Mais do que palavras

N.A.: Nhái, mais um cap para vocês! Demorou muito? É que tô indo na boa... Se não eu surto! Ah, FELIZ ANO NOVO! Aproveitem:


Capítulo 2 - Conhecendo o Hospital Universitário

"Nenhum inverno dura para sempre, nenhuma primavera pula a sua vez." (Harl Borland)


Gina abriu lentamente os olhos e não pode evitar se espreguiçar ruidosamente. Nada melhor do que poder dormir até tarde nos domingos. Vagarosamente olhou para o lado e fitou Malfoy, ele estava acordado, a observando. Sentiu-se envergonhada e jogou o travesseiro nele.

-Bom dia! - disse tentando soar alegre.

Draco, que a estava observando a tempos, acabou rindo, mesmo irritado por ela ter jogado o travesseiro nele. A garota era maluca! Primeiro se espreguiça, parecendo uma gata que acaba de acordar, e depois levanta num salto e o agride. Quem entende as mulheres?

-Não vai responder, não, mal educado! - ela disse o olhando emburrada, e depois com expressão culpada. -Desculpe, esqueci que você não pode...

"É, não posso falar! Sua anta Weasley...", Draco pensou extremamente irritado por tudo, por ela ser tão estranha, por não conseguir sair dali, por precisar que ela cuidasse dele, por ela ser tão bonita e por ele achar isso.

-Bom, hoje é domingo, você dormiu muito mesmo! Ontem o dia inteirinho. Espero que este sono tenha sido reparador. - ela disse e parou subitamente para bocejar. Draco percebeu que ela estava com o rosto inchado pelo sono, e os cabelos desgrenhados. Achou a visão engraçada. Jamais vira uma Weasley acordando, na verdade ainda não havia visto nenhuma garota acordando...

-Espera que já te examino.

Ao entrar no pequeno banheiro Gina viu como estava horrorosa. Toda descabelada e cheia de remelas... Era péssimo acordar nesse estado ao lado de um homem, mesmo que este fosse seu inimigo declarado e estivesse moribundamente ferido.

Regra número um de Gina Weasley: sempre, a qualquer custo, estar limpa, arrumada, cheirosa e penteada, com esses cachos rebeldes domados, ao lado de um homem. Resolveu esse problema e se arrumou no banheiro, tomando um banho. Quando saiu da água lembrou que não havia pegado a roupa que colocaria. Imbecil, ia ter que sair de roupão e ir até o armário, na frente dele. Iria quebrar sua regra número três, das sete que tinha imaginado com base nos seus erros de atitude anteriores, não aparecer em trajes impróprios em frente a um pretendente antes do décimo encontro. Mas espera, Malfoy não era um pretendente, era apenas um paciente. Muito charmoso, mas paciente.

Acabou saindo de roupão mesmo.

O susto que Draco levou ao vê-la saindo assim do banheiro não teve precedentes. Ela nem sequer o olhou, apenas passou, abriu a porta do armário, pegou um vestido branco e um chapéu preto, e voltou apressada para onde tinha saído.

Gina suspirou aliviada quando entrou novamente no banheiro. Era uma total falta de privacidade ter aquele homem no seu quarto! Vestiu-se, penteou o cabelo, desejando que não tivesse cortado-o tanto, na altura do ombro ele armava muito mais, colocou o chapéu que a identificava como aluna do primeiro ano, ajeitou-se e saiu.

Draco ficou mais surpreendido ao vê-la sair pela segunda vez. Nas vezes que a vira anteriormente, ela estava cansada, pois tinha estudado e trabalhado antes de atendê-lo. Mas agora não, ela parecia renovada e mais animada. Observou enquanto ela se aproximava e sentava ao lado dele na cama.

-Tomou a poção? - Gina perguntou automaticamente olhando para o criado-mudo. Draco fez que sim com a cabeça em resposta. -Que bom, você parece mesmo melhor. Ela serve para curar as feridas internas... Ah, já disse isso no bilhete, não é? - ela disse e em seguida ficou pensativa.

Gentilmente ela colocou as mãos no rosto de Draco, que não pode evitar afastar-se. Ela chacoalhou a cabeça, parecendo não gostar da birra dele e o puxou de volta, puxando as pálpebras inferiores dele e observando os olhos dele, profundamente. Em seguida puxou a varinha e fez feitiços que Draco não conhecia e nem vira Madame Pomfrey proferir anteriormente.

-Pode se levantar? - ela perguntou com uma expressão séria no rosto.

Draco esforçou-se, com dificuldades conseguiu se erguer, mas não parecia ter forças para manter-se em pé. O peso do mundo parecia estar sobre suas costas, empurrando-o em direção ao chão. Acabou caindo. Gina agachou-se para ajudá-lo a se levantar e Draco sentiu-se humilhado. Não tinha forças nem para manter-se em pé! E ainda tinha que ser ajudado por uma mulher, uma Weasley...

-Não você não está nada bem. Melhor do que quando te encontrei, mas... - ela parecia indecisa. -Olha, Malfoy, não tenho outra escolha a não ser levá-lo para o Hospital Universitário...

O espanto tomou conta de Draco, ela mesmo havia dito que lá não gostavam de comensais! E agora vinha com essa história de entregá-lo! Fez que não com a cabeça e acenou para o pergaminho que estava na estante. Gina percebeu o que ele queria e pegou.

"Você disse que lá eles não gostam de comensais e agora quer me entregar?", escreveu rapidamente, já com o pulso mais firme do que da vez anterior.

-O que você quer que eu faça! - ela não estava nada feliz com essa decisão, sentia-se ligeiramente culpada, mas não era certo ficar escondendo um comensal em seu dormitório. O que fariam se o pegassem lá? Ela certamente seria acusada de ocultação de criminosos e também seria julgada... Acabaria perdendo a bolsa na faculdade e seu sonho se desvaneceria. Tudo por alguém que ela nem tinha certeza se merecia. Ela sentia dó por Malfoy ter sido maltratado pelo próprio pai, mas ela não podia pagar por ele ter uma família ruim.

Com muita dificuldade, não motora, mas sentimental, já que Draco não queria engolir o orgulho, escreveu: "Cuide de mim você mesma".

-Não posso! E se você piorar, e se morrer? A culpa vai ser minha, e não sou médi-bruxa ainda para cuidar direito de você. - disse com o coração apertado. -Primeiro... Vamos comer! - Gina disse tentando animar-se e distraí-lo. E conseguiu, já que Draco quase caiu da cama depois de ouvi-la mudar de assunto tão repentinamente. E ainda conseguia pensar em comida depois da conversa que tiveram?

Rapidamente ela virou-se e saiu pela porta do quarto, andando pelo pequeno corredor e saindo do dormitório. Draco suspirou. Como era horrível não poder falar e não poder se mover... Queria andar, queria fugir dali antes que ela o entregasse de bandeja.

Parou para pensar, não sabia ao certo o que seria feito de si quando fosse parar nas mãos de aurores. Deveria ter uma pena, mas leve, já que colaborara bastante com eles, sendo um tipo de agente duplo. Não que ele fosse a favor da causa de Potter, mas não lhe agradava nem um pouco a volta de Voldemort. Ele quase o matara mais de uma vez e não queria ser obrigado a fazer o que não gostava. Não tinha jeito, Draco tinha que admitir para si mesmo que não tinha jeito para matar e torturar pessoas que não haviam feito nada para ele. Contudo, deveria ter agido com mais cautela em seu trabalho para evitar que o Lord voltasse, não poderia ter deixado os indícios que o entregaram a seu pai, e o levaram à fuga desabalada até a cabana e de lá até o dormitório de Gina.

Enquanto Draco repensava sua atitude, Gina foi até a lanchonete da faculdade, pois o refeitório não funcionava aos domingos. Fato que ela agradecia, porque se funcionasse, ela não teria nem um dia de descanso, ou de estudo... Já que seus domingos eram reservados para pôr em dia os estudos atrasados da semana inteira.

Pediu uma torta de galinha, grande o suficiente para os dois, e dois sucos de abóbora, tamanho grande, teria de servir como um bom café da manhã-almoço para ambos. Esperando que seu pedido ficasse pronto, deparou-se com Christoffer, o veterano mais lindo da faculdade, moreno, alto, forte, olhos cor de mel, penetrantes, e um sorriso que cativava até a mais orgulhosa das mortais. E mesmo com isso tudo, ele era simpático! Sempre a agradecia quando ela o servia no refeitório e a cumprimentava nos corredores.

-Oi, Weasley. Veio comer também? - ele disse casualmente e Gina demorou alguns instantes para processar as palavras e responder.

-Ah... É, é... Vim pedir algo para comer enquanto estudo. - sentia que suas bochechas estavam queimando, não podia evitar o interesse por ele, ainda mais que estava livre, infelizmente... Harry não tinha dado um tempo? Ele que aturasse as conseqüências disso!

-Eu não quis comer no refeitório do hospital, preferi vir aqui. - depois do que ele falou que Gina reparou que ele estava vestido de branco, sendo que domingo não tinha aula, e usava o chapéu branco que caracterizava os alunos do quinto ano, o último da faculdade. Ele devia estar estagiando hoje no Hospital Universitário. -Aquela comida é ruim... - Christoffer disse fazendo uma careta engraçada, mas mesmo assim não ficava feio.

-Ainda não comi por lá. - Gina estava tão distraída que esquecera momentaneamente Malfoy e tudo o mais.

-Você vai comer mesmo no quarto? Coma aqui comigo. - ele disse com uma carinha de coitado. -Não gosto de comer sozinho...

Gina ia dizer: "É claro!", quando surgiu do nada Danielle Stylish, aluna da turma de Christoffer, a mais metida e bonita da faculdade, pulando em cima de Christoffer e segurando-se nos ombros dele.

-Claro que você não vai comer sozinho, Chris! Eu vou comer com você! - ela disse animada, olhando meiga para ele, porém quando se virou para Gina, seu olhar era de raiva, nada meigo.

-Oi, Dan, você me assustou! - Christoffer respondeu olhando de lado para Gina. -Vamos almoçar então, a Weasley vai estudar. - ele disse e foi até o balcão, sumindo rápido da vista de Gina. "Que pena...", não pode deixar de lamentar, e de odiar mais ainda a Stylish.

-Gina Weasley, seu pedido. - a funcionária chamou e quando Gina viu os dois copos de suco, lembrou-se de Malfoy.

Pegou a sacola com a torta e quando se virou pisou em algo, logo reconheceu. Era o chapéu de quintanista de Stylish... E isso a deu uma idéia luminosa, o escondeu na sacola e rapidamente foi para seu dormitório. Todavia, no corredor do prédio deparou-se com Sarah Bettens, sua vizinha.

-Gina! - ela disse apressadamente ao vê-la em frente a porta do dormitório. -Tudo bem?

-Sarah. - Gina respondeu e já ia abrindo a porta quando a vizinha falou.

-Nossa, que sede, hein? Dois copos de suco? - Gina não pode evitar a raiva que sentiu, aquela Sarah era mesmo uma grande enxerida. Obviamente ela perguntava sobre o suco porque queria saber algo que não interessava a ela. -Você não está sozinha, não é! - ela disse empurrando Gina e enfiando o rosto na porta. Gina a empurrou, tentando ser sutil, sua sorte era que por conta do pequeno corredor, não era possível que ninguém visse o Malfoy da porta.

-Claro que estou! Largue a mão de ser curiosa. Se tenho dois sucos aqui é porque pretendo ficar o dia todo estudando e não vou sair do dormitório. - Gina respondeu tranqüilamente para que a moça não desconfiasse dela, entretanto, os olhos esbugalhados de Sarah não pareciam acreditar na expressão da vizinha.

-Pode dizer a verdade para mim, Gininha! - ela estava tão eufórica que não cabia em si. -Quem ele é? Você foi naquela festa da fraternidade Alfa ontem, não foi! Eu queria tanto ter ido, mas estava com uma dor de cabeça...

Mentira deslavada. Sarah, assim como Gina, não foi convidada para a festa na fraternidade porque era apenas uma bolsista que trabalha em troca dos estudos. Sarah cuidava da limpeza do pátio, enquanto Gina trabalhava na lanchonete. Aqueles riquinhos das fraternidades nunca chamavam pessoas de status social inferior ao deles para festas e afins. Fingiam que elas não existiam. E Gina não dava a mínima para isso.

-Ou será verdade o que o Profeta Diário sempre afirmou? Harry Potter está aí? Veio visitar a namorada? - disse com os olhos parecendo pires de xícaras de tão abertos.

Gina queria morrer com isso! Não conseguiam esconder de fato o curto namoro por culpa de Rita Skeeter, que ouvira Harry no enterro de Dumbledore e anunciara no jornal que o menino-que-sobrevivera namorava a garota Weasley.

-Não, meu amigo Harry Potter não está aqui e eu não fui em festa nenhuma, você sabe que nenhuma de nós duas seria convidada. - Gina deu o fora na colega.

-Eu não seria convidada, mas você... Ah, você é pelo menos bonita, Gina. - esse era o elogio mais sofrido que Gina já ouvira, provavelmente a outra não queria admitir que era feia, não assim, na frente dela.

-Pára de me irritar. Eu NÃO fui em festa nenhuma e estou sozinha aqui! - Gina respondeu entrando e fechando a porta na cara de Sarah. Odiava quando não a escutavam.

Entrou bufando e encontrou um Malfoy emburrado, olhando para ela.

-O que é? Está com fome! E eu tenho culpa que demorou? - Gina respondeu adivinhando os pensamentos de Draco.

O tempo que Draco passou sozinho, acordado no quarto, demorou a passar. Ele se distraiu apenas ao ouvir a conversa da Weasley com uma tal de Sarah. Deu para ouvir tudo o que elas falaram na porta.

-Trouxe a comida e uma forma de te levar para o hospital passando desapercebida! - Gina disse tirando o chapéu de Stylish da sacola e acenando para Draco.


-Eu disse que daria certo! - Gina disse exultante, sussurrando nos ouvidos de um Draco na maca do hospital. -Agora que estamos aqui dentro vou levá-lo até a enfermaria e depois dou a entrada em papéis falsos, não vou pôr seu nome verdadeiro, não se preocupe. Assim cuidam de você da maneira certa e não o descobrem como comensal.

O plano da Weasley, apesar de tudo, era sensato.

Fora difícil, mas ambos passaram pelo campus sem serem percebidos e chegaram ao Hospital Universitário, ela o arrastou pelos cantos dos edifícios, pareciam dois fugitivos de Azkaban andando daquela maneira pelo local, ainda mais por Draco estar debilitado e ter que fazer várias paradas durante o caminho.

Dentro do hospital ela o colocou em uma maca, vestido com as roupas de interno e ela própria vestida de estagiária. Levava-o para a enfermaria, entretanto, não parecia saber onde a mesma se encontrava e já rodava com ele pelos corredores há um bom tempo.

Draco estava apreensivo, mas se tudo desse realmente certo, ele seria tratado por uma equipe de médi-bruxos e não uma estudante Weasley.

Gina estava ansiosa. Nunca havia entrado no hospital e encontrar a enfermaria, empurrando Malfoy pelos corredores compridíssimos, não era tão fácil quanto pensara. O melhor disso era conhecer o hospital e se gabar por estar conseguindo se passar por quintanista sem problemas. Como ela conseguia isso? O chapéu de Stylish que pegara na lanchonete era branco, cor que designava os quintanistas, assim andava pelo campus e era detectada como uma.

Andando pelos corredores viu cartazes de Comensais da Morte perseguidos e que se fossem vistos no hospital deveriam ser encaminhados para o Ministério. Por sorte, Draco Malfoy não estava entre eles.

"Enfermaria"

Viu a placa e ficou aliviada. Finalmente!

Parou em frente a porta.

-Malfoy, quero que se comporte aqui, não mate nenhum professor e me faça o favor de não citar meu nome à ninguém. - não sabia ao certo o motivo, mas despedir-se dele não parecia tão fácil, talvez por ele ter sido o seu primeiro paciente. -Espero que os meus cuidados tenham evitado que morresse. - disse e pegou a mão direita dele, apertando com força.

Empurrou a maca e entrou na grande sala. Primeiro viu as camas, mais de vinte, em dois lados do cômodo, depois ergueu os olhos e viu um médi-bruxo de costas, conversando com alguém. Continuou empurrando, mas parou subitamente ao ver que alguém estava entretendo o médi-bruxo.

Seu sangue gelou ao ver olhos cinzentos, frios e gelados idênticos aos de Lúcio Malfoy a observá-la. No mesmo instante, por um reflexo, cobriu o rosto de Draco com o lençol branco que antes o cobria até o peito.

Aquele homem não podia ser o pai de Malfoy, porém os olhos não podiam ser de outra pessoa. Sua fisionomia em nada se comparava a do patriarca da tradicional família, era um homem um tanto gordo, e com o rosto inchado. Tinha os cabelos castanho-escuros e encaracolados e uma barba por fazer. Em nada se comparava ao homem alinhado que era Lúcio. Contudo, Gina tremeu dentro de si ao encontrar aqueles olhos, os mesmos olhos que a enganara enquanto colocava o diário de Tom Riddle entre seus pertences. Não os confundiria.

Lúcio virou novamente para o homem e continuou falando. Ao se aproximar dos dois, ouviu-o despedir-se do homem e dizer em tom moderado, contudo ameaçador:

-Se o vir avise-me imediatamente, ou não me responsabilizo pelo que possa acontecer a seus preciosos pacientes. O rapaz é perigoso. - e em seguida virou-se passando ao lado de Gina como se não a visse e saiu da sala. Gina teve o pressentimento que o "rapaz perigoso" citado no diálogo era justamente quem ela estava entregando. Teria que dar um jeito e cancelar seus planos.

Draco, coberto pelo lençol, estava confuso, não tinha entendido o porquê dela tê-lo coberto, até ouvir a voz de seu pai. Quando ouviu Lúcio ameaçando alguém todas as lembranças dolorosas das horas de tortura vieram à sua mente. Quase gritou de dor no mesmo instante, mas se segurou, não poderia se denunciar. Ao invés de gritar, apertou a mão de Gina mais fortemente. Ele não podia ver a imagem diferente que Lúcio usava, mas mesmo se a visse, não seria enganado.

Gina decidiu a passar reto pela enfermaria e tirar Malfoy o mais rápido do hospital, ele não poderia ser visto de forma alguma, ou seria entregue a seu pai. E conseguia prever que esse reencontro não seria nada bom.

Ergueu o olhar para frente e resolveu andar rápido, para não ser percebida. Entretanto, quando estava quase alcançando a porta do outro lado do cômodo, ouviu a voz grossa e indiferente do médi-bruxo que conversara com o suposto Lúcio.

-Ei? Estudante? Onde vai com esse paciente? - após ouvi-lo, foi obrigada a parar.

-Eu? - respondeu indecisa. "Para onde vou com o paciente?", não conseguia pensar em nada. Iria tentar simplesmente enrolá-lo.

-Ah, veio a óbito. - ele respondeu vendo que o corpo estava coberto e não percebendo que o mesmo respirava por baixo do lençol. -Pode deixar que levarei para o I.M.B.L. - disse e de supetão pegou o outro lado da maca e passou a conduzi-la para o oposto do cômodo, afastando-a de Gina.

Não podia permitir que levassem Malfoy para o Instituto Médi-Bruxo Legal, descobririam que ele não estava morto, e o pior, descobririam que ele era a pessoa que estavam procurando para entregar à Lúcio. Não podia alcançar o homem e arrancar Malfoy dele, então achou melhor segui-lo e resgatá-lo do I.M.B.L.

Por outro lado, Draco não entendia o que estava acontecendo. Achou melhor ficar quieto e esperar. Todavia, quando foi colocado em uma sala gelada e ouviu a porta fechando atrás de si, não teve mais como ficar em silêncio. Imediatamente descobriu-se e sentou. Olhou ao redor e acabou por perceber que estava em um tipo de frigorífico. Aquele cômodo era realmente geladíssimo e em seguida começou a tremer.

Percebeu que ao lado de sua maca havia outra, e quem quer que estivesse deitado ali, coberto por um lençol, só poderia estar morto. Droga! Iria congelar ali e morrer ao lado dos corpos se a desastrada da Weasley não o libertasse logo!

Maldita maldição! Queria tanto poder proferir um feitiço ao menos para aquecer-se e não sentir tanto frio... Odiava sentir frio! No frio sempre acabava lembrando dos invernos de sua vida, sempre envoltos em uma neve que não derreteria nunca e que se mantinha até mesmo nos verões.

Sentiu-se tonto e acabou deitando na maca, envolvendo-se com o lençol em busca de um aquecimento irrisório e esperando por um resgate. Apesar de tudo, ainda tinha uma esperança de ser salvo dentro de si, e essa esperança não se relacionava apenas ao frio daquela sala, queria ser salvo da vida, salvo de si mesmo.

Gina entrou em desespero ao ver o médi-bruxo fechar Malfoy na sala dos cadáveres. Ele iria congelar ali e ela não sabia como tirá-lo daquele local. Sabia que essas salas sempre eram protegidas com feitiços, já que os corpos não poderiam ser roubados, alterados ou profanados para magias das trevas.

"Tenho que arranjar um modo, se ele está ali é culpa minha, ele pediu que eu cuidasse dele eu mesma e por egoísmo quis me livrar. Não é justo que ele pague por isso.", pensou sentindo-se extremamente culpada.

Quando decidiu ir procurar alguém que pudesse ajudá-la passou um enfermeiro ao seu lado, carregando um corpo sem vida. Seria sua chance. Pensou e viu que tinha duas opções: estuporar o enfermeiro e tirar Malfoy de lá, ou, ver quais feitiços ele fazia e tentar reproduzi-los quando ninguém estivesse por perto.

Teria que decidir rapidamente, o que a deixava mais nervosa ainda. Pesou os prós e contras: Malfoy estava há, no mínimo, meia hora ali dentro, se ficasse mais poderia até morrer de hipotermia, além disso, o estado de saúde dele já estava debilitado. Talvez, se observasse o enfermeiro e tentasse fazer o mesmo feitiço, poderia não dar certo e correria o risco de Malfoy ficar mais tempo lá dentro.

Teve que optar pela primeira opção. Olhou para os lados dos corredores, estavam vazios, por perto apenas ela, o enfermeiro e o morto. Era melhor agir rápido.

O homem proferiu os feitiços e quando a porta se abriu Gina precipitou-se pelo corredor:

-Estupefaça!

No instante seguinte o mesmo caiu desacordado e ela aproveitou para entrar na sala. Arrepiou-se com o frio intenso, pobre Malfoy que estava ali há um longo tempo. A sala era iluminada por uma luz branca, fria. Não foi difícil encontrar Malfoy, observando as camas, a dele era que estava com o lençol totalmente bagunçado e tinha alguém encolhido em cima dela. Rapidamente foi em direção à ele.

-Malfoy! - disse apreensiva. -Vou tirá-lo já daqui. - ele não respondeu, estava desacordado.

Gina rapidamente tirou a maca do "freezer" que era aquele local, colocando a outra maca para dentro e fechando a porta em seguida. Antes de dar um socorro ao garoto desacordado tinha que sair dali, se o enfermeiro acordasse estaria encrencadíssima.

Cobriu Malfoy e tentou andar o mais calmamente possível pelos corredores, tinha que passar despercebida. O hospital era grande e quando percebeu que estava bem longe do enfermeiro estuporado e perto da saída, parou para acudir Malfoy. Ele estava gelado e com o tom de pele ligeiramente azul. Temeu que já estivesse morto. Nem percebeu que derramou lágrimas com este pensamento. Os médi-bruxos têm que saber conviver com a perda de seus pacientes, mas Gina era inexperiente e Draco Malfoy podia ser considerado um paciente diferente dos normais.

Proferiu um feitiço de aquecimento e esperou o resultado. A pele de Malfoy ficou um pouco rosada e menos gelada. Ele não estava morto. Gina soltou um suspiro de alívio e tentou se recuperar emocionalmente. Precisavam sair do hospital o quanto antes. Teria que acordá-lo. Não dava para andar com a maca, ou levitando alguém pelo campus, e passar sem ser notada.

-Enervate!

Draco lentamente abriu os olhos. O medo de ver as mesmas luzes brancas da sala gelada o advertia para não abrir os olhos, mas para ter certeza que estava, ou não estava, naquele local precisava os abrir. Quando as pálpebras abriram-se por completo, se deparou com uma garota que não conseguia se lembrar quem era. Só sabia que era muito bonita, e que era ruiva, e também que parecia muito preocupada.

-Malfoy? Você está bem? - ela perguntava. Mas como o conhecia? Fez que sim com a cabeça, apesar de não estar nada bem. Estava gelado, assustado e com uma terrível dor-de-cabeça que estava dilacerando seu cérebro.

Tentou dizer que apesar de tudo estava bem, porém sua voz não saiu e não sabia porquê. Achou melhor não se manifestar em relação à isto.

-É melhor irmos. Levante-se. Precisamos sair daqui. - ela disse com uma voz distante e Draco a seguiu, não sabia bem o porquê, contudo sabia que seguiria aquela garota para qualquer lugar.

Gina arrastou Malfoy pelo campus, achando-o muito estranho. Ele não parecia reconhecê-la... não parecia estar bem. Malfoy tinha o olhar perdido e sem foco, como se estivesse em outro lugar, bem longe dali.

Com muito esforço chegou ao seu prédio e entrou com ele, verificando que ninguém os via. Parou Malfoy ao lado da porta enquanto proferia o feitiço que a desbloqueava. Em seguida entrou com ele, o ajudando a andar passando um dos braços dele sobre o ombro. Conseguiu levá-lo até a cama e deixá-lo ali.

Fora uma péssima idéia a que tivera. Ao invés de deixá-lo melhor, acabara piorando seu estado. O único lado bom era que agora sabiam que alguém estava atrás dele, e provavelmente este alguém era Lúcio Malfoy. Entretanto, havia uma coisa que Gina não sabia, que uma pessoa a vira entrando com Draco Malfoy em seu dormitório.


N.A.: E ai? Estou curiosa para saber o que vocês estão achando desse comecinho! Viram? Lá vou eu colocar personagens criados na fic! Eu não resisto, quando vejo eles já tão lá... O que acharam do Christoffer?

Bom, mtoooo obrigada pelos reviews que me mandaram, e como é de praxe, agradeço a vocês: Kaede Minami (que leu ultimamente + de 1 fic minha e mandou vários reviews!), Vittoria (yes! Consegui te levar para o lado gelo e fogo da força!), Bruna Granger Potter (o seguinte tá aqui, logo sai + 1!), Rema (valeu!), Thamy Malfoy (tô escrevendo, pode deixar!), Lou Malfoy (não demorou muito, demorou?), Jaque Felton (que bom que você amou!) e Leandro Ortiz (rá, rá! Vai ter que esperar eu escrever + para ler!)... Vocês me deixaram muito feliz com os seus reviews e me estimulam a escrever, então:

REVIEWS JÁÁÁÁÁ!