Epílogo

Ron abriu as cortinas de sua ampla sala de visitas. Admirou a paisagem a sua frente, o jardim que ordenara ser feito exatamente como o desejo de Hermione, transformando-o assim no "Jardim de Hermione". Havia alguns anos estavam vivendo em paz e sozinhos.

Durante os primeiros anos, Albert permanecera com eles, tal como Lindsay (Ron teve uma grande surpresa ao ver como estava crescida, ele nem se lembrava direito da afilhada). Porém, após Albert completar a maioridade, eles se casaram e mudaram-se para uma casa que Ron dera a eles de presentes. Não era muito longe e eles viviam em contato.

- Senhor, – Ron virou-se para a sr. Windsor – o Sr. O'Bannon chegou.

- Qual dos dois? Charles ou Bill? Mande entrar, seja quem for.

- O da faca. – A Sra. Windsor disse azeda, retirando-se.

Ron riu. A Sra. Windsor tinha uma grande implicância com Charlie e seus homens. Tal como ainda tinha de Harry, mesmo que sua implicância com esse tenha se amenizado após saber a história dele. Deveria ser um golpe fatal à pobre mulher acostumada às manias dos antigos patrões.

Sentou-se em um dos enormes sofás da sala e esperou. Logo a casa estaria cheia, Hermione havia arranjado um programa para seus amigos íntimos. Seria um dia de jogos e diversão. Eles jogariam os jogos organizados por Hermione, iriam lanchar, depois voltariam a jogar e, quando fosse a hora do chá, fariam um piquenique. E, de noite, haveria um baile, onde juntariam-se à outras pessoas.

- Aí está você! – Charles abriu os braços para o amigo, sorrindo. – Venha, deixe de ser folgado e venha me dar um abraço.

Imitando os velhos tempos, Ron abraçou Charles e logo começou a apertá-lo tal como fazia nos tempos de pirata. Se fosse qualquer um não suportaria a força do abraço, mas Charles estava acostumado. Não só Ron, mas todos os seus homens faziam isso com ele.

- Os outros não vieram?

- Eles alegaram que não se sentem bem conosco, somos diferentes agora, e essas coisas.

- Oh! Mas que besteira, afinal você veio não é? E você é como eles.

- Segundo eles, eu estou acostumado, por causa de Bill.

- Mas eles também se acostumaram! Eu não me acostumei?

- Certo, vou ser franco, as mulheres... – Charles ficou mudo, sem graça, por um tempo. – Eles acham que elas não vão com a cara deles.

- Ah! Besteira! – Protestou Ron. – Daquela vez foi por causa dos trajes, mas eu arranjei trajes para todos eles.

- Bem, paciência, eles perderam, não é? Agora deixe isso de lado. – Charles sentou-se em um sofá e imitando um velha fofoqueira, fez um movimento cm a mão. – Agora conte-me, conte-me tudinho tintim por tintim, com vão todos? Quero saber tudo, para quando eles chegarem eu estar a par de tudo.

- Cresça – Ron jogou uma almofada em Charles.

- Oh! Olha quem fala! Anda, é serio, eu quero saber!

- Certo, mas antes preciso saber como vai Bill, você tem que me contar.

- Bill? – Charles revirou os olhos – Você sabe como vai, a mesma coisa. Está muito feliz com essa nova vida. Era tudo que ele queria. Era de se esperar isso, ele nunca esqueceu, realmente, aqueles tempos felizes ao lado dos Potter. Como sabe, ele arranjou aquela mulher rica lá, aliás, ela não gosta de mim, nem um pouco – Charles parou, pensando em algo. - Bem, paciência, porque eu também não gosto dela. – Ron riu do ciúmes de Charles – Não ria, okay? Isso não é engraçado, Bill brigou comigo dizendo que eu não me esforçava para que nos déssemos bem, grandes coisas, ela se esforça? Não! – bufou. – Seja com for, eles tiverem gêmeos. Você tinha de vê-los, são lindos! Um menino e uma menina. O menino tem olhos iguais da mãe, aquele cinza terrível que parece que vai te pegar, mas diferente da mãe os dele são bem mais calmos, os cabelos são uma mistura juntou-se o castanho e vermelho e teve-se o castanho avermelhado, as pintas, sim ele também as tem! Mas a mais lindinha é a menina, que é toda o pai. E sorri, nossa, se eu ver aquela criança chorar ficarei surpreso. É claro que ela deve chorar, mas deve ser bem raramente, pois, valha Deus! Ela é um anjo que desceu ao céu, nunca vi bebê mais calmo e amável!

- Vejo que realmente gostou dos seus sobrinhos. Será um tio coruja, posso até ver.

- Oras, olha quem fala? Quem fica derretido pelo neto?

- Está bem, está bem – Ron riu de seu amigo. – Eles virão?

- Bill prometeu-me que viria, mas realmente, pode ser difícil se locomover de Winchester para cá com duas crianças.

- É uma pena.

Os dois ficaram calados, e Ron levantou-se saindo do cômodo. Charles chegou a se levantar para ir atrás do amigo, também, mas esse logo estava de volta com uma bandeja cheia de coisinhas para comer e chá.

- Isso é coisa que se ofereça a um pirata?

- Creio que não, mas não é um pirata nesse exato momento, como bens sabes – Ron sorriu. – Bem, está na minha hora de contar as novas, não é?

Charles concordou com a cabeça, deliciando-se com um biscoito.

- Albert e Lindsay vão bem, até onde sei, eles são meio briguentos, mas não posso falar nada, pois eu e Hermione também o éramos.

- Continuam – Interrompeu Charles, fazendo cara de santo quando Ron o fuzilou com o olhar.

- Como eu ia dizendo, foi uma grande surpresa para mim quando Albert contou-me tudo, da promessa feita na infância deles à seu plano de oficializar o noivado. Eu sei que eu devo ter sido muito desajeitado quando comecei as coisas com Hermione, mas Albert é mais. Eu estava presente quando ele pôs o anel no dedo dela. Céus, se fosse uma xícara de chá teria se partido em milhares de pedaços de tanto que ele tremia. E não havia motivo para tremer, quero dizer, Lindsay é claramente apaixonada por ele.

- Deve ter sido a emoção – Sugeriu Charles, descendo a xícara de chá que levava a boca.

- É, com certeza – Ron parou, pensativo, mas voltou a sua narrativa, com as mãos alisando seu cavanhaque. – Eles vivem muito bem. Albert conseguiu por mérito próprio um bom cargo no novo Ministério. O que é realmente uma honra para ele, conseguir um cargo no novo ministério é de fato, dificílimo, desde que esse sujeito que sucedeu Fudge subiu. Ele ganha um ordenado que é o suficiente para que sustente os caprichos de Lindsay, que tirou sua mania por compras sabe-se lá de onde, seus pais nunca foram grandes gastadores. E os filhos, você soube que eles tiveram um outro filho? Dessa vez é ruivo! Puxou os genes do avô. Arthur ficou com inveja quando vi que estávamos arrastando demais a asa para o pequeno, Almanzo. Muito esperto esse meu neto, percebeu a ameaça e tratou de dar um jeito na história – sorriu. – Eles devem ser um dos primeiros a chegarem. Logo devem estar aí.

- Você deve estar feliz de ver seu filho tendo um bom futuro.

- Sim, de fato, é uma pena que eu não possa tê-lo visto crescer. – Sorriu – Mas Charlotte e Terrence tratem-nos como pais, mesmo que tenhamos explicado a eles que não era preciso caso eles não quisessem.

- Veja pelo lado deles, alguém quis saber deles, eles foram retirados daquele orfanato odioso por vocês, é normal que os tratem melhor que apenas responsáveis. Deixe eles, oras, podem ter pais agoras. Você imagina como é a vida de um órfão?

Ron permaneceu quieto, não havia pensado que esse assunto fosse delicado de se comentar na frente de Charles, que fora órfão e se virara a vida toda junto a seu irmão, até serem acolhidos pela família Potter, para depois se depararem novamente na pobreza.

Quando estavam com tudo estabilizado, e Albert já estava preste a sair da casa, eles resolveram adotar crianças para animarem a casa. Ron acabou preferindo crianças já crescidas, tinha certa pena delas, pois sabia que eram as mais difíceis de conseguir um lar. Acabaram adotando duas e agora que Terrence estava prestes a entrar na maioridade, Hermione cogitara a idéia de adotarem um bebê. Ron não conseguira negar pois sempre pensara em como seria ser pai, e cedeu. Quando Terrence fosse embora, eles adotariam um bebê.

Para a surpresa de Ron, eles acabaram se dando bem com Charlotte e Terrence. Ambos realmente pareciam amá-los como verdadeiros pais, embora eles não tivessem vivido juntos nem uma década. Eles estavam agora visitando o antigo orfanato, pois embora com custo, começaram a se sentir à vontade em frente a Albert e Lindsay, ainda não conseguiam ficar a vontade na presença dos outros.

- E Harry? Como aquele moleque vai? – Charles riu, quebrando o gelo.

- Harry? Ah, vai bem. Recuperou as coisas dos pais. Reconstruiu a casa dos pais e está muito bem lá em Londres. Deve chegar a qualquer momento. Ele está com uma menininha linda. Chama-se Margareth e vai fazer dois anos – Ron coçou a cabeça. – Para ter ser sincero eu nunca esperava que Harry e Nancy fossem tão além, quero dizer, pelo que eu via, parecia mais que ela gostava dele, não ele dela. Vejo que me enganei, não é? – Sorriu. – Nancy é ótima, ela acabou se dando muito bem conosco também, aliás, contigo também, né? Com todos. – concluiu – Ela e Hermione desenvolveram algum tipo de grande amizade. Nancy nos ajudou com Draco, ela quem socorreu Hermione depois deste tê-la agredido com uma garrafa de vinho, ela quem cuidou do ferimento de Hermione e segurou Albert para que ele não se metesse entre mim e Draco no nosso último duelo – Suspirou. – Ela mostrou que não é apenas uma camponesa dessas qualquer. Estou feliz por Harry, ninguém poderia ser mais perfeito para ele.

- É, ele se deu bem no final, e eu fico feliz por ele, sinceramente.

- Todos nos damos bem no final, Charlie – interferiu. – Até mesmo você, parece estar muito feliz comandando o navio sozinho.

- Sim, de fato... – Charles parou, pensando em algo. – Oh, sim! Encontrei-me com o velho Lupin esses dias! – exclamou - Estava tão velho coitado, achava que logo sua alma poderia descansar, mas depois da morte de Severus e da volta da Lupin Navegações para sua mão o homem renasceu. Ele acabou se juntando com aquela moça. Eles tem uma criança, você acredita? Eu fiquei pasmo quando soube. Ela tem a idade do primeiro filho de Albert e Lindsay se não me engano. Parece até um milagre, Lupin está tão velho! Certo que a mocinha não é tão jovem, mas ele tem idade para ser seu pai! Isso é normal, sei muito bem, mas você consegue pensar no velho Lupin junto a uma moça que tem idade para ser sua filha? Não combina, não é?

- Nymphadora é o nome dela, Charles. Fiquei feliz pois não conheço outra pessoa melhor do que ela para cuidar e tratar do velho Lupin. Eu já sabia da filhinha deles, às vezes eles nos visitam e a menina brinca com Arthur. E antes que você pergunte, sim, já se arrumou aquele climinha entre as mulheres de que eles vão se casar quando crescer. Só porque Arthur se afoba todo quando ela está aqui. Francamente, eles têm, apenas, 5 anos.

- É possível, não foi o caso de seu filho? De você e de Hermione.

- Ah! – Ron arregalou os olhos. – Mas é algo diferente!

- Não é.

- Sim, realmente não é – Ron deu um sorriso sem graça. – Mas é meio forçado não acha? Em toda geração, vai ter algo do tipo? Que coisa mais enjoativa!

- Não deveria ver assim, deveria estar contente.

- Contente? Isso você pode ter certeza de que estou, o que eu poderia querer mais? Tenho tudo que quero, fiz tudo que quis, verdade que não tive um passado perfeito, mas não se pode viver no passado, não é?

- Você não pensou nisso quando comprou a ilha de Bosweton. Pensei que você tivesse esquecido suas mágoas.

- É diferente – Abaixou os olhos – Guardo recordações lá. Lá onde nasceu o que sou agora e lá morreu o que eu fui. É complicado de ser explicar, mas se você quer saber, não me arrependo de ter comprado a ilha, pois ela é o suficientemente grande para que forme-se uma vila lá e é o que eu quero. Quero que desapareça qualquer cosia relacionada a terrível prisão.

- A ilha é sua, você vai simplesmente criar uma vila? Quem vai morar lá?

- Pessoas que quiserem, não cobrarei nada. Você sabe muito bem que muitas pessoas desejam um cantinho para viver e terão. E não, Charles, eu não cobrarei aluguéis.

- O que o fez querer se tornar um Santo?

- Não tem nada a ver com santo – Ron revirou os olhos. – Eu fiz uma promessa a uma pessoa, que se não fosse por ela, eu não estaria aqui e não seria rico. Prometi que faria coisas para o bem. Gastei com a vingança e o resto gastarei para o bem. Ajudarei a sociedade como for possível.

- Bem, eu...

- Senhor... – A Sra. Windsor interrompeu Charles. – Peço desculpas, mas Sra. Weasley mandou-me avisar que as visitas já estão chegando.

- Já estamos indo.

A Sra. Windsor se retirou. Charles deu a língua.

- Essa mulher tem algo contra mim, só pode.

- E você tem algo a favor dela?

- Certo, não – fechou a cara. – Mas terminemos o que estávamos falando para receber-mos os outros. Então você está pronto para uma vida pura, até a morte? Não temes a morte?

Ron sorriu, olhando pela janela, nostálgico.

- Isso me lembra um grande amigo meu, ele costumava dizer que para as mentes estruturadas, a morte é apenas mais um passo.

- Bonita frase. Pensa assim?

Parou por uns instantes pensativo, para enfim responder, sorrindo:

- Sim, penso.

- EI! VOCÊS DOIS AÍ! – Hermione abriu a porta parecendo chateada. – Estão todos chegando e vocês não vêm? Que coisa, Ron. Olhe os modos! Você nunca vai mudar? Céus!

- Acalme-se companheira – Charles brincou levantando. - Já estamos indo.

- Sem brincadeira, Charlie – Hermione disse, afetada. – Seu irmão já está chegando, se quer saber.

Ron ria dos dois, pôs-se ao lado de Hermione e passou o braço pelo ombro dela, guiando-a para o hall de entrada. Sorriu para o filho e a nora junto aos netinhos, que estavam na porta junto à Harry e Lindsay com a filhinha. E ao longe, Bill e a mulher desciam da carruagem com os gêmeos.

Pensou no que dissera para Charles, ele realmente estava contente. Ele tinha tudo, tudo mesmo. O que ele poderia querer mais?

Virou o rosto, olhando para o céu lá fora e sorriu, lembrando-se do amigo, que, esperava Ron, deveria estar lá em cima, sorrindo por ele.

FIM

N/A: Capítulo, caso alguém não percebeu, para o Charles. Porque eu acho que eu destaquei demais o Bill pro final e ele ficou disfarçado. Espero que tenham gostado, sinceramente. Porque escrever o Charles é ainda mais divertido do que escrever o Bill.

N/A2: Esta fic foi iniciada, creio, em 2003. Em uma versão assustadoramente podre, acreditem em mim. Ano re-retrasado, em meio a uma conversa com a Gollum (uma amiga), onde eu falava sobre meus projetos e etc, eu tive a idéia de reformar a fanfic e então assim o fiz. Durante as férias botei a mão na massa e fui refazendo os capítulos até chegar ao ponto que já não tinha capítulos, comecei a faze-los. No entanto, ao chegar às aulas em fevereiro, dei uma parada. Finalmente, nas férias de Julho consegui concluir a fic. Espero que tenham se divertido com a fic tanto quanto eu a escrevendo (mesmo nas horas que eu desesperada tentava terminar algum capítulo).

Agradecimentos à: Scila e Nikari especialmente. À primeira por acompanhar a fic e já na reta final desta cobrar sempre por mais capítulo e me incentivar, isso fez as cosias realmente acelerarem, após eu ter ficado meses sem escrever nada. E à segunda pelo apoio e por ter tido a paciência de betar a fanfic. À Nanda também, quem leu a primeira versão da fic, que era, hmm, terrível.E muito obrigado a todos que leram e comentaram!

Fic Recomeçada em Outubro de 2004 Terminada em Julho de 2005