Escrito nas Estrelas
por Dawnatello e Luna

tradução para o português: Calíope Amphora
betagem da tradução: Dana Norram

Capítulo Treze

POV DO JAMES

Eu nunca fui do tipo romântico e melado… quer dizer, nunca achei que fosse, até Lily. De repente, com um balanço dos seus cabelos vermelhos, o brilho dos olhos esmeralda e um sorriso daqueles lábios perfeitos… eu estava perdido. Não era mais James Potter: Maroto e 'Brincalhão Extraordinário' ou mesmo James Potter: Monitor-Chefe. Não, eu me tornei James Potter: Amante romântico e incorrigível de Lily Evans e Poeta das flores! Eu sei bem que devo estar parecendo um bobo seguindo Lily como um cachorrinho apaixonado desse jeito. Sirius se deliciava em assobiar e dizer "Aqui, garoto! Bom garoto! Agora role" toda vez que me via correndo atrás dela. Um tanto irônico, se tratando do 'Dogboy'¹, também conhecido como Almofadinhas, estar tirando da minha cara desse jeito. Mas… bem, é o Sirius.

E lá estava eu, sentado… aos pés de Lily, como o cachorrinho que devia parecer. Não que eu me importasse, é claro. Não, de verdade, não há outro lugar em que eu preferia estar do que ali, no tapete do salão comunal, em frente à lareira, com o delicado pé da Lily nas minhas mãos. Morrendo de vontade de ter qualquer tipo de contato físico, me propus a fazer uma massagem em seus pés. Claro, a massagem não estava muito boa, já que eu era forçado a largar o pé dela e pular para cima do sofá cada vez que ouvia passos nas escadas ou o barulho do retrato da Mulher Gorda abrindo.

E agora… passos — alguém correndo escada abaixo! Lá vou eu para o sofá! 'Oi, amor'.

Peter entrou na sala ofegando, o rosto redondo corado pelo esforço, como se a morte² em pessoa o estivesse perseguindo. Ele me espiou no sofá com Lily, os olhos arregalados, e nos deu um sorriso trêmulo, o olhar se revezando entre eu e a saída pelo retrato.

"Rabicho, qual é o problema? A morte está te perseguindo, cara?", eu ri.

Ele riu, nervoso. "Ummm… é, mais ou menos isso".

Olhei para Peter com curiosidade, e ele disse, tenso, "Ummm… eu não estou me sentindo bem. Problemas no estômago, sabe. Acho que vou para a enfermaria e… uhhh… tomar um remédio. Vejo vocês depois!"

E aí, sem dizer outra palavra, ele se foi.

Lily riu ao vê-lo desaparecer pelo retrato. "Ele parece ter bastante energia para alguém que está se sentindo doente".

Eu concordei. "Sim… isso foi estranho. Peter é meio esquisito de vez em quando, mas isso foi… muito estranho, mesmo para ele".

"Hmmm… bem, espero que ele esteja bem", Lily murmurou, se aninhando mais perto do meu peito, seu pé no braço do sofá.

Suspirei e coloquei um braço ao redor dele, pensando que eu queria passar todas as noites da minha vida daquele jeito — com aquela garota maravilhosa nos meus braços.

Ficamos abraçados lá nos beijando ocasionalmente por mais uma hora até que Lily murmurou, meio sonolenta, que era melhor que nós dois fôssemos para cama. Eu resmunguei, mas a soltei, fazendo uma careta ao perceber como meus braços pareciam vazios de repente. Ela sorriu e se inclinou, a respiração quente no meu rosto, e me deu um beijo suave e molhado, que me fez puxá-la de novo para meus braços. Ela riu e se desvencilhou, balançando o dedo negativamente na minha frente. "Para cama, sr. Potter!"

Suspirando dramaticamente, lhe dei boa noite e subi as escadas em direção ao dormitório dos garotos. O quarto estava surpreendentemente quieto quando entrei. Estava acostumado a me deparar com Remus estudando até tarde da noite e implorando para Sirius, por favor, desligar seu rádio trouxa; Sirius alternando entre tocar guitarra imaginária ou batucar nos travesseiros de acordo com o ritmo da música; e Peter reclamando sobre a bagunça que não o deixava dormir. Mas… não essa noite. Estava tudo quieto.

As cortinas da cama de Sirius estavam fechadas (Isso era muito estranho! Não acredito que o senhor hiper-ativo já estava na cama!), assim como as do Aluado, iluminadas por uma luz fraca (Isso era normal — o sr. Futuro-Professor estudando). Dizendo um amigável 'boa noite', coloquei o pijama, tirei os óculos e subi na minha cama.

Ahhh… sonhos doces com uma certa ruiva seriam ótimos…

Tinha dormido por não mais que meia hora quando fui acordado. Bocejando, me virei na cama, tentando dormir de novo, quando ouvi… aquele barulho. Um gemido suave sufocado. Fiz uma careta. Aluado devia estar tendo pesadelos de novo. Coitado, ele era amaldiçoado com pesadelos.

Nossa… devia ser um sonho terrível. Lá estava ele de novo. Gemendo, resmungando — cada vez mais alto, a cama fazendo barulho. Então, outro som. Respiração pesada, ofegando. Por Merlin! Acho que o Aluado estava tendo um sonho erótico. Arrrrrrgh — que imagem terrível. Que ao menos ele seja rápido!

Enfiei a cabeça debaixo do travesseiro para ajudar a abafar o som, mas aí…

"Oh, céus! Oh, sim! Isso! Sirius!"

Sirius? — mas que diabos estava acontecendo?

Sentei de uma vez na cama, me perguntando se Remus estava tento um sonho erótico com — eca! — Sirius! O pensamento me fez tremer. Será que ele tinha levado aquela besteira de astrologia a sério? Credo… ouve só isso! É o suficiente para fazer qualquer um sair correndo. O que Sirius vai pensar? Ahhh… conhecendo ele, o idiota vai ficar lisonjeado! Ha!

Meus pensamentos foram interrompidos rudemente por mais barulhos de — espera… não, não podia ser! Duas vozes! Ai, por Merlin…

"Mmmmhhh, sim... oh sim, Aluado! Assim mesmo! Assim mesmo! Ah... isso é taããããããão boooooom!"

Minha boca abriu completamente em choque e puxei as cobertas para cima da cabeça num gesto de proteção, dividido entre os desejos de: a) correr do quarto gritando como louco ou b) me enterrar debaixo de todos os lençóis, cantando canções de ninar em voz alta para banir os sons de… ai, céus… daquilo.

"Você quer mais, Sirius? Hmmm? Sim… eu vou te dar mais! Mais forte, mais fundo… eu quero me enterrar em você…"

Eu choraminguei alto e cobri a boca com a mão...

"Sim, Aluado! Minha alma gêmea libriana! Você sabe… — rosnado — sim, baby… assim mesmo… mmmhhh… nós — ofegando, ofegando — realmente devemos agradecer muito às estrelas por — gemido — estarmos juntos desse jeito… ohhh… isso…"

"Sim, nós… — gemido — oh, céus, Sirius… você é tão gostoso… ah, eu não sei quanto tempo mais… ohhhhh…"

As estrelas!— isso quer dizer que — glup — eles queriam agradecer a mim por esta 'festinha' — eu acho que não! Bem, mas… isso está acontecendo porque eles acham que são 'almas gêmeas'! Minha brincadeira! Oh, caramba, que monstro que eu criei?

"Mmmhhh, mais fundo, mais fundo, Aluado! Estou quase lá… Sim — gemido longo".

CHEGA! Não podia agüentar mais. Meus dois melhores amigos se comendo comigo no quarto! Eles não tinham a menor vergonha, senso de privacidade ou de propriedade! Oh, céus… Remus e Sirius… juntos, juntos mesmo, em todos os sentidos da palavra?

Com uma exclamação alta, eu pulei da cama, pegando meu óculos. "Eu posso ouvir vocês dois! Seus dois… hedonistas sem vergonha! Arrggghh!", gritei, colocando a capa sobre o pijama e, com um último olhar chocado para a cama do Aluado — por Merlin, ela estava se mexendo! — corri para fora do quarto, meus ouvidos traumatizados, os olhos arregalados e o estômago revirado…

Me sentia mal e estava tentado a me juntar a Peter na enfermaria, mas decidi que… sim! Eu precisava de algum conforto heterossexual! Lily! Lily! Eu precisava vê-la desesperadamente.

Corri, meu coração disparado, e bati na porta do dormitório das garotas. Sendo monitora, a Lily que deveria abrir. Mas… eu estava errado.

Quem abriu a porta foi uma sonolenta Circe Goodwin. Ela reclamou e se enrolou com mais força na capa quanto me viu.

Antes que ela pudesse abrir a boca para falar, eu disse: "Circe! Me desculpe por te acordar a essa hora, mas eu preciso falar com a Lily urgentemente. Por favor…"

Ela me olhou com censura e se virou para dentro. Dei um passo para trás, me apoiando na parede, tentando recuperar o fôlego e acalmar as batidas do meu coração. Alguns momentos depois, uma doce Lily cheia de sono apareceu, fechando a porta atrás dela.

Eu me agarrei fortemente a ela, enterrando o rosto no seu cabelo cheiroso.

"James, o que foi?", ela perguntou gentilmente.

Com os olhos arregalados, eu a abracei com mais força e sussurrei, "Não aqui. Vamos descer para o salão comunal. Você não vai acreditar no que eu tenho para te contar…"

"O que foi?", ela repetiu, preocupada.

"Não, não aqui. Venha", eu a puxei pela mão e ela me seguiu.

Nos sentamos no mesmo sofá em que estávamos antes. Eu resmunguei e tirei os óculos, esfregando os olhos com força, querendo afastar as imagens de Sirius e Remus suados… arrggghhh!

"James, o que foi, amor?"

Sorri, o coração mais aliviado. Abri a boca para falar, mas percebi como era constrangedor dizer o que eu tinha para dizer. Respirei fundo e tentei de novo. "É… ah, Lily… é terrível…"

"O que é terrível, James? Você está me assustando".

"Desculpe, não era minha intenção… ah, Lily… eu ouvi… Remus e Sirius…"

"E?"

"Não, eu ouvi os dois juntos, Lily!"

"Eles estão sempre juntos, James!", ela riu.

"Não, Lily, eu quis dizer… juntos-juntos, você sabe… juntos…" (eu fiz um gesto obsceno com as mãos).

"James Potter! Pare com isso!", ela exclamou, agarrando minha mão. "Não vulgarize as coisas desse jeito!"

"Vulgarizar? O que você quer dizer?"

Lily corou um pouco, o rosto formando um pequeno sorriso. "Eu já tinha percebido o que se passava com esses dois. É um pouco óbvio o que eles sentem um pelo outro".

"NÃO tão óbvio! Eu nunca tinha percebido que eles… ai, eu não consigo nem dizer…"

"James! Eles estão apaixonados um pelo outro. Não tem nada de errado com isso. Eu acho muito fofo".

"Fofo? Eles estavam fazendo sexo enquanto eu estava no quarto! Isso é… isso é errado, Lily, e te garanto que nada 'fofo', pode ter certeza…"

Ela riu. "James, você está exagerando. Por que você se importa que eles amem um ao outro?"

"Não me importo que eles amem um ao outro, desde que eles… você sabe, não se amem na minha presença!", reclamei.

Ela continuou rindo.

"E o pior é que… eu sou o culpado! Eles disseram isso! Não acredito que minha brincadeira idiota convenceu os dois que eles estavam apaixonados e que deveriam ficar juntos! Todos aqueles corações e rosas e essa bestei-… quer dizer, essas coisas, sabe?"

"Besteira, James?", ela perguntou, uma sobrancelha arqueada.

"Bem, não com nós dois, é claro".

"Por que não conosco, mas é besteira que eles estejam apaixonados, James?", ela perguntou. Minha Lily — tão persistente!

"Porque… porque sim, Lily!"

"Por quê?"

"Porque eu sou um garoto e você é uma garota…"

"Que observação inteligente, James! Mas, e daí? Por favor, eu pensei que você fosse mais maduro do que isso, e um pouco mais mente-aberta. Eu sei que você os ama como irmãos e que eles te amam…"

"Não daquele jeito!", eu exclamei.

"Ah, James! Fique quieto por um segundo e me ouça, por favor!"

Eu concordei com a cabeça.

"Ele ainda são Remus e Sirius — os mesmos de sempre. Nada mudou, a não ser o fato que eles se descobriram apaixonados — o que é sempre um motivo para comemorar, na minha opinião. Por que você se importa se eles estão apaixonados ou não? Hmmm? Isso não afeta a amizade de vocês — ou, pelo menos, não deveria, de modo algum".

"Sim, mas… Lily, é por minha causa! E… por causa da minha brincadeira eles ficaram juntos…"

Ela suspirou. "É isso que está te incomodando — que você não gosta da idéia de ser um cupido astrológico, James?"

Eu fiz uma careta antes de concordar. "Sim, mais ou menos. Além disso, eu quero poder dormir no meu próprio quarto sem ter que ouvir o 'Reino Selvagem'³ na cama ao lado!"

Lily começou a rir, o rosto corando e… ver a alegria e despreocupação dela me aliviou um pouco. Talvez eu estivesse exagerando…

Logo, eu estava rindo junto com ela. Finalmente, ela apertou minha mão e levantou do sofá. "Venha. Eu vou com você. Nós provavelmente precisamos falar com os dois apaixonados".

"Não!", eu gritei. "Lily! Eu não vou! Eu não entro lá de novo com eles fazendo… aquilo… e, acredite, você não vai querer ir também!"

Ela arqueou uma sobrancelha e me deu um sorriso misterioso. O que isso quis dizer? Que ela gostaria de ver os dois daquele jeito? Oh, céus…

"Ahhh, não seja bobo, James. Vamos lá! Coragem! Você é Grifinório por um motivo!"

E então… nós levantamos para encontrar nossos amigos caninos no cio…

— x —

POV DO REMUS

"Oh, céus! Oh, sim! Isso! Sirius!", gritei, pressionando meu quadril contra o dele.

A respiração de Sirius se tornou mais pesada, e ele estava ofegando tanto que eu lembrei do Almofadinhas depois de uma corrida na Floresta Proibida. Os olhos dele estavam fixos nos meu, e eu tive que morder os lábios para não rir alto.

"Mmmmhhh, sim...oh sim, Aluado! Assim mesmo! Assim mesmo! Ah... isso é taããããããão boooooom!", ele gritou.

O som distante de alguém revirando na cama me deu a dica para as próximas palavras. "Você quer mais, Sirius? Hmmm?", eu provoquei. "Sim… eu vou te dar mais! Mais forte, mais fundo… eu quero me enterrar em você…"

Um choramingo baixo veio do outro lado das cortinas da cama.

"Sim, Aluado! Minha alma gêmea libriana! Você sabe…", ele rosnou, "Sim, baby… assim mesmo… mmmhhh… nós", e ofegou ainda mais, "realmente devemos agradecer muito às estrelas porestarmos juntos desse jeito… ohhh… isso…"

Eu tive que cobrir a boca com a mão para não rir. Respirei fundo para me recompor e disse.

"Sim, nós…", eu gemi, "oh, céus, Sirius… você é tão gostoso… ah, eu não sei quanto tempo mais… ohhhhh…"

Os olhos de Sirius se arregalaram em divertimento, com um brilho de desejo enquanto nós estávamos deitávamos lá, olhando nos olhos um do outro. Ele correu uma mão pelo meu cabelo, me fazendo tremer involuntariamente. Sorri para ele, deliciado com a nossa proximidade.

"Mmmhhh, mais fundo, mais fundo, Aluado! Estou quase lá… Sim", Sirius soltou um gemido longo e ofegante, e eu quase comecei a gargalhar. Consegui me controlar a tempo — com muita dificuldade. Sirius começou a chutar o colchão, fazendo com que a cama se mexesse e rangesse.

Ouvimos outro choramingo — mais alto dessa vez — vindo da direção do James. "Eu posso ouvir vocês dois! Seus dois… hedonistas sem vergonha! Arrggghh!"

E James saiu correndo do quarto. Pude ouvir todos seus passos pesados de raiva e a parte bater após ele sair. Sirius deu mais um gemido alto, só para constar, e nós dois começamos a rir.

"Oh, Aluado!" Sirius gargalhou. "Você ouviu isso? Ele estava apavorado!"

Eu ri com orgulho e apoiei minha cabeça no peito de Sirius. "Ah, sim… ele caiu direitinho. Posso dizer que nossa vingança foi um sucesso?"

"Com certeza que sim". Ele passou um braço em volta do meu torso e enterrou o rosto no meu cabelo. Eu ficaria perfeitamente feliz se pudesse ficar deitado lá pelo resto da minha vida, sem me mover, simplesmente desfrutando da companhia de Sirius e sentindo sua respiração calma contra minha testa.

Mas então outro pensamento me ocorreu, e foi tão terrível que eu me afastei do abraço para me endireitar sentado, os olhos arregalados de preocupação.

"Aluado...? O que foi?"

"Bem… Você ouviu o James. Ele estava completamente aterrorizado".

"Sim…" Sirius riu. "Só queria ter visto a cara dele!"

"É, mas…" respirei fundo, forçando as palavras a saírem — era uma idéia que eu odiava só de pensar, menos ainda ter de dizê-la em voz alta. "… o que vai acontecer quando o James descobrir sobre nós dois, Sirius? E se ele não aprovar? E se… e se ele… ficar com nojo?"

Sirius pensou um pouco antes de falar. "Não sei", ele confessou, todos os traços de humor banidos do rosto. "Eu quero acreditar que isso não vai mudar as coisas em nada. Quer dizer, eu e ele sempre fomos amigos".

Engoli a seco, encarando aquele rosto bonito, repleto de afeição, preocupação e incerteza. Acariciei suas bochechas com uma mão, os dedos correndo pela pele macia e bronzeada.

Ele suspirou e fechou os olhos, seus dedos acompanhando os movimentos da minha mão. "Independente do que acontecer, Aluado… eu nunca desistirei de nós dois. Estar com você é muito… bem… perfeito".

A convicção e determinação daqueles olhos cinzas me fizeram sorrir. Me inclinei, pressionando a testa contra a dele, absorvendo seu calor. "Eu também…", sussurrei antes de beijá-lo.

Quando nos afastamos, ficamos sentados lá quase sem nos mexer, apenas olhando nos olhos um do outro. Achei que estava perdido por toda a eternidade na profundidade daquelas nuvens cinzentas, mas ele finalmente falou, a voz cheia de luxúria.

"O que você acha de a gente deixar a encenação e partir para o lance de verdade agora?"

Eu tive que rir. Aquele era meu Sirius — tão espevitado e sensual. "Mmmm…", me inclinei para mais perto, sentindo seu perfume delicioso. "Essa é uma oferta tentadora. Eu gostaria de ver se posso te fazer gemer daquele jeito de verdade…"

Ele passou os dedos pelo meu cabelo e eu me inclinei, estudando serenamente aquele rosto lindo, pronto para tomar o que era meu. Mas, bem quando estávamos nos alinhando no colchão, a porta abriu, e nos separamos.

Tudo ficou em silêncio por um momento, nós sentamos na cama, encarando um ao outro. Por estar distraído com assuntos mais importantes, meu senso de lobisomem não tinha percebido nenhum som de aproximação. Mas agora podia sentir a presença de James e Lily.

"Remus…? Sirius…?" Lily tentou, um pouco apreensiva.

Olhei para Sirius, e ele me deu um sorriso confortante. Sim, não importava o que acontecesse, Sirius e eu estávamos apaixonados, e continuaríamos assim.

Coloquei a cabeça para for a das cortinas e vi um pálido e trêmulo James Potter e uma radiante, mas meio envergonhada Lily Evans.

"Sim…?", eu disse suavemente.

"Ummm… bem, espero que a gente não esteja interrompendo nada, mas nós dois queríamos falar com você e Sirius".

Dei um sorriso curto. "Claro", e abri as cortinas.

James fez um som horrorizado, mas relaxou visivelmente, as sobrancelhas levantadas quando percebeu que nós dois estávamos completamente vestidos. Eu estava de joelhos no pé da cama e Sirius estava encostado contra os travesseiros na cabeceira.

"O que foi, Jamesy?" Ele deu um sorriso maldoso. Eu tive que me impedir de rir.

James ficou lá de pé, nos encarando. Parecia que ele tentava dizer alguma coisa, mas sua boca não conseguia formar as sílabas.

Lily sorriu, apertando a mão de James antes de se voltar para nós. "James e eu temos que confessar uma coisa".

"É?", Sirius se ajeitou na cama, sorrindo para ela. "Diga…"

"Bem… sabe…", uma emoção ininteligível passou pelos olhos dela — algo entre apreensão e esperança. "Vocês sabem aqueles horóscopos do Quill…"

Enquanto ela estava falando, a porta abriu devagar, e uma cabeça loira apareceu. "Oh, uhh… parece que vocês estão ocupados. Eu volto depois".

"Peter! Fique aqui!" James pareceu ter reencontrado a voz.

Meio hesitante, Peter entrou no quarto e fechou a porta, se certificando de ficar próximo a ela caso precisasse fugir.

"Nós vamos contar para Remus e Sirius o que fizemos", Lily explicou.

Peter ficou ainda mais pálido. "Ummm… eu não estou me sentindo mais tão bem. Acho que preciso voltar para a enfermaria. Vejo vocês depois-"

Ele foi parado por uma mão, que o puxou pelas roupas e o puxou mais para dentro do quarto. "Ah, não, Rabicho", James disse firmemente. "Você não vai escapar dessa. Não depois do que eu fui forçado a testemunhar essa noite".

Lancei para Sirius um olhar rápido e depois me voltei para a bela ruiva.

"O que você estava dizendo, Lily?"

"Bem… aqueles horóscopos do Quill-"

"Aqueles que têm sido minha razão de viver e respirar nas últimas semanas?", Sirius disse. "Sabe, eu tenho que admitir, eles são extremamente precisos…"

"Bem, sabe… James e Peter…" Peter choramingou. "Eles decidiram fazer uma brincadeira com vocês dois. Depois que Remus conversou comigo sobre James na biblioteca, ele achou que seria engraçado se envolver vida amorosa de vocês e… bem…"

"Espera aí…", Sirius avançou na cama, ajoelhando ao meu lado, uma máscara de terror e confusão no rosto. "Você quer dizer que James e Peter escreveram tudo aquilo?"

Lily baixou o olhar para o chão. "Bem, sim, a maioria. Mas eu ajudei".

Com isso, nós dois arregalamos os olhos e encaramos os três com um choque fingido. "Você… e você… e você… nos fizeram acreditar que Sirius e eu-", eu engasguei e balancei a cabeça, como se não conseguisse continuar falando.

"Me desculpem!", Lily disse gentilmente. "Nos desculpem…"

"Então Remus e eu — nós não somos… tudo isso sobre sermos feitos um para o outro era mentira?"

Lily olhou para James e depois para Sirius. "Bem, os horóscopos eram mentira, mas eu não acho que o amor de vocês seja".

O rosto de Peter foi tomado por uma expressão de completa confusão.

"Oh, céus… só de pensar que nós… nós… oh, céus, eu não consigo nem dizer!", eu cobri o rosto com as mãos, parcialmente para causar um bom efeito e parcialmente para cobrir o sorriso que estava se formando.

"Eu não acredito que você fez isso, James!", nossa, o Sirius era um bom ator. "Isso é uma ofensa! E Peter — eu pensei que mesmo você tinha mais bom senso!"

Peter parecia envergonhado, o rosto vermelho enquanto ele encarava os sapatos.

"Lily?", eu disse, meu rosto parecendo magoado. "Você também estava nisso?"

"Sim", ela admitiu tristemente.

"Ah, isso é ótimo!", Sirius gritou. "Céus… só de pensar no que eu e o Aluado fizemos nessa cama hoje à noite-"

"Almofadinhas, por favor, não diga…", James parecia horrorizado só de lembrar.

"Só de pensar que nós fingimos transar nessa cama…"

"Almofadinhas, eu pedi-"

"Só para que nós pudéssemos ver a cara de vocês quando descobrissem que nós já sabíamos e estávamos nos vingando com a mesma moeda!", Sirius parecia imensamente satisfeito consigo mesmo.

Os olhos de James se arregalaram enquanto ele me encarou, e depois Sirius. "Espera… você disse… fingimos…?"

"Ha ha!", Sirius apontou para James, se dobrando enquanto ria. "Você caiu direitinho! Você estava tão horrorizado… eu podia ver seu queixo atingindo o chão!"

Tive que rir por aquela imagem, pelo jeito que o rosto de James havia congelado em completo choque. Lily sorriu, mordendo o lábio para se impedir de rir, e Peter parecia ainda mais confuso, só que com um pouco menos de medo.

"Mas como… como vocês descobriram? E há quanto tempo?" James conseguiu perguntar.

"Nós descobrimos hoje à tarde. Peter nos contou".

Os olhos de Peter se arregalaram de medo, e ele recuou até a porta.

"Pete!" James o encurralou, avançando rapidamente.

"Mas eu… eu… eu não queria! Eu… eles me obrigaram a contar!"

"Não seja tão severo com o Peter, James", eu disse. "Nós iríamos descobrir eventualmente de qualquer modo. Eu comecei a desconfiar quando você e Lily brigaram por causa daquela cesta de piquenique. Lily adora morangos!"

James parou de avançar na direção de Peter, mas lançou a ele um olhar chateado.

"Então acho que todo mundo aprendeu uma lição com isso", Lily sorriu. "E também que todos nós somos muito talentosos para brincadeiras".

"Sim, bem… há um fato nisso tudo que não é uma brincadeira", Sirius disse solenemente. Ele olhou para James, e depois para Lily e Peter enquanto passava um braço pelos meus ombros. "Remus e eu… estamos apaixonados".

Senti meu estômago revirar enquanto esperava pelas reações. Eles estavam nos encarando, os rostos refletindo uma variedade de emoções.

Lily sorriu com alegria e aprovou com a cabeça. "Viu? Eu te falei, James".

James estava ainda mais pálido do que antes, mas olhou para nós com um sorriso fraco. "Vocês estão falando sério?"

Eu confirmei as palavras de Sirius. "Sim. Espero que isso não mude nada, James, porque nós dois — bem, você e Peter são nossos melhores amigos, vocês são como irmãos para nós e… nós não queremos perder isso".

James e Peter apenas nos olharam por um momento, como se tentassem absorver tudo aquilo. Finalmente, James falou.

"Eu amo vocês dois. Vocês sabem disso. Não, não desse jeito, pare de me olhar assim, Peter. Admito que isso é meio estranho para mim, mas… acho que desde que vocês dois estejam felizes… e, bem… não consigo pensar em ninguém que mereça mais um ao outro do que vocês".

Eu suspirei de alívio, e Sirius olhou para ele. "Você está falando sério, Pontas?"

Ele sorriu, os ombros relaxando como se tivessem se livrado de um peso enorme. "É claro que sim. Desde que vocês dois mantenham suas… relações íntimas apenas entre vocês! Acho que não sobreviveria a uma coisa daquelas de novo!"

"Peter?", eu perguntei, me virando para ele.

Rabicho acenou com a cabeça. "Eu concordo com James".

"Bem, então…", eu limpei a garganta e olhei ao redor. "Acho que está tudo bem!"

"Sim…", Sirius concordou, mas havia uma ponta de decepção nos seus olhos.

"O que foi, Almofadinhas?", perguntei, preocupado.

"Ah, não sei… é que era meio especial pensar que as estrelas diziam que nós estávamos destinados um ao outro e, agora que eu sei a verdade… não muda nada, mas acho que… um pouco da mágica desapareceu…"

Os olhos de Lily brilharam. "Peter não disse para vocês?"

"Disse o quê?", eu perguntei.

"A professora Nebula não gostou do que estávamos fazendo com os horóscopos e insistiu que em escrevê-los. As previsões são dela desde a semana passada".

Eu olhei feliz para os olhos de Sirius. "Quer dizer que 'me apaixonar pelas estrelas', 'encontros apaixonados' e 'territórios artísticos inexplorados'-"

James soltou um gemido. "Eu não quero saber o que isso significa!"

"… eles foram escritos por uma astróloga qualificada?"

Lily sorriu, concordando. "Sim, foram".

Sirius riu. "Então acho que realmente estava escrito nas estrelas, né, Aluado?"

Não consegui e nem quis lutar contra o sorriso que se formava no meu rosto. James, Lily e Peter tinham nos aceitado como um casal. Aquelas previsões — mesmo que nós estivéssemos destinados um ao outro de qualquer modo — tinham mesmo sido nossos horóscopos verdadeiros, e eu tinha sido agraciado com o garoto mais lindo de Hogwarts. A vida era realmente muito boa.

"Estava mesmo, Almofadinhas. Estava mesmo", eu disse, o puxando para um beijo.

— x —

POV DO SIRIUS

Quando senti o sensual toque dos lábios de Remus e percebi aqueles braços me envolvendo, eu esqueci que nossos amigos ainda estavam lá, esqueci do dormitório em que estávamos, esqueci das brincadeiras, das dúvidas, da paixão e da excitação — esqueci de quase tudo, menos do garoto — aquele garoto lindo — que estava nos meus braços. E também me lembrei de uma coisa. Enquanto me deliciava com os lábios de Remus, as palavras de minha mãe me vieram à mente, e eu me vi sorrindo por entre o beijo enquanto me lembrava:

"Sirius, você olha para o céu e vê as estrelas e a lua — apenas pontos bonitos de luz. Mas é nisso que você está errado. Elas são muito mais do que isso. Essas estrelas contam histórias, sabe. Histórias muito importantes. Você pode não investir muito esforço nas estrelas, no amor e nessas coisas 'sentimentais', mas, acredite, jovenzinho, um dia você irá dar valor. E quando esse dia chegar, você irá se lembrar dessas palavras — o amor está escrito nas estrelas. Lembre-se disso".

Sorri de novo, aprofundando o beijo, e, dentro da minha cabeça, eu respondi: 'Sim, mãe… você estava certa! Você estava tão certa…"

FIM

¹Optamos por não traduzir 'Dogboy' por não soar tão bem quanto o original, mas para todos os efeitos, seria algo como "menino-cão" ou "garoto-cão".

²Do original, Grim Reaper, figura conhecida como a personificação da morte, que geralmente aparece representada na imagem de um esqueleto envolto em uma capa preta segurando um cajado.

³Quase um Discovery Channel, hein? "E no programa de hoje, vamos mostrar o acasalamento entre um lobo e um cão..."


Muito obrigada a todos que acompanharam a nossa tradução, especialmente àqueles que deixaram reviews. Para nós duas, foi um enorme prazer e uma grande honra traduzir essa história tão apaixonante e bem escrita.

Aproveitamos para avisar também que já temos um novo projeto em vista, dessa vez envolvendo os personagens Harry e Draco, cujo primeiro capítulo deverá ser postado neste sábado. Podemos contar a presença de vocês por lá também?

Obrigada e até a próxima!

BB.Jam (Calíope & Dana)