Capítulo 1 – O que sinto?
Remus estava sentado fazendo sua tarefa de casa como todo santo dia, mas dessa vez lhe fora ordenado que fizesse uma cópia com as letras dos outros Marotos. A cada mês era a vez de um deles fazer o dever pelos outros, a única exceção era Pet, já que ele não era bom com essas coisas de escola.
Sirius jogou-se com força no sofá, bem ao lado dele. Remus não sabe por que raios que ele corou tão loucamente.
"Ei Remmie, já terminou" perguntou tirando onda.
Remus o olhou, era realmente muito bonito, tinha que admitir, principalmente quando deixava o cabelo caído sobre os olhos, como estava agora. Meneou a cabeça em negação. Estava um pouco exasperado, e ainda não descobrira o motivo.
"Cara termina isso logo, aquelas brincadeiras não têm graça sem você. Olha, eu vou te ajudar, sabe, é que não tem graça mesmo."
Remus o olhou incrédulo, Sirius Black se oferecendo para ajudar num dever de casa e deixar de lado as brincadeiras. Riu nervosamente.
"Quê que houve com você, cara? Parece estar meio estranho. Tá passando mal?"
"Não, é só um pouco de nervosismo, lua cheia perto."
"Ah, tá. Tinha esquecido. Você viu a Lily? É que eu queria, sabe, chamar ela para sair, mas não quero que o James saiba, tipo, ele ainda tá encucado com ela, mas ela não quer ele e eu, bem, quero ver se tenho chances."
"Ela tá na sala da monitoria, diferente de mim ela conseguiu o cargo de monitora-chefe. É mais trabalho. Mas ela gosta."
"Ah. Ei, isso aqui tá errado."
Ficaram um bom tempo escrevendo os deveres, era mais divertido quando se tinha um amigo para lhe ajudar, pensou Remus. Terminaram bem depois da meia-noite e fizeram o feitiço de cópia e depois mudaram magicamente a letra para ficar igual a de cada amigo.
"O trabalho está perfe... e... e...eito – disse Sirius bocejando."
"Tá, senhor perfeição, agora vamos dormir que está tarde."
"Não quero, pai. Deixa eu ficar" zombou rindo.
"Fique, azar o seu" e começou a se levantar.
"Fica aqui" Black pediu sério.
Aquilo gelou o coração de Remus que olhou o outro sem entender, mas também não conseguiu recusar o pedido. Sentou-se calado. Não se sentia capaz de falar nada, após um tempo em silêncio Lupin levantou.
"Vou levar as coisas pro quarto, desço em menos de alguns minutos."
Sirius ficou olhando o amigo subir as escadas, quando desapareceu através da porta do dormitório, jogou-se no sofá.
"Droga, que é que tá acontecendo comigo? Por--, por que é que nos últimos dias eu ando assim? Será que eu estou... Não. Isso não."
"Isso não o quê, Almofadinhas?" Remus surgiu do nada sorrindo suavemente.
Ele fica tão lindo, assim, pensou Black. Não, não posso me tornar isso. Remus sentou com um ar preocupado e o olhou fundo nos olhos.
"Está bem? Você está com um olhar estranho" tocou suavemente a testa de Sirius. "Você está com um pouco de febre, vai dormir, é melhor."
Sirius levantou e subiu calado. Era só isso, febre. Sorriu.
Lupin também sorriu lá em baixo. O amigo estava bem, era uma febrezinha à toa. Sirius nos últimos dias estava tomando sua mente de maneira tão engraçada. Estava dando mais atenção a ele que aos outros. Andava reparando demais em como o amigo era bonito. De repente se viu tocando na mão que tocara a testa de Sirius. A pele dele era tão macia e... o que estava pensando? Não. Tinha que dormir.
Levantou e subiu as escadas. Jogou-se na cama do jeito que estava e adormeceu.
Pela manhã, quando acordou viu o rosto sorridente de Sirius a sua frente.
"Estou melhor."
Remus soltou um breve grito.
"Black, não faz isso de novo" passou a mão no rosto. Almofadinhas suspirou brevemente.
"Ei, qual a graça de acordar normalmente, tem que ter a ação de um susto."
"Não obrigado."
O outro garoto gargalhou freneticamente como um demente, aquela risada parecida com um latido, quase insuportável, durou por muito tempo. Remus olhou-o como se o achasse louco, mas o plano se revelou. Várias almofadas voaram pelo céu pousando no amigo risonho.
"Por--, Black! Isso também não é justo. Eu tava dormindo" James gritou furiosamente.
Pettigrew apenas gemeu, involuntariamente, se levantando para se trocar, não tinha muita coragem para enfrentá-lo.
Remus corou fortemente por se pegar pensando que aquela risada meio canina devia continuar. Era tão contagiante. Sorrindo ele levantou e começou a se vestir.
Os amigos estavam cantarolando uma canção mais ou menos como vários xingamentos envolvidos com a Sonserina, que Remus supunha ser criação de James e Sirius. Ele levantou e olhou o calendário lunar, semana que vem tinha suplício.
"Ei," chamou, mas nenhum olhou, suspirou e sorriu, "cambada de marmanjo mal amado." todos viraram indignados. "Lua cheia semana que vem, vamo pra onde?" falou entre risos.
Era muito grato aos amigos. Até aquelas noites de tormenta, dor e agonia haviam se transformado em meras brincadeiras, ele sabia que traía a confiança de Dumbledore, mas não conseguia evitar, não a única coisa que o mantinha vivo, por assim dizer. Sorriu.
Sirius e ele estavam sozinhos no dormitório agora, nenhum havia notado que os outros tinham descido pro café. Seus olhares se cruzaram e eles coraram sem entender o motivo. Desceram também em um silêncio constrangido, nenhum tinha o que falar, não sabiam. Acompanharam os amigos e tomaram o café. Remus foi para aritmancia e eles rumaram para adivinhação.
James virou zombeteiro para o amigo.
"Hm, sabe Sissi," quando Potter o chamava assim, vinha merda, "você anda estranho, faz um determinado tempo que não sai com uma garota e esse tempo tem sido estranhamente relacionado a uma aproximação suspeita com um certo lobinho mau" e gargalhou freneticamente.
Aquilo ofendeu Sirius profundamente. Ele parou de fazer o caminho da torre de adivinhação e andou vagarosamente para a "fonte de mulher bonita e difícil", se queria sua fama renovada, teria que ser ali. Parou, levemente irritado, a porta daquela sala de aula em desuso, a sede do clube de xadrez. Poucas garotas do sétimo ano, especificamente da classe de Estudo dos Trouxas, que estavam sem aulas, devido o fato que seu professor rabugento (diretor da Sonserina) ingeriu uma substância suspeita e se encontra na ala hospitalar, (e não se vê necessidade alguma em falar quem foi o autor de tamanha façanha, detalhe ele se encontra à porta da sede do clube de xadrez), estavam ali. Black sorriu maliciosamente. As garotas que jogavam pararam o jogo e deram um leve suspiro e riram brevemente, duas corvinais e duas sonserinas. Corvinais eram difíceis, mas nada se comparava as sonserinas, as amigas de sua prima Narcisa, especificamente. Sim, as garotas estavam lá. Ele passou suavemente a mão pelos cabelos, uma mania que levava a loucura a população feminina da escola, e, talvez, um determinado garoto de cabelos castanho-claros e feições tão suaves. Ao pensar em Remus delirando como aquelas garotas, ele sentiu um pequeno fervor estranho em seu estômago, diferente de qualquer sensação que sentira antes. Olhou para as garotas afastando aquelas idéias sem sentido da cabeça. Só tinha duas sonserinas, a mais bonita lhe sorria mais abertamente. Isso sim era sorte. Aproximou-se.
"Quer jogar? Sei que não tenho chance com alguém do clube, mas quero tentar, Christine" a garota derreteu-se quando viu que ele sabia seu nome, a amiga continuou com sua expressão fria, mas os olhos denunciavam desapontamento e inveja.
"O que você faz fora de sua aula?" Christine tentava manter sua pose de difícil.
"Hm, não quer jogar comigo?" ele sabia como enlouquecer uma mulher.
Ela aceitou e foi animadamente com ele para uma outra mesa, em menos de poucas jogadas ele caiu vencido e pediu um prêmio de consolação. Saíram para o jardim interno, estava vazio.
"Você realmente joga bem. Nunca pensei naquela jogada" mentiu deliberadamente. Sirius era o melhor jogador de xadrez já nascido. "Você dominou completamente meu bispo, mas não só ele" falou abruptamente, virando-se para ela.
Não se encararam por mais de cinco segundos. A garota já se encontrava perdida em meio aos beijos e carícias dele. Mas por um momento, muito breve para ser percebido por ela, ele hesitou no beijo. Pensou em Remus e sentiu algo dentro dele que implorava para que fosse o amigo a ser beijado, não aquela garota. Não, tinha que afastar esses pensamentos.
Remus estava superentediado em aritmancia. Olhou vagamente para a janela. Hoje sentara defronte a janela que dava uma clara visão do jardim interno. A visão de Sirius aos beijos e amassos com uma garota o enojou e, por incrível que parecesse, lhe deu uma grave sensação de tristeza e... perda? O que estava pensando? Era seu amigo.
"Senhor Lupin, algum problema."
"Ehr. Bem, eu estou um pouco mal, normal nessa época do ano. Sabe as influências da lua sobre a quarta lua de Júpiter, sabe como é, esses alinhamentos." desdobrou, queria que a professora julgasse que era a lua cheia. Ela caiu na jogada.
"Sim Lupin, entendo. Não sou boa em astrologia, mas sei em o que significa isso. Pode ir." ele suspirou tranqüilo.
Muitos alunos gritaram inconformados, por que não podiam ir também? Parece que ela conseguiu convencê-los. Ele próprio não entendeu o que fizera. Por que a visão do amigo com uma garota o deixara tão perturbado? Foi ao único local que conseguiria se sentir bem. Uma estantezinha à esquerda no final da biblioteca. Era uma mesinha tão pequena e um lugar tão esquecido que ninguém o notava lá. Baixou a cabeça entre os braços cruzados.
Uma mão quente, com um toque muito doce, pousou, delicadamente, em seu ombro. Levantou o olhar vagarosamente. Sirius o olhava com um esplendor tão magnífico que o paralisou completamente. O outro sorriu como se pedisse perdão.
"Desculpa por hoje mais cedo."
"Quando me acordou?" perguntou inocentemente.
Black sorriu um pouco mais malicioso.
"Não, por hoje no jardim."
"Como você sabe o que eu...? Quero dizer, do que tá falando?"
Sirius gargalhou, aquela risada parecida com um latido, quase estonteante, olhou-o de maneira marota. Remus se pegou implorando que o momento durasse eternamente.
"Não tente me esconder o que se passa no seu coração, Remus, pois eu consigo ler ele com uma grande facilidade."
E se aproximou perigosamente do rosto dele. Tocou suavemente os lábios nos dele, quase como se apreciasse aquilo, como se soubesse que aquilo o enlouquecia. Então o beijou mais fervorosamente. Logo, se beijavam como Remus nunca havia feito. Do nada, o beijo cessou, tão inesperado quanto havia começado.