( só Yaoi, por enquanto ) ( Camus X Milo, principalmente ) ( UA ) ( Incompleta ) A um importante capitão francês foi dada a sentença de morte: dizimar um grupo pirata que anda roubando demais nas costas caribenhas. Agora cabe a Camus se meter num lugarzinho infernal para caçar um bando de foras-da-lei mais infernal ainda.
Primeiro Tiro - Wanted dead or aliveYo ho, yo ho, a pirate's life for me
We pillage, we plunder, we rifle, and loot
Drink up, me 'earties, yo ho
Yo ho, yo ho, uma vida de pirata pra mim
Nós pilhamos, saqueamos, fuzilamos e roubamos
Esvazie seu copo, companheiro, yo ho
O início do Século XVIII foi conturbado. Piratas saqueavam as costas abandonadas pela fiscalização e corsários ingleses roubavam em nome da Rainha. A pirataria vivia sua Era de Ouro, e o Caribe nunca estivera mais povoado.
Um famoso capitão francês fora chamado nos aposentos da Rainha — Deus a salve. Não era comum Reis e Imperadores convocarem funcionários de outros reinos, mas aquela era uma situação desesperadora.
Um grupo de piratas estava se destacando muito nos costumeiros saques às costas. Um grupo com características peculiares, ela contava ao capitão. Diferente dos poucos bandos que se destacavam, faziam fortuna, aumentavam a frota e assinavam a sentença de enforcamento, aqueles, não interessando o número de baús enterrados, limitavam-se a um navio apenas. Um brigue rápido, alterado pelo próprio capitão e com um nome particularmente interessante.
A Rainha precisava dos seus serviços para dizimar esse grupo.
Teria disponibilidade de uma fragata com trinta canhões, tripulação treinada, mapas, instrumentos, ouro, tudo que precisasse. Era o melhor que a Inglaterra poderia oferecer. Poderia partir em duas semanas?
Ele até tentou argumentar, uma tripulação grande, trinta canhões, munição, suprimentos e tudo que fosse necessário deixaria a embarcação pesada e lenta; nunca alcançariam um rápido brigue pirata. Disse que os piratas fugiam quando avistavam navios da Marinha, com armas lotadas de pólvora e tripulação treinada; o melhor era utilizarem um galeão, disfarçados de mercadores atrairiam mais rápido o bando, ainda contando com o elemento surpresa.
Ela não queria ouvir, o que o Reino tinha para oferecer era perfeito, mais do que um mísero capitão francês jamais receberia na vida.
Então Camus arrumou suas coisas e em duas semanas estaria embarcando rumo ao Caribe.
O capitão tremeu quando um grumete gritou de cima do cabo.
"Embarcação a estibordo, capitão!"
Ele correu para a amurada e puxou uma luneta do cinto. Soltou um palavrão ao reconhecer o barco que um cidadão descrevera entre goles de rum numa encardida estalagem. A Jolly Roger tremulava no mastro principal, duas espadas cruzadas sob um crânio sorridente. Logo abaixo, um escorpião vermelho protagonizava outra bandeira. Era o atual terror dos mercadores e viajantes.
"Vamos todos morrer" ele profetizou.
Ele puxou a pistola do cinto e apontou para a têmpora. Talvez houvesse esperança. Não, não havia. Mas mesmo assim não teria coragem de puxar o gatilho. Apontou o cano para o ponto crescente que era a embarcação. Sua mão tremeu e a arma caiu ao mar. Iam todos morrer.
Torturantes minutos até o brigue alcançar seu galeão, tão bem recheado de ouro. Ele via o capitão rival. Em sua insanidade pré-mortem, o comparava ao Deus dos Mares. Um canhão foi disparado e a água entre os navios quebrou e ondulou. Um aviso: é assim que vocês vão ficar. Oh.
Seu galeão espanhol foi abordado, mas nenhum sabre transpassou seu pescoço. Foi arrastado para sua própria cabine e ficou lá preso, alheio à carnificina. Tiros e gritos chegavam aos seus ouvidos, mas o clamor da vida não-perdida era mais alto.
O capitão do famoso grupo pulou para a ponte do navio, onde sua tripulação já acumulava cadáveres. Suas primeiras palavras ao ver o massacre foram óbvias ordens para abater mais gente em menor tempo.
"Afrodite, pare de rir e atire logo!"
"Claro, capitão!" ele devolveu. Recuou o cão e puxou o gatilho. O corpo caiu na água e os tubarões começaram seu trabalho.
A maior poça de sangue se formava sob os pés de outro pirata. Shura sentia o sabre como a extensão de seu braço direito, cortando a carne como cordas finas. Não contava quantos caíam, achava que não conhecia um número tão grande.
Pelas cordas que prendiam e pendiam dos mastros, outra figura se destacava. Filho do Caribe, sua pele era morena e o cabelo escuro, se movendo com habilidade pelos cordames. Pegava aqueles menos avisados que não o viam se aproximar.
"Shaka!" gritou de lá de cima. "Ô, Shaka!"
O dono do nome suspirou e tirou o cano da pistola de perto da orelha de um marinheiro.
"Ikki! Não me aborreça! Estou ocupado!"
Deu uma puxada forte na camisa do homem sob si, o terror escorria de seus olhos em lágrimas.
"Onde estávamos? Oh, sim" o cano frio voltou ao contato com a pele suada. "Pela sua Rainha" e puxou o gatilho.
O capitão olhava a luta de camarote, ao seu lado o timoneiro jazia com a garganta cortada. Pedaços de madeira ardiam em fogo, e usou um deles para incendiar a bandeira espanhola, presa a uma corda. Ela ficou um tempo acesa, antes de virar uma pilha negra encolhida. Recebeu um olhar assassino de um de seus marinheiros. Sabia o motivo.
"Shura, sua bandeira agora é aquela!" disse, apontando para a Jolly Roger de seu navio.
Alguns dias no mar o estavam transformando em algo totalmente anti-social e hostil. Não que não fosse antes, só estava um pouco pior. O que lhe rendia diversas visitas ao médico do navio, e várias expulsões de sua cabine. Podia ser pior, não podia? Poderia estar mais calor.
Mas não contando com seus próprios problemas, a viagem estava indo muito bem, com uma tripulação calma e nenhum tipo de contratempo. O que Camus mais temia era uma calmaria naquele meio de nada, nem perto nem longe do destino. Mas os ventos seguiam fortes e frescos, levando o barco e embalando o descanso de um certo capitão.
Descanso esse que foi interrompido por batidas na porta de sua cabine.
"Capitão?"
"Entre."
O médico do navio entrou e fechou a porta atrás de si. Se olharam por um tempo até Mu suspirar e sorrir.
"Oh, que tempo horrível, Camus."
"Não fui feito para isso." Ofereceu um gole da bebida que estava tomando. Ele serviu um copo e sentou de frente para o capitão. Apenas conversar. "Como está a tripulação? Eu não costumo andar muito entre eles."
"Nem eu, exatamente. Fico sempre na minha cabine, já que muitos se machucam com freqüência."
"Nada grave, não é?"
"Não, um corte ou outro, grande parte de enjôos. Um garoto em particular me perturba todos os dias."
"Quem?"
"Shun. Um novato. Ele está sempre com o estômago embrulhado. Saga diz que ele está grávido."
"Como?"
"Oh, são apenas brincadeiras. Saga é o nosso aspirante, ele cuida das rotas e dos instrumentos. Por que não sai um pouco daqui. Camus?"
"Não tenho certeza se quero sair depois de algumas revelações sobre a minha tripulação."
Mu suspirou e encheu a boca com o líquido fresco. Aquele homem não tinha conserto. Camus só iria para o convés se um desastre acontecesse ou alguém o arrastasse. Mais batidas na porta soaram na pequena cabine.
"Entre."
Dohko entrou e dirigiu um breve cumprimento aos dois.
"Capitão, aconteceu um pequeno contratempo, precisamos do senhor na ponte."
Camus sentiu fogo correrem por suas veias, e tinha certeza que não tinha a ver com o tempo.
"O que houve? São os piratas?"
"Na verdade não. Houve um acidente com nosso mastro principal"
O fogo se apagou como se acendera, um sopro apenas e seu mau humor substituíra a excitação.
"Oh, tudo bem. Vamos lá então."
Eles atravessaram o navio, e, por onde passavam, os marujos observavam, se perguntando quem era o homem junto com o médico de bordo e o suboficial. Camus encarou profundamente o mastro, antes de virar para Dohko e perguntar o que havia de tão errado ali.
"Lascou esse pedaço quando Aioria passou carregando alguns barris."
"Eu não estou vendo" disse Mu,
"Isso é ridículo. Vocês me tiraram da minha cabine para ver uma lasca no mastro?"
"Vamos apresentar o capitão à tripulação."
Camus tentou fugir, mas Dohko o lembrou que um grupo que não conhecia seu líder poderia gerar revoltas, então ele acabou sendo obrigado a aceitar.
Alguns ele já conhecia por nome, Saga, Kanon, Aioros e Aioria, mas ouviu muito mais nomes do que poderia se lembrar em tão pouco tempo.
Alguns ficaram na sua memória; nunca tinha visto dois gêmeos antes. Saga era aspirante, ele lidava com os mapas e instrumentos de medição, e, em parceria com seu irmão Kanon, o timoneiro, controlava o curso do navio.
Aioros era o tenente que vigiava as costas, ele ficava pela embarcação gritando ordens e importunando os outros com o porta-voz oficial, feito de latão. Seu irmão, Aioria, ficava andando atrás, para manda-lo ficar quieto ou tira-lo de algum problema; era o que dava algum tipo de organização aos marujos, traduzindo em palavras leigas as ordens pomposas que eram gritadas.
Mu e Dohko eram os mais próximos dele. Dohko era uma espécie de veterano nos mares; mesmo parecendo mais novo que o próprio capitão, tinha muita experiência, que aflorava principalmente nos momentos desesperadores. Mu era o médico de bordo, mas apenas para casos leves; seus instrumentos mais precisos haviam ficado no Continente, e esperava não precisar de nenhum deles.
Camus reparou principalmente em um dos marujos, Shun, aquele que Mu tinha mencionado antes. O garoto parecia delicado demais para o mar. Sabia que viagens longas endureciam os marinheiros, mas aquele menino seria sempre uma boneca de porcelana.
Um que parecia endurecido o suficiente, ele reparou, era outro garoto, chamado Hyoga. Os olhos azuis eram duros e ele não tremia quando falava com pessoas consideradas ameaças. Não parecia nem inglês nem de qualquer outro país europeu, mesmo os mais frios. Camus simpatizou com o garoto, apesar de não terem trocado mais que duas palavras.
Mu observava o capitão com gosto. Estava orgulhoso por ter tirado-o da cabine e por quase ver um pequeno sorriso com alguns minutos de conversa com Aioros. Talvez até visse o capitão freqüentando um pouco o convés.
De fato, Camus gostava de passear pelo convés. De noite, quando o ar era fresco e o mar calmo embalava a fragata, ele caminhava despreocupadamente. As estrelas pareciam chover sobre sua cabeça e poderia contar com a companhia de suas constelações favoritas. Quando as noites começaram a ficar abafadas com o ar cheirando a sal, ele teve certeza que um porto estava bem perto e sua aventura iria começar de vez.
Foi num dia de manhã. Logo após o nascer do Sol, eles avistaram uma cidade portuária e o convés começou a ebulir. Após muitas manobras para ancorar um navio tão grande em um porto tão simples, a tripulação desceu para terra, apenas para sentir um chão firme sob os pés. Camus pôde finalmente respirar e ter sua primeira impressão sobre aquele lugar pequeno em espaço e grande em fama chamado Caribe.
Pessoas andavam como formigas pelo porto, pescadores tentando conseguir seu sustento, pequenos comerciantes vendendo palácios, pessoas apenas sobrevivendo. Era colorido demais, quente demais, vivo demais.
"Isso é o Inferno."
Mu, que estava ao seu lado, debruçado na amurada, pousou a mão em seu braço e disse:
"Não, isso é o Caribe."
We kidnap and ravage and don't give a hoot
Drink up me 'earties, yo ho
Nós raptamos e devastamos e não deixamos pistas
Esvazie seu copo, companheiro, yo ho
Esse capítulo vai exclusivamente para K, Calíope e Shaka. Pelas noites de criatividade fluente, apoios, confusões, chutes e cenas maravilhosas como a luta entre os dois anjinhos.
Aviso, NÃO pensem que o Ikki vai ficar com o Shaka no final, por favor! O Shaka é propriedade exclusiva do Mu e ponto.
Não tenho previsão para o próximo capítulo, ele sai quando acabarem minhas provas, quando chegar o feriado, quando meus dedos não agüentarem as palavras acumuladas e resolverem coloca-las para fora.
(Ou quando alguém me obrigar)
Quem será que está lendo isso...?
10 de abril de 2005
Saga