentos para recordar pois sabia que sua vida mudaria novamente para sempre com o renascimento de Voldemort.


Ele limpou as lágrimas na manga das vestes, algumas gotas caindo no gramado fresco. Levantou-se e olhou em volta. Harry viu então alguém se aproximando. Era Hermione.

- Recordando do passado Harry? – disse a garota, parando ao seu lado, fitando o horizonte.

- Talvez...se as coisas tivessem sido diferentes há dois anos atrás...nada disso teria acontecido. Dumbledore estaria vivo.

- Não se pode mudar o passado. – ela riu baixo – Bom, nem sempre.

Harry não pôde evitar de sorrir. Hermione era a única que sabia do seu relacionamento com Cedric. Às vezes ela era inteligente até demais.

- Vem, o pessoal está esperando.

- Só um momento. – o moreno tirou a varinha do bolso e murmurou algo. Um ramo de flores surgiu em sua mão e ele depositou no gramado – Descanse em paz...Cedric.

Pois sabia...que não voltaria para a escola.

Horas depois, ele se encontrava sozinho numa das cabines do expresso de Hogwarts. O grifinório havia pedido isso e após muita relutância Rony, Hermone e Gina o deixaram.

Ele observava a paisagem passar rapidamente. Harry então tirou do bolso um cordão com o anel de Cedric. Lágrimas surgiram em seus olhos verdes enquanto ele apertava o anel contra o peito. Sua outra mão apertava a horcrux falsa dentro do bolso.

- Eu não vou me esquecer Cedric. Eu prometo.


"Querido Harry,

Aposto que está muito chocado agora. Desculpe não ter comentado nada, mas queria que fosse uma surpresa. Espero que chegue a tempo no seu aniversário.

Este anel é o símbolo do meu compromisso, do meu amor por você. Depois de muito pensar, cheguei a conclusão que enfrentarei tudo para ficar com você. Quero que todos saibam o quanto eu te amo, quero lhe apresentar devidamente aos meus pais, quero conhecer você ainda mais.

Sei que nada nesse mundo é certo. Mas eu espero que, pelo tempo que ficarmos juntos, que eu consiga lhe fazer o homem mais feliz do mundo, depois de tudo que você passou.

Mesmo que sigamos caminhos diferentes um dia, prometa que não se esquecerá de mim.

Te amo

Seu Cedric."

FIM

Obrigado a todos que enviaram seus comentários. Nos vemos em breve!

Mystik