Destinos Entrelaçados


Prólogo

Tenho certeza de que já ouviram o começo dessa história milhares de vezes. Rapaz pobre, filho de mãe solteira, depois de muito humilhado resolveu vencer na vida. Escolheu a mesma carreira da família de seu 'pai' e fez tudo a seu alcance para poder alcançá–lo.

Na verdade eu o superei, mas isso é apenas um detalhe não é mesmo?

Certo, minha história lembra em muito os milhares de contos de fadas que você pode ver no cinema ou ler nesses livros estúpidos onde o 'pobre e sofredor' rapaz, se humilha para um pouco de reconhecimento. Sofre, sofre, sofre, sofre e no fim, depois de muito sofrimento, casa com a mocinha e acaba cheio de dinheiro.

Ah sim, quase esqueci. O cretino do pai que o abandonou antes mesmo de nascer se emociona com todo o sofrimento do rapaz e o acolhe no seio da família. Provavelmente a pobre e bondosa mãe do rapaz também.

Isso é tão 'não–eu'.

Bem, deixe–me voltar a parte que vocês já ouviram milhares de vez.

Minha querida, bondosa e muito estimada mãe era uma secretária na empresa da família de meu quase odiado pai. Vocês podem vê–la como a mocinha da história, uma vez que ela realmente sofreu. Trabalhava o dia todo para poder pagar a faculdade que fazia a noite.

Meu quase odiado pai era um bem sucedido advogado. Um rapaz jovem e empreendedor que não sofreu nada durante toda a vida já que vinha de uma família abastada. Estudou calmamente sem nunca ter que levantar um dedo para pagar suas despesas e quando finalmente terminou a faculdade tinha um emprego esperando por ele na empresa do pai.

Perfeito começo de conto de fadas, não acham?

Quando foi que tudo desmoronou? – Vocês podem perguntar. – E a resposta, meus amigos, é obvia demais. Quando eles se conheceram!

Minha tola e bondosa mãe achou que tinha uma chance com o chefe bonitão, ignorando os conselhos de todos envolveu–se com ele e os dois viveram felizes para sempre... Só em sonhos.

Uma grande oportunidade apareceu! Ele podia continuar com seu romance clandestino ou casar–se com uma garota, igualmente rica e preguiçosa. – Certo, ele não era preguiçoso, mas vocês me entenderam. – Garantindo assim mais riqueza para a família e um generoso acordo entre as duas empresas.

Digam–me, contado desse modo o que vocês imaginam que aconteceu?

Meu odioso pai abandonou minha pobre e tola mãe para correr atrás da riqueza prometida?

Ahá! Erraram! Eu já disse que apesar de tudo ele era um advogado bem sucedido. Não precisa, ou se importava, com o que a família pensava.

Podem adivinhar agora o que aconteceu?

Sim, minha pobre e tola mãe se separou dele, dizendo que seria melhor que ele seguisse o conselho do pai e cassasse com a garota rica e preguiçosa, ela não usou essas palavras, era bondosa e tola, lembram?

Quando ele não aceitou aquela decisão e começou pressioná–la o que a grande tola fez? Fugiu! Dá para entender alguém idiota assim? Fugir para fazer o que julgava melhor?

Não levem a mal minhas palavras, eu realmente amo minha mãe. Ela é uma ótima pessoa, – quando não está pegando no meu pé, – e toma decisões inteligentes, mas não se pode negar que não era um exemplo de bom senso quando mais nova.

Voltando a história, minha bondosa e tola mãe fugiu. Meu quase–odiado pai, depois de procurá–la incessantemente por um ano, perdeu as esperanças de voltar a vê–la e casou com a garota rica e preguiçosa.

Fim?

Claro que não! Eu nem apareci na história ainda!

Cinco anos se passaram, e minha estúpida mãe achou que seria seguro voltar a seu país natal. – Sim, ela fugiu para outro país. Ela era tão estúpida mesmo. – Retornou a cidade, e arrumou um emprego. Tudo ia as mil maravilhas até que em um seminário, – eu já disse que ela era advogada também? – Os dois pombinhos voltaram a se reencontrar.

Final feliz? Ainda não, apressados!

Eles começaram a sair juntos, conversar, contar o que tinha acontecido nesse tempo em que ficaram separados... – Todas essas bobagens, entendem? – Isso continuou por alguns meses, até que surgiu uma vaga na empresa da família dele e minha tola e bondosa mãe foi convidada a trabalhar novamente lá.

Ela teve duvidas! – Deuses, como era estúpida. – E enrolou por quase um mês antes de aceitar. Ela pensava que voltar a trabalhar lá levantaria suspeitas quanto a natureza do relacionamento dos dois – O que até aquele momento era completamente inocente –, mas o que acabou por acontecer é que sua relutância em aceitar um simples cargo foi o que chamou a atenção da Bruxa Má do Oeste... Desculpem, da esposa de meu quase–odiado pai.

Mesmo assim, dois anos se passaram com eles trabalhando juntos. A bruxa má – Vocês sabem quem é – Ia todo dia até a empresa buscá–lo, sua desconfiança crescendo por nada. Até que um dia, ela se atrasou, ele não voltou sozinho, e quando chegou ao escritório os flagrou dormindo juntos!

Oh! – Vamos lá, podem falar em coro! – Oooh!

Para a decepção da mente poluída de vocês, os dois apenas dormiram mesmo. Cansados demais depois de mais de uma semana trabalhando sem parar em um caso, acabaram pegando no sono ali mesmo e foram acordados pelos gritos histéricos da Bruxa Má do Oeste.

Bem clichê, não é? Eu sei, mas a vida é assim mesmo.

Então, depois de gritar até perder a voz, a Bruxa má saiu correndo do escritório. – Cá entre nós, pelos relatos que ouvi, acho que aquela mulher era meio desequilibrada – Meu quase–odiado pai a seguiu, mas acabou perdendo–a de vista. Entrou no próprio carro, achando que seria melhor ir para casa e esperar pela volta da maluca que tinha tomado como esposa.

Horas se passaram, o sol estava começando a nascer e ele a ponto de sair novamente de casa a procura da Bruxa Má quando a campainha tocou e uma dupla de policiais lhe deu a notícia. Ela tinha sofrido um acidente – infelizmente? – fatal.

Eu sei, eu sei. Está parecendo sinopse de novela, mas tenham calma, eu disse que o começo era igual a milhares de histórias que vocês já ouviram por aí.

Imaginem que coisa trágica. Meu quase–odiado pai carregando a culpa – não entendo do que já que era inocente – pelo acidente da esposa. Deixado sozinho – se desconsiderarmos as dúzias de empregados – com o filho pequeno – Eu disse que eles tinham tido um filho quatro anos antes? – E com uma garota bondosa e tola o suficiente para esquecer–se de si mesma e ir ajudá–lo.

Vamos encurtar a história que já está ficando chato até para mim.

Conflitos, conflitos. Meu quase–odiado pai então viu–se em um dilema, preservar a memória da Bruxa Má ou ficar com a garota que queria desde o inicio. – Puxa, esses dois eram complicados – Demoraram dois meses para se acertar – mais ou menos – e finalmente me conceberem.

Fim? Finalmente?

Claro, da parte um.

Acredito que em algum momento da minha vida eu os tenha amado. Pura e profundamente como toda criança é capaz de fazer. Mas a gente cresce e infelizmente é informado da realidade, crua e fria, das coisas.

Querem saber quando isso começou para mim?

Bem, vejamos... Por volta dos cinco anos. – Podem me chamar de precoce – Comentários sussurrados dos empregados mais antigos, discussões entre os dois, ameaças de processos contra eles. – Sim, a família da Bruxa Má os acusou de planejarem a morte de sua adorada e inocente filha. – Os olhares irritantes de meu odioso irmão. Mesmo uma criança estúpida é capaz de começar a pensar nas coisas racionalmente. Claro, minha doce e bondosa mãe fugindo no meio da noite levando apenas a roupa do corpo e seu filho – Eu, se não entenderam – Foi uma grande pista.

É. Eu já disse que ela era bem estúpida quando nova.

Então, eu cresci longe de meu pai. Lutando para superá–lo – um psicólogo diria que eu estava secretamente buscando aprovação. – e querem saber? Eu consegui.

Sozinho. Sem a ajuda de meu quase–odiado pai. Mas com o apoio, por muitas vezes quase vergonhoso, de minha tola e bondosa mãe. Não fui sempre justo, bondoso ou correto, apenas lutei de todas as formas possíveis para chegar onde estou.

Vendi minha alma ao diabo, como muitos dizem, mas querem saber? Isso não é tão ruim como fazem parecer. Tenho uma bela casa – desconsiderando o fato de viver com minha adorada mãe sempre no meu pé – Um escritório conceituado. Dinheiro o suficiente para nos manter pelo resto de nossas vidas

Um jovem e bem sucedido advogado. – Sim, acabei seguindo os passos de meus pais. – Bonito, rico e com a convicção de que não há nada mais simples do que manter–se solteiro. Não há nada que eu deseje mais do que não repetir os erros dos dois idiotas que me conceberam.

Então, estão prontos para me conhecer? O jovem advogado que dizem ter feito um pacto com o demônio para conseguir chegar onde está? Fiquem tranqüilos, eu não fiz pacto nenhum, apesar de muitos dizerem que sou como um demônio assim que coloco os pés um tribunal.

Digam–me, estão prontos para conhecer o demônio?

Muito prazer, sou Akuma InuYasha.


N.A. – É...Eu fiz de novo... Comecei outro fic.

Espero que gostem.

Beijos,

Naru