Considerações iniciais:
Eu volteeeeeeeeeei!
LILI PSIQUÊ! Hey menina essa fic é um presente pra vc, que tem me ajudado bastante! Espero que que goste...(como se vc ainda não tivesse lido)
JU...vc tem sido meu anjo da guarda! Celly tb! A opinião de vcs é muito importante pra mim!
Jo-kun...vc é um docinho, viu? Grande beijo!
Bem...eu espero que vcs, que lerão essa fic, não me matem quando acabar o cap.
Boa leitura!
Lembranças
Sabe aqueles dias que você nem deveria sair de casa?
Eu saí do trabalho depois de uma discussão com minha chefe e resolvi dar uma passada na casa de um amigo. Quatre me recebeu muito bem, ele e Trowa foram extremamente gentis e até jantamos juntos, com a presença de Wufei também.
Mas eu estraguei tudo com meu humor desgraçado.
Eu sou uma pessoa mal-humorada, tenho plena consciência disso, mas nunca havia magoado Quatre, chateado Trowa ou irritado Wufei ao mesmo tempo.
Foi uma noite de merda mesmo.
Saí batendo a porta da casa dos Winner, extremamente irritado comigo mesmo. Por que não conseguia ser normal?
Depois do acidente tudo piorou um pouco mais, mas eu havia passado dos limites e não me perdoava por isso.
Mas não pediria desculpas. Hum hum...nunca contem com Heero Yuy para pedir desculpas. Com o tempo eles iam se esquecer e...
– Oh, merda! – Freei bruscamente carro ao presenciar uma cena normal em cidades grandes.
Quatro rapazes importunavam o que parecia ser um menino de rua. Eu não daria muita importância se não tivesse o agravante que jogaram álcool no rapaz e ameaçavam atear-lhe fogo.
Eu jamais fui uma pessoa que gostei de se envolver na vida dos outros, mas aquele rapaz ia ser morto por um bando de adolescentes bêbados! Eu tinha que fazer algo!
O rapaz se debatia e os empurrava com as mãos, mas eles pareciam não se importar e continuavam a sessão de chutes e socos e a pequena brincadeira de ameaçar tacar fogo no menino.
Ora...eu tinha realmente que fazer algo!
Pulei do carro, nem ao menos atentando para o fato que era uma da manhã e eles eram quatro e eu apenas um.
– Deixem-no em paz, seu bando de porcos nojentos! – Os empurrei um a um, me ajoelhando ao lado do rapaz que tremia e escondia o rosto nos joelhos dobrados. – Vou chamar a polícia! – Dois deles ameaçaram partir para cima de mim, mas os outros os seguraram.
– Ainda te pegamos, seu putinho! – O menino se encolheu ainda mais. – Vamos embora! – E saíram correndo proferindo dúzias de palavrões e ameaças.
Esperei que eles sumissem de vista e voltei a atenção para o rapaz em minha frente. O cheiro de álcool era quase insuportável e ele tremia de tal forma que eu pensei que seu corpo fosse se quebrar a qualquer instante.
–Hey. – Chamei suavemente. Ele ergueu o rosto, me encarando com aqueles enormes olhos violetas.
Eu pisquei, tentando confirmar se os olhos dele eram mesmo daquela cor. Ele abriu a boca, ameaçando falar algo, mas pareceu desistir.
– Qual seu nome, rapaz? – Perguntei, ajudando-o a se levantar.
Ele continuou calado, apenas me olhando de uma forma estranha. Ergui uma sobrancelha, enquanto analisava o rapaz em minha frente. Suas roupas estavam rasgadas, denunciando pequenos hematomas aqui e ali, mas nada absurdo ou preocupante, a única coisa que parecia grave era um profundo corte em sua testa, que estava bem inflamado.
– Seu nome... – Insisti, mas ele apenas piscou e sorriu, quase me cegando com o brilho genuíno do seu sorriso.
O olhei, espantado. Como alguém podia sorrir daquele jeito depois de quase ser morto?
– Hum...você não fala? – Arrisquei e ele negou com a cabeça, mas continuou sorrindo, parecendo feliz por eu compreender.
Fiquei realmente espantado, não porque aquilo fosse assustador ou algo do tipo, mas porque não estava acostumado com pessoas mudas. Na verdade era aquele tipo de coisa que você acha que está preparado para lidar, mas quando a situação se desenha diante dos seus olhos, você não consegue fazer nada.
Fiquei apenas lá, olhando-o tentando raciocinar algo. Eu não poderia deixa-lo sozinho de novo, mas então...o que fazer? Se fosse no dia anterior eu ligaria para Quatre, que com seu coração enorme, saberia o que deveria ser feito, mas eu havia brigado com ele...e não pediria desculpas!
– Bem...tem casa ou um lugar que queira ir? – Ele negou, brincando com os trapos que deveriam ser uma camisa. – Hum...então você vive na rua, certo? – Ele afirmou e eu comecei a me sentir um idiota, como se estivesse falando sozinho.
Ele pareceu perceber, pois seu sorriso murchou e ele abaixou a cabeça, como se agradecesse pelo que fiz e em seguida se virou, pronto para seguir só Deus sabe para onde.
Vê-lo andando, mancando e machucado para lugar nenhum me pareceu tão errado...subitamente me senti responsável por ele. Pelo menos por aquela noite.
Hey! Nunca fui sentimental! Pelo contrário, sempre fui um cara bem fechado e frio, mas ele parecia tão sensível e eu ter presenciado aqueles rapazes tentando transforma-lo em churrasquinho acabou amolecendo meu coração.
Segurei sem braço, sentindo-o se encolher.
– Tudo bem. – Afirmei, tentando sorrir. – Você está com fome? – Seus olhos brilharam quase furiosamente enquanto ele assentia. – Quer...ir lá pra casa? Você pode comer algo, tomar um banho e... – Ele se afastou negando veementemente com a cabeça, enquanto tentava cobrir o corpo com os trapos que eram suas roupas.
Eu pisquei, confuso, mas logo entendi o porquê daquele pavor todo.
–Oh, não! Não é nada disso! Eu só quero ajudar! – Ele pareceu desconfiado. – Eu juro! Depois eu posso te deixar em alguma instituição e...quantos anos você tem? – Ele sorriu e eu sorri também, lembrando que ele não falava. – Hum...15? – Ele negou, ainda sorrindo. – 16? – Ele afirmou.
Céus! Ele era um garoto ainda! Me aproximei cautelosamente, apontando para meu carro que estava parado, literalmente, no meio da rua.
– Um adolescente... – Murmurei para mim mesmo. – A propósito, me chamo Heero Yuy. – Ele apertou minha mão, mas me olhou como se quisesse perguntar algo. Eu olhei durando alguns segundos tentando assimilar algo, mas não consegui.
Ele caminhou mancando até o carro e escreveu a pergunta no vidro embaçado por causa do sereno que caía. "Quantos anos você tem?"
– Ah, sim! Tenho 26. – Ele esboçou um sorriso e ficou parado. – Entre logo, está frio! – Ele sorriu de forma agradecida e entrou no lado do carona, se acomodando como um gatinho no banco.
Tentei suprimir um sorriso, mas foi impossível. Ele olhava tudo com olhos de criança curiosa, estendo as mãos e querendo tocar, mas sempre me olhava e desistia.
Me diverti observando-o vez ou outra, mas logo a situação se mostrou bem clara em minha mente. Eu estava acolhendo um estranho de rua que poderia ser um delinqüente qualquer. Ele poderia ser perigoso e...
Ele mexeu no acendedor de cigarros e queimou o dedo, praticamente quicando dentro do carro, enquanto assoprava o dedo e o levava a boca.
Não...ele não podia ser perigoso.
(¯·..·¯·..·¯)
Nhai...doeu bastante aquela queimadura!
Não que fosse a coisa mais importante naquele momento.
Estava no carro de um estranho...confere...tentaram me matar torrado...confere...estava morto de fome...confere...e também...
– Bem...hum...rapaz... – Eu o olhei, ainda com o dedo na boca. – Mora há muito tempo nas ruas? – Eu neguei, me sentindo subitamente triste por não poder sequer dizer "obrigado".
Eu odiava não poder falar. Antes eu falava tanto, era tão alegre...até o acidente. Me encolhi, odiando lembrar daquilo tudo. Por isso que não gostava de pensar na minha mudez...ela me lembrava aquele maldito dia, me lembrava que eu estava sozinho.
Eu até tentava não ficar deprimido e levar a vida, mas...eu sentia tanta falta da minha família, dos meus pais, meu irmão. E bem...viver nas ruas não é uma...vida normal para se levar.
– Hum...alguns meses? – Eu neguei, fazendo sinal de menos com a mão. – Hum...semanas? – Neguei novamente. – Dias? – Sua voz tornou-se quase histérica e eu ri.
Ele sorriu também e eu me senti mais confortável. Mas...quem era aquele homem? O nome não me era estranho...ele poderia ser uma pessoa famosa, visto suas roupas e seu carro.
– Tem família? – Cerrei os olhos, negando. – Oh...eu sinto muito. – Impedi que as lágrimas rolassem e tentei sorrir. – Bem...chegamos, rapaz. – Olhei pela janela, vendo que me encontrava em um condomínio muito luxuoso na parte nobre da cidade.
Saí do carro, me sentindo acuado em meio a tanto luxo, mas ele pousou a mão em meu ombro, me sorrindo de forma reconfortante. Me permiti sorrir timidamente, percebendo que ele me passava a sensação de proteção.
O segurança franziu as sobrancelhas quando me viu, mas Heero o ignorou, murmurando apenas um "boa noite" educadamente.
O elevador era luxuoso demais, eu podia me ver refletido em suas paredes. Era tudo tão...estranho. E definitivamente eu me sentia acuado em ambientes como aquele. Principalmente porque eu cheirava a álcool, enquanto o homem ao meu lado exalava um cheiro delicioso de colônia francesa.
Não que eu já tivesse sentido o cheiro de uma.
O apartamento era o único do andar...bem estávamos na cobertura.
O que diabos eu estava fazendo ali?
– Aqui estamos. – Eu olhei para cima, fitando-o.
Ele parecia desconfortável com aquele silêncio e eu me senti imensamente mal por deixa-lo naquela situação. Quando fiz menção de voltar pela porta ele me segurou.
– Não vá. – Abaixei a cabeça, mirando seus sapatos polidos. – Eu entendo que você possa estar com medo, mas eu não quero lhe fazer mal. – Eu assenti, mas permaneci imóvel.
Ele me guiou pela luxuosa sala, me encaminhando para uma porta no fim do corredor. Eu fiquei mirando a madeira entalhada na minha frente, sem saber como agir.
– É o banheiro. – O olhei, me sentindo um perfeito idiota. – Tome um banho enquanto eu pego roupas e toalhas, sim? – Assenti, sem poder fazer outra coisa.
Me sentia péssimo por não poder falar e me sentia pior ainda ao notar aquele olhar de piedade sobre mim.
Eu não tinha culpa se a minha vida era um monte de merda!
(¯·..·¯·..·¯)
Ele parecia tremendamente indefeso. E a situação só piorava com seu olhar medroso. O que será que havia acontecido a ele?
Peguei as toalhas e escolhi algumas roupas minhas, caminhando até o banheiro e deixando-as sobre o pequeno balcão.
Eu tentava controlar a todo instante um impulso de ligar para Quatre e pedir socorro, informando que eu tinha um menor de rua em minha casa.
Seguramente eu havia enlouquecido.
O barulho da porta sendo aberta me chamou atenção. Caminhei até o corredor, vendo o rapaz andar mancando enquanto trazia algo na mão.
– O que... – Pisquei vendo que o objeto que ele segurava se tratava do meu vidro de xampu.
Ele sorriu de forma sem graça e balançou o vidro no ar, deixando claro que estava vazio. Em outra ocasião eu brigaria e o expulsaria imediatamente da minha casa, mas seu olhar e seu sorriso extremamente constrangidos, apagaram rapidamente qualquer intenção mal humorada. Meu humor melhorou naquele instante e eu me permitir sorrir abertamente.
– Tudo bem. – Afirmei, caminhando até ele e pegando o vidro vazio.
Joguei o recipiente fora e quando voltei, ele permanecia em pé no mesmo lugar. Balancei a cabeça, inconformado com aquele olhar que parecia implorar algo.
– Vamos sentar para você poder comer algo, sim? – Ele afirmou e, mancando, caminhou até a sala, parecendo agradecido quando se sentou.
O corte em sua testa me preocupava, mas seu tornozelo parecia pior. Talvez eu devesse chamar Quatre, que era médico, mas...não! Eu não iria pedir desculpas!
– Só tem essa comida chinesa de ontem. – Entreguei o prato, esquentado no microondas, que ele aceitou prontamente.
Enquanto o via comendo quase furiosamente, senti meu peito apertar, ao mesmo tempo que anotava mentalmente que precisava ir ao supermercado.
Eu não era uma pessoa socialmente correta, nunca me preocupei se as pessoas passavam fome ou não, afinal isso não era problema meu, mas presenciar a situação que presenciei me tornou um pouco mais humano.
O som do garfo sendo batido levemente na mesa chamou minha atenção e ergui os olhos, fitando o rapaz a minha frente.
Agora que ele estava limpo e devidamente vestido, me permiti observa-lo mais atentamente. Ele era um rapaz atraente, não tinha vergonha de admitir. Seus olhos naquela cor tão única destacavam-se no rosto um pouco pálido e abatido, mas nem assim menos bonito. Seu corpo, pelo que pude perceber sob as roupas que ele vestia, era harmonioso, nem muito musculoso, nem feminino. E havia aquele cabelo.
Quando o vi na rua não reparei que seus cabelos eram tão longos. Os fios castanhos dourados caiam por suas costas e ombros, cascateando ao seu redor, deixando-o com um ar quase angelical.
Quase porque anjos não tinham marcas roxas nos braços, pernas e no rosto.
– Acho que preciso saber seu nome, não? – Ele assentiu, sorrindo como se quisesse me agradecer pela comida. – Vou pegar um papel e uma caneta, sim? – Ele negou e se levantou, caminhando da forma mais rápida que seu tornozelo machucado permitia.
O vi chegar até uma mesinha de canto e vasculhar alguns jornais que haviam ali. Ergui as sobrancelhas, curioso.
Ele se virou, com uma página de jornal na mão e se sentou ao meu lado, colocando o papel em meu colo e apontando para uma manchete.
"Família é morta em atropelamento no centro de Londres."
(¯·..·¯·..·¯)
Li junto com ele a notícia estampada na manchete do jornal.
Aquilo ainda me doía. Na verdade eu sentia uma vontade imensa de me juntar a minha família.
Heero praticamente devorou a matéria e, quando terminou de ler, apenas ergueu os olhos me encarando. Eu tentei sorrir e com uma mão o fiz abaixar o rosto novamente, lendo o nome que eu apontava com um dedo.
– Duo Maxwell... – Eu assenti, indo me sentar na poltrona ao lado, tentando não parecer arrasado por ter lido tudo aquilo.
Eu não sei que impulso me moveu a procurar aquele jornal, mas quando notei uma pequena pilha de periódicos meu coração disparou e senti vontade de procurar a notícia.
Chamem de auto-flagelação se quiserem.
Eu chamaria de saudade.
Saudade de ler aqueles nomes, de ver seus rostos sorridentes nas pequenas fotos junto a do acidente.
Olhei para Heero e segurei o jornal, pedindo silenciosamente permissão para ficar com ele.
– Tudo bem, Duo, pode ficar. – Eu sorri, extremamente cansado de repetir aquele gesto quando na verdade estava acabado por dentro.
Fora minha mãe que me ensinara aquilo: na dúvida, na tristeza, e até mesmo no desespero, sorria. Era um conselho estúpido, mas eu seguia.
Não tinha mais nada a seguir mesmo. Era um garoto de rua, havia fugido do hospital quando soube que todos estavam mortos. A casa onde morava era alugada e o que estava lá dentro eu não poderia pegar, pois certamente me pegariam e me colocariam em uma instituição qualquer.
Isso eu não queria.
– Duo... – Tentei manter o sorriso, mas não consegui. Aqueles olhos azuis cobalto pareciam ler minha alma, não adiantaria colocar minha falsa máscara de felicidade. – Quer passar a noite aqui?
Continua...
O.O Então?
Hum...foi uma volta estranha, não?
Eu diria que sim...
De qualquer forma, quero agradecer imensamente os emails que recebi me incentivando a escrever! Acreditem, foram eles que me animaram!
E me desculpem pelo cap um pouco curto...mas eu realmente queria parar ali... /sorriso maligno/
Só pra não perder o costume: comentários são mais bem vindos que notas de cem! Uhu! Quanto mais comentários...mais rápido vem a atualização! Voltei chantagista, não? O.o
(perdoem a falta de acentos...o nosso querido site gosta de comê-los)
Super beijo!