Disclaimer – O anime "Inuyasha" não me pertence. Takahashi Rumiko teve a idéia antes... Infelizmente T-T.


Revisão – Ah! Não posso deixar de agradecer a Shampoo-chan, minha amiguinha, que revisou a fic para mim e me ajudou com o título e com o nome do capítulo. Beijos para você, menina!


Notas da autora – Minna-san... Aqui está mais uma fic minha de Rin e Sesshy! Essa é a minha segunda fic com esse lindo casal. Espero que gostem e comentem, pois ficarei imensamente feliz em saber o que acham da fic.

Bem, eu estava lendo um romance muito interessante chamado "Louca por você!", de Maddie James. Como achei tudo a ver com Rin e Sesshy, então resolvi aproveitar o tema e escrever uma fic. Nhan... A história não será exatamente igual ao livro, ainda mais que eu não gostei do final ¬¬.

Até o próximo capítulo :-D

Kisus no Lis-sama
Ja mata ne


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Dake wo aishite

Apenas te amando

By Palas Lis

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Dai 1kaiHenshinteki na deai

Capítulo 1 – Um encontro excêntrico

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Era uma agradável tarde de verão na capital do Japão. Apesar de ser a estação mais quente do ano, naquele dia em Tóquio o tempo não estava tão abafado, como os demais, devido aos ventos fortes que refrescavam os raios escaldantes do sol. E Sesshoumaru agradecia mentalmente por isso. Afinal, estar naquela sala de reuniões a tarde toda com o dia extremamente quente seria quase um martírio.

Desviou ele os olhos dourados da janela para olhar para a pessoa que presidia a conferência. Olhar Naraku falando sem parar era entediante (para não dizer infernal). Não tinha nada melhor para Inokuma Sesshoumaru do que seu trabalho na empresa, mas as reuniões eram detestáveis, ainda mais porque todas eram guiadas por Renzo Naraku, seu maior rival na área de vendas.

Sentado a algumas cadeiras de distância de Sesshoumaru, estava o amigo e comparsa de Naraku, Manzo Suikotsu. Ambos sempre estavam tentando ser melhores que Sesshoumaru, sem sucesso, obviamente. O homem de olhos dourado moveu os lábios num sorriso imperceptível. Nunca aqueles dois imbecis poderiam fazer algo melhor que ele, nem que tentassem o resto da miserável existência deles.

Ele voltou os olhos para os dedos que tamborilavam displicentemente na mesa ampla e retangular na sala que estava. Não via a hora de poder ir para a sala dele e retornar ao trabalho. O tempo seria muito melhor aproveitado se estivesse vendendo os produtos que a empresa fabricava. Aquela reunião era um deboche a sua intelectualidade, já que não estavam abordando nenhum tema útil.

Sesshoumaru fez menção de olhar as horas no relógio em seu pulso pelo que devia ser a milésima, mas olhou rápido para o presidente da empresa quando ele interrompeu Naraku para dizer algo que lhe chamou a atenção. Era a primeira vez naquela tarde que verdadeiramente prestava atenção ao que diziam.

– ... Acho que isso seria muito bom para você, Sesshoumaru – Hakudoushi falou, levantando-se da extremidade da mesa que estava sentado e dando um passo na direção do rapaz de cabelos prateados, sorrindo amigavelmente para ele.

– O que exatamente seria bom para mim? – ele perguntou, endireitando-se na cadeira, mexendo-se desconfortavelmente no assento, parando de bater os dedos na mesa e tentando não parecer desatento. Ele olhou para o presidente da empresa e o viu sorrir.

– Você poderia ao menos fingir que prestou atenção à reunião – Hakudoushi disse divertido após soltar uma risada, divertindo-se com a maneira de Sesshoumaru. Era tão raro vê-lo distraído que chegava a ser uma cena cômica. – Naraku estava dizendo que temos um programa de incentivo para nossa empresa.

– Hai – Naraku falou, sentando-se em seu lugar ao lado de Sesshoumaru e cruzando a perna esquerda sobre a direita, apoiando as mãos com os dedos entrelaçados sobre a mesa.

Sesshoumaru olhou de soslaio para o homem de cabelos negros, irritado com o sorriso cínico que o moreno tinha nos lábios. Naraku, mais do que ninguém, o irritava. Ele chegava a ser mais chato do que seu primo Hakudoushi ou o irmão Inuyasha. Se esse programa de incentivo tinha alguma ligação a Naraku, certamente que coisa boa não seria. Nada muito confiável saía da mente insana dele.

– Programa de incentivo? – Sesshoumaru perguntou, franzindo a testa, vendo o primo aproximar-se mais alguns passos dele. – Que tipo de programa?

– Férias – Hakudoushi respondeu, simplesmente.

– Férias? – Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha. Seu primo só poderia estar brincando ou então ter ficado louco. Que tipo de programa era esse? Que incentivo férias poderiam trazer? Esse programa absurdo só poderia ser idéia de Naraku mesmo.

– Hai – ele falou, colocando a mão no ombro do primo, percebendo que ele estava tenso de tanto que trabalhava. – Acho que você nem sabe o que é isso, não é mesmo?

– Não seja idiota, Hakudoushi – Sesshoumaru falou ao entender o que aquilo tinha a ver com ele, levemente alterado com a oferta desagradável do primo, tirando a mão dele de seu ombro. – Não posso me ausentar da empresa.

– Suikotsu e Naraku estão trabalhando nesse projeto já há algum tempo e têm dado ótimos resultados.

– Certamente que sim – Sesshoumaru falou, sem escondendo o tom de ironia na voz geralmente calma e fria. – Presenteie-os com essas férias então.

– Não seja tolo, Sesshoumaru – Hakudoushi falou, passando a mão pelo cabelo, tentando manter-se calmo. Sabia que o primo recusaria e tentar colocar alguma coisa na cabeça dele quando este não queria aceitar era uma missão quase impossível. – Você trabalha aqui há quatro anos e nunca pegou uma única de suas férias. Você merece esse descanso.

– Sinto muito, mas não vou aceitar.

– Por que não?

– Tenho que trabalhar – foi à resposta dele, em tom de fim de conversa.

– Ora, Sesshoumaru, sua cota de vendas é sempre superior a de todos os outros empregados – um rapaz que estava sentado ao lado dele falou, levando a mão ao nó da gravada e afrouxando-a um pouco, incomodado com o calor. – Mesmo que você fique um mês todo fora, ainda ia ser bem maior do que a dos outros.

– Eu sei disse, Inuyasha – Sesshoumaru falou, sem tirar os olhos de Hakudoushi. – Mas esse mês minha cota foi abaixo do meu esperado.

– Mesmo assim foram acima da cota dos outros – Hakudoushi tentou de novo, dando uma risada ao completar: – Bem acima.

– Por isso mesmo – Suikotsu falou com o mesmo tom cínico de Naraku, olhando para Sesshoumaru, provocativo. – Quem sabe um tempo longe da empresa o faça voltar mais empenhado para alcançar sua cota de vendas.

– E quem disse que eu não alcancei minha cota? Diferente de certas pessoas que nunca conseguem sequer vender sua própria cota... – Sesshoumaru falou friamente, conseguindo fazer Suikotsu desfazer o sorriso cínico com sua indireta. – Eu apenas não consegui dobrar a minha venda como sempre faço.

– Realmente, Sesshoumaru – Hakudoushi falou, dando um passo para o lado e colocando-se entre Suikotsu e Sesshoumaru, percebendo os olhares de disputa entre eles e prevendo um possível briga. – Você está trabalhando muito e seu humor está piorando a cada dia.

– Eu não vou – Sesshoumaru teimou.

– Vai sim. Você vai pegar esses dias de folga do programa de incentivo e suas férias acumuladas – Hakudoushi falou em tom autoritário, sorrindo. – Vai se divertir e pegar um pouco de sol. Você já viu como você está pálido de estar somente nesse escritório?

– Não – Sesshoumaru falou, irredutível, cruzando os braços frente ao peito. – Não vou e não há ninguém que me faça mudar de idéia.

Naraku descruzou as pernas e deu um sorriso cínico como sempre costumava dar para Suikotsu, que lhe devolveu outro. Sesshoumaru – muito observador – percebeu e estreitou os olhos. Para eles estarem com aquele sorriso só poderiam estar aprontando alguma e Sesshoumaru ia descobrir o porquê de estarem tão felizes por ele pegar aquelas férias.

– Não seja teimoso, Sesshoumaru – Hakudoushi falou, voltando para seu lugar e sentando-se, calmamente.

– Hakudoushi... – Sesshoumaru estreitou os olhos para ele, desencostando da cadeira e inclinando o corpo para a direção do primo. – É impressão minha ou você parece estar querendo demais se livrar de mim?

– É impressão sua... – ele falou com um sorriso sarcástico disfarçado. – Acha mesmo que eu ia querer me livrar de uma pessoa tão agradável como você?

Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha com a resposta e levantou do lugar, decidido a voltar à sala dele naquele momento. Já tinha ouvindo idiotices suficientes para um único dia. Além de Naraku e Suikotsu estarem aprontando alguma, Hakudoushi e, provavelmente Inuyasha também, estavam querendo ficar longe dele. Ele fez uma careta. Será que seu humor estava tão insuportável assim para que todos evitassem tão veementemente sua presença?

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– Que dia quente... – uma linda jovem de longos cabelos negros lisos, presos em um coque frouxo, se abanava com a mão, tentando afastar o calor que sentia, falando com voz desanimada. Ela passou a mão na testa, tirando a franja e secando o suor que se formava ali. – Ai, ai...

Olhava ela para fora da loja que trabalhava e suspirou cansada, vendo muitas pessoas atravessando, apressadas, a calçada. A jovem fez uma careta, pensando como alguém conseguia andar com aquele sol forte vestindo trajes sociais e ternos. Como ela queria estar em outro lugar naquele momento. Preferia até estar na faculdade a estar na loja que trabalhava no período da tarde. Suspirou de novo. Tudo que queria no momento era estar em outro lugar...

– Tédio – ela murmurou e debruçou sobre a mesa, sem tirar os olhos da rua, assoprando para cima para tirar a franja que caiu nos olhos. – Se alguém ainda não morreu de tédio, certamente eu serei a primeira pessoa.

– O que foi, Rin-chan?

Ao reconhecer a voz feminina, Rin olhou para seu lado e viu uma moça se aproximar dela com um sorriso. Somente sua amiga mesmo para sorrir enquanto ela se lamentava por estar entediada. Respirando fundo, a morena de olhos castanhos voltou a observar o lado de fora da loja.

– Nada, Kagome-chan... – Rin respondeu num fio de voz.

– Então por que está desanimada? – ela falou, parando ao lado dela.

– Por isso mesmo... Não acontece nada! – Rin falou, brava, desviando os olhos da rua e fitando a amiga de olhos azuis que trabalhava com ela na loja do seu irmão mais velho. – Não acontece absolutamente, irritantemente e tediosamente nada na minha vida!

– Oh! Entendi, Rin-chan – Kagome riu com o exagero da garota, sentando-se ao lado dela, sem tirar o sorriso alegre dos lábios. – Está somente a dois dias de férias na faculdade e já está entediada?

– Hai. Não agüento mais ficar nessa loja – ela falou, olhando para a amiga, zangada. – O dia está muito quente e eu tenho que ficar dentro desse cubículo.

– Bom saber disso, maninha.

Rin virou-se rápido ao ver o irmão mais velho entrar pela porta que levava a parte de trás, para a casa que ficava no andar de cima da loja de medicamentos alternativos que pertencia à família há anos. Ele estava com um sorriso nos lábios e deu um passo na direção dela, esfregando a cabeça dela num cascudo, como se fosse um castigo por ela estar reclamando do trabalho na loja.

– Bankotsu! – ela falou, irritada, levando a mão na cabeça e esfregando o lugar que ele atingiu. Brava, ela soltou os cabelos do coque, passando os dedos nos longos fios para ajeitá-los. – Isso dói, sabia?

– Pare de reclamar e trabalhe, Rin – ele falou, rindo, vendo a irmã fechar a cara e arrumar o cabelo que ele desarrumou, fazendo novamente um coque. – Se você trabalhasse como reclama, estaríamos ricos.

– Demo, Bankotsu... – Rin retrucou.

– O que foi, Rin? – ele falou, andando até o balcão e pegando algumas ervas para entregar a um cliente que as tinha encomendado no dia anterior e já devia chegar logo para pegá-las. – Está reclamando do quê agora, menina?

– Estou entediada, Bankotsu – ela falou, calçando sua alpercata para depois se levantar e caminhar até um cliente que acabara de entrar na loja e esperava para ser atendido. Ela parou frente a ele e sorriu cordialmente. – O que deseja, senhor?

Após atender o senhor, Rin virou-se para Bankotsu que já havia acabado de arrumar a entrega e agora estava sentado conversando com Kagome. A menina ficou parada ao lado dele, cruzando os braços e esperando o irmão conversar com a amiga para poder falar. Rin nem sabia qual dos dois falava mais, se era Kagome, se era Bankotsu, ou se seria um empate técnico.

– Sente-se um pouco aqui, Rin-chan – Kagome falou, puxando uma das cadeiras para ela, sorrindo. – Vamos conversar.

– Eu não quero conversar – ela falou, ficando parada no mesmo lugar. – Quero sair um pouco daqui!

– E para onde quer ir? – Kagome perguntou.

– Qualquer lugar! – ela falou, gesticulando exageradamente. – Vocês sabem que não gosto de ficar em lugares parados!

– Claro que sabemos – Bankotsu falou com um sorriso de deboche. – Você é muito inquieta. Tome um chá que melhora.

– Eu não estou brincando, Bankotsu! – ela falou, enfezada, percebendo nos olhos azuis escuros do irmão um brilho divertido.

– Nem eu – ele falou, percebendo uma veia levantar na testa na irmã e ela bufar de raiva. – Você realmente precisa de um chá para ficar calma.

Rin fechou o semblante e sentou-se na cadeira que Kagome havia puxado para ela. Nem sabia por que ainda tentava conversar com o irmão. Ele gostava tanto daquela loja e queria que ela também gostasse. Até que Rin gostava de trabalhar lá e conhecia todos os medicamentos que vendiam na loja, mas o que não a agradava era o fato de ter que ficar o dia todo naquela monotonia. Gostava de agitação, coisa que aquela pequena loja nunca teria.

– Bankotsu, eu preciso fazer alguma coisa...

– Então trabalhe!

– ... Alguma coisa divertida – ela continuou sua frase ignorando o comentário do irmão e pediu em tom suplicante, ajudando as mãos e lançando o olhar mais pidão que possuía: – Quero passear... Onegai!

– Rin, se você não fosse tão chata, eu ia entregar um presente que a tia Kaede mandou para você.

– Presente? Pra mim? – Rin segurou o moreno pelos ombros e praticamente o chacoalhou, muito curiosa. – O que é? – ele balançou mais o irmão, esperando por uma resposta. – Diga, Bankotsu!

– Ei! – ele protestou, tirando a mãos dela de si. – Pare com isso!

– Oh... Gomen ne – ela pediu, sem graça, tirando as mãos dele e Bankotsu arrumou a camisa branca que vestia. – Então fale, onegai!

Bankotsu parou de arrumar a roupa e olhou para a irmã. Como alguém conseguia ser tão curiosa quanto ela? Era impossível tentar guardar segredo de Rin, a pessoa mais curiosa que ele conhecia. Quando queria descobrir algo, era tão teimosa e insistente que acabara sempre conseguindo o que queria.

O irmão mais velho pegou do bolso da calça jeans que vestia um envelope pardo que estava dobrado ao meio e levemente amassado. Antes que ele estendesse o papel, ela tomou o envelope da mão dele com uma destreza tão grande que Bankotsu não conseguiu impedir ou perceber. Só viu quando ela começou a rasgar o papel pardo.

– Educada – ele reclamou e Rin nem percebeu, estava mais curiosa para ler o que a irmã de sua mãe estava querendo dar a ela.

– Eu não acredito... – Rin deixou o queixo cair ao rasgar agilmente o papel na ânsia de ver o conteúdo. Ela tirou um bilhete de viagem para fora e um pequeno bilhete. – Kaede-ba-chan está me dando uma passagem para o Cabo Inubo para passar as férias!

– Sério? – Kagome levantou-se e pegou das mãos o bilhete de uma saltitante Rin para poder ver e confirmar o que Rin tinha dito. – Nossa! É verdade.

– Hai, hai! – Rin pulou para abraçar o irmão e o derrubou da cadeira, caindo em cima dele. – Nem acredito que vou passar as férias todas longe de você, Bankotsu!

– Não pensei que ficaria tão triste com isso, Rin – ele falou, tirando a irmã de cima de si e sentando no chão, esfregando a cabeça.

– Ora, e quem disse que estou triste com isso?

Bankotsu parou de esfregar a cabeça e arqueou uma sobrancelha, fazendo a menina sorrir sem graça ao perceber o que falou. Ele balançou a cabeça para os lados, ignorando o que a irmã disse. Já estava acostumado com a maneira 'carinhosa' que ela demonstrava o quando 'gostava' dele.

– Brincadeirinha... – ela falou, balançando a mão, com um sorriso amarelo. – Você sabe que eu gosto muito de você...

– Sei – Bankotsu falou, levantando do chão. – Vou fingir que acredito.

– Ah, Bankotsu – ela falou, depois de ficar em pé e encarar o irmão. – Fiquei feliz que finalmente vou poder me divertir um pouco.

– E quem disse que eu vou deixar você ir?

– Nani? – Rin piscou duas vezes, tentando compreender as palavras dele. – Você não...?

– Hai – ele a cortou, colocando a cadeira no lugar e sentando-se. – Estou dizendo que você não vai.

– Por que não? – Rin quase gritou, levando a mão à cintura. – Posso saber?

– Porque eu não deixei – ele disse, simplesmente.

– Você não manda em mim!

– Eu sou seu irmão mais velho.

– E daí?

– E daí que eu disse que você não vai e pronto.

– Eu vou sim!

– E quem vai ficar trabalhando em seu lugar, hein?

– Bem... – Rin sorriu, colocando o dedo no queixo e olhando para cima, pensando em uma resposta para dar ao irmão.

Kagome mordeu o canto do lábio inferior, dando um passo para trás e tentou se afastar discretamente. Conhecendo a amiga da maneira que conhecia, sabia que ia sobrar para ela, com certeza. A garota de olhos azuis virou-se lentamente para sair da loja antes que Rin sua presença e...

– Kagome! – Rin gritou alegremente, puxando a amiga e a colocando na frente de Bankotsu, a segurando pelos braços e a balançando.

– Hum... – Kagome gemeu baixinho, xingando mentalmente por não ter sido rápida o suficiente para escapar de Rin.

– Você ficaria, Kagome? – Bankotsu perguntou, franzindo a testa e olhando para ela.

– Eu... – ela olhou para Bankotsu que esperava uma resposta negativa e olhou para Rin, que esperava uma resposta afirmativa. Se dissesse que 'sim' teria que agüentar Bankotsu durante todas suas férias, mas se dissesse que 'não' teria que aturar Rin invocada por não poder ir viajar – Claro que eu fico, Bankotsu.

Rin levantou os braços e deu alguns pulinhos no lugar que estava. Bankotsu fechou o rosto, cruzando os braços frente ao peito, bravo pela resposta de sua funcionária. Kagome sorriu sem graça para ele, sendo abraçada pela amiga que estava felicíssima. Bom, ainda que o rapaz fosse terrivelmente irritante quando queria, era mais fácil conviver com ele do que com Rin se ela estivesse invocada.

-o-o-o-

No superlotado aeroporto de Tóquio, Rin olhou no relógio no pulso e entrou correndo para não perder o vôo que devia sair a qualquer momento. Segurando uma mochila colorida em uma mão e uma bolsa menor na outro, ela aproximou-se da entrada de seu vôo, eufórica com a viagem e tropeçando algumas vezes por causa do peso de suas coisas.

– Pois não, senhorita? – uma atendente perguntou com um sorriso forçado. – Esse é seu vôo?

– Hai – Rin sorriu, tentando colocar a mão no bolso para tirar a passagem e poder mostrá-la a moça. Depois de muita dificuldade, a morena conseguiu encontrá-la e a estendeu a atendente.

– O avião já está para sair, senhorita – ela falou, depois de verificar a passagem e confirmar que estava tudo correto. – É melhor se apressar.

Após acenar com a cabeça, Rin correu para chegar até a entrada do avião, desajeitada. Droga! Sua mala estava muito pesada e não conseguia correr direito. Por que não ouviu Kagome e colocou menos coisas para a viagem? Somente agora ela se arrependera de colocar dúzias de roupas na mochila. Rin parou frente à porta do avião e viu a comissária de bordo fechando a porta.

– Matte yo! – ela pediu com a respiração ofegante, agitando a bolsa para chamar a atenção da comissária.

– Vamos – ela falou ao ver Rin, acenando com a mão para que ela entrasse logo no avião. – Estamos para decolar.

– Domo arigatou – Rin falou, cruzando a porta com um sorriso. – Nem acredito que estou no avião.

– Vou levá-la até seu lugar – a mulher falou, começando a andar pelo corredor. Rin a seguiu, quase caindo ao tentar se equilibrar com a mochila e a bolsa, resmungando pelo peso de suas coisas. – Guarde suas coisas e sente-se. Estamos atrasados.

Ao virar-se para seu assento, arqueou uma sobrancelha ao ver um homem sentado no lugar do corredor com um laptop aberto em seu colo e os dedos deslizando ágeis sobre o teclado. Rin observou-o por alguns segundos. Ele devia ser pouco mais velho que ela, apesar de estar vestido como um senhor – com terno e uma camisa de colarinho engomada branca.

A morena fez uma careta, deixando a mochila no chão para abrir o compartimento sobre a cabeça do rapaz, onde guardaria suas coisas. Será que ele não poderia deixar de trabalhar nem durante o vôo? Devia ser um daqueles executivos que só pensam em serviço e que provavelmente desceria no aeroporto de Narita para uma reunião.

A comissária pegou o microfone e anunciou a decolagem, pedindo a todos que colocassem os cintos. Rin resmungou ao ouvir a mulher e apressou-se em guardar suas coisas para sentar-se e aproveitar a viagem, quem sabe até dormir um pouco para chegar bem disposta ao hotel e aproveitar ao máximo suas férias na praia.

O rapaz sentado ao lado do lugar de Rin, alheio a tudo e a todos, totalmente absorto em digitar algumas informações do laptop, piscou duas vezes ao sentir um travesseiro e uma manta cair em sua cabeça quando a garota em pé ao lado abriu o compartimento sobre sua cabeça com pressa.

Rin gemeu baixinho, dando um sorriso sem graça, ficando muito corada quando a comissária parou de falar para observá-la. Ela olhou as coisas jogadas sobre o rapaz, que ficou imóvel, os dedos parados sobre o teclado. Distraída com a manta sobre a cabeça ele, Rin não percebeu sua mochila colorida escorregar lentamente de suas mãos e...

Ele piscou mais duas vezes ao sentir a mochila cair pesadamente em sua cabeça e rangeu dos dentes de raiva quando ela abriu e alguns pertences caíram em seu colo. Uma bolsa com maquiagem, meias, roupas, biquínis... Caiu tudo sobre ele! Ele sentiu o lugar atingido pela mochila doer, mas estava com tanta raiva que apenas se concentrou em excomungar mentalmente quem derrubou aquilo nele.

– Oh... Gomen ne – Rin pediu, pegando o travesseiro e a manta para colocá-las no compartimento, amaldiçoando-se por ser muito desastrada. – Vou guardar tudinho.

Ele pegou o par de meias que havia caído da bolsa e entregou a Rin, tirando também um biquíni que estava em sua cabeça. A moça, ainda olhando o rosto dele, pegou sua mochila e uma pequena bolsa com maquiagens que estava sobre o teclado do laptop, mas para sua infelicidade o fecho se abriu e sua maquiagem espalhou-se pelo colo do rapaz.

Rin praguejou mentalmente, mordendo o lábio inferior quando ele levantou os olhos na direção dela. Nossa! Que olhos lindos ele tinha! Duas esferas douradas, cintilantes, brilhantes e... Foi então que percebeu o estranho brilho deles, estavam ameaçadoramente estreitos e ela sentiu um calafrio percorrer a espinha. Ele parecia estar muito, muito, muito zangado...

– Você já terminou aí em cima? – ele perguntou friamente e Rin teve que se esforçar ao máximo para não suspirar ao ouvir a bonita voz dele.

– Acho que sim... – ela falou sem graça, balançando a cabeça para os lados. Não era hora de ficar apreciando a voz dele. Ela abaixou-se para pegar as maquiagens e as colocando dentro da bolsinha novamente. Rin congelou ao ver que sua sombra líquida com a queda quebrou e conteúdo brilhante escoria pelo teclado. – Kami!

Mais que depressa, Rin pegou a sombra e a fechou, tirando o resto de suas coisas de cima do homem, que estava muito bravo pelo ocorrido – e ela sabia disso por ouvi-lo bufar de raiva. Jogou as coisas dentro da mochila e as guardou no compartimento o mais rápido que pôde, querendo esconder a cabeça em um buraco – tamanha vergonha que sentia.

– A senhorita precisa sentar – a comissária avisou pelo microfone, deixando a jovem corada.

– Hai... – Rin respondeu sem tirar os olhos do rapaz. – Já vou...

Passando por ele, Rin sentou-se e fechou os olhos, sentindo-se cansada demais pelas confusões que arrumava. Bankotsu havia tentando impedi-la de todas as formas de ir para o Cabo Inubo. A morena fez uma careta ao lembrar do irmão tentando atrasá-la para fazê-la perder o vôo. Ele chegou até desligar o despertador dela e por isso dormiu demais, acordando atrasada.

– Baka! – ela pensou alto, contraindo mais o rosto, irritada com o irmão.

– O quê? – o rapaz sentado ao lado dela falou, virando-se um pouco para ela ao ouvi-la xingar. – O que você disse, garota?

– Não era com você, não – ela sorriu, abrindo os olhos, encarando seu companheiro de viagem. – Estava falando do... – parou de falar e percebeu que esqueceu completamente da maquiagem que quebrou sobre o laptop e procurou nos bolsos do short que vestia um lenço. – Eu tenho um lenço em algum lugar aqui. Vou limpar agora mesmo e... – ela estendeu o pano que achou no bolso para limpar o computador, mas ficou surpresa quando ele recusou. – Não quer que eu limpe?

– Não – ele foi direto, apressando-se em fechar o computador antes que ela tocasse nele e piorasse o estrago. – Prefiro que um profissional qualificado faça isso.

– Deixe que eu limpe pelo menos à parte de fora – Rin insistiu, estendendo novamente a mão com o lenço. – Depois que secar, vai ficar mais difícil de tirar.

– Você é um desastre ambulante, garota – ele falou, abrindo a maleta e guardando o laptop aos seus pés, voltando depois os olhos para ela. – Do jeito que as coisas estão, o avião acabará caindo por sua causa.

– Oro? – Rin abriu a boca para protestar, fechando o semblante.

– Coloque seu cinto de segurança – ele praticamente ordenou, sem desviar os olhos dos castanhos dela. – Está atrasando a decolagem.

Contrariada com o rapaz, Rin parou de encará-lo para olhar o aviso piscando em todos os cantos do avião solicitando que colocassem os cintos para a decolagem. Ela ajeitou o próprio cinto, voltando depois a olhar o rapaz, emburrada. Ela não era tão desastrada assim! Pelo menos não do jeito exagerado que ele insinuou.

Rin suavizou a expressão ao observá-lo. Ele era lindo! O homem mais lindo que já havia posto seus olhos... "Apesar de ser muito chatinho", pensou ela, percebendo que ele encostou a cabeça no banco, fechando os olhos, fazendo a morena ter certeza de que fingia dormir apenas para evitá-la.

Ela deu de ombros, mostrando a língua para ele e voltando os olhos para a janela, com um sorriso nos lábios. O avião já tinha decolado e ela pôde ver o aeroporto ficar para trás. Seu sorriso aumentou. Em poucas horas estaria em uma praia tomando sol e se divertido muito... Sem Bankotsu, lojas de medicamentos alternativos e sem o seu companheiro chato de viagem...

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