Nota da Nika: bom, antes de você começar a ler, precisa saber de algumas coisas, ok? essa fic é yaoi. (o que? hã? conceitue yaoi, tia nika!) amor entre dois homens. homens se pegando. não, não tem mulher no meio. ficou claro até aqui? ótimo. se você curte, prossiga com a leitura. se não curte, volte a página e procure algo de seu agrado, pode ter certeza que há várias fics aqui no ffnet que vão te agradar, porque eu não vou aceitar insultos de gente ignorante, ok? eu avisei, não aceito reclamações.muito obrigado pela atenção.
Os demônios que me tentam
Il faut oublier. Tout peut s'oublier. N' est ce pas?
Ele me toca. Despenteia meus cabelos. E eu grito. Ele sela meus lábios com o seus. E então, entrego-me. Ele sussurra que me ama. Desfaleço em seus braços. E assim, o pecado tem perdão. Então, eu abro os olhos. Acordo. Choro em desespero por tamanha heresia. Rogo a Deus. Peço pela minha sonhada liberdade. Nada acontece. Então eu me calo. O conhecido silêncio me acolhe. Eu me afogo na escuridão. Sucumbo na fria solidão. Inevitável. Sufocante. E grito mudo: Nunca mais. Nunca mais. Então me calo...
E é exatamente assim que as cenas transcorrem em minha mente pecaminosa. Noite após noite. Como uma sentença torturante a ser comprida pelo resto da vida sem sentido. Por mais que me esforce para não apreciar cada doloroso momento em que penso sentir seu toque, aquelas fagulhas insuportáveis em meu peito não possuíam nenhum fracionário arrependimento. Era exatamente o i oposto/i que em brasa consumia meu corpo por inteiro. Um orgulho irracional de sentir aquelas ousadas carícias. Não um simples toque ou roçar. Intimidade de amantes naquelas mãos ásperas. E no momento que esse simples fato é relembrado, eu sucumbo. Tenho vergonha daqueles pensamentos impuros que me fazem orgulhosos. Traindo-o mentalmente. Um irmão. Irmão. Somente relembrando desses anos de fraternidade, que tento em vão conter o sedutor incesto. E por isso, choro. E por isso, rezo.
E então, as lágrimas secam. As antigas preces acabam. E eu sigo a minha vida, falsamente calma e invejada. Exatamente como uma folha seca de outono ao ser levada pelo vento da saudosa estação sucessora. Poucos se lembram que este mesmo vento, deliciosamente fresco, pode se revoltar, transformando-se em um tufão. Então, eu me pergunto. E a submissa folha? E a resposta lateja em minhas têmporas segundos depois. Simplesmente é levada a lugares onde sua pequena compreensão não serve para absolutamente nada. E ainda é invejada por essa infeliz aventura. Nunca apreciei humor negro. Veja bem, aos meus olhos esse humor é negro como as mechas do demônio que me tenta. Mas pode ser que para outros, tudo seja divinamente engraçado.
Abri meus olhos lentamente. Às vezes, desejava não filosofar tanto sobre tudo que me cerca. Exaustivo demais. Porém, velhos hábitos custam a morrer. Com um sorriso em meus lábios, fitei a enorme banheira que me encontrava no momento. Talvez uma das poucas coisas agradáveis em ser monitor. Perdão, corrijo-me. Definitivamente o único fato agradável em ser monitor. Tinha quase certeza que havia perdido a hora. Passara muito tempo dentro daquela água morna. Mas, ao inferno com a pontualidade.
Escolhi um dos vários xampus enfileirados, e levei a embalagem até meus cabelos. Orgulho de minha mãe. Fato que ela sempre fez questão de lembrar. Fios dourados como por do sol. Lembro-me exatamente daquela frase murmurada a cada banho quente, seguido de suaves carícias. Sempre camomila. Ela gostava de camomila. Falava que trazia mais dourado aos seus raios de sol. Sorri ao inalar a delicada fragrância. Uma espessa espuma cobria todas as extensas madeixas. Apoiei minha cabeça no encosto acolchoado e tornei a fechar os olhos. Esperar dois minutos, conforme dizia a embalagem. Ou pensei ter lido. O vapor associado à ausência de meus óculos podia causar certas alucinações às minhas pupilas. Óculos somente para leituras, devo acrescentar. Foi este o maravilhoso prêmio que ganhei pelas longas madrugadas estudando poções.
Pensei ter ouvido a porta se abrir. Uma precipitada impressão. Somente monitores têm acesso aquele paraíso. E fiz questão de avisá-los, para evitar constrangimentos. Uma onda suave obrigou-me a abrir os olhos. Amaldiçoei o vapor, a cada minuto mais negro. Talvez seja Lily novamente. Perdi a conta das inúmeras vezes que nos encontramos naquela enorme banheiro. Motivo de dias constrangidos e silenciosos. Cerrei os olhos tentando reconhecer algum borrão vermelho, e mordi os lábios quando não avistei nada ao menos parecido com cobre. Arrastei meus pés, ainda dentro d'água, pelo piso molhado em dois passos vacilantes.
"Olá...?" Ouvi minha voz ecoar pelo enorme cômodo, sentindo-me um tanto estúpido em suspeitar do nada.
"Buu!" Milhares de fatos transcorridos em um pequeno espaço de tempo. Lembro de ter gritado ao sentir aquele hálito quente acompanhado daquele sussurro rouco. Em seguida, lembro do gosto leitoso daquela água coberta pelas mais diversas fragrâncias.
Reconheci o agressor ainda submerso. Uma incrível vontade de permanecer embaixo d'água invadiu cada milímetro de meu corpo. Mesmo com meu frágil fôlego, forcei-me a continuar na água. Talvez me custasse a vida, mas realmente não estava me importando com isso. Iria ser melhor morrer afogado que encarar aquele corpo... nu. Desprovido de qualquer milímetro de tecido.
A movimentação da água aumentou. E então, senti aquela mão áspera em minha nuca, forçando todo meu corpo para cima. Para fora da segura e maternal água. Aspirei o tão desejado ar, e permaneci de costas para ele. Sua mão permanecia em minha nuca, e a cada segundo a idéia de afogar-me parecida sedutoramente prazerosa.
"Mo-ny? Está tudo bem? Machuquei você?" Vamos ter uma pequena pausa neste momento, sim. Quero apenas me deliciar por alguns minutos com aquela forma tão única de chamar-me por Moony. O apelido, ganho por diversos fatos conhecidos por poucos, foi dado a mim no terceiro ano. Moony. Costumeiro. Ordinário quando pronunciado por meus queridos amigos, com exceção de um deles. Nos lábios dessa divina exceção, o que simplesmente era um apelido, vira uma melodia perturbadora. Mo-ny. Uma significante vogal é esquecida, e em seu lugar, apenas um suspiro. Mo. Ny. Não pensem que não faz a mínima diferença. Esse pequeno lapso de memória atormenta meus sonhos desde o terceiro ano. Saudoso tempo em que me fora dado esse apelido.
"Mo-ny...?" Devota preocupação que realmente me toca.
"Sirius, o que faz aqui?" Perguntei virando-me rapidamente e me afastando daquele corpo cruelmente desejado. Tentei não olhar para o tórax definido à minha frente, mas os pequenos centímetros de diferença que nos dois tínhamos, estava pesando cruelmente em minha visão naquele momento. Senti meu rosto em chamas e desviei o olhar. Uma onda suave se formou quando ele deu um passo confiante. Confiante. Sempre fora.
"Precisava de um banho quente..." Se eu me arrependo de certos atos? Absolutamente. E em ocasiões como estas, o arrependimento parece dobrar. Almadiçoo o dia em que revelei a senha do banheiro dos monitores. Permita-me acrescentar, não seria somente um dia. E sim três. Pois a senhas mudam de ano em ano. Faça as contas. Como era o ditado popular? Persistir no erro é ignorância. Sim. Exatamente isso. "Me desculpe. Não sabia que estava aqui..." Porém, o sorriso que brincou nos seus lábios rubros dizia o contrario. Provocação em tom de branco porcelana. Ou talvez seja minha mente fantasiosa. Sendo a segunda afirmação mais correta. Concreta, sim.
Permaneci em silêncio e dei dois passos inseguros em direção à borda da enorme banheira. Evitei aqueles olhos, e a proximidade daquele corpo quente que tornava a água morna quase insuportável. E tentei não distinguir aquela fragrância de pimenta-branca e tabaco que se camuflava no vapor. Tentei. Não consegui, verdade previsível. E então, a vergonha por flagrar-me analisando cada milímetro do corpo a minha frente. Por que tinha a suave impressão que aqueles olhos cinzentos me fitavam? Com extremo esforço desviei o olhar até seu rosto, e conclui que a tímida impressão era uma verdade. Uma verdade constrangedora. Ter aqueles olhos nos meus, era o suficiente para meu rosto pálido se tornar escarlate.
Virei-me rapidamente, ondas fortes acompanhando meus movimentos. Enxagüei meu cabelo ainda impregnado daquele xampu, desejando a cada segundo distância dele. Dele, dos seus olhos, do seu cheiro quente de pimenta. Só voltei a mim quando alcancei a borda decorada com cristais. Observei sua imagem formar-se na extensão transparente. Novamente a familiar vergonha. Apenas uma linha tênue de diferença. Vergonha de meu corpo nu, no momento, escondido pela água leitosa.
Não tive coragem de deixar a banheira. Medo daqueles olhos. Tornei a me virar e o fitei por entre o vapor cada vez mais denso. Dobrei os joelhos e escondi ainda mais meu corpo.
"Mo-ny? Ainda acho que o vapor não lhe fez bem... vamos, você já esta aqui tempo demais" Mon Dieu. O que você faz quando repara que, por mais que tente fugir, não há escapatória para um perigoso problema? Você congela. Você simplesmente congela. Porque o medo e a surpresa que invadem seu corpo são tão influenciáveis que parece atrofiar todos seus músculos e entranhas. E então, você pára. Com sua pior expressão de desagrado.
Fechei os olhos com força apenas sentindo o movimento da água causado pelos passos daquele demônio tentador. Até que o movimento cessou. E senti aquele corpo perto. Perigosamente perto. Lembro de ter levantado a cabeça antes de abrir meus olhos. E de fitar seus olhos.
"Vamos?"
Virei o rosto. Em um único e rápido movimento.
"Remus..." Sua voz havia mudado. Havia me chamado pelo primeiro nome. Logo, notei que havia algo errado. Talvez pelo simples fato de evitar encará-lo. Definitivamente, ele não gostava disso. E, eu, como submisso e devoto servo, voltei a fitar os olhos à minha frente. Havia cerrado os belos olhos. Péssima situação. Ele só cerrava os olhos daquela forma quando estava irritado. Ou contrariado. Como sabia disso? Anos de análise. E de olhares cobiçosos. "Se tem tanto nojo do meu corpo, não precisa disfarçar. Eu já estava saindo, mesmo..." Nojo. Nojo? Minha devota obsessão ser simplesmente interpretada como nojo? Meu doloroso e possessivo desejo transformado em desagrado. Pour l'amour de Dieu.
Observei-o erguer a face perfeita em desafio, e aproximar-se da borda em um movimento lento. Tentei agir, mas meu corpo parecia inválido. Meus olhos se fixaram nos braços contraídos pela força exigida pelo movimento de deixar a banheira. Sempre me perguntei como os músculos dele se mantinham rígidos e desejáveis mesmo sem nenhum exercício. E como sua pele mantinha o bronzeado dourado mesmo no inverno. Questões sem respostas.
Senti novamente meu rosto em chamas quando fitei aquele corpo nu, já fora da água maternal. Segui seus passos com meus olhos, naquele momento, arregalados de pavor. Suas mãos pousaram em uma toalha felpuda, que foi levada a cintura larga e bem trabalhada. Uma certa brutalidade naqueles movimentos. Precisava agir, não suportava irritá-lo. Não suportava não ouvir sua voz rouca em murmúrios durante os minutos passados nos jardins. Caminhei até a escada e senti o vento frio bater em meu corpo exposto.
"Sirius", meus lábios tremiam de frio e evitava encará-lo. Se ao menos estivesse coberto por roupas. "Não fique bravo, você entendeu errado" Abracei meu próprio corpo numa tentativa de conter o tremor. "Eu não tenho nojo do seu corpo" Estava puxando as vogais. O que mostrava o quão nervoso estava. Meu sotaque voltava somente nas horas de nervosismo. Sua risada encheu o ar, e levantei meu rosto em expressão de espanto. Ele estava rindo daquela maneira rouca e pausada que sempre fazia quando terminava uma farsa.
"Mo-ny...", e continuou a rir, desta vez, caminhando novamente até as toalhas e escolhendo uma particularmente grande. Prosseguiu aproximando-se de meu corpo, e em um movimento suave, abriu a enorme toalha e a colocou em meus ombros. "Eu sei disso..." E sorriu. Aquele sorriso único e tentador, onde seus lábios rubros cobriam por completos os dentes perfeitamente brancos.
"Por que...?", gaguejei de maneira nervosa, tentando com extrema dificuldade conter o sotaque carregado.
"Não pensei em nenhum argumento que o deixasse preocupado suficiente para sair da banheira" Cruzou os braços de maneira desinteressada. Fitou minha face, evitando meus olhos curiosos. Subitamente, levou uma das mãos ao meu rosto. Prendi a respiração como se não ousasse tomar aquele ar perfumado enquanto sua mão áspera passeava em minha face. "Ainda tem espuma aqui, Mo-ny..." E, com o indicador, limpou o resto de espuma que ainda havia em minha têmpora direita, e desceu lentamente o dedo pelo meu pescoço. Apertei meus dedos na toalha tentando conter o novo tremor, desta vez, nada relacionado à temperatura ambiente. Sentia meus batimentos pulsarem tão rápido pelo simples contato, que por um segundo, tive receio que ele as escutasse. Tomei aquele ar perfumado tentando, assim, conter a chama que ameaçava sufocar-me.
Então, ele rompeu o contato. Levou aquela mão quente aos cabelos molhados, que desciam até sua cintura. Incrivelmente belos mesmo estando úmidos e, possivelmente, embaraçados. Descansou a mão no alto da cabeça, enquanto a outra segurava a toalha fortemente atada ao corpo. Ainda sentia seus olhos, mas não consegui parar de admirá-lo. Como uma pintura rica em detalhes, que são apreciados por longos e prazerosos minutos.
"Vamos?", ele perguntou com a voz carinhosa, dirigida somente a mim. Seu irmão caçula. E nada mais.
"Você não planeja andar pelo castelo assim...?", apontei para a toalha que cobria metade de seu corpo. E deixava o tórax trabalhado e rígido a mostra.
"Ora vamos, Mo-ny, viva um pouco!", e sorriu. Só que, desta vez, de maneira diferente. Mostrava os dentes perfeitamente brancos. Um sorriso de animação, este. Usado em desafios, ou planos trabalhados durante aquelas noites em frente à fogueira.
"Podemos ser expulsos, Sirius", falei num tom responsável. As idéias dele sempre me divertiam. E cativavam. Mas nunca pude demonstrar isso. Talvez em algumas vezes, aquelas particularmente engraçadas. Doce mentiroso.
"Não vamos...", falou enquanto se dirigia à porta.
"Mas podemos...", disse o fitando sem dar um passo.
"Mas não vamos. Confie em mim..."
Sim. Outra verdade previsível. Caminhei pela pequena distância que nos separava, e parei a sua frente. Ergui minha cabeça em um movimento tímido, e sorrindo, concordei. Péssima influencia, eu sei. Mas, pro inferno com a razão.
Escutei um clique suave, e a porta foi aberta lentamente. Observei seus passos silenciosos, e permaneci dentro do banheiro. Quando minha mente, treinada para recusar qualquer tipo de aventura irresponsável como aquela, aconselhou a não deixar aquele cômodo ainda quente, observei-o estendendo sua mão direita.
"Vem..."
Uma confissão? Nunca desejei o cargo de monitor. Apenas aconteceu.. O que me faz lembrar dele. Da luxúria. E de meus pecados.
N.A.: bom, queria agradecer a Dana Norram pela betagem. brigado mesmo, moça XD. e eu dedico essa fic a Bel, porque ela que me apoiou e me animou quando eu pensava que essa fic era só um projeto distante. outra coisa, eu gosto de reviews! sério. qualquer crítica, elogio, piração, sintam-se a vontade para o fazê-lo através de uma review. e com vocês, meu querido amigo botão roxo!
Disclaimer: Harry Potter, e suas personagens pertecem somente a J.K Rowling. (entendeu essa parte? ótimo! siga para a outra)
PORÉM, essa fic me pertence. é minha em toda sua essência, excêlenciae existência, ok? plágio é crime, além de ser algo abominante e muito, muito feio. por isso, lembrem-se do que sua mamãe dizia na sua infância sobre 'não furtarás' e não roube a minha fanfic!