Espada dos Deuses

Episódio IV: Brasil

- Prólogo -

Harry andava cautelosamente por um grande castelo negro e frio. O tempo lá fora estava nublado. Olugar fora construído no estilo gótico, lhe dando um ar macabro, e estava cravado na encosta de uma serra de montanhas de pedra crua. E, à sua frente, o horizontede um desertosem fim, de terra dura, ária e avermelhada. Um abismo gigantesco e aparentemente sem fundo separava as montanhas da planície, como um grande rasgo no planeta. O vento soprava sem parar, balançando as cortinas rasgadas do castelo, que parecia abandonado há séculos.

O jovem bruxo parou defronte em portão pesado e de madeira, com uma caveira talhada no centro. Harry respirou fundo antes de continuar, e assim que tocou na porta os olhos da caveira brilharam vermelhos e o ele se abriu, revelando um salão muito maior que o salão principal de Hogwarts. O lugar estava vazio e morto, com exceção das cortinas que balançavam nas gigantescas janelas de vitrais e um trono de madeira muito velho no fundo do salão, no altar de seis grandiosos degraus. Mas havia sim, uma pessoa. De pé, na frente do altar, usando um antigo terno chinês negro e as mãos para trás. A claridade vinda das janelas foi suficiente para ele reconhecer os cabelos cacheados:

- ...Hermione?

A garota estava de cabeça baixa, olhando o chão. Harry sentiu que havia algo de errado. Ela não se movia, mesmo com ele a chamando e perguntando se estava tudo bem. Foi caminhando aumentando a velocidade a cada passo:

- Mione, tudo bem? O que foi? Porque estamos aqui?

Já estava passando da metade do salão quando a amiga ergueu o olhar, virando-se, deprimida e visivelmente cansada.

- Pare, Harry.

Harry parou, mas sua nuca continuava arrepiada, e o frio na espinha aumentava:

- Algum problema, Mione? Aconteceu alguma coisa?

- ...Não.

A voz dela obviamente não convencia.

- Por favor, Harry, não. – pediu de novo, assim que o amigo deu mais um passo – Fique aí, Harry, por favor. Não venha para cá.

- Mas... você está me assustando, Hermione! Vamos embora comigo, desça daí!

- Não posso... já é tarde, Harry.

Uma névoa negra subiu do chão, como se fosse um vulto, e tomou forma atrás de Hermione. Harry sentia o estômago embrulhar de desespero:

- Mione, do que está falando! Vamos embora, eu levo você pra casa! Vamos sair daqui, tudo via ficar bem, você...

O vulto tomava forma: Voldemort. Harry travou a respiração, os olhos pregados no bruxo.

- Que honra tê-lo aqui nos visitando, Harry. – sorriu Voldemort, cinicamente, pondo as mãos nos ombros de Hermione, que nem se moveu.

- Tire as mãos de cima dela, Voldemort!

O bruxo riu, e retirou detrás de sua capa uma bela espada, com lâmina transparente, e a empunhadura na forma de cabeça de dragão.

- Lamento, Potter. – sorriu o bruxo, ainda com a mão esquerda no ombro de Hermione. – mas vocês perderam, chegaram atrasados. Conhece essa espada? É aquela que vocês tanto procuravam.

Nessa hora Hermione fungou, abaixando a cabeça e mordendo os lábios, fazendo força para não chorar.

- Me perdoe, Harry... – sussurrou.

Imediatamente Voldemort, bastante feliz, colocou a mão na testa de Hermione, puxando sua cabeça para seu ombro, e encostou a lâmina da espada em seu pescoço, na frente de Harry.

- Mas não fique triste, Harry. – sorriu Voldemort – você ainda chegou a tempo do "grand finalle".

E, sem pestanejar, cortou de fora a fora o pescoço de Hermione.

Harry deu um salto da cama, como se tivesse sido eletrocutado da cabeça aos pés. Olhou o teto com olhos arregalados, ofegando, apavorado. Foi, de todos os seus pesadelos, o mais real, o mais cruel. Ele tremia por causa da adrenalina, e levou alguns minutos para se recompor e ver que havia sido só um sonho. Então deu um longo suspiro, passando a mão na testa:

- Meu Deus... esses pesadelos vão me deixar maluco.

Deu mais um longo suspiro e se virou na cama, olhando pelo canto da janela o céu estrelado. Fechou os olhos, mas ainda demorou a pegar no sono novamente.


É o entardecer de uma longa praia deserta, de areia branca e fina, cheia de pedras espalhadas pelo chão, e de águas transparentes. A poucos metros a água batia suavemente no chão fazendo pequenas ondas. Os peixes e corais coloridos eram vistos facilmente por cima da água clara. No horizonte o mar se tornava esverdeado, e o entardecer era rosa e laranja. Sentada numa rocha cinza claro, com os pés sendo tocados pelas águas, estava Leah, de branco, os olhos fechados, como se meditasse sentindo a calma brisa do lugar. O clima era ameno e a água, morna.

Uma voz doce e melodiosa começou a cantarolar baixinho uma antiga música em espanhol. Leah não se moveu, continuou relaxada, na mesma posição. Uma mulher muito bonita se aproximava vagarosamente, como se flutuasse pela fina areia. Tinha os cabelos até os quadris, castanho escuro e muito cacheados, os olhos bem delineados e da cor do céu, e seus cílios eram grande e escuros, como se marcassem mais ainda seus olhos penetrantes. Andava descalça e usava um longo vestido cor champanhe, no estilo de uma tradicional camponesa espanhola. Na cabeça também usava uma típica tiara de flores, usada pelas moças. A mulher aparentava ter, no máximo, 35 anos.

Aproximou-se de Leah cantando docemente,e ao chegar ao seu lado parou, esperando uma reação. Leah abriu os olhos molemente, suspirou, e sussurrou:

- Mama Paloma.

Paloma sorriu e se sentou ao lado de Leah, para também olhar o mar. Tinha um forte sotaque espanhol:

- Costumávamos nos encontrar mais antes. Há tempos que no nos víamos. Que passa?

- Estive tão cheia de coisas em Hogwarts, mama... desde que voltei não falei mais... senti saudades suas. Teus conselhos...

- Achei que não precisarias – Sorriu, abafando a risada - Mas... pero no...

- Sentiu que precisava...

A mãe silenciou, olhou o horizonte e disse, em voz baixa:

- Corazón de tu mama... ainda é un "corazón de mama"

- ...Eu vou voltar, Mama. –sussurrou Leah, fechando os olhos, abaixando a cabeça, quase lamentando.

- E non quieres?

- Uma parte de mim quer. Outra está apavorada com isso.

- E de que lado está su corazón?

- ...Acho que implorando para que eu volte.

Os olhos de Paloma brilharam.

- As passagens já estão compradas para amanhã, mama.

- Bueno.

- Mas tenho medo...

Paloma, que já havia se levantado, olhou a filha, que abraçava os joelhos:

- Tienes medo?

- Medo... de... reencontrar tudo aquilo que eu abandonei no passado.

- No, filha. No abandonaste. Apenas... perdeste. – sorriu, um pouco penosa. – Sabes que podes recuperar aquilo que perdeste. Enquanto no abandonares.

- Sim, mama. Mas mesmo assim...

Leah se levantou e olhou a mãe. Ela, mesmo mais velha, era menor e mais jovem que a filha, exatamente à imagem como quando morrera. Mas Leah havia crescido, enquanto a mãe, não. Ela achava estranho ver a mãe menor, já que ela lhe parecia tão grande e imponente quando era só uma criança de sete anos.Paloma havia começado a visitar seus sonhos constantemente, desde que sua filha Vitória havia morrido em um acidente, um ano atrás. Mas Leah se sentia muito estranha em ver a mãe. Sentia uma mistura de saudade, amor, piedade e carinho. Coisa que ela não sentia pela mãe, em mais de 30 anos sem ela. Era diferente. Paloma sorriu e deu as costas:

- Vou indo. Siga tu corazón, e volte. Estarei contigo sempre que precisares.

Leah fez que sim com a cabeça. A mãe caminhou cantarolando pela praia, até desaparecer. Leah ergueu a mão, dando um adeus tímido, quando a mãe já havia desaparecido. Depois fechou os olhos e respirou fundo.

Acordou em seu quarto, em Londres, dormindo sozinha na cama de casal. Passou a mão pela cabeça, olhando para o lado, conferindo a hora. Ajeitou-se na cama e voltou a dormir. Tinha que estar bem disposta para a longa jornada que estava começando.


N.A: Muito bem! Promessa é dívida, e está aí o começo da EdD Brasil. Sinto saudades da época em que a EdD era "inédita", e espero que eu amte as saudades disso agora, hehehehe.

N.A 2: Um começo digno de prólogo: não parece dizer nada, apenas confundir e deixar uma interrogação. Se vocês se sentiram assim depois de ler essa "pré-estréia", ( que acontece dias antes da partida deles para o Brasil) é sinal que o objetivo foi alcançado. Oh, céus.