N/A: Esse prólogo possui temas adultos. Se você é menor de idade ou se sente ofendido com esses temas, pule para o primeiro capítulo. Não irá interferir muito no entendimento da história.


Lust for Blood

-AngelloreXx-

Prólogo

Ruivos.

Com os cabelos presos em um coque displicente e vestindo um sobretudo negro e saltos altos, ela adentrou o palco com um andar sensual, lançando um olhar provocativo para a platéia.

Descansei o copo que segurava na mesa, após beber em um único gole o pouco que sobrara de seu conteúdo. Em um lugar não tão grande como aquele, era difícil haver alguma mesa mais afastada do que a que eu estava. Mas, mesmo com a casa cheia, a grande maioria dos telespectadores se concentrava perto do palco, por razões óbvias. Isso dava um pouco de privacidade para as mesas mais afastadas.

Lembrei das outras mulheres que haviam passado pelo palco até o momento, me deixando ser envolvido pela música arrastada, que soou em perfeita harmonia com a atmosfera deliciosamente libertina e sombria do local.

Assim como de todas as outras boates que eu venho freqüentando ultimamente.

Uma garçonete me ofereceu algo. Tendo meus olhos fixos no palco, resmunguei uma resposta negativa. Não se dando por satisfeita, a garota debruçou sobre a mesa, insinuante.

- Tem certeza? Talvez outra dose de uísque o deixe mais à vontade.

Pisquei uma vez, como se estivesse saindo de um estado de torpor, e lentamente levantei o rosto, encarando-a. Era linda e jovem. Estava, como todas as outras mulheres do local, vestida de maneira minimalista. Seus longos cabelos loiros estavam soltos.

"Os cabelos de uma mulher devem estar sempre impecáveis," aquela maldita voz que eu odiava tanto soou mais uma vez em minha mente.

- O que a faz pensar assim? –Respondi, ainda encarando-a. Não foi frio, nem caloroso. Apenas um interesse vazio.

Ela sorriu ainda mais. – Ora, você nem quis chegar perto do palco até agora... Todos estão vendo Luka dançar. – Ela comentou, apontando com um gesto da cabeça a direção do palco, onde vários homens se amontoavam próximos à dançarina.

Dei de ombros, sem parar de encara-la. -Aqui tenho uma visão privilegiada. – Uma mentira, obviamente.

Preferindo deixar o assunto de lado, ela sorriu. –Outra dose? –Perguntou, segurando o copo e me encarando com a cabeça levemente caída de lado.

A encarei por mais um instante e concordei com um levíssimo aceno de cabeça. Ela deu uma gargalhada divertida que eu aprendi a odiar rapidamente.

Me recostei melhor enquanto a observava caminhar pelo ambiente escuro e enfumaçado até o bar. Os cabelos brilhantes apreciam acompanhar cada movimento dos quadris dela, traçando um desenho belíssimo no ar. Quando olhei novamente para o palco, a mulher ruiva já estava praticamente nua. Ela se abaixou, em uma pose sensual, para que um telespectador colocasse algumas notas em sua lingerie.

Ela sorriu de lado e continuou sua apresentação, virando de costas para o público e movendo seu corpo perfeito em movimentos sinuosos, até que sua mão alcançou os cabelos, ainda presos.

"Os cabelos de uma mulher devem estar sempre impecáveis." Inferno.

Com um simples puxão, todos os fios se soltaram, escorrendo em ondas indescritivelmente belas por suas costas. Ela se virou, mostrando os fios vermelhos como sangue emoldurando seus seios desnudos. Não satisfeita, ela ainda jogou displicentemente suas mechas de um lado para o outro, acompanhando languidamente o ritmo da música.

"Os cabelos de uma mulher..."

Levantei da mesa abruptamente, deixando uma quantia sobre a mesa para pagar o que consumira e me dirigi à saída. Poucos momentos depois, quando já estava próximo à saída, ela se retirou do palco sob aplausos, que eu não me preocupei em ecoar.

oOoOo

Era madrugada; a rua está escura, deserta e silenciosa, a não ser pelo som abafado da música que ainda tocava dentro do recinto à minha frente. Recostei-me melhor na parede suja do beco, colocando as mãos nos bolsos da calça despreocupadamente, apesar da excitação crescente que sentia. Ela poderia sair a qualquer momento. Passei os olhos pela rua, repousando-os novamente na porta dos fundos da boate, em que estava até algum tempo atrás. A periferia está infestada de lugares nojentos como esse.

Antes do que imaginava, a porta se abriu. De lá, saiu uma aparentemente apressada mulher.

Ruiva. Era ela.

Dei um passo adiante, saindo da escuridão e permitindo que a fraca iluminação da rua denunciasse minha presença.

- Belo show. – Minha voz soou ligeiramente mais alta do que pretendia, quebrando grosseiramente o silêncio.

Ele se sobressaltou com minha voz. Previsível.

Caminhei lentamente em direção a ela, que instintivamente deu um passo para trás.

- Quem é você? – Ela perguntou com uma voz irritantemente esganiçada. Medo, talvez?

Sorri amavelmente. – Um fã.

Ainda temerosa, ela segurou na maçaneta da porta após recuar mais um passo.

Parei a alguns metros de distância dela, minha face assumindo a melhor expressão neutra. – Seus serviços foram muito elogiados por um amigo...

Uma parte de sua desconfiança de desfez em seu rosto. – O que você quer? - Ela perguntou, de repente assumindo uma postura mais sensual, que se refletiu em sua voz.

Estúpida.

Sorri novamente, entrando no jogo dela. – Experimentar, talvez?

- Cem dólares. A hora. – Ela respondeu, esperando interessada por minha reação.

- É provável que gastemos mais que uma hora. – Retruquei falsamente sedutor.

Arqueando uma sobrancelha, ela colocou a mão na cintura, como se duvidasse de minhas palavras.

Vadia.

- Vamos. –Respondi secamente, enquanto virava as costas e caminhava até o carro estacionado a alguns metros, preferindo ignorar a expressão dela. Como esperado, ela me seguiu, entrando no carro logo em seguida.

- Seus cabelos... Eles estão maltratados. Devia cuidar melhor deles. – Comentei, alisando amavelmente uma mecha vermelha por um momento, pouco antes de dar a partida no carro. -Você sabia? Os cabelos de uma mulher devem estar sempre impecáveis...

oOoOo

Criatura imbecil.

Ainda está se debatendo. Mesmo depois de tê-la amarrado e amordaçado. Mesmo depois de tê-la despido. Mesmo depois de eu ter sorrido diante de suas lágrimas de terror.

Será que ela não percebe?

Que quanto mais tenta se soltar, quanto mais deixa o pânico tomar conta desse rosto maculado pelas lágrimas que insistem em escorrer, maior é a minha vontade de mostrá-la a sua impotência perante mim?

Eu poderia acabar com seu sofrimento em um instante. Poderia. Mas não vou. Por que o faria, se posso fazê-la aproveitar cada momento disso?

Afago carinhosamente os cabelos dela enquanto dou meu melhor sorriso acolhedor, depositando um beijo suave em sua face. Ela se debate ainda mais, e, de sua boca coberta, soam algum gemidos sem sentido. Esse rosto... Ele me irrita. Tão profundamente que poderia arruiná-lo em um único instante. Mas não. Não posso macular um rosto tão belo, posso? E esse corpo... Imundo, asqueroso, nojento.

Mas... Que mal fará se eu usá-lo como tantos outros fizeram?

Deixo que o peso do meu corpo recaia lenta e inteiramente sobre o dela, ignorando seus apelos contrários. Ainda está tentando gritar. Que irritante.

"Shh..." Sussurro em seu ouvido após beijar-lhe o ombro despido. Sorrio novamente, observando-a tornar-se cada vez mais aterrorizada. Sim...

Tema.

Chore.

Tente gritar.

Tente escapar.

Isso apenas me excita mais e mais.

"Não se preocupe, querida," sorri, ainda olhando em seus olhos, enquanto tateava o pequeno estojo próximo, trazendo-o mais para perto. Escolho um dos instrumentos calmamente e o mostro a ela, que arregala seus olhos em desespero. Sorrio diante a essa reação. Um pequeno corte, e o sangue já começa a escorrer em sua testa; seus músculos se retesando em resposta.

Talvez... Essa seja a hora de mostra-la de uma maneira mais concreta a sua inferioridade.

...Hum.

Um grunhido mais forte e alto, e ela se contorce em agonia.

Não há nada que ela possa fazer. Nada, a não ser aceitar enquanto é dominada e subjugada às minhas vontades, aos meus desejos.

O sangue – quente, viscoso, intenso - que escorre do corte, agora progressivamente aumentado, se reflete em meus olhos, e tudo o que vejo agora é vermelho, vermelho, vermelho. O cheiro pungente é tão inebriante que me incita a continuar; quero sentir mais, quero que fique ainda mais intenso.

Aprofundo-me forçadamente.

Mais. Intenso.

Seus olhos parecem tão aterrorizados, tão...

Hum...

Mais.

Sangue. Dor. Prazer.

...E ela ainda tenta se salvar.

Quando percebo, estou gargalhando, os sons crus entrecortados ritmicamente com os gemidos angustiados da mulher sob meu comando, meu domínio.

Mais sangue, minhas mãos agora estão encharcadas.

Os cabelos...

Me vejo forçado a inspirar mais profundamente, tentando recuperar o fôlego ao sentir o fim próximo.

Os cabelos...

Deixo o bisturi cair, mas minha mente está nublada demais para perceber. As mãos livres agora se agarram às mechas vermelhas, emplastadas de sangue.

Os cabelos...

A fúria se misturou com o delírio e o êxtase, e, juntamente com a derradeira investida, um barulho horrendamente delicioso preencheu o vazio do silêncio.

Levanto devagar, me distanciando dela, e perco a noção de quanto tempo a observo, como em um transe. Está treme compulsivamente, demonstrando que já perdera sangue demais. Não está mais chorando, e seus olhos estão vidrados. Aonde está aquele sorriso libidinoso e cínico agora?

Minha expressão séria se dissolve quando sorrio sombriamente, observando as mechas volumosas, extremamente vermelhas e brilhantes...

... e que agora estão em minhas mãos.

Continua...


N/A: Er... Se alguém estiver lendo até aqui... Desculpe-me pela cena grotesca. No próximo capítulo as coisas ficam mais lights e Kurama, Botan e Yusuke dão o ar da graça.

Agradecimentos: Spooky e Botan Kitsune por serem as heróicas vítimas; Naru, por aturar minhas perguntas idiotas; Pri (Braaaainstorn! xD); Cíntia, Ana, DM, Lika, Bia e todos que durante meses me agüentaram falando dessa fic. Muito obrigada.