Notas explicativas sobre os personagens:
Os nomes de alguns personagens foram criados por mim e por Jade. Somente Carlo di Angelis é de autoria da escritora Pipe. Vamos aos nomes para que vocês não fiquem perdidos no decorrer da fic, ok?
Mu
de Áries - Mutisha Dzogchen Dorje
Shaka de Virgem
- Sidartha Kramahidja Swentson
Milo de Escorpião - Milo
Nikos Aleksiou Sikelanós
Kamus de Aquário -
Michel Kamus Monchelieu
Afrodite de Peixes - Afrodite
Lindgren Göte Gunnar
Shura de Capricórnio - Guillén
Shura Quesada Montoro
Misty de Lagarto - Misty Lindgren
Reenê Forann
Siegfried de Dubhe (Guerreiro
Deus de Asgard) - Siegfried Dubhe
Saga e Kanon (Gêmeos)
– Irmãos Andropoulos
Aiolia de Leão: Aiolia
Anker Hector
Conforme a fic for se desenvolvendo outros personagens irão aparecendo, então a medida isto for ocorrendo, nas notas explicativas, poderá haver menção sobre o nome de um determinado personagem.
Sumário: O destino tece bênçãos e tragédias nos corações de ricos e pobres, todos estão inexoravelmente presos na roda kármica da vida. O amor e o ódio queimam as marcas do destino, revelando dores e alegrias num rodamoinho interminável de emoções...
Boa
Leitura...
Marcas do Destino
Capítulo 07
A Festa – parte 2
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Todos estavam paralisados com aquela cena.
Como Milo, um dos caras mais assumidamente homossexuais, poderia estar aos beijos com uma mulher? Aliás, o beijo não era nada, o que importava ali era o fato dele ter declarado que estava NAMORANDO, não com um homem como era o esperado, mas com uma mulher!
De todos os rostos estupefatos do grupo - até Carlo estava boquiaberto com a cena -, o que mais importava no momento era o rosto de apenas uma só pessoa. Sim, ele, Kamus!
O francês simplesmente estava atônito. Não conseguia acreditar nas palavras de Milo e muito menos naquele beijo.
'Como ele pode ser tão... Ridículo! Sim, é isto, ridículo é a palavra certa. Ele ta querendo apenas brincar, chamar a atenção como sempre fez. É impossível... Logo ele estar namorando alguém, principalmente com uma mulher. Eu nunca vi Milo com nenhuma mulher. Nunca!'. Seu pensamento começava a trabalhar buscando uma lógica que pudesse explicar aquilo tudo. 'É, ele está fingindo, deve ter comprado essazinha ai, e está tentando me irritar. Isto! Com certeza deve ser isso. Mas... Então porque estou me incomodando tanto com isso?'. Balançou a cabeça com os olhos cerrados como se desta forma seus pensamentos fossem arrancados e aquilo tudo não passasse de uma brincadeira de muito mau gosto do destino... Mesmo assim, ao abrir seus olhos e fitar o casal a sua frente, seu coração pareceu falhar uma batida ao notar a troca de um sorriso carinhoso e cúmplice entre os dois.
Kamus somente conseguiu reagir quando Annethe, curiosa, o puxou para frente, ficando os dois bem diante do casal que entrava. Com isso, ela obrigou o francês e o grego se encararem.
O francês estremeceu. Mais uma vez, o raciocínio dele o havia colocado numa posição de superioridade e segurança... Ah, mas como doía ter razão... Como machucava perceber que Milo... Era mesmo um inconseqüente. Um leviano. Que outra conclusão poderia tirar daquilo?
Milo preferia estar com uma mulher... E tudo aquilo que dissera, que fizera nas últimas semanas, inclusive os beijos que haviam trocado... Não era mesmo nada! Aqueles beijos foram um joguinho de sedução de Milo, que, ao falhar em conquistá-lo, preferira se divertir com outra pessoa. Uma fêmea... Uma mulher... Ruiva como ele, Kamus.
O coração de Kamus apertou de agonia e ele nem percebeu que fechava os pulsos com tanta força que os nós dos dedos estavam pálidos pelo esforço. Aliás, todo ele estava muito pálido na sua vestimenta grega.
Milo o olhava atentamente.
Percebeu o tremor dos lábios aristocráticos, como se o francês houvesse subitamente recebido uma forte rajada de vento. Os olhos dele estavam muito brilhantes, como se a surpresa da existência de Marin fosse algo por difícil demais de ser suportada.
Oh, Deus, Kamus para ele era transparente como vidro!
O francês estava magoado, estava furioso, estava... Oh, estaria mesmo o senhor Michael Kamus Monchelieu se importando com a presença de sua amiga Marin, ali, se passando por sua namorada? Ou será que ele, Milo, estaria fazendo sua imaginação fértil trabalhar criando aquela reação de mágoa e dor que via nos olhos sempre frios daquele homem inacessível, apenas para manter a ilusão de que um dia poderia ser amado pelo amigo?
À vontade de Milo era a de gritar bem alto que se havia alguém amado ali, era aquele estúpido francês que não deixava o amor deles acontecer...
Foi a odiosa Annethe quem quebrou aquele momento intenso de olhares que os dois trocavam, se colocando bem entre eles e sorrindo com malícia para Milo:
"Oh, seu danadinho... E você deixando os boatos maldosos rolando contra você e sua reputação, quando tinha uma linda garota escondida na manga, para causar um frisson nessa festinha GLS".
Annethe virou-se para Marin e continuou a falar, com um ar de quem fazia uma confidência divertida:
"Querida, garanto que nós duas estamos arrasando nessa festinha sórdida, porque os gayzinhos daqui estão loucos de inveja de nós! Temos os mais belos rapazes, que, com certeza, não vão tirar os olhos de nós duas! Eles não estão lindos como gregos? Parecem Deuses do Olimpo! São NOSSOS deuses!".
Marin deu um sorriso amarelo. Odiava mulheres como Annethe. Teve que fazer um esforço enorme para não retrucar um merecido xingo. Milo, por sua vez, teve vontade de vomitar... Queria gritar que os "deuses gregos" se amavam e que vaca nenhuma podia mudar isso.
Foi a mão forte de Marin apertando o seu braço, num pedido silencioso de paciência e resignação, que o fez se controlar e não avançar a socos contra a odiosa loura. Na sua mente, imaginava como seria esbofetear aquela cara bonita até deixa-la irreconhecível. Não. Não era violento. Mas estava apaixonado pelo noivo daquela vaca.
Marin, por sua vez, sentia no seu rosto o olhar frio de Kamus, atingindo-a como se fosse uma tempestade do Pólo Norte.
Não, não parecia ser um homem sociável. Mas, se o demônio fosse se fazer humano, de certo escolheria um rosto como o de Kamus. Era mesmo um homem muito bonito.
"Foi mesmo uma surpresa para todos nós, senhorita... Seja... Bem vinda".
Marin tinha cinco irmãos. Sabia reconhecer quando um homem falava uma coisa com a boca, e outra com os olhos. Definitivamente, Kamus não havia gostado dela...
Mu não estava acreditando. Milo namorando já era uma situação um tanto inusitado, mas até ai não tão desconsiderada, mas... com uma mulher? Depois de si próprio, o grego era o mais avesso a mulheres. Aquilo só poderia ser alguma brincadeira e foi pensando nisto que se afastou de Shaka – uma vez que o loiro, inesperadamente, se colocara ao seu lado sem demonstrar desagrado ou desanimo -, para puxar o amigo afastando-o do grupo que agora rodeava a belíssima ruiva.
"Diga para mim que isto é um surto... Que você está apenas brincando e que isto foi para chocar a todos!".
Milo sorriu para o amigo, notando a preocupação nos olhos verdes, mas sustentaria um pouco mais aquilo tudo até mesmo para Mu, só pelo prazer de ver a reação do tibetano.
"Amigo, eu notei que estava andando por vias errôneas. Eu fingia que não curtia mulheres e saia com homens... Mas... achei a mulher certa para mim e resolvi assumir". Falava com a cara mais deslavada do mundo. Parecendo tão confiante que Mu realmente se assustou.
"Milo... isto é loucura! Você sempre teve aversão às mulheres, mal chegava perto, raramente te vi beijar algumas quando apostavam que você não seria capaz disto, eu via apenas selinhos, e agora você vem e me diz que virou hetero? Milo, não existe ex-gay, para com isto!".
O escorpiano se segurava para não estourar em risos. A feição de Mu estava impagável. Se soubesse que o amigo ficaria assim, teria feito isto antes. Mantendo-se firme, Milo olhou-o e colocando uma mão sobre o ombro do amigo completou:
"Então meu amigo... Eu sou o primeiro caso existente de ex-gay!".
Mu arregalou os olhos verdes em assombro, mas por segundos visualizou um brilho característico nos olhos azuis de seu amigo, e foi neste momento que teve vontade de espancá-lo.
"Ora, seu viado cretino! Quer me matar do coração com essa brincadeira de mau gosto?". Bufou e socou o braço do grego que já se engasgava entre risos.
"Hey, Mu, fale mais baixo ou você vai estragar tudo...". Falou tentando controlar o riso.
"Estragar? Como assim estragar, Milo? O que você está aprontando?". Sentiu-se curioso.
"Agora não temos tempo para que eu possa lhe contar Mu, estamos em uma festa e tenho que salvar a Marin daquela vaca descarada que é a noiva do imbecil do Kamus". Mal terminou de falar e já estava puxando Mu e volta ao grupo, posicionando-se ao lado de sua 'namorada' ruiva e distribuindo sorrisos para todos.
Quando Mu retornou para o lado de Shaka o loiro ponderou antes de perguntar, sabia que poderia levar uma resposta não muito agradável, mas... Estava curioso também.
"Mu... Milo realmente está namorando uma mulher? Digo... é que pelo que eu sei...". Parou de falar ao notar o olhar verde queimando sobre si.
O tibetano se aproximou mais, juntando seus corpos mesmo na frente de todos que ali se encontravam e com os lábios próximos a orelha de Shaka sussurrou:
"Para todos os efeitos, ele está namorando uma mulher e...". Mordeu levemente o lóbulo da orelha do indiano, sentindo a respiração do mesmo ser retida. "E depois iremos conversar sobre o quê você sabe...". Lambeu sedutoramente uma parte do pescoço que estava ali exposto de forma bem tentadora.
Shaka mantinha a respiração presa, mas não conseguiu evitar soltar um baixo gemido. Em sua mente se repreendia por seu corpo estar lhe traindo e se deixando levar. 'O que está acontecendo comigo? Eu não deveria me sentir tentado por ele. Ele... ele me...'. Seu pensamento foi cortado.
Mu simplesmente não se importando com os a sua volta, mal deixara de lamber o pescoço de Shaka, tomou lhe os lábios de maneira possessiva e sensual, engolindo um outro gemido que o loiro emitira involuntariamente em surpresa e delicia.
O mestiço hindu relutava entre se deixar levar pela onda de sensações boas que lhe invadiam, ou pela luta que não deveria ceder tão facilmente ao tibetano. Era uma decisão difícil uma vez que Mu lhe parecia tão diferente do que conhecera. Um contraste em pessoa. Demônio e anjo em um só corpo. Infelizmente naquele momento, sua mente já não mais funcionava coerentemente e sua única reação foi a de passar seus braços sobre os ombros do tibetano, envolvendo o pescoço de Mu e corresponder lhe ao beijo.
Pela primeira vez estava correspondendo porque desejava e não por ser forçado. Pela primeira vez estava gostando das sensações...
Carlo que estava por perto soltou um xingo ao ver a cena entre o chefe, e amigo, e o loiro. Para onde olhava homens se beijavam, lógico, estava em uma festa propicia para esses desavergonhados.
O italiano virou-se e foi para longe do grupo, preferindo ir mais para perto da orquestra que tocava. Foi quando, ao passar pela escadaria do salão principal da mansão, viu Afrodite e Shura se esgueirarem entre os convidados. Não queria dar bandeira, olhar demais, mas a verdade é que Afrodite parecia um imã, e ele, o ferro.
Viu Dite e Shura falarem carinhosamente no ouvido um do outro. Depois, percebeu que Shura ia para fora, e que Dite ia para perto do bar onde vários barmans faziam drinks incrementados.
Carlo continuou observando o belo Afrodite: o sueco estava simplesmente deslumbrante com um sari indiano que emoldurava com perfeição seu corpo andrógeno. O rosto, graças à nova maquiagem e os cabelos já secos, parecia ter saído de uma pintura de Borguereau.
Carlo soltou uma imprecação baixa. Madre de Dio! Maldito moleque, que parecia lindo como a própria Madona! Jogara-o na piscina, e o cretino, além de não sair dos saltos, ainda voltava glamuroso, sereno, como se nada demais houvesse acontecido.
O belo sueco pegou dois copos. Um de licor, outro de whisky. Ao se virar, notou o olhar de Carlo cravado sobre ele. Sorriu. Sabia quando era desejado. E aquele italiano filho da puta o queria. Era um fato!
Como se adivinhasse os pensamentos de Carlo, Afrodite parou diante dele e sorriu, um sorriso que era pura sedução...
"Não vai ser uma mulher a mais na festa e nem um banho forçado que vai tirar o meu bom humor para essa noite, querido. Com licença, vou procurar Shura... Ele está me esperando para bebermos juntos...".
E sem esperar pela resposta, Afrodite caminhou para longe, deixando para trás um Carlo visivelmente mal humorado...
Sentia nas suas costas o olhar do italiano. Sorriu e caminhou daquele jeito cadenciado e sedutor que somente ele sabia fazer.
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Shura ainda esperava por Afrodite, sentado numa mesa ao lado do deck da piscina, quando sentiu uma mão familiar pousar em seus ombros...
"Não cumprimenta mais os velhos amigos?".
O espanhol empalideceu.
"Aiolia!".
O leonino sorriu, entre sem jeito e meio desconfiado. Shura parecia mesmo pouco à vontade em vê-lo...
"Bem, se não vai me convidar para sentar aí com você, eu me convido".
Aiolia pegou um copo de whisky da bandeja de um garçom que passava e sentou-se ao lado do amigo.
"O que você está fazendo aqui?".
A pergunta, Shura não fizera de modo hostil, mas sim, porque estava realmente surpreso. Aiolia sorriu:
"Sei que meus honorários de detetive particular não cobrem um terno decente para vir numa festa como essa, e nem sou o tipo que seria convidado por esses esnobes, mas estou a trabalho. Vim acertar alguns detalhes de um serviço para seu patrão".
"Então... Está trabalhando para Mutisha, agora. Posso perguntar em quê?".
O outro ampliou o seu sorriso:
"Sabe que não vou dizer nada. E que não gosto de responder perguntas, apenas de fazê-las. A propósito, porquê tem evitado falar comigo, e com a minha família, desde que voltou para a Grécia?".
"Não estou evitando, eu só... Bem, eu... Não tive tempo de...".
"Não teve tempo? Shura, faz quase um ano que você voltou. Todos lá de casa perguntam de você. Não entendem porque você nunca mais falou conosco depois que Aioros morreu".
Shura estremeceu. A simples lembrança do seu amor, fazia seu coração apertar de dor e saudades... Oh, Deus, faziam-se quase quatro anos que aquele maldito acidente acontecera, e... Parecia ter acontecido ontem...
Abaixou a cabeça...
"Eu não sei se eu seria bem vindo... A sua mãe...".
"Oh, minha mãe estava transtornada, louca de dor, Shura, ela precisava falar aquela bobagem para não morrer de desespero... Achar um bode expiatório para a morte dele foi à única solução que ela encontrou para não desmoronar de vez...".
Havia lágrimas contidas, agora, nos olhos rasgados e belos do espanhol.
"Não, ela tem razão, Aiolia. Eu o matei. Eu estava dirigindo o carro quando ele desgovernou e...".
Não conseguiu terminar o que dizia. A lembrança do carro capotando ladeira abaixo, numa daquelas íngremes estradas a beira das montanhas gregas, era lhe algo penoso demais. Foi somente depois de alguns segundos, que conseguiu dizer, baixo demais...
"Sua mãe tem razão... Eu não passava de um alcoólatra, um irresponsável e era eu quem deveria ter morrido naquele dia".
Aiolia não tirava os olhos do amigo. Estava tentando entender realmente o que se passava no coração de Shura.
"Shura, eu trouxe uma coisa comigo, porque achei que veria você aqui hoje... Encontrei nas coisas do meu irmão quando minha mãe pediu para ajeitar as roupas dele para doação...".
Aiolia puxou uma foto do irmão e de Shura juntos, abraçados e uma carta... Uma cópia da última carta que Aioros enviara para ele!
Shura empalideceu, como se lhe houvessem roubado todo o sangue do corpo...
Aiolia estava sério, um ar acusador até.
"Se a foto é apenas de dois amigos, me diga, porquê nessa carta aqui ele fala em amor e saudades? Ele sempre mandava e-mails, mas esta aqui ele rascunhou mil vezes e não jogou fora... Guardou junto com a foto... Escondeu bem longe dos olhos de todos... Mas eu achei a carta, Shura... Ele pedia para você voltar, porque não agüentava mais... fingir... E ficar longe de você".
"...".
Ouvia-se apenas a música agora. Shura não dizia nada. Aiolia continuou:
"Foi por causa dessa carta que você voltou naquelas férias de verão. Mas você veio para a Grécia apenas para terminar com ele, não foi? Vocês saíram para conversar e discutiram... Fale a verdade para mim, Shura, ele é meu irmão, eu mereço saber o que aconteceu na noite daquele maldito acidente".
Shura chorava agora. Não era um choro convulsivo, era pungente, solitário. As lágrimas saiam do rosto lindo sem que ele percebesse...
"Eu não...".
"Shura, não havia uma gota de álcool no seu sangue aquela noite, você já havia deixado de ser o maldito alcoólatra que era, como foi que aconteceu a morte do meu irmão? Vocês discutiram, não foi? Ele era como Mu, como os outros dessa maldita festa, e amava você!".
Shura assentiu com a cabeça... Não agüentava mais fingir que estava bem. Não estava.
"Eu e seu irmão, ah, Aiolia... A gente nunca se tocou... Ele me amava, eu o amava, mas a gente curtia uma coisa platônica, porque eu não conseguia aceitar aquilo como um fato consumado... Mas eu jamais pensei... Que ele realmente me quisesse de verdade... Pra valer, entende? Achei que era cisma de dois garotos que não sabem nada da vida! Quando ele escreveu essa carta, eu voltei, mas...". Deu uma pequena pausa. Sua mente estava repleta de lembranças daquele verão, daquele dia... Daquele maldito dia. Respirando fundo continuou... "Eu disse a ele que iria embora, e que não mais nos veríamos, porque eu não queria me envolver com um outro cara. Ele... Ele ficou desesperado e nós dois acabamos discutindo... A certa altura, ele simplesmente disse que não via mais sentido na vida em ficar sem mim, e...". Um engasgo. Um bolo estava se formando em sua garganta, mas mesmo assim iria desabafar o que havia guardado durante todo esse tempo... "Puxou a direção do carro para fora da estrada... Foi tudo muito rápido, eu nunca... Nunca pensei que ele... Oh, meu deus...".
Shura colocou as mãos aristocráticas sobre o rosto, ocultando-o, porque a lembrança da morte de Aioros era-lhe uma cicatriz incurável, algo que queimava como fogo, noite e dia. Ele mesmo ficara em coma várias semanas, mas, quando voltara a si, Aioros já havia sido enterrado há quase dois meses...
Aiolia estava revoltado. Havia se enganado, dizendo a si mesmo que Shura iria dar uma explicação diferente, mas agora, que o espanhol havia mesmo confirmado suas suspeitas, seu coração se encheu de revolta.
"Minha mãe tem razão, seu cretino, foi você mesmo quem o matou. Eu tenho asco de você".
E sem esperar pela resposta do outro, levantou-se, deixando um Shura desolado ali na mesa. Foi nessa hora que Afrodite se aproximou e encontrou o espanhol com uma expressão que era de puro desalento...
"O que aconteceu? Quem era o cara que se levantou da mesa quando eu estava me aproximando?".
Shura deu de ombro, triste...
"Esqueça, não... Não quero falar disso".
Dite tinha má fama, mas possuía também um coração tão grande quanto a má fama que tinha!
Colocou os dois drinks que trouxera em cima de mesa e abraçou o amigo:
"Tem certeza de que não quer desabafar comigo? Seja o que for, sou bom ouvinte...".
Shura deu um sorriso triste. Balançou negativamente a cabeça, e se levantou.
"Dite, me perdoe, mas não tenho mais estofo para ficar na festa. Não me leve a mal...".
"Oh, não, eu entendo! Eu me despeço do pessoal e...".
"Nada disso, fique, eu... Não quero estragar sua noite".
"Oh, Carlo já tentou e não conseguiu, você não vai estragar nada".
"Escute, é sério... Eu... Sei lá, só quero sair um pouco, respirar, ficar um pouco sozinho, mas não demoro, eu... Fique, prometo que voltarei antes que alguém note minha ausência".
Afrodite sorriu e deu um selinho amistoso no amigo:
"Ok, está prometido então... Mas seja lá o que aquele mal encarado que estava aqui tenha dito, não dê a mínima. Você é um cara cem por cento".
Shura deu de ombros...
"Não, eu não acho...".
"Mas é... Vai a algum lugar em especial?".
Shura suspirou. Sim, iria até o túmulo de Aioros. Precisava exorcizar os seus fantasmas.
"Vou, mas prometo que volto para te pegar".
"Ok, vá sossegado, se conheço Mu, essa festa vai longe...".
Afrodite ficou olhando Shura se afastar. Deu um suspiro triste. Era visível que seu amigo tinha problemas, mas não adiantava ficar pensando no que seria, adiantava? Ele já tinha as próprias desilusões para cuidar...
Jogou os cabelos para trás, deixando cair o véu indiano sobre a mesa, de propósito. Não era hora de pensar em tristezas, iria se divertir! Iria tentar esquecer que Carlo estava por ali.
E foi com esses pensamentos, que Afrodite balançou os cabelos, deixando a farta cabeleira cair em cascata sobre os ombros. Sorriu. Tinha muitas beldades por ali, mulheres e homens, mas, com certeza, ele próprio era um dos mais atraentes! E era com isso que tinha que ser importar agora!
Afrodite caminhou como um felino gracioso, rumo à pista de dança... Não iria ficar ali, quieto, esperando Shura voltar... Não mesmo.
ººººººººº
Corpos atléticos e delgados suavam e se agitavam na pista de dança, extravasando emoções e alegria no ritmo sensual e frenético da banda que apresentava diversos ritmos: rock, new wave, rave, funk, discoteque.
Mu havia colocado uma orquestra clássica, para tocar no lado de fora, e uma moderna, para atender seus amigos no salão de festas da mansão, que exibia som e luzes caríssimos, dignos das melhores discotecas do país. Como era dono de uma boate, foi a primeira coisa em que Afrodite reparou quando entrou na pista: a qualidade do equipamento e dos músicos. Mas logo depois, o pisciano parou de notar os detalhes do salão e se deixou levar pela música. Não podia esperar mesmo outra coisa de Mutisha, ele só contratava equipamento e pessoal da melhor qualidade!
Tocava agora uma musica que fora cult dos anos 80. Ele não passava de um pirralhinho, na época, mas conhecia bem a letra, por sempre tocá-la na sua boate... E adorava aquela música... Era algo gótico, pungente, triste como ele próprio, mas cheio de energia!
Oh,
the night is my world
City
light painted girl
In
the day nothing matters
It's
the night time that flatters
In
the night, no control
Through
the wall something's breaking
Wearing
white as you're walkin'
Down
the street of my soul…
Afrodite agitava os cabelos e ondulava o corpo conforme a música, de um jeito que imediatamente chamou a atenção de todos que estavam ali, porque a sensualidade era-lhe algo inato. Ele fechou os olhos e se deixou levar pelos seus sentimentos reprimidos. Não se importava se estava sozinho ou no meio de uma multidão. Iria dançar!
You
take my self, you take my self control
You
got me livin' only for the night
Before
the morning comes, the story's told
You
take my self, you take my self control
Sentiu que algumas mãos começaram a tocá-lo despudoradamente, mas ele não deu a mínima. Estavam numa pista gls e tudo podia acontecer ali. Não importava. Não havia mesmo controle na noite... Nem consolo para o seu coração machucado.
Another
night, another day goes by
I
never stop myself to wonder why
You
help me to forget to play my role
You
take my self, you take my self control
I,
I live among the creatures of the night
I
haven't got the will to try and fight
Against
a new tomorrow, so I guess I'll just believe it
That
tomorrow never comes
Subitamente, ele sentiu uma mão mais forte puxando-o com força, raiva até. Abriu os olhos, assustado. Viu diante dele um homem atlético, todo vestido em negro, mas não soube identificar quem era. Era muito lindo... o tórax, os ombros largos, os quadris justos e deliciosamente masculinos, mas o rosto... Estava protegido por uma máscara africana, uma máscara vodu! Conhecia o tipo de máscara, porque um amigo 'cult' seu, historiador fissurado em religiões tribais, havia lhe mostrado uma daquelas há algum tempo. Era a máscara do exu que simbolizava a morte.
Máscara da morte. Sorriu. Então a morte era o seu dançarino...
"Você é o orixá da morte que veio me buscar?".
O estranho não falou nada. Apenas encostou seu corpo no dele, mostrando uma excitação visível e urgente.
Afrodite se excitou também, loucamente. Gemeu baixinho, rouco, enquanto sentia as mãos fortes passando por todo o seu corpo com ousadia, pressionando suas nádegas e sua costas...
O cheiro delicioso daquele homem... Não era possível!
Gemeu de novo, quase alucinado de prazer... E puxou a máscara do outro com um tranco, jogando a no chão. Sim, era ele!
"Carlo!".
Os olhos escuros do italiano brilhavam desejo e ira... Afrodite ficou atônico com o desejo que via neles... Balbuciou a primeira coisa que lhe veio à mente... Seu coração parecia que iria sair pela boca, tão emocionado que estava.
"Você não tinha fantasia...".
O outro deu um sorriso sarcástico...
"Tinha. Estava guardada no porta-malas do meu carro... E eu poderia torcer o seu pescoço por ter puxado a minha máscara".
Afrodite estremeceu. Oh, Deus, como se sentia frágil nos braços daquele tirano! Respirou fundo... Tentou usar sua sedução...
"Mas como você vai me beijar se eu não puxar a máscara?".
"Eu jamais beijarei você".
Mas as bocas estavam já muito próximas. Por isso, assim que acabou de falar, Carlo fez o diametralmente oposto do que afirmara: segurando os cabelos de Afrodite pela nuca, puxou-o para si com firmeza e lhe deu um beijo urgente e violento.
Foi como se a pólvora, o fogo e a querosene se encontrassem naquele instante: uma verdadeira explosão hormonal fez com que os dois se esquecessem por completo de onde estavam. Afrodite agarrou se ao corpo de Carlo, abraçando-o como se ele fosse uma tábua de salvação no meio do mar. O canceriano gemeu quando sentiu o sueco lanhar suas costas como um gato no cio, mas a resposta foi puxar os cabelos com força e morder sua boca como se saboreasse o néctar dos deuses. De repente, largou Afrodite, que se sentiu agoniado. Oh, deus, seria enxotado de novo?
A voz de comando e urgência de Carlo era incontestável.
"Venha".
Ainda com o coração aos saltos, Dite se viu sendo arrastado com pressa por Carlo que o levou escadaria acima para um dos quartos de hóspedes que havia na enorme mansão de Mu. O italiano fechou a porta e o jogou na cama...
"Você...".
"Cale a boca, não diga uma única palavra!".
Dite tinha o gênio forte. Pensou em retrucar um desaforo, mas sua índole belicosa esmoreceu como manteiga diante do fogo quando viu o italiano ficar nu na sua frente...
Prendeu a respiração. Oh, Deus, como era lindo... E como amava aquele homem! Como esconder daquele desalmado a paixão que sentia?
Um princípio de pânico ameaçou invadir Afrodite. Ele tentou erguer-se da cama, mas Carlo não deixou. Jogou-se sobre ele como um lince abatendo sua presa. E puxou o sari indiano para baixo, ficando encantando com a pele que se mostrava agora para ele, firme, mas sedosa, suave como a de uma moça...
Beijou os ombros brancos com inesperada suavidade, fazendo Dite estremecer de puro êxtase.
"Shura...".
"Eu me entendo com o espanhol depois... Não comece a agir como se fosse uma donzela inocente. Você não é nem uma coisa, nem outra".
Os olhos azuis de Afrodite brilharam de agonia... Quando percebeu, já havia confessado:
"Mas para você, eu bem que gostaria de ser...".
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos... Os olhos de ambos se encontrando... Mas Carlo engoliu a emoção que sentia e preferiu fingir que não havia escutado nada. Mergulhou naquele corpo como se fosse um sedento chegando a um oásis. Não queria ser gentil ou carinhoso!
Era uma cisma que ele sentia pelo viado, só isso. Quanto mais rápido provasse aquele corpo, mais rápido se cansaria dele!
Por isso, sufocou a emoção que fazia seu coração bater descompassado e tomou o corpo do outro como um general romano conquistando um novo território.
Afrodite gritou de dor quando sentiu o sexo do outro invadi-lo com a força de um aríete.
Carlo saciava-se nele com brutalidade. Mas os gemidos do sueco, mais de dor do que de prazer, começaram a incomodá-lo. Ele sabia que estava sendo rude como jamais fora com mulher alguma.
Estava punindo Afrodite por despertar nele um desejo que ele não queria sentir.
Afrodite, não suportando mais o coito punitivo e muito dolorido, desvencilhou-se.
"Carlo, por favor, assim não, eu... AI!".
A resposta do outro foi um tapa no rosto do sueco, que ficou lívido de espanto e de susto.
"Eu disse para você não abrir a sua maldita boca, seu...".
Carlo não conseguiu terminar o que dizia, porque levou um soco de direita no queixo, que o pegou totalmente de surpresa...
Viu ali, na cama, um Afrodite belíssimo e nu, com os punhos fechados em riste, o olhar fuzilando de ódio, dor, e revolta. O sueco estava tão lindo ali, furioso, que Carlo fitou atordoado com aquela visão que parecia ser de um deus...
Afrodite disse, entre dentes:
"Oh, seu escroto, se acha que vou apanhar de macho, por mais que eu o ame, está louco. Ou você faz amor comigo, ou me mata, mas juro que não vou deixar você me humilhar!".
Carlo voou sobre ele e lhe deu um golpe certeiro, fazendo seu corpo cair no chão. Dite gritou de dor, mas não teve tempo de escapar, porque o italiano se pôs sobre ele novamente...
"Não duvide, eu mato você. Sou SIM o anjo da morte que veio buscar sua alma".
Dite fechou os olhos, se sentindo vencido e humilhado. Uma súbita depressão o fez parar de se defender. De que adiantava lutar, se Carlo o via como um ser inferior, incapaz de merecer o menor respeito?
Nunca se importara com a opinião de um hetero sobre ele... Até agora. E como doía ser tomado como se fosse um paria, um ser inferior indigno de afeto.
Mordeu os lábios para não gritar, enquanto Carlo o virava de bruços, e, ali no chão mesmo, começava uma nova cavalgada furiosa em seu corpo esguio.
ººººººººº
Silêncio... Podia se ouvir, muito ao longe, o burburinho da festa, mas era um som abafado e indefinido, porque as paredes da mansão eram protegidas acusticamente. No quarto, porém, Carlo conseguia ouvir bem a sua própria respiração, ainda ofegante, e os soluços de um choro que Afrodite a todo custo tentava reprimir, para não mostrar o quanto estava ferido e magoado.
O coração do italiano apertou. Ele havia mesmo usado o outro como um animal. Fora o único a conseguir atingir o clímax ali. Afrodite, pelo jeito, somente sentira dor...
Ficou olhando o corpo alvo e esguio nos lençóis... A pele de porcelana marcada por hematomas e mordidas que ele dera nas costas alvas durante a posse furiosa.
Acariciou os cabelos do outro.
Afrodite sentiu a mão forte e calejada acariciar seu rosto e ombros com súbita suavidade.
Fechou os olhos. NUNCA, por toda sua vida, passara por algo assim.
Ah, sim, já fora surrado, currado, já apanhara e batera, já fizera de tudo sexualmente falando, não era um santo, nunca fora! Mas era a primeira vez, realmente, que se sentia impotente, EMOCIONALMENTE a mercê de um outro homem, e isso o fazia sentir-se confuso e sozinho.
Por que aquele homem bruto, que o machucara, era lhe tão importante?
Por que simplesmente não o mandava para o inferno? Porque simplesmente não conseguia!
Como o Orixá da morte, tão bem representado na máscara, Carlo di Angelis parecia mesmo ter aprisionado sua alma... Estar ali com ele fora o inferno e o paraíso reunidos em um só espaço.
Murmurou, tirando a mão de Carlo de seus cabelos, mas fazendo um visível esforço para não beijá-la.
"Não precisa ter pena de mim".
"Não tenho".
Dite se virou, com raiva. Olharam-se medindo forças... O pisciano respirou fundo. Não, não iria começar uma guerra. Se aquele homem estava ali, era mesmo porque desejava a ele, Dite. Ele havia ganho a batalha. E ganharia a guerra também.
Engolindo a dor e a humilhação da posse que fora, na prática, um estupro, Dite se encostou de novo no corpo de Carlo...
"Agora, eu desafio você a fazer isso... Como um homem faria".
Carlo arregalou as sobrancelhas...
"Esta dizendo que...".
"Estou dizendo a verdade. Um homem na acepção da palavra não esconderia seu desejo na violência e numa superioridade que ele não tem".
"Mas você é mesmo um viado atrevido".
Carlo tentou levantar-se, mas Afrodite se colocou sobre ele... Acariciou-o com ousadia e estremeceu quando viu a excitação daquele garanhão despontar imediatamente nas suas mãos. Beijou o tórax, as coxas e as pernas do outro com a doçura de uma gueixa.
Carlo soltou uma exclamação de satisfação e espanto, mas não conseguiu fazer nada além de erguer os quadris para que Afrodite sugasse seu sexo como se fosse um saboroso doce.
Extasiado, Carlo ouvia seus próprios gemidos, enquanto as mãos hábeis e os lábios daquele demônio o levavam a loucura. Depois de algum tempo, espirrou um sêmen grosso e quente no rosto bonito de Afrodite, que, emocionado, aninhou-se nos braços fortes do italiano.
Carlo, diante daquele gesto gentil e espontâneo do sueco, ficou momentaneamente sem ação. Sentiu seu corpo vibrar ao ter aquele outro corpo esguio e suave, ao seu lado, enquanto via aquela cascata de cabelos esparramarem no seu tórax largo.
O coração de Afrodite batendo junto ao seu... O suspiro macio de insatisfação por não ter alcançado o próprio clímax... O perfume delicioso de rosas invadindo suas narinas...
Carlo estremeceu, sentindo um doce torpor no coração. Meu Deus, como podia ser tão lindo, tão envolvente aquele garoto que, iluminado pela tênue entrada do luar no quarto, parecia ser um elfo recém saído das águas...
A comparação poética em sua mente o fez sair do transe. Empurrou Afrodite e se levantou para se limpar e se vestir.
Dite cobriu-se com os lençóis. Fazia um esforço enorme para mostrar a auto-suficiência de sempre, mas a verdade é que os maus tratos e desprezo do canceriano o magoavam demais.
Carlo acabou de se vestir e colocou os sapatos. Dite não agüentou ficar quieto mais.
"Por que resolveu se deitar comigo, de repente?".
Carlo engoliu em seco. Tai a pergunta na qual não queria pensar. Deu de ombros.
"Mera curiosidade. Mas não se preocupe, isso não vai acontecer de novo".
O coração de Dite se agoniou. Oh, não... Isso não podia terminar assim... Não agora que experimentara o gosto daquele homem...
"Precisa sair como se eu fosse um monte de lixo?".
"Já disse isso e vou tornar a dizer: é exatamente isso o que você é. Lixo".
"Ora seu...".
Carlo abriu a porta para sair e começou a descer as escadas que davam para o salão principal onde rolava a festa. Dite enrolou-se nos lençóis e, sem conseguir se conter, apanhou o primeiro objeto que encontrou no quarto, um pesado cinzeiro de cristal. Jogou-o com força e raiva contra Carlo. O cinzeiro passou pelo italiano de raspão e se espatifou no hall da escada.
Afrodite gritou bem alto, sem se importar se iriam os outros ouvir ou não:
"Ora, seu filho de uma puta velha! Se eu sou lixo, você é o latão que não consegue ficar sem se enfurnar nele como o porco que é! Cafajeste, escroto, nojento!".
Carlo tinha um brilho intenso nos olhos, mas sorriu. Era a primeira vez que via o sueco realmente perder a compostura por sua causa. E havia gostado disso.
Sem se dignar a retrucar nada, simplesmente virou as costas e desceu para o salão. Mantinha o odioso sorriso nos lábios e o delicioso perfume de rosas de Afrodite em seu corpo.
ººººººººº
A festa estava correndo como o esperado. A arrecadação estava sendo um sucesso com o pequeno 'leilão' que ocorria em um outro salão da grande mansão, comandado pelos irmãos Andropoulos. Sim, Saga e Kanon, além de cuidarem de toda organização de festa, trabalhavam realmente com leilões de peças de arte, artefatos raríssimos, de valores exorbitantes.
Os gêmeos bebiam junto o sucesso do pequeno leilão enquanto conversavam sobre os convidados que ali se encontravam. Alguns até classificados como 'figuras de difícil acesso' pela imprensa, uma vez que era raríssimo vê-los dando algumas entrevistas.
"Aquele brasileiro gastou uma boa quantia hoje arrematando duas esculturas persas"(1). Saga comentou antes de levar a taça de vinho de encontro aos lábios.
"Sim, e pelo visto é bem capaz de adquirir outro artefato, olha só como ele está enamorado pela estatua de Nectanebo II protegido pelo Deus Hórus em sua forma animal (2). Não tira os olhos de cima". Kanon sussurrou enquanto apontava discretamente a direção do olhar do cliente brasileiro.
"Garanto que não ficarei chateado em vender outra peça para ele". Deu um pequeno sorriso para o irmão enquanto seus olhos perscrutavam mais o ambiente.
Os olhos azuis recaíram em uma figura de andar elegante e gestos discretos. Com um leve toque, de sua mão desocupada, Saga chamou a atenção do outro gêmeo.
"Olha quem nós temos aqui esta noite...".
"Não acredito que ele aceitou comparecer! Ele não é de participar de festas... Bem, isto é realmente interessante! Qual peça lhe irá chamar a atenção?". Perguntou a Saga levando a taça de vinho aos lábios sem tirar os olhos da bela figura que se movia discretamente entre as artes.
"Não faço idéia, Kanon. Ele tem um gosto bem interessante pelo que já ouvi falar, mas o quê o herdeiro da família Solo escolher, com certeza será algo valioso e de bom gosto".
"Bom gosto...". Sussurrou olhando de forma analítica o corpo do homem que encarava uma estatua.
O herdeiro da família Solo é belo, muito belo. Seus cabelos longos e aloirados se encontravam presos em uma discreta trança com fios dourados, e a mesma encontrava-se por sobre o ombro. Sua vestimenta como a maioria dos convidados gregos, era de uma túnica longa e branca, um manto que mais se assemelha a uma capa da cor azul claro, pendia de duas presilhas douradas em cada um de seus ombros cobrindo-lhe as costas e indo quase até o chão. Braceletes dourados, uma gargantilha larga e uma fina tira dourada que passa por sua testa, o deixa ainda mais belo aos olhos atentos, mesmo que tente ao máximo passar desapercebido.
"Estou sentindo uma certa ponta de interesse de sua parte, querido irmão?". Saga voltou o olhar para Kanon, vendo que este mesmo com a pergunta não deixou de continuar olhando o belo homem que agora fitava uma estatueta de Triton (3).
"Sempre tenho interesse pelas coisas belas, Saga. Você mais do que ninguém deveria saber disto". Brindou o irmão com um sorriso malicioso.
Os gêmeos pararam a conversa para fitar duas pessoas que acabavam de entrar juntas no salão e que se dirigiam para perto do Julian Solo. O brilho no olhar de ambos, ao ver a tão conhecida e desejada silhueta do jovem mestiço hindu ao lado do anfitrião, era intenso.
"Mu, eu... acho melhor esperar lá fora...". Comentou um pouco incomodado pelo fator de estar ao lado de Mutisha durante a noite toda como se fossem mais do que uma simples relação de 'patrão e empregado'. Era assim que Shaka se via pela situação que o levara a estar com Mu. Além claro de estranhar e muito a atenção que Mutisha estava lhe dando. Ainda sentia os lábios quentes pelos beijos trocados durante a noite.
"Shaka... pelo menos esta noite... relaxe. Quero falar com um amigo e desejo você ao meu lado". Falou baixo acariciando a mão do mestiço que se encontrava entrelaçada a sua.
Ambos continuaram andando tranqüilamente.
"Ora, ora... Fico feliz de ter você aqui, entre os reles mundanos, Julian". Falou com um ar brincalhão já parado atrás do outro jovem homem.
Julian ao reconhecer a voz com um leve sotaque – mesmo que Mutisha não reconhecesse o fato -, virou-se encarando o amigo com um sorriso nos lábios e uma resposta na ponta da língua.
"Em certos momentos a realeza deve dar atenção aos seus peões, senão, o que seria de nós, reis, sem o divertimento que vocês nos proporcionam?".
Um pequeno momento de silêncio pairou entre os três. Shaka não sabia se era bom ou não, mas preferiu continuar calado só se assustando quando ambos, Mu e Julian, começaram a rir para em seguinte se abraçarem.
"Quanto tempo não nos vemos. Estava sentindo muito a sua falta, Julian". O tibetano falou ao se afastar do abraço.
"Igualmente amigo, igualmente. Mas agora que os estudos, todos eles, se encerraram e o velho me deixou a frente dos negócios... Tempo é uma coisa que raramente disponho".
Mutisha sorriu mais ao amigo de longa data e como em um estalo, lembrou-se de Shaka ao seu lado. Olhando para Shaka e depois para Julian, Mutisha fez as apresentações.
"Julian, deixe-me te apresentar uma pessoa... Este é o meu... acompanhante Sidartha Swentson, mas o chamamos de Shaka". Olhou diretamente para o rosto do amigo por alguns segundos e logo prosseguiu voltando o rosto agora na direção de Shaka. "Shaka, este é Julian Solo um amigo de longa data e um dos caras mais irritantemente sensato que conheço".
O grego fitou o rosto jovem do mestiço e lhe sorriu ao estender a mão para o comprimento.
"É um prazer lhe conhecer Sr. Swentson. Trabalha em que ramo?".
Shaka ia lhe responder agradecendo a forma gentil, mas chegou a travar ao escutar a pergunta que se seguiu. O que ia responder agora? Que trabalhava com o ramo de 'entretenimento' pessoal? Que ganhava a vida de uma maneira nada bem vista por pessoas sensatas? Não poderia falar aquilo, justamente para uma pessoa que Mu havia frisado quer era 'sensato'.
Mutisha notando a perda de fala de Shaka pigarreou olhando para o louro hindu, que logo saiu do estado que se encontrava.
"O prazer é todo meu Sr. Solo. Bem, eu trabalho com... Como posso dizer...". Tinha que pensar e rápido, mas Mu acabou terminando a frase por ele.
"O Shaka trabalha com dança. Estudou muito a cultura de seu país, aprendeu várias danças e... é um ótimo professor, conhece diversas formas de dança originadas da Índia. Um dos melhores".
Julian olhava para Mu com certo interesse pelo que lhe era dito e logo voltou seus olhos para o rosto surpreso de Shaka, notando que este se encontrava levemente corado.
"Acho interessante a cultura Indiana. Suas vestimentas, castas, religião e a maneira como se expressão através da música, da dança. Algum dia se não for pedir demais ou abusar de sua boa vontade, e também dependendo do meu pouco tempo disponível, eu gostaria de ver uma apresentação sua ou de seus alunos, caso os tenha, Sr. Swentson". O interesse era visível.
Shaka ainda se encontrava abismado pelo que Mu havia dito. Ele poderia ter aberto o jogo, ter dito que ele não passava de um dançarino simples, um puto, mas não o fez. Ao invés de lhe desmascarar, ele lhe deu uma profissão digna, mesmo que esta seja a mais falsa das verdades.
Saindo do transe rapidamente ao escutar outro pigarrear de Mutisha, o loiro sorriu ainda corado.
"Infelizmente Sr. Solo, não tenho alunos aqui na Grécia e, por favor, prefiro que me chame por Shaka".
"É uma pena que não possua alunos por aqui, seria interessante, mas ainda estou interessado em uma demonstração, Shaka. Claro, isto se meu amigo Mu permitir". Sorriu para Mutisha. Conhecia bem o amigo e sabia muito bem identificar determinados comportamentos. Ainda mais quando aquelas pintas estranhas, que Mu colocara na testa tremiam. Era sutil, mas conseguia notar.
"Acho que Shaka não poderá lhe mostrar por um bom tempo, Julian. Ele está de férias e de licença, quem sabe uma outra vez, certo?". A voz de Mu parecia normal aos ouvidos de ambos.
O mestiço hindu olhou na direção de Mu e elevou uma de suas sobrancelhas louras ao ouvir aquelas palavras. Como assim férias e de licença? Ia abrir a boca, mas ao ver a aproximação de Julian para perto de Mutisha, acabou por não pronunciar uma só palavra.
Julian sorrindo se aproximou de Mu e o abraçou. Aproveitando essa aproximação, sussurrou no ouvido do amigo.
"Eu nunca pensei em te ver assim, estou surpreso". Falou e se afastou ainda sorrindo.
"Olha Julian...". Mu franziu a testa com o eu escutou. O que Julian estava insinuando?
"Bem, acho que vou dar mais uma volta antes de ir embora. Sinto que estou sendo... como posso dizer... desculpe pelas palavras, mas sinto que estou sendo jantado e que a qualquer momento a minha tranqüilidade vai para o espaço". Falou apressadamente.
Seus olhos azuis vagaram pelo grande salão. Sentia-se observado há bastante tempo, mas após a chegada de Mutisha e de Shaka, a sensação aumentou tornando-se incomoda. Voltando seus olhos para o amigo voltou a falar:
"Mu, foi um prazer revê-lo, precisamos nos encontrar mais vezes". Virou-se para Shaka e estendendo-lhe a mão completou... "Fiquei impressionado com a sua pessoa Sr. Swentson, digo, Shaka. Foi um imenso prazer lhe conhecer, e espero que leve um pouco de bom senso a cabeça deste meu amigo teimoso".
Mutisha estava se segurando para não socar Julian por mais aquela gracinha. E Shaka com uma das sobrancelhas elevadas, aproveitando o embalo, não poderia deixar de responder.
"O bom senso para alguns nunca se apresenta Sr. Solo. Para os teimosos e cabeças duras nem com um taco de beisebol sobre suas cabeças, lhe fazem ter bom senso".
Julian riu gostosamente com as palavras de Shaka. O louro falou e uma maneira tão calma e despretensiosa que nem parecia que estavam falando de Mu, com ele logo ali do lado.
"Bem, no meu caso, eu buscaria rapidamente ter bom senso se me ameaçassem com um taco. Aquilo dói demais e pode causar um belo estrago". Falou rindo e já se afastando do casal.
Shaka sorria enquanto observava o grego indo embora. Gostara do jeito de Julian. Não com segundas intenções, o grego apenas lhe pareceu uma pessoa agradável de se lidar.
Mu por outro lado logo após ver o amigo se afastar, virou-se para Shaka ainda a tempo de ver o sorriso tranqüilo em seus lábios. Um sorriso que raramente via, só quando o loro se encontrava com a gata Parvati.
Seus olhos se encontraram. Os verdes intensos fitando os azuis claros e brilhantes.
"Quer dizer que o bom senso me encontraria se o seu maravilhoso taco de beisebol estivesse sobre a minha cabeça?". O tibetano se aproximou mais do corpo do louro, e pode sentir este ficar tenso.
Shaka quando dissera aquilo realmente não pensara nas conseqüências, quando estivesse a sós com Mu. Foi impulsivo, não conseguiu evitar e se deixou levar pelo clima.
"Olha Mutisha se você...". Teve a fala interrompida por um dos dedos de Mu sobre seus lábios.
O tibetano colou seus corpos, seus lábios se aproximaram dos de Shaka. O verde dos olhos de Mutisha brilhavam de tal forma que o corpo do indiano chegou a tremer. Mu desviou os lábios para perto da orelha de Shaka e acabou por sussurrar...
"Veremos quem terá bom senso mais tarde, em meu quarto, sobre a cama em meio aos lençóis, Shaka. Agora... o bom senso me diz que ainda tenho que ver alguns convidados antes de me retirar... antes de nós nos retirarmos". Falou roucamente, deixando seu hálito morno ir de encontro ao lóbulo da orelha do indiano. Sua língua mais uma vez deslizou pela pele alva do pescoço de Shaka, finalizando em um rápido beijo próximo a junção do ombro esquerdo. Havia descoberto um dos pontos sensíveis do louro.
Shaka sentia seu rosto quente e sua respiração levemente acelerada. Seu corpo estava lhe traindo toda vez que Mu lhe tocava daquela forma. Sempre que podia, o tibetano lhe arrancava baixos gemidos e respostas de seu corpo. Era odioso estar naquela situação. Xingava-se sempre por responder daquela forma e pelo visto, iria amanhecer se xingando mais ainda.
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Fazia muito frio. Era um lugar alto e descampado da Grécia. Era um cemitério local perto da vila onde Aioros e Aiolia haviam nascido. Não havia iluminação nenhuma ali, naquela hora da madrugada, a não ser a lua e algumas luzes da igreja que ficava mais ao longe, na entrada da vila.
Naquele vilarejo, Cronos, o Senhor do Tempo, parecia haver paralisado o caminhar da vida com seu poder. Sob a luz tênue e reflexiva da lua, Shura podia ver as lápides com seus anjos e cruzes, dando um ar fantasmagórico ao lugar.
Sabia reconhecer cada canto do velho cemitério. Em poucos instantes, estava de pé sobre o túmulo de seu amado Aioros.
As palavras rudes do irmão do morto ainda ecoavam em sua mente, atormentando-lhe o espírito:
"Minha mãe tem razão, seu cretino, foi você mesmo quem o matou. Eu tenho asco de você".
As lágrimas corriam pelo rosto magro e bonito sem que o espanhol as percebesse. Na verdade, ainda não conseguira se livrar da culpa que sentia pela morte do seu amigo e amante espiritual. Teriam os dois se entendido se Aioros não houvesse se descontrolado e puxado a direção para que ele, Shura, perdesse o controle do carro?
Era uma pergunta que ficaria eternamente sem resposta.
Respirou fundo e olhou para a lua, tristonho.
O melhor que ele tinha a fazer agora era voltar para festa de Muthisha para apanhar Afrodite e levá-lo para casa...
Fingir que tinha um coração e uma vida normal, quando, na verdade, apenas sentia dentro de si um enorme vazio...
ººººººººº
Estava quase amanhecendo...
A maioria dos convidados já tinham se retirado. Poucos eram aqueles que ainda permaneciam na mansão e que possuíam uma certa importância para que Mutisha lhe fizesse companhia. Shaka não se encontrava ao seu lado. O loiro havia se desvencilhado de sua companhia logo assim que saíram da sala de leilões.
Mu passeava por entre os poucos amigos que sobraram e foi se despedindo de cada um deles. Notou ainda Milo acompanhado de sua 'namorada' Marin e acabou indo falar com o grego.
"Depois quero que me explique direitinho o que anda se passando nessa cabeça para que você faça uma coisa dessas". Falou próximo ao amigo em um tom baixo para que somente ele pudesse escutar.
"Sem problemas Mu, que tal hoje à tarde? Posso depois passar por aqui para conversarmos?". Falou para o amigo, mas com os olhos fitando o corpo do francês que se encontrava perto da saída da mansão.
"Pode e deve!".
"Cadê o Shaka? Queria dar uma palavrinha com ele".
Mu estranhou um pouco. Se não soubesse que o amigo era completamente vidrado em Kamus desde a época de colégio...
"Se retirou para... descansar. Se quiser posso lhe dar o recado...". Evitou comentar que Shaka havia se retirado para se preparar, e sua curiosidade...
"Não sabia que tinha se tornado menino de recados Mutisha". Brincou com o amigo e soltou uma gargalhada ao ver o mesmo franzir a testa e cruzar os braços.
"Não sou menino de recados, simplesmente se você tem algum assunto para tratar com Shaka, este me interessa, já que ele está sob... meus cuidados até segunda ordem". O semblante sério de Mu deixou Milo ainda mais interessado.
"Possessivo como sempre... Não me assustaria se algum dia você vier a me contar que esse seu interesse é mais do que um mero capricho por um carro despedaçado que você pode muito bem repor. Tem algo que eu ainda não pesquei, Mu?".
Mu mesmo irritado sorriu ao amigo. Não iria cair naquele joguinho do escorpiano. Antes de tudo conhecia-o muito bem para ler nas entrelinhas qualquer coisa.
"Sabe Milo... Não sei como ainda te aturo". Balançou a cabeça.
"Você me atura porque me ama, me adora e me deseja". Riu debochado.
Mu olhou o amigo de cima abaixo vendo a vestimenta desse e sorriu com o que lhe veio à mente.
"Porque não aproveitamos que você está com uma roupa que facilita as coisas e vamos lá pra trás da mansão? Faço você ficar caidinho por mim em menos de cinco segundos".
"Vai sonhando ó lobo em pele de carneiro... vá sonhando em me ver de quatro para você, agora se quiser... te mostro a ponta da minha flecha".
Ambos começaram a rir, ainda mais depois de se darem conta que Marin estava ali e não conseguia entender nada do que estava rolando entre os dois.
"Mu, acho melhor você tomar seu rumo, acho que um certo loiro deve estar a sua espera, não?".
Mutisha apenas sorriu discretamente com aquilo. Sem mais nada a falar, se despediu de Milo e Marin com um menear de cabeça e começou a caminhar em direção as escadarias.
ººººººººº
Encontrava-se parado há alguns segundos em frente à porta de seu próprio quarto. Em seu interior, um misto de ansiedade e uma leve ponta de insegurança se mesclavam. Não sabia se o loiro estaria, ou não, dentro de seus aposentos e aquela pergunta só poderia ser respondida no momento em que abrisse aquela porta.
E foi o que fez. Abriu-a.
Um tremor lhe percorreu o corpo ao visualizar a cena como um todo. O quarto se encontrava em uma quase penumbra, várias velas, de diversas cores, estavam espalhadas por todo o quarto iluminando-o e compondo uma atmosfera acolhedora e excitante ao mesmo tempo. Ao fundo se encontrava o culpado por aquilo. Shaka.
O loiro estava em pé, parado de frente para a uma das janelas do grande quarto e de costas para Mu. Os cabelos soltos, o corpo apenas coberto por um véu aparentemente dourado e transparente, faziam-no parecer uma miragem, uma visão estonteante de um ser de pura beleza que emanava sensualidade.
Mutisha apenas engoliu em seco no momento em que Shaka se virou lentamente para encará-lo.
Lindo!
Era o que definiria Shaka naquele momento. O rosto do mestiço hindu estava sem maquilagem, apenas a característica pinta avermelhada no centro da testa e um leve ar de khal nos olhos deixando-os com o azul mais vivo.
Mu caminhou lentamente até o loiro sem conseguir tirar os olhos de cima dele. Tinha que tocá-lo para ter a certeza que não era um sonho. Não poderia estar sonhando acordado com uma coisa destas. E realmente não estava.
Quando se aproximou e seus olhos se encararam, Mu notou que realmente não estava sonhando. O loiro estava ali mesmo, daquele jeito, envolvido por aquela atmosfera e... esperando-o.
Um sorriso diminuto lhe adornou os lábios e um pequeno calor começou a crescer em seu interior. Estava cansado de muitas coisas e queria, por um tempo, esquecer de tudo. Estendendo uma de suas mãos para tocar o rosto macio de Shaka, deixou sua voz soar em um baixo sussurro para não quebrar aquele clima...
"Você está lindo, mais do que é normalmente". Acariciou o rosto com as pontas dos dedos e prosseguiu... "Estou cansado, Shaka. Quero apenas... eu quero apenas deixar ro...". Estava difícil de falar, e mesmo assim teve sua fala interrompida quando o loiro lhe tocou os lábios com a ponta dos dedos.
"Eu te escolhi Mu". Falou baixo notando o olhar confuso, logo prosseguiu. "Eu poderia ter continuado em meu quarto e ter ignorado o que me disse no salão de leilões. Poderia ter ignorado suas investidas a noite toda, mas... Estou aqui, não estou?". Falou calmamente a voz rouca e baixa. Os olhos fitando os intensos verdes e confusos.
"Mas você sabe que não te imponho...". Teve a fala interrompida mais uma vez pelo loiro que sorriu irônico.
"Humm, não me impõe, claro, mas me instiga. Vou apenas te dizer algumas palavras Mutisha... Não gosto do que faço, tenho meus motivos, mas infelizmente o destino não é generoso com todos". Seu semblante ficou levemente carregado ao dizer essas palavras, mas prosseguiu. "Mas você me instigou a noite toda, me atiçou o desejo e não consegui me livrar dele com um banho". Falando isso Shaka apenas colou seu corpo ao do tibetano, fazendo-o sentir a sua urgência.
Mu tremeu. Não de medo ou quais sentimentos do gênero, mas de excitação. Tremeu ao escutar aquelas palavras, ao constar que fora escolhido, ao sentir o desejo de Shaka roçando de encontro a sua própria ereção contida pelo tecido da calça.
O tibetano soltou um baixo gemido, quase como se fosse um rosnado ao sentir não somente a ereção de Shaka de encontro a si, mas também a movimentação das mãos do loiro ao começar a lhe tirar as peças de roupa, isto somado por ter seu pescoço atacado pelos lábios do mestiço hindu.
Shaka havia empurrado para o fundo de sua mente aquela voz que o alertava que não deveria fazer aquilo. Que iria se arrepender de seus atos. Sabia que se sentiria como sempre se sentiu nos dias que se seguiam pós-sexo, mas estava confuso, em conflito para ser mais exato.
Agia com os clientes mecanicamente e por necessidade do dinheiro. Não sentia desejo por eles, pelos toques, pelo coito... Era apenas pela necessidade. E o dia seguinte a isso era um verdadeiro inferno. Chorava e sentia-se deprimido.
Com Mu, por mais que se recriminasse, havia desejo de sua parte. Não sabia dizer como, ou quando. Apesar de tudo que passara inicialmente nas mãos do tibetano. Do estupro, da humilhação e da questão dos gêmeos, mesmo assim, Mutisha de alguma forma conseguiu lhe despertar uma ponta de desejo. Xingava-se por isso, mas pela primeira vez em sua miserável vida, queria saber se um ato tão detestado por si, poderia ser de alguma forma interessante.
Mu levou suas mãos até o rosto de Shaka novamente. Não se lembrava de tê-las prostrado ao lado do corpo. Provavelmente aconteceu quando o loiro se aproximou e começou a tomar a iniciativa.
Em toques suaves, trouxe o rosto de Shaka para perto do seu e mais uma vez fitou aqueles olhos azuis claros. Um de seus dedos desenhou o contorno dos lábios rosados de Shaka e sem se demorar, encurtando a distancia, Mu tomou-lhe os lábios róseos em um beijo tão calmo, tão contraditório, que Shaka se assustou por poucos segundos.
Seus lábios se abriram permitindo a invasão deliciosamente calma que a língua de Mu lhe fazia. Era um beijo diferente do que estava acostumado. Até mesmo porque não gostava de chegar a esse nível de intimidade com seus clientes.
Mu beijava tão calmamente aqueles lábios. Sentia que poderia permanecer assim por uma eternidade. Saboreando, desfrutando daquela pequena troca, mas em seu intimo desejava mais. Suas mãos apenas desceram para retirar de vez o véu, que havia escorregado dos ombros de Shaka para os braços e que ainda pendia sobre eles, deixando o corpo belo descoberto.
Um arrepio correu o corpo de Shaka ao sentir o véu caindo por completo no chão, e por sentir as mãos de Mutisha lhe percorrer a pele de suas costas em toques suaves.
O beijo ainda continuava, lânguido, saboroso, sem urgência. O ar era conseguido entre o breve afastar dos lábios, sem ter que partir por completo o clima que aquele beijo impunha. E ainda beijando, Mu foi lentamente andando de costas para a cama, puxando o corpo quente e sedoso de Shaka consigo.
Sentando na cama, pode sentir o leve peso do indiano sobre seu colo. Shaka lhe envolvia o pescoço com os braços e suas mãos acariciavam a base da nuca de Mu, fazendo-o soltar pequeno gemidos que eram engolidos pelo beijo.
O indiano partiu o beijo e fitou o rosto corado de Mu. Seus olhos vagaram para a blusa que já se encontrava aberta deixando a mostra o peito alvo com os mamilos róseos eriçados pela excitação. Sua língua passou por sobre os lábios ao fitar aqueles dois pontos despertos, e em poucos segundos, Shaka já se encontrava abaixado, debruçado por sobre o corpo de Mu, distribuindo beijos molhados por todo o tórax do tibetano.
Mu gemeu e suas mãos se enroscaram nos fios loiros, segurando-os enquanto sentia o fogo que percorria por onde aquela língua passava.
O loiro deixou seus lábios traçarem um caminho molhado e tentador até o cós da calça de Mu. Seus olhos azuis vagaram por sobre o volume bem desperto e confinado pelo tecido. Olhou a si mesmo vendo o estado que também se encontrava. Suas mãos voltaram a trabalhar e seus lábios também. Enquanto ia abrindo o fecho e o zíper com uma das mãos, a outra ia acariciando, lentamente, por sobre o tecido, a ereção. Seus lábios, sua língua, agora bailavam ao redor do umbigo do tibetano, arrancando deste mais gemidos de êxtase.
Ao liberar a pulsante ereção notando o quão tesa essa se encontrava, Shaka tomou-a entre os dedos com a intenção de levá-la aos lábios e assim saciar e aliviar Mu, mas foi impedido e seus olhos expressaram confusão.
Mu havia elevado o tronco e quase paralisou ao premeditar os acontecimentos. Queria aquilo, mas não agora. Queria no momento retribuir a Shaka, se remediar, consertar as coisas. Queria dar prazer ao loiro da mesma forma que este estava lhe dando.
"Vem Shaka...". Estendeu lhe a mão que foi aceita pelo loiro que mesmo assim ainda estava com o semblante confuso. O loiro não entendeu, mas mesmo assim foi até Mu e teve seus lábios tomados mais uma vez.
Mu deitou Shaka sobre si enquanto o beijava. Suas mãos acariciavam o vão das costas do loiro, indo até suas nádegas em pequenas caricias. Se em um movimento lento, Mu inverteu as posições, ficando assim por sobre o corpo do loiro e dando pequenos beijos por todo o rosto, passando pela linha do queixo, descendo para o alvo pescoço, beijando e mordiscando levemente. Suas mãos tocando a lateral do esguio corpo seguiram para a coxa, tocando-a e segurando-a.
Shaka gemia baixo com todas as sensações que recebia com aqueles toques. A cada rastro que Mu deixava, de seus lábios ou de suas mãos, sua pele queimava em reposta. Sentia-se latejar, pulsar, buscava roçasse de encontro a Mu. Era involuntário, seu corpo estava agindo por si só e sua mente não conseguia encontrar mais um ponto de razão.
Mutisha deixou seus lábios escorregarem para os pequenos mamilos rodeando-os lentamente com a ponta da língua. Um de cada vez, demoradamente. Cada um era brindado com esse pequeno carinho, para depois ser envolvido pelos lábios e sugado com uma leve urgência. Mu roçava os dentes arreliando-os, deixando-os vermelhos e bem mais protuberantes.
Shaka tinha a pele em brasa só com aquelas caricias. Ao sentir os dentes de Mu roçando em uma de seus mamilos, suas pernas se afastaram mais acomodando melhor o tibetano e envolvendo-o pela cintura. Prendendo-o.
O loiro nesse momento notou que Mu ainda permanecia com peças de roupa. E mesmo ainda recebendo os toques, deixou suas mãos arrancarem de maneira urgente a blusa do tibetano; da mesma forma que com seus pés, descia as calças de Mu, empurrando-as de maneira afoita.
Mu parou brevemente os toques para ajudar e tão logo já se encontrava despido, seus olhos mais uma vez cruzaram com os de Shaka. Em um movimento rápido, Mu que já se encontrava com o rosto um pouco mais para baixo, uma vez que se movimentara para retirar a roupa, segurou a ereção de Shaka e sem dar tempo para o loiro entender o que poderia acontecer, envolveu-a com os lábios. Tragando-a toda para dentro de sua boca.
Shaka sentiu uma corrente elétrica lhe percorrer toda a coluna ao sentir aquele morna umidade se movendo em seu falo. O subir e descer da cabeça de Mu fizera-o retirar as costas do colchão, arqueando-se de uma tal maneira sinalizando a reação de seu corpo.
Mu sugava lhe alternando entre a urgência e a languidez. Sua língua ora passeava da base até a glande, ora apenas descia até os pequenos testículos instigando-os, sentido-os tensos, retesos, para depois voltar para a glande colhendo as gotículas que já escorriam pela fenda inchada.
Shaka nunca sentira o que se encontrava sentindo naquele momento. Nunca recebera esse tipo de toque de seus clientes. Era sempre ele a proporciona-lhes prazer e não o contrario. Mu queria o enlouquecer? Era isso que aquele tibetano queria?
Mu vendo que Shaka se encontrava respirando acelerado, se movimentou um pouco, subindo seu próprio corpo um pouco mais e ficando sobre seus joelhos. Segurando os quadris de Shaka, o elevou, deixando bem a sua vista a pequena entrada de tom rosado. Pequena, estreita e tentadora. Desceu seu rosto distribuindo pequenos e molhados beijos por toda região em volta antes de finalmente deixar sua língua tocar o pequeno botão.
Shaka soltou um gemido que mais se assemelhava a um grito, ao sentir a ponta da língua de Mu lhe tocar. Sentia que de continuasse assim acabaria chegando ao clímax sem nem ser tomando pelo homem.
A cada toque que aquela língua lhe fazia, em movimentos circulares, ou sendo levemente forçada de encontro a sua entrada, Shaka arfava. Podia sentir-se dilatando, mesmo que minimamente, para receber aquele toque molhado.
"Mu... não...". Não conseguia articular as palavras. Não queria parecer desesperado, mas no fundo sentia-se assim. Doía estar excitado e não se livrar daquela tensão.
Mutisha entendeu bem, mas ainda não havia preparado Shaka direito para tomá-lo. Quando pensou em se afastar para buscar o lubrificante, o indiano apenas envolveu suas pernas, que estavam em uma altura sobre os ombros de Mu, ao redor do pescoço do homem.
"Shaka... tenho que...". Sua voz morreu na garganta ao ver o loiro lhe estender a mão enquanto um 'não' lhe era silenciosamente pronunciado.
Mu não queria machucar o loiro, e ao olhar para sua própria ereção pode notar que estava com um pouco do pré-gozo a lhe escorrer pelo membro. Acabou por espalha-lo pela extensão de sua própria glande e se aproximou do corpo de Shaka. Posicionando uma das pernas do loiro sobre seu ombro e a outra mais livre para onde o loiro desejasse colocá-la.
Roçou a ponta de seu membro na entrada de Shaka, ouvindo deste um baixo grunhido. O loiro mordia o lábio inferior enquanto suas mãos se agarravam firmemente aos lençóis. Forçou-se um pouco mais para frente, sentindo seu membro abrindo caminho em meio à tenra e quente carne.
A cada centímetro que se afundava em Shaka, gemidos podiam ser ouvidos se mesclando. Mu gemia baixo, ao sentir sem membro sendo envolvido por aquele canal apertado e quente; e Shaka gemia, tremia, ao se sentir sendo invadido lentamente por Mu.
O tibetano ao se pôr por completo dentro de Shaka, prendeu a respiração por meros segundos. Como se daquele jeito, pudesse prolongar aquela sensação maravilhosa.
Mu soltou o ar que prendia ao deixar seu corpo se aproximar mais do loiro que ainda se mantinha com os olhos cerrados e o lábio inferior prensado entre os dentes. Sua mão foi em direção ao rosto de Shaka, tocando-lhe carinhosamente, fazendo com que o loiro abrisse lentamente os olhos, deixando o brilho azul ser visto.
Shaka com a vista embaçada pelo desejo, pôde ver o rosto de Mu tão próximo ao seu. Sua mente não funcionava coerentemente e quando se deu conta, havia segurado a mão de Mu que passeava por seu rosto, levando-a até os lábios e depositando um beijo lento. Mutisha abaixou mais o rosto e mais uma vez, colou seus lábios ao de Shaka.
O beijo ia se aprofundando e o loiro começou a se movimentar, em pequenas ondulações, indicando que a excitação, que seu corpo pedia mais do que aquele contato.
Mu sentindo as movimentações de Shaka, correspondeu ao loiro movendo seus quadris. Afastando-o, fazendo com que seu membro quase saísse completamente para depois tornar a penetrá-lo, de forma lenta, centímetro por centímetro.
Os movimentos eram lentos, precisos, carregados por uma corrente elétrica que tomava não só o corpo de Shaka, mas também o corpo de Mu. A cada investida, ambos gemiam.
Shaka enlaçou suas pernas ao redor da cintura de Mu, seus dedos e unhas eram cravados na pele alva do tibetano, deixando marcas vermelhas. Seus lábios que já não se encontravam colados aos de Mu, agora passavam por sobre a pele do pescoço do ariano, deixando mordidas e um extenso rastro de saliva por onde sua língua passava.
As investidas foram aumentando, Mu movia-se mais rápido, estocando profundamente Shaka, fazendo com que o loiro ora gritasse, ora até mesmo chagasse a rosnar se contraindo mais e dificultando a posse. Segundos, minutos... Um tempo que não foi preciso contar. O desejo, a fome, a luxuria envolvia os dois naquela cama.
Mu deslizou uma de suas mãos para entre seus corpos. Estava quase chegando ao ápice e queria que Shaka lhe acompanhasse. Envolvendo o membro túrgido e pulsante com uma de suas mãos, começou a manipulá-lo na mesma intensidade que penetrava Shaka, fazendo uma pressão toda vez que passava pela glande do loiro.
O clímax de ambos veio quase ao mesmo tempo. Shaka ao explodir primeiro abafou um grito longo colando os lábios no vão entre o pescoço e o ombro de Mu. A intensidade de seu gozo fez com que as paredes de seu canal se fechassem ainda mais quase estrangulando o membro do outro. Mu com essa sensação, e uma última estocada, acabou por preencher intensamente o interior do loiro.
A respiração de ambos se encontrava acelerada. Seus corações batendo descompassados, mas a sensação de plenitude e alivio era reconfortante.
Shaka afastou os lábios da pele de Mu e um longo suspiro escapou lhe os lábios. Estava completamente suado, os fios loiros emaranhados e colocados ao corpo e ainda podia sentir Mu dentro de si, com a respiração próxima ao seu ouvido.
Mu sentindo as pernas de Shaka se relaxarem ao redor de sua cintura movimentou-se saindo de dentro do loiro. Olhando de soslaio, pode ver o rosto corado, os lábios entreabertos e percebeu o leve tremor do corpo de Shaka. Movendo para o lado, deitou-se na cama e por um ou dois segundos ficou admirando aquele ser que acabara de possuir.
Completamente belo!
Shaka após se recuperar um pouco, se moveu dando a entender que iria se levantar. Esse ato foi notado por Mu que logo tratou de segurar o seu braço impedindo-o de sair.
"Não... Fique aqui". Foram apenas essas palavras que saíram dos lábios de Mutisha.
Shaka olhou para Mu, ainda deitado e quando percebeu, o tibetano havia lhe puxado para perto, fazendo com que sua cabeça se apoiasse em seu peito, enquanto seu corpo era envolvido pelos braços do tibetano, impossibilitando um possível afastamento, ou fuga.
Sentia-se cansado e aquecido entre aqueles braços e assim adormeceu.
ººººººººº
Continua...
Notas:
(1)
Esculturas persas
(2) Nectanebo II 360-343, Último Faraó Egípcio, nativo, destronado pelo tio,
Tachos. Representação dele sendo protegido pelo Deus Hórus em sua forma animal.
(3) Young Triton
Riding Dolphin
Essas
3 notas vou estar postando no meu Live Journal, ainda hoje, apenas a
título de curiosidade para que vocês possam ver as peças. Quem tiver o enteresse... http : (2barra) litha (hífen) chan (ponto) livejournal (ponto) com
Agradecimentos by Litha-chan
(porque os da Jade, ela já fez por e-mail)
Agradeço a Pipe por betar a nossa baby, não deixando que vários lusitanos morram no processo.
Agradeço as meninas que estão dando diretamente o apoio por MSN e nos cobrando (ou ME cobrando) a atualização: Aries Sin & Blanxe (Obrigada pelo apoio e incentivo, meninas)
Agradeço também a: Shinny-Sama, Celly M., Yumi, Ia-Chan, Kamui, Paola Scorpio, Gaby, Makie, Ariadna Azul, Lina Lunna e ëowyn por pelo menos tirar um 'tempinho' de seus tempos e comentar a fic.
Bem... apenas vou responder de forma direta sobre algumas coisas... São minhas respostas, independente do que a Jade tenha respondido a vocês.
Milo e Marin? Sim... Milo e Marin sim. Não vejo problema com isso, sinto em dizer e até mesmo posso parecer grossa, mas se não for de seu agrado, leitor, apenas pule essa parte ou simplesmente não leia. Escrevo por prazer e o roteiro da fic continua o mesmo. Quem quiser aguarde e entenderá muito bem.
Sobre atualizações...
Quem dera eu ser hiperativa e sair escrevendo rodos e rodos de capítulos. Eu estaria feliz e quem lê também, mas infelizmente não sou assim. Quando escrevo é porque estou em sintonia e creio que com isso eu consiga escrever algo que preste e que faça sentido, e não apenas despejar um texto na net que não tenha nada de bom, ou a carga emocional que eu gosto que tenha só para saciar/agradar.
Para quem não sabe, quando uma pessoa não está bem, nada rende. Eu não ando bem, tive um sério bloqueio e esse capítulo de Marcas foi o mais sofrido de se fazer, porque eu tinha tudo o que queria em mente, mas nada saia perfeitamente no Word/papel. E ai vem as solicitações de atualização. Alguns não fazem por mal, até porque sabem que a pessoa, o escritor, por detrás das letras, tem uma vida fora net para cuidar; agora outros...
Anyway... Não esperem uma atualização relâmpago de Marcas, já estou avisando para que depois não fiquem dizendo que não informei. Estou voltada para alguns projetos, como o Fanzine de Compilação de Fics – Warm (com fics inéditas e feitas por alguns escritores e claro temática yaoi) e um fanzine meu de Anjos, chamado Divino Amor (também yaoi) que será levado para a Anime Friends, Em outras palavras... Marcas do Destino somente voltará a ser atualizada depois de JULHO. Até lá, sinto em dizer, mas não to com cabeça.
Um beijão a todos e apesar de nesse texto eu parecer que mordo, não, eu não mordo. Só estou sendo sincera e bem... se alguém se ofendeu... Lamento.
Litha-chan