Epílogo: A Carta

Encarou a carta em suas mãos. Olhou confuso para o velho pergaminho, onde uma fina letra estava escrita em seu envelope:

Para: Sirius Black

Virou com cuidado onde o nome do remetente estava exposto. Um nome tão simples, mas tão importante.

De: Clarissa Nethys.

Nunca soubera da existência dessa pessoa, mas hoje, descobrira tudo, e naquela carta, sua despedida estava a amostra. As lembranças da tarde invadiram sua mente.

FLASH BACK

Na sala, Harry lia um livro qualquer, seu semblante sério e concentrado se tornou curioso ao ver Edwiges entrar pela janela aberta. Viu o pouso perfeito e elegante da coruja. Levantando-se de seu sofá bege social, se dirigiu à mesa talhada de mogno, pegando a carta das patas finas e bem cuidadas de Edwiges. Abriu cuidadosamente e encarou confuso a letra corrida de Hagrid.

Harry,

Professora Minerva deseja vê-lo, espero que venha o mais rápido possível.

Hagrid.

O bilhete curto e simples de Hagrid dava um ar curioso e complicado. Pegando sua capa preta do cabide, se aproximou da lareira da sala e murmurou elegante:
- Casa de Minerva Mccgonagal!

Minutos depois, balançou levemente a capa que se encontrava com fuligens e caminhou apressadamente para o quarto da ex-professora. Chegando à porta de carvalho, encontrou Hagrid saindo por esta.
- Que bom que veio, Harry! – ele disse, aflito. – Minerva quer lhe ver, pode entrar enquanto pego um chá para você! – ele disse, simpático.
- Ok, obrigado! – O moreno respondeu, para depois abrir a porta e entrar no aposento.

O quarto estava escuro e sombrio, estantes e mais estantes davam enfeites às paredes azuis claras, enquanto uma cama mal iluminada, era encontrada no meio do quarto. Aproximando-se devagar, sentou-se num banco de três pernas que já se encontrava no local.
- Harry! – Uma voz rouca e baixa chamou-o.
- Professora? – ele perguntou, fitando a figura encontrada na cama. A ex-professora se encontrava pálida e fraca, seus cabelos estavam amarrados num coque mal feito, enquanto o lençol verde musgo se encontrava até em seu pescoço. – Soube que gostaria de falar comigo! – Ele falou, não sabendo por onde começar.
- Sim! Como todos sabem, não tenho muito tempo de vida e como até hoje insiste em saber coisas de seus pais e de seu padrinho, acho que téns o direito de saber e receber uma coisa muito importante! – Ela disse, abrindo os olhos e encontrando com os verdes do moreno. – Não sei por onde começar, mas tentarei mesmo assim! – Ela disse, fazendo com que Harry ficasse mais curioso. – Sirius Black era o maior conquistador de Hogwarts, porém, como todos sabem, algum dia encontraria alguém que realmente amasse. Em seu sétimo ano, tinha uma forte atração por uma setimanista; Clarissa Nethys. A garota, assim como Lílian, não ligava pro seus pedidos para sair e brigava constantemente com ele. Porém, um dia, Sirius se declarou para a menina, afirmando que realmente a amava, ela, respondeu-lhe o mesmo. Horas mais tarde, Clarissa recebe uma carta estranha, noticiando que seus pais estavam mortos e que nada poderiam fazer. – A professora deu uma pausa e depois, pegando o fôlego, continuou. – O mundo desabou para ela. Na mesma noite, noite em que tinha se declarado para Sirius e que supostamente estavam no começo de um namoro, ela se matou.
- Se...matou? – perguntou Harry, não acreditando. A imagem de Sirius lhe veio á cabeça.
- Sim, Harry, se matou! – Ela respondeu, desviando os pensamentos de Harry. – Deixe me continuar, sim? – Ele acenou positivo com a cabeça. – Todos ficaram abalados, principalmente os amigos...e Sirius! No dia seguinte, pesquisamos se realmente os pais da pobre menina estavam mortos. Não. Como todos, Dumbledore e eu pensávamos que fosse brincadeira sem graça de alguém, o que realmente foi. O importante, Harry, é te mostrar sua despedida, a despedida em que ela escreveu minutos antes de se matar. Sei que deve estar confuso e atordoado, mas antes de ir, quero lhe dar a carta dela, acho que é um direito seu, aliás, creio que se estivesse viva, ela seria sua madrinha. – Finalizou Minerva, pegando um velho envelope debaixo do travesseiro, onde o ato a seguir foi estender para onde o garoto estava.
- Obrigada, professora! – ele disse, sincero.
- De nada, Harry! – ela disse, fechando os olhos, enquanto suspirava longamente. – Espero ter lhe ajudado! – ela disse, com uma voz fraca e rouca. O silêncio se instalou, Harry ainda fitava a carta em sua mão, atordoado. Minutos depois, Hagrid entrou no aposento com uma bandeja e uma xícara de chá em cima desta, observou Harry com a cabeça baixa e Minerva deitada, com os olhos fechados.
- Harry! – ele disse, cutucando o homem, este o olhou.
- Sim?

- Minerva já...?
- Sim, Hagrid, sim! – disse ele, com a tristeza no tom. Levantou segundos depois e abraçou o gigante que chorava em tom alto e sôfrego.

FIM DO FLASH BACK

Apertou levemente as cartas entre a mão. Enxugando uma lágrima solitária, que acabara de cair sobre sua pele alva e macia, abriu cuidadosamente o envelope. Pegou dois papeis que deveriam ser a carta. Começou a ler silenciosamente.

Um momento estranho pra mim!

Nunca pensei que estaria escrevendo uma carta de suicídio. Na verdade, acho que sou uma das únicas que nunca pensou nisso. Quem, em toda sua vida, nunca pensou em se matar e já até chegou a escrever uma carta, chorando copiosamente e, quando chegou o momento de fazer o que tanto planejou, perdeu a vontade e botou fogo na carta, tentando apagar isso de sua memória?

Muitos irão se questionar a razão de eu me suicidar! Hoje, acredito que o único destino que todos possuem é a morte! Sim. Ela! Muitos morrem de fome, muitos morrem naturalmente, muitos morrem cruelmente, muitos morrem cansados de ver a morte, irônico, não?

Não irei me demorar com palavras que minutos mais tarde, não fazerão sentidos para mim. Acho que o único motivo de estar aqui é me despedir, me despedir de todos que amam, de todos que me amam.

Me sinto inútil. Inútil por saber que nada pude fazer, inútil por saber que não pude ajudar pessoas importantes para mim. Inútil. Uma pessoa besta e inútil, talvez realmente seja assim! Durante sete e longos anos, as crises viraram passado para mim. Minha felicidade foi enorme ao ver a pálida coruja entrar pela janela, quando tinha acabado de completar onze anos. Uma simples coruja. Um importante destino. Eu vivi cada momento, cada respiração como se fosse a última, sabendo que algum dia iria acabar. E parece que hoje acabou!

O motivo de escrever esta carta? Nem eu sei! Acho que talvez um dia, alguém descubra. Eu só espero que, até lá, eu esteja bem longe daqui.

Antes de terminar, gostaria de mencionar o quanto foi bom viver ao lado de vocês, minha verdadeira família! O mais engraçado, é saber que no dia que descubro o quanto amo Sirius Black, estou me suicidando!

Lílian, espero algum dia ver você e Tiago, juntos! E quem sabe nasce um "Tiagozinho"? Gostaria de lhe avisar, que seu jeito mandão e encantador –sim, aquele mesmo que encantou Tiago- sempre ficará em minha memória, em minha lembrança. Você é uma verdadeira irmã, sabia? Amo-lhe por demais!

Emily, a mais chorona de todas! Sim, é para você rir chorando quando ler isso! Cuide bem de Remo, ok? Tudo bem que talvez tenha que avisar isso para ele, não para você! Seu jeito inteligente e brincalhão é muito fofo, sabia? Nunca esquecerei de sua infância eterna, te amo.

Alice, sempre nos ajudando com tudo! Tudo bem, que às vezes quebra regras! –e porque será?- Sempre bonita e cuidadosa! Gostaria de ser madrinha de seu filho com Frank, pena que não estarei aqui! Amo-a.

Tiago, é difícil escrever uma despedida para alguém tão alegre como você! Sempre risonho e levando foras da Lily, mas nunca, desistindo ou chorando. És uma ótima pessoa. Poderia cuidar de Lily para mim? Sei que de um jeito ou de outro, os dois acabarão juntos, então espero que cumpra o que lhe pedi! Sempre amigo e carinhoso, suas qualidades são algo que levarei comigo, ao menos espero levar! Adoro-te!

Remo, o mais inteligente dos marotos. Sempre preocupado com todos, mesmo sendo lufa-lufas, corvinais, sonserinos. Com certeza sentirei falta de um "Remo Lupin" por perto. Não deixe se abalar com que os outros falam de você, suas qualidades são melhores do que tudo que há de ruim. E quem disse que há um ruim em você? Te amo muito, meu amigo, meu irmão.

Sirius, não pense que estou feliz de fazer isso, aliás, nada está feliz agora. O meu único meio, minha única salvação, é morrer. Morrer pela morte. Morrer por uma dor. Poderia dizer que é sacanagem o que estou lhe fazendo, talvez eu até ache isso, mas agora que comecei, nada posso parar. Fingir que nada aconteceu, será loucura, inadmissível! Você foi o primeiro e último que me ajudou, me valorizou. Você foi o primeiro e único que eu amei. E você será o primeiro e único que mais ficará frustrado e raivoso. Não pense que lhe abandonei, sempre rezarei e cuidarei, mesmo que seja em outra vida. Não pense que não lhe amo, amo-lhe mais do que possas imaginar, mais do que minha alma suporta, mais do quer tudo para mim! Você pode não entender meus motivos, mas respeite-me, tenho que fazer isso! Te amo muito!

Amo vocês! Até um dia, quem sabe?

Clarissa.

N/A – Depois de sei lá quantos anos, consigo terminar o epílogo. Digamos que tudo está sendo conturbado, no momento! Depois de idéias na cabeça, minha mente e minha teimosia mandaram-me escrever e publicar ainda hoje! Depois de computador desligando, partes perdidas, consigo chegar ao fim. Gostaria de mencionar que o capítulo está sem betar, mas espero ter poucos erros. Gostaria de agradecer a todos que deixam review e gostaria de me desculpar! Créditos e palmas para Paty Felton que me ajudou inteiramente com a carta de Clarissa. Créditos para Crystian-Malfoy e Bi Radcliffe que ficaram/ainda estão altas horas da noite, me aturando e me ajudando a publicar isso daqui!
Abraços e desculpem-me pelo atraso.