Por Leona-EBM
Toque Proibido
Capítulo 1
Mistérios
Obs: Todos os cavaleiros de ouro estavam vivos até a guerra santa chegar. Não houve mortes na batalha das doze casas.
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"Somos peregrinos nesta terra e não sabemos até quando. Devemos encarar a Vida, não com tristeza, mas com seriedade e esperanças".
(Oscar Wilde)
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Era apenas uma criança comparada a ele, mas mesmo assim o amava como nunca amara nenhum homem antes.
Aioria estava sentado no último degrau da escada, estava com os cotovelos apoiados nas pernas abertas, seu rosto estava encostado na palma das suas mãos, seus verdes olhavam escada a baixo a procura daquele garoto brincalhão, que sempre vinha lhe dar uns beijos depois dos treinos.
Um sorriso se desenha nos lábios de leão ao ver Seiya subindo as escadas, o garoto estava com o mesmo sorriso maroto de sempre.
- Estava me esperando? – Seiya pergunta, ao se aproximar.
- Estava, como foi o treino? – Aioria se levanta e puxa o rosto de Seiya lhe dando um selinho nos lábios.
Os dois entraram na casa de leão conversando sobre coisas banais, Aioria já levava Seiya para o seu quarto, agora teria seu prêmio por esperá-lo por muito tempo.
- E o seu dia? – Seiya finalmente pergunta se sentando na cama do cavaleiro.
- Chato... Monótono! – disse o cavaleiro de leão sentando-se ao seu lado.
- Hummm... Deve ser muito chato não poder sair do santuário, não é mesmo? – Seiya fecha os olhos deixando Aioria acariciar as suas pálpebras.
- Muito, mas não é tão chato agora, porque você sempre está aqui! – disse, dando um beijo longo e molhado nos seus lábios.
Seiya abre mais sua boca permitindo que a língua de Aioria trabalhasse melhor nela. Aioria joga seu corpo para cima de Seiya ficando por cima dele, suas mãos já tratavam de ir tirando a regata vermelha do Pégaso, mas este pára tudo se sentando na cama.
- O que foi? – Aioria se assustou com a interrupção.
- Er... Que eu queria fazer outra coisa! – disse sentando-se na cama.
- Outra coisa? Bom... O que gostaria? – Aioria perguntou, decepcionado.
- Vamos sair um pouco, ir até a vila!
- Humm... Está bem... Já que você quer! – Aioria se levantou puxando Seiya pelas mãos.
Os dois cavaleiros desceram de mãos dadas pelas escadarias, nenhum dos cavaleiros de ouro que os viram passar achou estranho já estavam acostumados a verem Seiya e Ikki entrarem nas casas de leão e virgem.
Em uma casa em especial eles foram barrados por seu anfitrião.
- Oi Mu! – Seiya o cumprimenta com um enorme sorriso no rosto, chegava até a ficar ridículo.
- Oi!
- Boa tarde Mu! – Aioria sorri meio sem graça para Áries.
- Boa tarde Aioria – lhe sorriu.
- Bom, vamos indo Aioria! – Seiya puxa leão com força pela mão dando um último sorriso para Áries.
Aioria soltou um longo suspiro e deixou-se ser arrastado para fora da casa de Áries, não o culpava por ter ciúmes de Mu, pelo contrário, sentia-se até mais seguro com isso, gostava do ciúme de Seiya.
O casal chegou à vila do santuário, não tinha nada de romântico naquele lugar, não tinha pessoas interessantes, e nada de bom para se fazer, mas Seiya parecia estar bem contente por isso Aioria não se importou.
Seiya avista uma lanchonete, Aioria revira os olhos ao ver que o cavaleiro de bronze queria tomar sorvete.
- Senta aí Aioria! – disse ao se jogar num dos bancos.
- Não acredito que quer tomar sorvete! – disse meio decepcionado.
- Ah! Eu estava com vontade, e nada melhor do que tomar sorvete com quem gostamos, né?
Agora quem sorriu foi Aioria, nunca ouvia palavras carinhosas de Seiya, mas quando as ouvia se derretia todo.
- Claro! – mudou totalmente seu humor – do que você quer? – levantou-se da mesa.
- Chocolate! Chocolate! Chocolate! – falou rapidinho batendo as mãos na mesa como se fosse uma criança.
Aioria passou a mão por seus fios castanhos e sorriu para o jeito brincalhão de Seiya, fez um não com a cabeça e foi até o balcão. Instantes depois Aioria volta com duas casquinhas de sorvete nas mãos, deu a de chocolate para Seiya e sentou-se ao seu lado.
- Bonito dia! Hoje o Kanon estava me ensinando contra-ataque! Ahhh... Foi um saco! – disse dando uma lambida no sorvete.
- Não reclame, é bom você ser treinado por um cavaleiro de ouro! – disse rindo.
- Que nada! Ele só me treina quando o Aioros não está por perto! – Seiya disse meio desligado.
- O Aioros? – Aioria se assustou.
- Ops! – calou-se.
- O que tem o meu irmão?
- Bom, Aioria... Eu não sei se posso te contar!
- Você vai me contar agora! – elevou seu tom de voz.
- Calma, não precisa gritar!
- Desculpa! – Aioria respirou fundo e ficou esperando Seiya esclarecer o seu comentário.
- Eu não sabia que você não sabia, bom... O Kanon e o Aioros estão juntos! – disse finalmente.
- O QUE? – Aioria se levantou da mesa derrubando a cadeira no chão. As poucas pessoas que passavam por ali pararam para ver o escandaloso leão sair correndo em direção das doze casas.
- Tsc, Tsc, Tsc! O Aioria é mesmo um tapado! – riu.
Risos ecoavam pela casa de sagitário, seu anfitrião estava com visita, e pelo que se podia notar estava muito feliz.
- Bati! – gritou Aioros jogando as cartas na mesa.
- Ahhh! Eu não acredito nisso! – olhou atenciosamente para cada carta exposta na mesa.
- Pode olhar a vontade! – riu.
- Droga! – Kanon vira o rosto para o lado oposto praguejando alguma coisa inaudível.
Aioros ri mais ainda da cara de Kanon, então ele vai engatinhando até ele e puxa seu rosto e lhe da um beijo longo e demorado.
- Meu prêmio! – diz Aioros meio ofegante.
- Hum! – Kanon tentou parecer bravo, mas não conseguiu, e no final acabou rindo junto de Aioros.
Os pares de olhos se cruzam se fitando de forma apaixonada, seus lábios foram unidos novamente para outro beijo.
- Mas... – Aioros pára de repente.
- O que foi? – Kanon ficou sério, mas logo viu o que era.
- Meu irmão! – Aioros levantou-se rapidamente – vá se esconder!
- Por que você não conta à verdade a ele Aioros, ele não é mais criança! – Kanon se levanta cruzando os braços.
- Ta depois falamos disso, agora se esconde! – Aioros apontou para o quarto.
Kanon foi praguejando para o quarto, ao entrar nele fecha a porta e se esconde atrás do armário.
Aioros arrumou suas roupas que estavam meio amassadas depois do beijo, passou a língua por seus lábios e ficou a espera do seu irmão.
- Oi! – diz Aioros.
- Cadê ele? – Aioria olhou para os lados.
- Ele quem? – se fez de desentendido.
- Não se faça de desentendido, onde está aquele traidor do Kanon? – gritou.
- Do que você está falando?
Aioria nem se deu o trabalho de responder, foi logo procurando pelo amante do seu irmão, mas não o achou, entretanto viu algo muito interessante.
- Estava com visita? – perguntou cinicamente apontando para dois copos cheios de bebida.
Aioros olhou para mesa vendo que tinha dois copos, dois jogos de baralhos de cada lado dela, também tinha uma travessa de salgados, era mais do que óbvio.
- Er... Bom... – levou uma das suas mãos para trás da cabeça procurando alguma desculpa esfarrapada.
- Como pode se envolver com aquele traidor? Athena pode ter perdoado aquele verme, mas eu não!
- VERME! – Kanon abre a porta do quarto com força fazendo-a bater na parede.
- Ai... Ai! – Aioros põe a mãos na cara ao ver que dali ia sair a maior briga, e que no final ele ia ser o único prejudicado.
- Isso mesmo! – Aioria sorriu.
- Pode até ser, mas pelo menos eu não traço criancinhas! – provocou.
- O Seiya não é uma criança! – irritou-se.
- Mesmo? Acho que você precisa reavaliar os seus conceitos do que é ou não uma criança.
- Ora seu...! – Aioria fechou o punho e avançou na direção de Kanon.
Entretanto Aioros não ficou quieto no seu canto, logo segurou o seu irmão que estava a milímetros de distância de Kanon.
- Me solta Aioros!
- O que você pensa que está fazendo? Por que você não aceita o Kanon?
- Podia ser até com o Saga, mas o Kanon não! – debateu-se.
- Não diga besteiras! – Aioros empurrou Aioria para cima do sofá fazendo o leão cair no chão.
- Eu não acredito que você fez isso comigo... – Aioria se levanta desistindo da idéia de atacar Kanon.
- Eu só quero viver em paz Aioria, Athena me ressuscitou para que eu pudesse gozar da vida que eu não tive, e eu encontrei sentido nessa nova vida quando eu me reencontrei com Kanon, pois saiba que nós já tínhamos algo antes! – disse Aioros mais calmo.
- Ciúmes! – disse Kanon cruzando os braços.
- CALA A BOCA! – gritou Aioria.
- NÃO FALE ASSIM COM ELE AIORIA!
Aioria se calou, ficou tão assustando com as palavras do seu irmão que até caiu para trás se sentando no sofá, Kanon também ficou surpreso com a atitude do seu amor, mas não disse nada.
- Ótimo... Então se é assim... – Aioria se levanta e sai da sala sem dizer nada.
- Droga! Droga! Droga! – Aioros se aproxima da parede dando uns socos nela.
Kanon se aproxima dele o abraçando por trás, puxou o punho machucado de Aioros na sua direção e lhe deu uns beijos. Aioros abraçou Kanon com força mostrando que não ia se desfazer dele.
O cosmo de Aioria estava no máximo, todos os cavaleiros de ouro notaram sua mudança de humor, mas ninguém era louco de falar com ele naquele momento. Aioria descia para sua casa rapidamente, quem olhasse com atenção percebia que saía faíscas dos seus olhos.
Chegando na sua casa vai direto para o quarto se jogando na sua cama com tudo.
- Uau! Como esse povo é estressado! – comentou Ikki com Shaka.
- E como pudemos ver ele brigou com Aioros, por isso estava desse jeito! – comentou virgem.
Os dois cavaleiros estavam sentados na cama, Shaka estava sentado de pernas cruzadas e Ikki estava sentado ao seu lado lendo alguma coisa.
- Ahhh! Eu ainda não entendo como você consegue ler isso Shaka! – reclamou sacudindo o livro que estava lendo.
- Cuidado com isso, pois é do Camus!
- Física... Para que eu vou estudar física? – perguntou fechando o livro.
- Você precisa aprender de tudo um pouco Ikki, não digo que vá usar tudo que aprendeu, mas é bom saber das coisas!
- Ahhhh! Chega... Eu só penso em lutar e amar você Shaka... – disse passando a mão pelos fios loiros de virgem.
Shaka sorriu, era incrível como Ikki conseguia quebrar toda sua pose.
- Me amar? Que bonitinho! – abriu mais seu sorriso.
- Hum! Não enche o saco... – Ikki ficou de joelhos na cama e com uma mão empurrou o peito de Shaka para baixo fazendo virgem deitar-se na cama.
- Acho que você precisa meditar um pouco... Para deixar de ser tão explosivo! Vocês leoninos são umas pragas.
- Shaka...?
- Hum?
- Cala a boca e abre os olhos! – pediu "carinhosamente".
Shaka obedeceu, aos poucos suas pálpebras foram se abrindo fazendo um par de olhos azuis surgirem naquela face pálida. Ikki se derreteu com aquele olhar, se perdia toda vez que olhava para aqueles azuis, mergulhava naquele mar de sentimentos e ficava lá só a observá-los.
Ikki foi inclinando seu corpo para frente ficando cada vez mais próximo de Shaka, tocou os lábios do loiro com os seus, mas não se moveu ficou apenas olhando para os azuis do loiro, até que Shaka abre mais sua boca e Ikki resolve beijá-lo.
Já fazia três meses que houve a guerra santa, os cavaleiros ainda não haviam se recuperado totalmente, claro que seus ferimentos de batalha já estavam curados graças ao cosmo da deusa Athena, mas seus espíritos ainda estavam inquietos.
Depois dessa guerra a vida de muitos cavaleiros havia mudado, umas para o bem outras para o pior. No caso de aquário e escorpião podia-se afirmar que a vida deles havia se tornado um inferno.
Milo estava jogado no enorme sofá que pegava toda a sala da sua casa, sua cabeça quase relava no chão deixando só seus fios azulados ficarem nele, suas pernas estavam jogadas para cima e seus braços repousavam na sua barriga.
Seus pensamentos voavam longe, mas sempre pensava na mesma coisa, ainda não acreditava que Camus havia traído-o, sabia que tudo aquilo havia sido uma farsa, mas mesmo assim não se conformava com isso.
Estava arrasado, estavam juntos há muito tempo, de repente Camus some junto de Saga e Shura do santuário, todos pensaram que estavam mortos, então se passam dois anos e eles reaparecem como espectros de Hades e os atacam. Havia sido muito difícil atingir Camus com suas agulhas escarlates, mas seu dever como cavaleiro havia falado mais alto, e também estava muito magoado com o cavaleiro de aquário naquele momento.
Quando foram ressuscitados novamente, Milo não foi falar com Camus, não se sentia à vontade ao lado dele, e Camus respeitou isso se afastando.
- "Camus..." – uma lágrima fria e solitária rola por seu rosto caindo no chão.
Dois dias haviam se passado, e Aioria ignorava totalmente seu irmão, evitava encontrar-se com ele, e não ia mais a arena quando ele estava treinando.
- Por que ele tem que ser tão cabeça dura? – Aioros soca sua perna.
- Pare de se socar! – Kanon segura seus dois punhos.
- Ele está sendo muito infantil!
- Eu sei... Todos sabem! Calma... Ele está irritado, vai passar!
- Não sei não... O Aioria é um cabeça dura teimoso!
Os dois estavam sentados numas rochas que ficavam perto da arena de combates, o solo era todo seco e não havia nenhuma árvore para que pudessem usufruir a sua boa sombra, já que o sol da Grécia era muito forte.
- Bom dia!
Os dois amantes param de conversar ao verem Saga que se aproximava deles com suas roupas de treino.
- Bom dia! – Kanon sorri para o seu irmão.
- Oi! – diz Aioros.
- Não estão treinando? – perguntou Saga.
- Resolvemos parar um pouco... – disse Kanon.
- Kanon... Eu não sei como você consegue suportar aquele pirralho do Seiya, eu tentei treiná-lo hoje, mas estava impossível, ele se acha o maioral, e quando eu peço para ele se comportar... Ele joga na minha cara que me derrotou! – Saga disse mostrando-se bastante irritado.
- Ahhh! Aquele moleque é uma praga... Quando eu queria ficar a sós com o Aioros ele vinha me encher o saco e...
- ESPERA UM POUCO! – Aioros se levanta de repente.
- O que foi? – os gêmeos perguntaram no mesmo instante se assustando com seu grito.
- Aquele pirralho que contou tudo pro meu irmão!
- É mesmo! – Kanon diz arregalando os olhos.
- Mas Aioros... Aioria ia saber disso por outra pessoa! – disse Saga.
- Ta, mas eu pedi a ele para não contar para o meu irmão, pois eu ia falar com Aioria!
- Humm... Aquele pirralho! – Saga fez um não com a cabeça.
- Maldito Seiya! Quando eu pegar ele eu vou...!
- Não vai fazer nada Aioros, por que eu vou falar com ele! – Kanon se levanta.
- Não, eu vou falar com ele...
- Não... Ele é meu pupilo temporário, por isso eu vou falar com ele! – disse Kanon.
- Não... Mas o Aioria é meu irmão... – rebateu Aioros.
- Mas você é o meu namorado!
- Por isso mesmo eu vou!
- CHEGA! – Quem gritou agora foi Saga. – Eu vou falar com o Seiya, pois o Kanon é o meu irmão que é o seu namorado, e o seu irmão é o Aioria que é o meu amigo!
Os três ficaram se olhando, nenhum deles se atreveu a soltar nenhum pio para Saga, então o cavaleiro de gêmeos deu a meia volta e foi em direção à outra arena onde Seiya estava treinando.
- O Saga sempre foi meio explosivo, né? – Aioros comenta baixinho.
- Ele está assim desde que reapareceu como um espectro... – comentou Kanon.
- O que será que aconteceu com aqueles três... Pois o Camus se separou do Milo, o Shura se separou do Afrodite, e o Saga ficou muito estranho... Sem contar que o Máscara da Morte não fala com mais ninguém também! – Aioros disse meio pensativo.
- Eu não sei... Mas tudo irá se resolver um dia! – concluiu Kanon.
Mais um dia miserável na vida de Camus, não agüentava mais viver daquele jeito. Passou as costas da sua mão pela testa tirando algumas gotículas de suor, agora mesmo estava numa sala de treinamento da casa de aquário. Levantava peso para fortalecer os seus braços, desde que voltara a vida só vivia para os treinamentos.
Ainda não conseguia olhar na cara de Milo, não depois do que fez, não depois de ter acontecido uma coisa muito grave com ele no mundo de Hades, desde daquele dia havia prometido que não iria procurar o escorpião se ele não o procurasse antes, e também prometeu que não o faria mais sofrer.
Havia se trancado em casa, e a única pessoa que ia conversar com ele era o cavaleiro de virgem, que sabia do seu problema.
Saga se aproximava de Seiya que conversava com alguns guerreiros, que ainda não haviam se tornado cavaleiros.
- Então... Vocês têm que prestarem atenção na defesa do inimigo e... – Seiya dava uma aula para os guerreiros, que já estavam ficando de saco cheio daquele monólogo.
- Seiya...
- Saga? Diga! – Seiya vira-se de costas para os demais, que fizeram algumas caretas para o cavaleiro de bronze.
- Precisamos conversar!
- Agora?
- Sim!
- Ta bom... – vira-se para os guerreiros atrás dele – Depois eu volto.
- Ta! – responderam todos.
Saga ficou em um canto com os braços cruzados esperando pégaso se aproximar mais dele.
- Diga!
- Seiya... Eu sei que você tem um caso com o Aioria...
- Isso todo mundo sabe! – disse debochando.
- E você sabe que o Kanon tem um caso com o Aioros! Não sabe?
- Humm... E o que isso tem a ver? – ficou sério por um instante.
- Bom, eu quero saber se foi você que contou para o Aioria sobre o caso que Aioros tem um caso com o meu irmão!
- Sim... Fui eu sim, eu não gosto que enganem o Aioria!
- Você nem se importa com o Aioria, você fez isso para tirar proveito de algo, que eu ainda não sei o que é, mas que vou descobrir! – estreitou seu olhar.
- Nossa! Como quiser Saga, agora se me da licença... Eu tenho mais que fazer! – disse virando-se de costa voltando para onde estava inicialmente, mas para seu desagrado viu que os rapazes com quem conversava não estavam mais lá.
- É... Realmente você tem muito que fazer! – Saga se afasta esbarrando seu ombro no de Seiya numa provocação.
Seiya olhava de longe o cavaleiro de gêmeos, seu sangue fervia de ódio, mas não se deixou abalar por isso.
- "Ahhh Saga! Isso só está começando...".
Todos os cavaleiros estavam nas suas determinadas casas, era noite e todos estavam descansando dos treinos.
O calor que fizera essa tarde havia causado muitas nuvens escuras ao redor do santuário, sons de trovões cortavam o céu, e o cheiro de terra molhada já chegava às narinas dos cavaleiros.
- "Está chovendo, e mesmo assim está quente!" – Camus olhava a chuva que caia pela janela do seu quarto.
Estava com roupas curtas e leves, entretanto o calor era muito forte para ele. Era estranho sentir tanto calor assim depois de viver tanto tempo na Grécia, mas pelo jeito ainda não havia se acostumado com o clima daquela região.
Uma idéia maluca passou por sua mente, de repente senta-se na janela do quarto e salta caindo no chão, suas roupas logo ficaram encharcadas pela água da chuva. Camus olhou para o céu com os olhos abertos, olhando aquelas pequenas gotas, que se pareciam com alfinetes vindo na sua direção acertando seu rosto com força.
Seus belos fios azulados foram jogados para trás, suas mãos logo se encarregaram de despir sua regata, seus músculos estavam mais definidos do que antes pelos intensos treinos que havia se submetido.
Gotas e mais gotas escorriam por seu rosto, parecia que aquela chuva havia sido uma benção de Athena, mas mesmo sendo banhado por aquela deliciosa chuva, Camus sentia-se vazio e triste nada mais fazia sentido, nem mesmo a vida lhe dava mais prazer. Infelizmente pensamentos homicidas haviam se instalado na sua mente, agora só pensava em sua própria morte.
Sentou-se no chão encostando-se na parede, seus joelhos estavam flexionados e abertos, seus cabelos caiam por seu rosto triste escondendo as lágrimas que escorriam dos seus olhos.
Seus azuis claros olhavam para as finas gotas de chuva que batiam no vidro da sua janela, estava jogado na cama do seu quarto.
Em cada gota parecia que via o rosto de Camus, na verdade tudo que via tinha o seu rosto, o cheiro e o sabor dele.
- Ahhhhhhhhhhhhhhhh! – soltou um grito de frustração.
Um grito tira Aioros da sua tentativa de dormir, o cavaleiro de sagitário se levanta e vai ate a sua janela olhando para a casa de escorpião.
- Droga...– disse coçando a cabeça. – Milo e Camus, o que houve entre vocês?
Fez um não com a cabeça e se jogou na sua cama puxando toda a coberta para cima da sua cabeça.
A manhã nascera acinzentada, a terra ainda estava molhada, e o cheiro da chuva ainda estava presente. Um vento menos quente batia entres as rochas secas do santuário. Eram seis da manhã e já tinha vários cavaleiros, guerreiros e amazonas treinando nas arenas, era um dia típico.
Todos tomavam conta da sua vida, se concentrando apenas em seus próprios treinamentos, mas uma pessoa naquela arena fez todos pararem de olhar para si mesmo e prestarem mais atenção nele.
Pela primeira vez desde a batalha contra Hades, Camus resolveu treinar na arena junto do seu pupilo.
- Não, preste mais atenção! – repreendeu Camus.
- Sim mestre! – Hyoga estava feliz por ver Camus de volta, mas algo no cavaleiro de aquário não estava certo, ele estava diferente, seu olhar estava mais frio e melancólico que nunca.
Do outro lado da arena estavam Kanon e Aioros.
- O Camus? – Kanon ficou impressionado com a presença do francês.
- Parece que ele saiu da toca! – comentou Aioros baixinho.
- O que será que aconteceu entre ele e Milo?
- Ninguém sabe Kanon... Esses dois... Gostam-se tanto, porque fazer isso, né? – comenta Aioros.
- Não sei, mas eles se gostavam muito Aioros. Acho que algo muito grave deve ter acontecido!
- Ah! Mas deixa para lá. Eles que resolvam os seus problemas, agora eu quero treinar! – Aioros ergue seus braços se alongando todo.
Kanon sorri de lado e começa a estralar os seus dedos.
- Quer uma luta corpo a corpo comigo? – Kanon perguntou.
- Humm... Proposta tentadora! – riu.
- Mas não vai achando que é fácil me pegar Aioros! – riu.
- Hummm... Mas eu já te peguei Kanon, como fica agora? – Aioros foi se aproximando de Kanon sem tirar os seus verdes dos azuis dele.
- Isso é o que você pensa... Ainda não viu nada e...
- Já chega dessa putaria!
Uma voz forte destrói todo o clima entre o casal. Aioros e Kanon viram-se para um lado para ver um Aioria furioso no meio da arena.
- Eu te desafio Kanon! – gritou o cavaleiro de leão.
Todos da arena pararam com que estavam fazendo e olharam para o trio. Aioria havia apontado seu punho fechado na direção de Kanon o desafiando, Aioros deu um tapa na sua própria testa não acreditando no que estava acontecendo, e Kanon ainda estava pasmo com a atitude de Aioria.
- Aioria! – Seiya aparece na arena.
- Ótimo... Seiya, eu sei que o Aioria gosta muito de você, por isso tira essa idéia maluca da cabeça dele! – pediu Aioros.
- Eu não vou me meter Aioros, o Aioria sabe muito bem o que fazer! – disse Seiya sentando-se em uma das rochas.
- O que? Você não vai fazer nada? Acho que foi você que meteu isso na cabeça do meu irmão! – quem estava furioso agora era Aioros.
- Cala a boca Aioros, eu vim aqui para tirar satisfações com esse verme! – disse Aioria olhando diretamente nos olhos de Kanon.
- Verme? Verme é você sua criança mimada! – Saga chega na arena defendendo o seu irmão.
Os cosmos dos cavaleiros haviam se elevado, e estavam se elevando cada vez mais por causa da raiva que cada um sentia pelo outro, até que Camus interfere.
- Vocês não vão ser imprudentes o suficiente para causarem alguma batalha inútil, não é verdade? – Camus ficou entre Aioria e Kanon.
- Saí da Camus! – gritou Aioria – Eu vou dar uma lição nesse traidor!
- Ahhhh! Já chega, eu te suportei demais pro meu gosto! – Kanon finalmente diz alguma coisa.
- Não faça isso Kanon, eu vou resolver tudo! – disse Aioros.
- Ele já me ofendeu o suficiente Aioros, eu acho que seu irmão está precisando de umas palmadas! – Kanon foi andando na direção de Aioria.
- Chega! Não haverá batalha nenhuma! – quem disse agora foi Saga.
- Isso mesmo! – Camus reforçou.
Logo foi juntando um monte de gente ao redor deles, logo os outros cavaleiros de ouro estavam lá também, estava ficando uma verdadeira bagunça.
- Camus saia da frente! – gritou Aioria.
- É! Saia daí Camus! – concordou Kanon.
- Não! – disse determinado, seu rosto impassível como sempre mostrou que ele não iria sair dali por bem.
- Então se não vai sair por bem vai sair por mal! – Aioria avançou para cima do cavaleiro de aquário que nem se moveu, ficou apenas a olhar aquele leão furioso vir na sua direção.
Milo foi passando pelas pessoas que haviam feito uma roda em volta dos cavaleiros brigões, quando vê o que está acontecendo quase tem um ataque. Camus estava parado na sua frente com o risco de virar comida de leão, mas podia-se ver pela cara do aquariano que ele não se importava.
- "Camus... cuidado, mas o que eu estou pensando? Mas que droga! Camus saia daí..." – Milo estava aflito no meio daquela multidão, mas só uma única pessoa percebeu seu estado, e esse era Shaka de virgem.
Aioria avançou com o punho fechado na direção de Camus, mas este nem se moveu, todos ficaram com os olhos arregalados para não perderem nenhum lance, e muitos deles nunca viram Camus brigando, então seria uma coisa muito interessante. O punho de Aioria foi na velocidade da luz, mas o golpe não chegou em Camus, na verdade nem chegou perto, quando todos se deram conta perceberam que o cavaleiro de leão estava parado com o punho erguido na direção do cavaleiro de aquário.
- O que foi Aioria? – perguntou Seiya.
- Eu...Eu estou congelado! – gritou irritadíssimo.
Só se podem ouvir muitas risadas no meio daquela multidão, Kanon e Aioros não agüentaram também por isso começaram a rir também, só três pessoas não estavam rindo ali, eram Camus, Milo e Shaka que apenas fitava os dois.
- Kanon acho melhor você...
- Certo Camus, certo, não precisa falar mais nada eu vou embora, depois dessa eu vejo que não vale a pena lutar com um garoto feito o Aioria! – Kanon sai da arena rindo sem parar.
- Cada um vai tomar conta da sua vida! – disse Saga.
Todos foram correndo tomar conta da vida deles, ninguém ali era louco para contrariar as ordens de um cavaleiro de ouro, muito menos de Saga. A multidão sumiu ficando apenas os cavaleiros de ouro no mesmo lugar, era a primeira vez depois da guerra santa que eles estavam reunidos.
- Que confusão! – comenta aldebaran.
- É mesmo! – concorda Afrodite.
De repente Shura encara Afrodite, este percebe que estava sendo observado e olha na direção do cavaleiro de capricórnio, mas ao contrário de que todos pensavam, em vez dos dois cruzarem um olhar apaixonado, cruzam um olhar cheio de ódio.
- O que está olhando? – Shura estreita seu olhar.
- Idiota você que ficou me encarando! – respondeu Afrodite.
- Ai meu Zeus! – aldebaran gritou.
- Traidor! – Acusou Shura.
- Bastardo! – gritou Afrodite.
- Chega disso! – Saga gritou.
- Esqueçam isso... – quem falou agora foi Camus para a surpresa de todos. O que eles estavam falando afinal?
- Não dá para esquecer aquilo! – Máscara da Morte entra na discussão.
- Esquecer o quê – aldebaran pergunta.
- Não vamos falar disso, isso morreu naquele inferno! – Saga disse.
- O que morreu naquele inferno? – Milo finalmente resolve perguntar.
- Isso não é da conta de vocês! – Afrodite diz, saindo do meio da roda indo a direção das doze casas.
- Nossa, que mau humor! – comentou aldebaran.
- Vamos esquecer, e Camus... Não se preocupe mais! – Saga sai da roda dando um tapinha nas costas de Camus.
Ninguém além de Máscara da Morte e Shura entenderam, mas não resolveram perguntar, já havia tido muitas discussões num único dia.
Todos estavam indo para seus próprios cantos, menos Milo e Camus que ainda estavam na mesma posição, e é claro que todos os cavaleiros não se afastaram muito para ver no que ia dar aquele encontro entre os dois.
- Camus...- Milo sussurrou seu nome.
- Milo... – os seus azuis se cruzaram num misto de medo e saudade.
- Camus... Você... Está tudo... Bem? – perguntou inseguro.
Todos ficaram atentos olhando o casal, menos Afrodite que já estava na sua casa zodiacal e Máscara da Morte que não dava a mínima para os sentimentos de ninguém.
- Está! – respondeu com sua frieza habitual.
- Er... Você está... Bem, como... Er... Camus eu não agüento mais! – desabafou.
- O que Milo?
- Essa sua frieza comigo... Por que? Responda-me, por favor! – Milo parecia que ia desabar naquele chão.
- Estou como sempre fui! – Camus respondeu, mas algo em seu olhar mostrou que ele não dizia a verdade e é claro que Milo percebeu isso.
- Sei quando mente!
- Não estou mentindo, não aconteceu nada... Agora... Por favor, eu preciso ir! – disse se virando de costas para Milo.
- Não vá... Não de novo, por favor! – pediu num sussurro.
- Eu tive que partir, e tenho que partir agora, então me deixe seguir em paz! – Camus fechava seu punho com tanta força que suas unhas cortou a sua pele fazendo-a sangrar.
- Não se importa com os meus sentimentos? Camus... Eu ainda continuo te amando! Nada mudou, nada! – Milo deu um passo na direção de Camus.
- Não chegue perto! – Camus disse tão friamente que fez Milo parar na hora.
- Camus... – Milo o chamou mais uma vez, mas o francês já se afastara dele com passos rápidos.
Todos ficaram muito confusos, menos Saga e Shura, que entendiam tudo que estavam acontecendo, mas não podiam fazer nada.
Milo ficou com os olhos marejados d'água, mas não foi atrás de Camus, pois ele mesmo não sabia se tinha forças para encarar aquele olhar frio novamente. Então resolveu correr para casa, se jogar novamente naquele sofá e derramar todas as suas lágrimas.
Aioros resolveu ir atrás de Kanon, Aioria foi puxado por Seiya para ir a algum lugar, Saga resolveu ir conversar com Camus e aldebaran não entendeu nada e voltou para casa junto de Mu.
Camus andava apressadamente, estava com os olhos cheios de lágrimas, mas o que poderia fazer? Era impossível que os dois ficassem juntos novamente. O cavaleiro de aquário se joga no chão encostando-se a um tronco de árvore, estava num lugar afastado por isso ninguém ia encher o seu saco.
Pôs suas mãos no seu rosto e desatou a chorar, seus fios azulados caíram para frente cobrindo todo o seu rosto e seu corpo que tremia levemente pelos soluços que tentava conter.
- Camus...
- Saia... – pediu num soluço.
- Camus eu sinto muito... Eu pensei que fosse contar para ele!
- Nunca, ele nunca vai saber, ouviu bem Saga? – Camus levanta a cabeça fitando Saga.
- Camus... – Saga ajoelha-se na frente de Camus tocando em seu rosto com delicadeza. – você precisa se cuidar...
- Não preciso, não tenho mais motivos para isso! – fechou os olhos deixando cair mais lágrimas.
- Claro que tem, pense em seus amigos, pense na deusa... Pense em você! – Saga o abraçou.
- Pensar, Saga? Eu não o mereço...
- CAMUS VOCÊ NÃO TEM CULPA! – Saga se irritou.
- Não? Mesmo?
- Você sabe que não... Ahhhh se eu pegasse aquele desgraçado...! – rosnou fechando os punhos.
- Obrigado Saga... – Camus fez um esforço e se levantou, e é claro que Saga o ajudou.
- Vamos para casa... – Saga pôs seu braço em volta do seu ombro e foi acompanhando Camus até as doze casas.
Seiya fazia uma massagem nos ombros de Aioria tentando acalmar o leão enfurecido, e o pior era que estava dando certo.
- Aquele maldito...
- Shhhhhh! Já passou, o Camus não...
- Eu não falo do Camus, eu to falando daquele verme do Kanon!
- Por que o detesta tanto? Eu não entendo! – Aioros vai surgindo na frente deles.
- Aioros? O que você quer aqui? – levantou-se da pedra onde estava sentado.
- Eu quero falar com você, a sós! – disse encarando Seiya.
- Estarei na cabana se precisar! – Seiya se afasta dando um olhar mortal para Aioros que fez os mesmo.
Aioros espera Seiya se afastar bem deles para depois encarar seu irmão novamente.
- Senta aí Aioria!
- Não!
- Eu mandei você sentar! – Aioros moveu-se rapidamente empurrando Aioria.
- Mas... – Aioria tentou se levantar, mas seu irmão pôs suas mãos em seus ombros o empurrando para baixo.
- Eu mandei ficar sentado! – gritou fazendo Aioria obedecer.
Aioros encarou seu irmão, respirou fundo e começou a falar.
- Por que o detesta tanto?
- Ele não te merece Aioros, você sabe que ele é um traidor, e quando menos esperar ele vai lhe apunhalar pelas costas!
- Como pode afirmar isso? Como pode ter tanta certeza? – Aioros se abaixou na frente de Aioria apoiado suas mãos na suas pernas.
- Eu... Eu... Eu apenas sei! Pelas coisas que ele já fez penso que ele vá fazer novamente! – diz desviando seu olhar de Aioros.
- Aioria... Eu não vou deixar de gostar de você, por favor, pare de impedir que eu seja feliz! – Aioros puxou o seu rosto para que ele o olhasse nos olhos.
- Aioros eu... Meu irmão eu sinto muito, mas eu fiquei muito chateado de descobrir que você estava com o Kanon pelos outros, pois você não me contou nada... Por que? – os olhos de Aioria estavam ficando marejados de lágrimas.
- Desculpe por isso... Eu ia lhe contar essa semana mesmo, pedi para que ninguém lhe contasse antes... Mas acho que aquele cretino do Seiya lhe...
- Não! – interrompeu – Ele deixou escapar, e mesmo assim... Você não pode chamá-lo assim! – irritou-se.
- Ele não presta Aioria, todos comentam!
- Não fale de Seiya que eu não falo de Kanon!
Aioros se calou na hora, viu que não tinha com argumentar. Aioros abaixa a cabeça se dando por vencido, outra hora ele conversaria sobre esse assunto, agora o mais importante foi convencê-lo a aceitar Kanon.
- Vem cá... – Aioros puxa seu irmão e lhe da um abraço.
- "POR QUE CAMUS?" – Milo esmurrava a parede da sua casa fazendo vários buracos nela.
Milo socava tanto a parede que já dava para ver a luz do sol entrar pelos buracos, seus punhos começavam a sangrar, mas Milo não parava, pelo contrário, ele continuava e continuava até que suas forças foram se acabando e ele foi caindo não chão ficando de joelhos.
Seus azuis estavam vermelhos de tanto chorar, suas mãos tremiam levemente, e seu coração batia a mil por hora.
- Milo?
Milo ouve uma alguém lhe chamando, estava tão distraído que nem sentiu ninguém entrar na sua casa, virou-se para ver quem era o intruso.
- Quero ficar sozinho! – gritou.
- Milo... Você está chorando? – Mu se aproximou do amigo ajoelhado no chão.
- Não...
- Está sim, por favor, me deixe ajudá-lo.
- Não... – Milo tentou se levantar, mas mu o puxou para baixo novamente.
- Por que mu? – Milo finalmente se rende se jogando nos braços do cavaleiro de Áries – por que ele me trata assim?
- Eu não sei Milo, eu não sei! – mu acariciava seus fios azulados com delicadeza.
- Nós estávamos tão bem... Aí ele sumiu e depois ele retorna como um espectro, e depois ele não olha mais para minha cara... Por que mu, por que? – Milo chorava compulsivamente.
- Tudo irá se resolver Milo, calma... Espere um pouco...
- Mais Mu? Eu não agüento esperar mais, e se eu conheço bem o Camus... Eu sei que ele está escondendo alguma coisa muito importante.
- Mesmo que seja Milo... Não fique assim, ele não merece suas lágrimas...
- Merece sim, o Camus merece tudo de mim, eu amo ele e sei que ele ainda me ama, ou ele me enganou pela vida inteira!
Mu se calou ao ouvir aquela declaração, se tentasse consolar Milo atacando Camus se daria muito mal, pelo visto Milo o amava muito.
- Vem – Áries se levanta puxando Milo pelos braços – vou te levar até o quarto...
- Eu quero ficar aqui! – reclamou.
- Venha... Vamos tratar das suas mãos! – mu o arrastou até o seu quarto o colocando na cama.
Milo se joga na cama, logo se vira de barriga para baixo e afunda sua cabeça num dos travesseiros, que logo ficou molhado por suas lágrimas.
- Milo... – mu puxou uma das suas mãos e tratou de limpá-las com álcool.
- Ai... – Milo gemeu baixinho.
- "Pelo menos ele sentiu dor! Preciso falar com o Camus urgente... aliás, todos estão muito estranhos!" – Mu pensava enquanto limpava os ferimentos de Milo.
Saga havia levado Camus para sua casa, os dois estavam sentados na cama do cavaleiro de aquário. Camus estava tentando mudar de assunto, mas Saga insistia que ele tinha que falar com Milo.
- Eu conheço muito bem o Milo, se eu contar ele vai cometer uma loucura... Ele vai se machucar Saga! – falou Camus desesperado.
- Eu vou contar para ele então!
- NÃO! – Camus agarrou as mãos de Saga.
- Camus... – Saga toca seu rosto carinhosamente – Eu não quero te ver sofrendo!
- Você não entende Saga... Eu me mato se algo acontecer com o Milo!
- Camus... Mas você já está ferindo o Milo, você não pode deixar as coisas assim, não vai poder fugir dele para sempre!
- Eu... Eu... – Camus virou o rosto para o lado contrário.
- Camus, você sempre foi péssimo mentindo... O que está me escondendo? – Saga puxa seu rosto de volta, para olhá-lo nos olhos.
- Não é nada...
- Camus não esconda nada de mim, você nunca escondeu! Conte-me, eu te conheço muito bem... Sempre o observei... Sempre – Saga disse a ultima frase num sussurro.
- Como? – Camus arregalou os olhos assustado – "Será que é o que eu estou pensando?" – Camus fica confuso.
- "Droga, droga, droga! Falei demais! Camus é distraído, mas não é burro! – Saga fechou os olhos para que Camus não visse a verdade neles.
Camus respirou fundo antes de tentar falar algo, olhou para os lados e depois olhou para Saga que se mantinha com os olhos fechados, tomou coragem e perguntou:
- O que disse Saga?
- Eu disse que... Sempre te conheci muito bem! – mentiu.
- Não... Você não me disse isso, e nem me deu a entender isso também!
- Camus... Está tudo tão bom assim, por quê você quer tocar nesse assunto tão delicado? – Saga abriu seus olhos, mas se arrependeu amargamente ao dar de cara com o rosto assustado de Camus. Não queria causar esse tipo de reação no cavaleiro de aquário, na verdade nunca falaria isso para ele, mas sem querer deixou uma frase incriminadora sair por seus lábios.
- Saga eu... Eu não acredito! – Camus pôs a mão na boca.
- Camus esqueça... – disse abaixando o olhar para os lençóis brancos da cama.
- Saga... Há quanto tempo? – Camus resolveu continuar.
- Camus... Por favor!
- Diga Saga! Diga... Diga! – Camus puxou seu rosto para que ficasse bem próximo ao dele.
- Ca... Camus eu... Eu... – Saga se perdeu naquele olhar.
- Sabia Saga... Sabia que eu era apaixonado... Por você?
Nesse momento pareceu que o céu caiu na cabeça de Saga, ele da umas piscadas para ver se era realmente o Camus que estava lhe falando aquilo tudo, depois ele sente seu coração bater mais forte tenta dizer algo, mas estava impossível.
- Há quanto tempo isso Saga? – perguntou Camus novamente.
- Desde que te conheci...
- Eu... Bom, como foi você que sempre me ajudava nos treinos e tudo mais... Eu acabei me apegando demais a você e ao Milo também, na época eu estava confuso... Aí um dia você veio e me disse para tentar algo com o Milo, nesse dia eu vi que você não queria nada comigo... Por isso eu... Eu escolhi o Milo, mas eu ainda gostava de você! – revelou.
- Camus eu... Eu nunca percebi isso!
- Claro, você estava tão ocupado em se livrar de mim, e me empurrar para Milo, que nem notou o quanto eu gostava de você... Foram tantas as vezes que eu entendei lhe dizer, mas você sempre tocava no nome do Milo...
- Camus! – Saga estava desesperado – Eu... Eu sou um idiota! – irritou-se consigo mesmo.
- Eu lhe agradeço agora Saga... – Camus sorri.
- Agradece? – indagou confuso.
- Por sua culpa eu descobri a pessoa maravilhosa que o Milo é, e graças a você eu achei uma pessoa que eu amo mais que a mim mesmo!
Saga quis morrer, sentia-se um completo inútil, um idiota patético que não prestava atenção nos sentimentos dos outros, se fosse mais atencioso poderia estar com Camus em seus braços agora.
O clima entre os dois ficou muito tenso, podia-se ouvir a respiração acelerada de ambos, logo o ar foi ficando mais quente.
- E novamente... Você me fez perceber que eu devo correr atrás do que eu amor, pois um dia você pode perder... Eu vou falar com Milo agora, obrigado Saga! – Camus diz se levantando da cama.
- Camus! – Saga o chama desesperado.
- Diga... – Camus o encarou.
- Você... Gosta mesmo do Milo? – finalmente Saga resolve tentar algo com aquário, mas pelo jeito era tarde demais.
- Agora que você me pergunta isso?
- Diga Camus...
- Sim... Eu o amo mais que a mim mesmo! E foi você que me fez ver isso no passado, mas não confunda as coisas Saga... Eu amo o Milo e só a ele! – Camus vira-se de costas e sai do quarto deixando Saga com os olhos rasos d' água.
Mu estava sentado na cama de escorpião, tinha a cabeça de Milo encostada nas suas coxas, suas mãos tratavam de acariciar os belos fios azulados do escorpião, seus ouvidos estavam doendo de tanto que ouvia Milo chorar, aquilo era um absurdo.
- Vá falar com ele Milo!
- Ele não quer falar comigo!
- Como pode ter tanta certeza?
- Eu o conheço.
- Mas se continuar assim... Não vão se falar nunca!
- Eu sei...
- Algo muito estranho deve ter acontecido com aqueles cinco!
- Verdade... Afrodite e Shura se odeiam, Saga e Máscara da Morte estão estranhos... E o Camus... – soluçou.
- Vamos ter que descobrir o que está acontecendo, pois eles não vão falar nada pelo jeito!
- Tem razão!
- Você poderia começar... Indo ir falar com o Camus.
- Quer saber? – se sentou na cama – Eu vou mesmo, mesmo que ele me chute!
- Isso Milo! – sorriu.
Escorpião sai do quarto com passos acelerados, não importava mais o que Camus falaria, preferiria levar um fora a ficar com essa dúvida para todo o sempre. Começou a subir as escadarias.
- Camus! – Saga o puxa pelo braço – Me escuta.
- Tarde demais!
- Por favor, já que não está com Milo... Tente algo comigo! – pediu.
- Eu... Eu amo o Milo!
- Por favor! Então me dê apenas um beijo...
- Saga eu...
- Um único beijo!
Camus ficou sem reação, sentia pena de Saga. Sempre gostou dele, na sua infância só conseguia pensar em gêmeos, mas agora, agora não era ele que preenchia seus sonhos, mas sim Milo.
- Por favor, prometo não lhe encher mais... Só quero sentir o que sempre quis! – se aproximou – por favor! – abraçou Camus pela cintura o puxando na sua direção.
- Saga eu... – olhou para o chão.
- Um beijo... Um...
- Tudo bem... Mas não me peça mais! – encarou-o.
Saga sorriu, puxou mais o francês contra seu corpo, aproximou seus lábios tocando-os nos do francês, chupou seu lábio inferior depois fez o mesmo movimento com o superior, sua língua já tratava de abrir mais a boca do francês, agora havia iniciado um beijo quente e molhado. Suas mãos puxaram mais ainda o seu corpo fazendo-o gemer baixinho no beijo, isso o deixou excitado, então continuou a amassar o corpo do francês com as mãos enquanto seus lábios tratavam de cuidar da sua boca.
Milo estava entrando na casa de aquário com passos hesitantes, estava com medo da reação do francês, foi entrando cada vez mais na casa sentindo que tinha outro cosmo lá dentro, foi quando viu Saga e Camus se beijando, tratou de se esconder atrás de um dos pilares.
Saga finalmente soltou Camus vendo que a suas respirações estavam aceleradas. Olhou para o francês que abaixou a cabeça tocando em seus lábios com as pontas dos dedos, ergueu a sua cabeça delicadamente olhando em seus azuis.
- Eu te amo... – Saga diz.
- Não, não pode ser isso... Eu amo o Milo!
- Mas você poderia tentar...
- Não Saga, eu o amo demais para traí-lo e para lhe contar a verdade.
- Camus, como queria lhe ver sorrindo novamente – acariciou seu rosto com as costas das mãos.
Camus silenciou-se havia sentido a presença do escorpião na sua casa, tratou de agir então, de repente agarra Saga lhe dando um beijo arrasador fazendo o geminiano ficar totalmente sem reação, mas aos poucos foi pegando o ritmo do francês e acompanhou o beijo.
- "Então é isso? Camus seu maldito, enquanto eu pensava em você... você, você me traiu... eu nunca vou te perdoar, nunca!" – Milo se remoia de ódio, cansado de ficar só olhando sai de trás do pilar fazendo Camus e Saga interromperem o beijo.
- MILO? – Saga diz surpreso.
- Malditos! – Milo fechou seus punhos tentando segurar todo seu ódio e ciúme, foi andando lentamente até eles.
- Milo vá embora! – Camus pede, não tinha mais volta, só ele sabia a dor que estava sentindo e o motivo de tudo isso.
- Seu maldito, há quanto tempo me trai? – indagou furioso.
- Isso não lhe interessa!
- Não me interessa? NÃO ME INTERESSA! Camus seu filho da puta, eu sempre foi apaixonado por você, me dediquei de corpo e alma ao nosso amor... Ao meu amor... E você, e você me trai? O que você pensa que eu sou? – estava gritando.
- Isso não me interessa, agora vá embora da casa de aquário! – diz friamente.
Saga por sua vez ficou amuado num canto, não estava entendendo a reação de Camus, estava abobado com sua frieza, há minutos atrás o francês iria se declarar para Milo, mas de repente muda de idéia, o que será que havia ocorrido naquela cabeça maluca?
- Camus... Um dia... Você pagará... E eu estarei lá para ver! – virou de costas partindo com passos pesados e apressados mostrando todo seu nervosismo.
Camus abaixou a cabeça quando sentiu o cosmo de escorpião sair definitivamente da sua casa, olhou para Saga, este compreendeu e saiu deixando-o a sós consigo mesmo, não sabia o que estava acontecendo com aquário, mas viu que ele precisava ficar um pouco sozinho.
- Se precisar... – Saga diz enquanto saia da casa.
Camus nem esperou que o geminiano saísse, correu para o seu quarto jogando-se na sua cama de barriga para cima, fechou os olhos lembrando-se de uma cena que tivera com Milo no passado.
(flash back)
Sentados nas ruínas de uns dos templos antigo do santuário estavam Camus e Milo, ambos sentados no chão, estavam abraçados carinhosamente, às vezes trocavam uns beijos calorosos, mas nada mais que isso.
À tarde já caia trazendo aquele céu colorido, que desta vez em particular estava com uma cor estranha, estava mais para o roxo do que para qualquer outra cor, era muito belo de se ver, uma atmosfera perfeita para um casal apaixonado.
- Camus...
- Hum?
- Promete que vai ser assim para sempre? – Milo puxa seu rosto na sua direção fazendo seus olhos se encontrarem.
- É o que eu mais desejo! – sorriu.
- Quero que me prometa uma coisa...
- O que?
- Acima de tudo... tudo que possa acontecer, não importa o que cruze nossos caminhos... – tocou na sua face retirando alguns fios azulados do seu rosto – Não importa como... Prometa-me que sempre, sempre nos amaremos!
- Milo eu... – segurou na mão que tocava em seu rosto, levou-a até sua boca lhe dando um beijo – Eu... nem precisava prometer, mas já que quer assim...eu prometo!
Milo sorriu, levou sua outra mão até a face pálida do francês, aproximou-se mais dele fazendo seus lábios se tocarem, quando isso aconteceu ambos sorriram, mas logo caíram num beijo apaixonado.
(Fim do flash back)
- Eu te amo Milo, e acima de tudo... meu amor por você, como prometemos... Te amo tanto, mas tanto que prefiro morrer só a lhe ver sofrer... espero que você me odeie... assim será menos doloroso! – lágrimas começaram rolar pela sua face pálida.
Saga descia as escadarias para sua casa, infelizmente teria que passar por Milo, e sentia que seu cosmo estava no máximo, teria problemas se cruzasse com ele naquele momento. Mas para sua sorte, viu Shaka subindo as escadas, achou estranho, resolveu perguntar.
- O que faz aqui virgem?
- Sabia que isso ia acontecer! – disse – Eu sei mais ou menos o que aconteceu, mas não é tão grave assim para que o Camus tente afastar o Milo dele.
- Eu também não sei, mas algo me diz que algo mais aconteceu...
- Não sei, preciso falar com o Camus... isso que ele está fazendo é ridículo!
- Cuide da sua vida Shaka!
- Meus amigos, fazem parte da minha vida! – sem mais demora deixou Saga para trás subindo até a casa de aquário.
Saga observou o loiro subindo, soltou um longo suspiro e olhou para baixo vendo que ainda teria que passar sozinho por escorpião começou a descer com passos firmes e determinados, se Milo tentasse impedi-lo teria que partir para ignorância.
- O que aconteceu Milo? – Mu ficou nervoso.
- Nada, nada! – Milo entrou no seu quarto batendo a porta com tanta força que o ariano se encolheu.
- Sinto o cosmo de Saga... Camus... Saga... oh! Milo... eu sinto muito! – disse dando uma batida na porta.
- Vá para sua casa Mu! – gritou.
- Tudo bem, você precisa ficar sozinho... – Mu diz – Parece que Saga está descendo, vou descobrir o que aconteceu... – falou consigo mesmo.
Aioros e Aioria subiam as escadarias, cada um iria para sua respectiva casa, mas pararam ao sentir os cosmos alterados de Milo e Saga, viram que Camus estava no meio também.
- Pobre Camus... – diz Aioros.
- O que aconteceu afinal? – Aioria indaga.
- Eu não tenho certeza...
- Foi tão grave assim?
- Bom, para o Camus sim, mas não seria motivo para que eles se separassem...
- Motivo?
- Sim, motivo!
- Me conte o que aconteceu...
- Eu não sei direito, então não vou te falar nada!
- Vai fala!
- Ta bom, ta bom...
Saga passou pela casa de escorpião sentindo como o seu dono estava alterado, passou correndo por ali, não queria encontrá-lo naquele momento, mas para sua surpresa e infelicidade no final das escadarias de escorpião estava Mu, o ariano parecia estar irritado.
- O que você fez? – perguntou.
- Por que eu tenho que ter feito algo? – indagou cruzando os braços.
- Óbvio que está envolvido.
- Isso não quer dizer nada, agora vá cuidar da sua vida.
- Não se importa com seus amigos? O que aconteceu com o Camus?
- Já disse para cuidar da sua vida!
- Sabe que todos vão se voltar contra você.
- E desde quando eu preciso da opinião ou do apoio de vocês? – estava começando a perder a paciência.
- Traidor.
- É só isso? – indagou.
- Vai colher o que está plantando... vai para o inferno por isso!
Saga passou por Mu deixando falar sozinho, mas antes de sumir voltou-se para trás dizendo:
- Aqui já é o inferno! – continuou seu percurso deixando um ariano muito perplexo para trás.
- Camus?
- Vai embora Shaka! – Camus virou-se de barriga para baixo cobrindo seu rosto com um dos travesseiros.
- Camus... – o loiro sentou-se na beira da cama ficando ao lado de Camus – Me conte o que está acontecendo, por favor, não quero te ver assim.
- Nada pode mudar...
- Talvez eu possa ajudar...
- Não pode, ninguém pode e o pior é que não tem saída.
- Camus, tudo isso por que você foi violentado naquele inferno por Radamanthys? – indagou.
- Como soube?
- Ouvi algumas coisas... Mas o Milo compreenderá, por favor, vá se explicar com ele.
- Tem mais Shaka, tem uma coisa que ninguém sabe... Nem Saga sabe!
- Uma coisa? – ficou curioso.
- Existe algo... Eu vou embora do santuário!
Shaka colocou uma mão na sua cintura o puxando para o lado para ficar de barriga para cima, agora sim Shaka podia olhar para seus chorosos azuis.
- Não vai não, agora me conte Camus...
- Não... É melhor não saber também.
- O que aconteceu de tão ruim para estar lhe afetando até agora?
- Irá me afetar até minha morte...
Shaka suspirou, achou melhor não tentar mais, se Camus não queria falar, tudo bem. O loiro deitou-se ao seu lado puxando o seu corpo junto ao dele num abraço, ficaram assim até Camus adormecer lentamente em seus braços.
No dia seguinte, os ânimos estavam mais baixos do que nunca. Nas doze casas pelo menos, os cavaleiros de ouro haviam sentido a ira de Milo, haviam sentido o cosmo de Saga e Camus no meio também, já suspeitavam de algo, mas não tinham certeza.
Podiam estar irritados, mal humorados, doentes, mas tinham que ir até a arena de treinamentos cuidar dos novos guerreiros que estavam chegando do oriente.
Saga, Kanon e Aioros estavam conversando num canto, claro que o motivo não era outro a não ser o ocorrido da noite passada.
Num outro canto estavam Seiya e Aioros, o casal trocava vários flertes, mas não faziam nada muito ousado mesmo que Seiya tentasse, mas leão era muito reservado quando estava em público.
Em cantos diferentes estavam Máscara da Morte, Shura e Afrodite, eles não se falavam com ninguém, ninguém entendia isso.
Milo chega na arena chamando a atenção de todos, quando viu que os olhares estavam voltados para ele, tratou de ir para um canto falar com alguns cavaleiros de prata. Todos ficaram com um olho nele e outro no seu próprio treinamento. Minutos depois, Camus chega fazendo todos olharem para Milo e Camus indiscretamente, mas para a infelicidade de quem torcia para aquele casal, os dois nem se olharam.
- Shiiii! A coisa ta feia! – Seiya comenta com Aioria.
- Muito... O casal 20 está desmanchado!
- Casal 20? Não me faça rir... – começou a rir.
- O que foi?
- Acha que eles se gostam? Eles não tão nem aí para o outro, eles vivem dando para todo mundo... É fácil, fácil vê-los brigando...
- Acho que você está confundindo as coisas... Milo e Camus desde sempre estão juntos! Se amam, todos sabem disso... Nem da para disfarçar!
- Ah! Fala sério Aioria, se eles se gostassem mesmo não estariam separados no momento, tudo isso é uma brincadeira de criança!
- Seiya! Não diga bobagens... – ficou indignado – São meus amigos, todos nós somos pessoas diferentes, mas todas com o mesmo destino, não diga besteiras, não diga nada! – irritou-se.
- Vai falar assim mesmo comigo? – afastou-se.
- Eu...
- Idiota... Me esquece! – virou-se de costas partindo.
- Me... Me espera! – correu atrás dele.
- Seu irmão indo atrás daquela criança! – diz Kanon.
- Tsc, tsc, tsc! – Aioros faz um não com a cabeça – Aioria está cego, muito cego!
- E tem uma pessoa tão legal que gosta dele! – Saga entra na conversa.
- Tem? – os dois indagam surpresos.
- Ué... Não me digam que não sabem? – ficou indignado, era tão óbvio.
- Não! – dizem e uníssono.
- Nossa... É o Mu!
- Mesmo? – os dois perguntam surpresos.
- Mesmo... Ai meu Zeus... – diz olhando para o céu.
- Nossa... Seria tão legal se o meu irmão ficasse com ele!
- Verdade, assim o Mu colocaria juízo na sua cabeça! – Kanon se empolgou.
- É!
Camus foi até o salão do grande mestre, iria falar com Shion que havia voltado para este posto, pediria a ele permissão para que saísse do santuário.
- Mas por que isso Camus? – indagou – Vai deixar o santuário por causa do Milo? Soube da briga de vocês.
- Sim, senhor.
- Camus... Vamos esquecer que eu sou o mestre desse santuário, agora vamos lembrar que somos amigos... – Shion se levantou do seu trono indo até Camus que estava ajoelhado no grande tapete vermelho – Agora se levante.
Camus obedeceu, levantou-se ficando de frente para Shion que o olhou nos olhos tentando encontrar alguma reposta para tudo aquilo.
- Por que está fazendo tudo isso? E não minta para mim!
- Eu... Tudo bem... Vou lhe contar...
Uma semana havia se passado Shion permitiu a saída de Camus do santuário, depois que aquário quase ter chorado na sua frente achou melhor deixá-lo partir e depois do que havia ouvido dele, achou melhor deixá-lo partir realmente.
Os outros cavaleiros estavam abalados com a saída de Camus, este havia ido embora num dia qualquer, sem despedidas, sem nada, havia sumido da vida de todos os seus companheiros sem nenhuma explicação. Milo por sua vez estava arrasado, não falava com ninguém, não via ninguém, não se relacionava com ninguém, o único que ele trocava algumas palavras era Mu que vinha sempre lhe visitar.
- Precisa comer! – Mu entra no quarto de Milo com uma bandeja.
- Não quero! – disse virando de barriga para baixo na cama.
- Milo, por favor! – colocou a bandeja em cima da cômoda e foi até a cama – Senta-se na cama.
- Não quero, não me enche!
- Pára de agir como uma criança, agora se sente.
- Eu quero... Morrer! – diz frustrado.
- Você não perdeu tudo!
- Perdi o Camus... Aquele desgraçado... Penso nele a cada instante! – disse irritado.
- Mas e seus amigos, isso me magoa sabia, saber que não sou nada e...
- Me desculpe... – Milo virou-se de barriga para cima olhando para aqueles olhos magoados, acabou por se sentar na cama fazendo seu short, única peça de roupa, subir um pouco quase mostrando a bochecha da sua bunda.
- Toma! – Áries foi até a cômoda pegando a bandeja a colocando no colo de Milo.
- Me acompanhe, não gosto de comer sozinho...
Mu ficou sentado na beira da cama conversando com escorpião, tudo que falavam caia em um único assunto "Camus", o ariano estava ficando irritado com esse assunto, mas tinha que entender e sabia muito bem que Milo só se abria com ele.
Aioria estava louco, não falava com Seiya há uma semana. Agora mesmo estava procurando-o pelo santuário, rastreando seu cosmo.
- Seiya! – o chamou quando o avistou parado num canto qualquer do santuário.
Pégaso estava encostado numa grande rocha exposta àquele sol infernal, viu que estava com suas roupas de sempre, parecia estar bem cansado deveria estar treinando com Marin. Aioria foi até ele, que estava com os olhos fechados, mas os abriu ao sentir a aproximação do leonino.
- O que quer?
- Precisamos conversar.
- Não precisamos não.
- Isso é ridículo, não vamos brigar por isso.
- Se acha ridículo vá embora.
- Pare de agir assim, parece que não se importa!
- Eu não me importo.
- Não adianta mentir.
- Aioria... Eu me cansei de você, chega... Acabou! – disse se desencostando da rocha.
- Co... Como assim? – ficou nervoso.
- Nosso tempo acabou, acho melhor você ir para outra também!
- Ir para outra? Acha que eu estou brincando com você? Meus sentimentos são sinceros... E como assim ir para "outra também"? Não me diga que você está com outro!
- Não, mas eu já tenho alguém em mente, então vai para outra que eu vou para essa!
Aioria arregalou os olhos em surpresa, fez um não com a cabeça mostrando sua indignação. O leonino não era desse tipo de ficar com qualquer um, raramente ficava com alguém, tinha que gostar muito dela para que isso acontecesse. Aproximou-se de Seiya agarrando o seu braço com firmeza.
- Não está falando sério, está?
- Estou, agora me solte Aioria... Esqueça, ta bom? – disse tentando se soltar.
- Não... Não quero que vá!
Seiya soltou um longo suspiro, olhou impaciente para Aioria, tentou se soltar mais uma vez, mas não conseguiu, então viu que teria que conversar.
- Vamos conversar.
- Já era hora! – Aioria diz.
- Vamos para um lugar refrescante, não agüento mais esse sol! – diz.
- Tudo bem...
Aioria olhou para os lados procurando algum lugar, viu que tinha grandes rochas num ponto, sabia que ali tinha um pequeno riacho, puxou Seiya pelo braço. Os dois pararam na frente de grandes rochas, ali era um solo mais úmido e com algumas plantas, Aioria fez Seiya se sentar numa das rochas e ficou em pé de frente para ele esperando que ele falasse alguma coisa.
- Me diga o que está acontecendo!
- Aioria, simplesmente terminamos, é isso.
- Quem disse que terminamos?
- Eu disse.
- Seiya... Por que?
- Eu não quero mais, estou afim de outra coisa agora.
- O que? Quem é? – sue cosmo estava ficando agressivo e violento.
- Aioria, por favor, me solta, vamos parar com essa infantilidade! – Seiya estava começando a se irritar.
- Não vou te soltar.
- Então o que vai fazer?
- Isso! – Aioria o puxou na sua direção segurando-o com força e lhe dando um beijo forçado.
Seiya tentou se afastar, mas Aioria era inegavelmente mais forte que ele, as mãos do leonino deslizavam pela coxa de pégaso as apertando com força.
- Não sente nada? – Aioria pergunta.
- Me solta Aioria!
- Não me diga que a pessoa que você gosta lhe proporciona mais prazer que eu!
- Proporciona sim, muito mais! – diz.
Aioria o joga no chão com violência fazendo Seiya gemer de susto e de dor, pégaso olhou para cima vendo aquele leão furioso, sentiu um frio na barriga, sabia que não devia terminar com Aioria num lugar isolado. Seiya fica de joelhos ia se levantar e sair correndo quanto Aioria o segura por seus cabelos.
- Quer que eu mostre como sou melhor?
- Não Aioria, eu já sei do que você é capaz... Olha! Pára com isso, vai querer me violentar? – indagou.
Aioria voltou a si, olhou para Seiya viu que ele tremia levemente temendo que ele fizesse alguma coisa contra ele. Leão se afasta dele sussurrando algo que inaudível, que aos poucos Seiya pode entender suas palavras, quer eram: Adeus Seiya.
Aioros caminhava pelo santuário, aproveitava o dia tranqüilamente, quando desviou seu rumo indo atrás de um cosmo familiar. Sagitário correu até seu irmão, sentia uma magoa profunda no seu cosmo, queria saber o que aconteceu.
- Aioria! – gritou.
- Aioros... – Aioria pára quando vê seu irmão.
- O que aconteceu?
- Nada.
- Nada?
Aproximou-se mais ainda dele tocando no seu rosto vendo como seus verdes estavam tristes e apagados.
- Nada!
- Não minta para mim! Foi o Seiya não foi?
- Como sabe?
- Senti o cosmo dele por perto!
- Ah! Aoiros... Eu queria tanto ficar com ele, ele era tão especial... E eu...
Aioros passou um passo pelos ombros do seu irmão e começou a caminhar juntos em direção as doze casas. Foram andando, enquanto Aioria falava o que sentia e o que queria e Aioros apenas ouvia e lhe aconselhava e é claro, falava um pouco mal de Seiya, pois o detestava também.
Eles estavam subindo as doze casas quando encontram Mu parado no primeiro degrau. Ele parecia estar um pouco abatido.
- O que houve? – Aoiros indaga.
- O Milo está tão triste, não debilitado! É horrível, queria que o Camus voltasse e colocasse um fim nisso.
- Para onde ele foi?
- Não sabemos. Apenas Shion sabe, mas ele disse que não dirá nada.
Os três ficaram se olhando, pensando no que estava acontecendo. Era tudo muito confuso e todos poderiam ter uma idéia do que aconteceu.
- Vamos pensar um pouco. – diz Aioria, que já estava melhor – Shura e Afrodite estavam juntos! Foram para o inferno fingir serem servos de Hades como os outros, então... O Shura chama ele de traidor e o Afrodite o xinga de qualquer coisa, como se não pudesse se defender.
- Se ele não pode se defender significa que ele é mesmo um traidor – diz Mu acompanhando o raciocínio.
- Então o Afrodite traiu o Shura! – Aioros diz – Mas e quanto ao Máscara da Morte e o Saga?
Os três pensaram mais um pouco e cada um disse a sua idéia.
- Primeiro o Saga que é mais fácil! – diz Mu – Ele gosta do Camus...
- Gosta? – os dois interromperam.
- Sim, gosta! – disse – Então o Camus deu um fora nele e ele ficou assim, mas ta isso ainda não é motivo. Acho que algo aconteceu com o Camus, então o Saga se envolveu.
- Sim, o Saga está relacionado com o Camus. E o Máscara?
- O Máscara da Morte... Isso é um enigma! Ele pode ter se envolvido com o Saga e o Camus ou com o Shura e o Afrodite.
- Entendo! – diz Aioria, como se uma luz viesse a sua cabeça – Máscara da Morte e Shura!
- Isso! – diz Aioros – Vocês não são desse tempo, mas eu lembro que o Máscara da Morte conversava e ficava muito com o Shura.
- Então acho que ele está envolvido com o Afrodite. Então vamos ver... Nossa, o que deve ter acontecido? O Máscara da Morte tentou se declarar para o Shura, mas o Afrodite estava lá então os três brigaram?
- Não tem lógica Mu! – diz Aioros.
- Eu sei, mas... Mas... Só pode ser isso!
- Como eu queria ter uma bola de cristal! – diz Aioria.
Os três respiraram fundo pensando no que havia acontecido com aqueles malucos, então resolvem deixar tudo quieto. Os irmãos continuaram a subir, parando na casa de leão para que pudessem conversar com calma.
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"O amor é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma".
(Marlon Moraes)
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Continua...
Hello!
O que acharam? Está fanfiction está há um bom tempo nas minhas coisas, então achei melhor publicá-la, para quem sabe eu não me anime mais e continue ela! Espero receber comentários!
O que será que o Camus esconde? O que realmente aconteceu naquele inferno? Rs...
Podem postar eu e-mail aqui no mesmo, ou me mandem um e-mail, ok? Eu não mordo não... Sou boazinha!
Erros de português? Eu digo que não beto minhas fics, pois sou uma relaxada. E tudo que eu faço eu não leio, sei lá, é coisa minha. Sempre que eu leio eu desisto de escrever ou deleto. Portanto, espero receber comentário para saber como está sendo, ok? relaxada -"""""""""
Bom, é isso.
Ah! E obrigada por lerem.
Por Leona-EBM
e-mail: gotasdegelo (arroba)