N/A1: Essa fic é a continuação de Sete Dias, também de minha autoria. Se você não leu a primeira, realmente aconselho, porque essa história é extremamente dependente da outra.

N/A2: Quero agradecer a todos que acompanharam Sete Dias e deixaram reviews (não percam esse hábito). Agradecimentos também à minha beta Julie, a única que realmente seria capaz de cumprir essa tarefa sem me matar.

N/A3: Tive alguns (muitos) probleminhas para colocar a fic no ar. Na verdade, o resolveu abolir o travessão, logo, tive que colocar aspas nas falas. O que ficou bem estranho, mas... Uma outra coisa que o site também não gostou, é de "a" com acento agudo seguido de ponto de interrogação. Ele transformaem "ÿ" e não há nada que eu possa fazer para mudar isso. Logo, se vocês virem algum caractere estranho por aí, foi invenção dele. Tentem ler no contexto...

Disclaimer: Isso aqui é o de sempre: não sou dona de nenhum dos personagens que vocês encontram no livro. Sou dona apenas dos que vocês não conhecem.Caso contrário, é porque deve ter sido escrito pela tia Jo Rowling. Também não planejo ter lucros com essa fic.

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Prólogo

A vida sempre encontra um ritmo rotineiro, mesmo após as mais confusas reviravoltas, não importando se você é trouxa ou bruxo. Draco e Ginny não foram exceção à regra após aquela noite na estrada de terra de Ottery St. Catchpole. Claro que não era uma rotina comum à maioria das pessoas, mas "normalidade é tão somente uma questão de estatística".

Draco precisava urgentemente de um lar. O síndico do prédio onde ele morava só tinha lhe dado uma semana para liberar o apartamento, e quando o rapaz tentou renovar o contrato, o outro alegou já ter arrumado um novo inquilino. Contudo alugar qualquer outra coisa, mesmo que fosse um espaço embaixo de uma ponte, era extremamente complicado para alguém que estava desempregado.

Por esse motivo, Draco tinha seis dias para conseguir qualquer coisa que pudesse garantir um apartamento por menor que fosse. Ginny já havia deixado bem claro que não iria sustentá-lo e não planejava mudar de idéia. Até porque, não podia simplesmente levá-lo para a casa que ainda era a mesma de seus pais. Já Narcisa também não era uma opção. Porque por mais que tivesse oferecido sua casa ao filho antes, não iria renovar a oferta após o rapaz ter deixado as coisas, na porta, tocado a campainha e desaparecido sem nem um bilhete.

"Você não pode ser dar ao luxo de selecionar, Draco." – censurou Ginny, largando o Profeta Diário a seu lado no sofá do pequeno loft. Ela, naquela manhã havia marcado diversas coisas que Draco poderia fazer, mas ele havia recusado todas veementemente quando ela as apresentou à tarde. – "Parece que você quer ser despejado. Seria algo temporário. Algo que você possa declarar quando for preencher os papéis de inquilino."

"Não vou trabalhar no Beco Diagonal vendendo sundae. Eu ainda me dou o devido respeito. E essa é a coisa menos degradante que você marcou aí". – reclamou ele, apontando para o jornal. Trabalhar para o Sr Borgin não era exatamente algo cheio de pompa, mas quase ninguém freqüentava aquele lugar, e ele não tinha que lidar com pessoas. Principalmente não com pessoas amante de trouxas e contra bruxos como ele.

"Tem mais uma coisa... Mas você vai explodir se eu sugerir. O que seria algo extremamente divertido de se assistir se eu estivesse atrás de algo que me protegesse da sujeira que vai cobrir o local..." – disse ela abrindo um largo sorriso. Era o emprego mais difícil de Draco conseguir. Por um outro lado, ainda não estava no Profeta Diário, logo ele certamente chegaria antes da concorrência.

"Você sugeriu basicamente tudo que poderia me causar um aneurisma. Vamos lá. Diga." – Nada poderia ser pior, pensava ele. Era simplesmente contra todas as estatísticas.

"Eu digo, se você prometer ir a entrevista e não estragá-la completamente de propósito. E notícias desse tipo voam como uma velocidade considerável, então se você fizer alguma besteira eu vou ficar sabendo. Pode ter certeza." – ela olhou para Draco que revirou os olhos impaciente, confirmou com a cabeça que concordava com os termos e gesticulou para que ela continuasse. – "Papai falou ontem, antes de você aparecer que um funcionário do Ministério tinha tido algum ataque de nervos e resolveu se demitir. Disse que não agüentava mais o trabalho e se aposentou. Foi pras Bermudas, acho. Eles não acreditaram no começo, mas receberam o cartão postal. Portanto eu deduzi que há uma vaga."

"Ministério? Por que isso seria ruim? Além da burocracia idiota e tudo mais, quer dizer. Continua sendo a melhor coisa que você me disse o dia todo."

"É na Comissão de Justificativas Dignas de Trouxas?" – disse, ela incerta e fazendo uma careta já esperando um grito. – "Mas você já prometeu." – lembrou, voltando a sentar-se direito.

"Você se ouviu? Principalmente a parte em que disse 'trouxas'. Ginevra, o que, por tudo que você considera mais sagrado, te faz pensar que alguém me daria, Draco Malfoy, um emprego onde há a palavra 'trouxas'?" – perguntou o loiro, dando uma ênfase especial em "Malfoy" e "trouxas" enquanto olhava para ela como se a ruiva tivesse uma segunda cabeça crescendo.

"Tecnicamente, apesar da sua verdadeira história não ser oficial, eles ainda não têm nada contra você. Malfoy ou não, você é considerado um bruxo comum, com os mesmos direitos de estar desempregado e desesperado quanto qualquer um. Além disso, pelo que eu entendi o trabalho é feito dentro de uma salinha. O que significa que você não vai ter que lidar com nenhum trouxa." – ela tentava explicar as coisas da forma mais sensata possível.

"Eu irei lá amanhã. Mas ainda acho perda de tempo." – disse ele, puxando Ginny para mais perto. - "Podemos comer agora? Não almocei direito e estou com fome."

"Contanto que nem eu nem você cozinhemos..." – pediu ela beijando-o de leve nos lábios. Ainda tinha muito fixo em sua memória as refeições que eles haviam feito no apartamento sobre a loja do Sr Borgin. – "Eu pago, já que você está temporariamente debilitado."

"Você não vai me sustentar, Weasley." – Draco forçava um tom leve. A oferta de Ginny o incomodava. Jamais iria se permitir depender financeiramente de uma mulher (optava por esquecer que iria aceitar a oferta de sua mãe, fixando-se apenas nos interesses maiores que iria atender se fosse para lá) principalmente considerando a situação da família de Ginny. Era verdade que com os filhos todos trabalhando as coisas tinham ficado mais fáceis para os Weasley, mas Draco só via o passado. – "Meu dinheiro ainda não acabou." – mentiu. Só tinha alguns galeões que mal dariam para pagar o último aluguel do loft. O emprego do Ministério começava a parecer melhor. Entre as duas humilhações, escolhia o emprego com a palavra "trouxas".

Ginny se contorceu para sair do abraço de Draco. Sentou na maior distância que conseguiu sem sair do sofá. Cruzou os braços e seu semblante denotava que as palavras de Draco, o nome pelo qual ele a chamou em especial, a haviam ferido. Ela não o encarava.

"Coma sozinho. Sabe, isso deve ser algum tipo de recorde. Ninguém consegue beijar e insultar num espaço tão curto de tempo."

"Ginevra, não comece. Se você estivesse realmente com raiva e não quisesse jantar comigo, tinha desaparatado." – afirmou ele, impaciente. Respirou alto e profundamente antes de continuar. – "Dividimos, está bem?"

"Vai se sentar à mesa com uma Weasley?" – perguntou Ginny fazendo pirraça. A afirmação de Draco era verdadeira. Se ela não quisesse comer com ele, tinha ido embora. Era a vantagem de se conviver com ele sem estar trancada sem magia. Contudo, desejava algum esboço de pedido de desculpas.

"Também acho estranho fazer isso de livre e espontânea vontade." – disse ele, dando aquele sorriso de lado que sabia que ela não conseguia resistir. O que de fato aconteceu, porque aquilo foi suficiente para ela em matéria de demonstração de arrependimento.

"Escolha suas palavras com cuidado da próxima vez, Draco." – avisou ela em um tom que beirava uma ameaça apesar de seus lábios terem se contraído num sorriso espontâneo. – "Ah! Precisamos ir a um lugar trouxa."

Ainda na noite anterior os dois haviam decidido que iriam manter as coisas só entre eles por enquanto. Esconder não seria nada fácil, mas ter que enfrentar sete Weasleys irados mais Hermione e Harry seria muito pior. Quando eles se ajeitassem (se isso ocorresse), contariam. Mas no momento, não viam necessidade.

Draco soltou um pequeno muxoxo de desaprovação, mas não discutiu. Em pouco tempo os dois tinham colocado roupas trouxas (Ginny o fez com uma pequena ajuda de sua varinha) e saído pelas ruas de Londres.

Eles optaram por um restaurante pequeno e que, segundo a placa na porta, fazia comida caseira. Ginny tinha ido ali uma vez com Harry (fato que ela não mencionou a Draco) e havia gostado bastante.

"Grandma's recipies? Receitas da vovó? Você deve estar brincando..." – reclamou Draco enquanto Ginny avançava para a porta o puxando pela mão.

O atendimento era meio lento (desvantagens de não se ter magia para ajudar), mas até Draco concordou que a comida era boa.

"Onde seus pais acham que você estÿ" – perguntou o rapaz de forma descontraída, após dar um gole de seu vinho tinto.

"Eu já sou grandinha, Draco... Não devo satisfação a meus pais." – respondeu, dando uma garfada em sua batata cozida. Ela, contudo, não o olhou nos olhos ao falar.

"Claro que não..." – disse ele cerrando as sobrancelhas e balançando a cabeça com uma falsa expressão séria. Parecia um pai quando seu filho de cinco anos afirmava já ser grande o bastante para atravessar a rua sem lhe dar a mão.

"Na biblioteca." – sucumbiu Ginny, revirando os olhos. Odiava quando Draco via além do que ela desejava mostrar.

"Por que você deveria estar lÿ" – um pequeno sorriso de satisfação surgiu no rosto do loiro.

"Os testes para desfazedores de feitiços do Gringotes são semana que vem. Quero tentar. Não posso trabalhar na Gemialidades Weasley para sempre. Era pra ser um emprego de verão que durou muito mais do que devia. Bill trabalhava como desfazedor de feitiços para o Gringotes egípcio. Parece ser fascinante."

O clima na mesa de repente congelou. Ambos prenderam a respiração por um segundo quando a ruiva mencionou o nome do falecido irmão. Ginny desviou o olhar para o bar enquanto mordia seu lábio inferior. Já Draco, encarava seu prato com veemência. Foi ele quem quebrou o silêncio, optando por continuar o assunto, mas levando-o para longe de Bill como se seu nome não tivesse causado nada.

"Por que você não está na biblioteca. Não precisa estudar pra isso?"

"Me dei o direito de tirar folga dos livros por uma noite." – respondeu ela, voltando a olhar para Draco com um leve sorriso. – "Além disso, quando você passa sua vida inteira morando com Fred e George você passou por todos os testes."

"Porque você não me deu isso como opção de emprego? Com medo da concorrência?"

"As inscrições acabaram no dia dois de agosto. E de qual concorrência estamos falando aqui? Acho que não entendi..." – disse Ginny, fingindo-se de boba.

"Não? Vai precisar ser mais esperta que isso para conseguir a vaga, Ginevra." – ele reparou que a ruiva já havia terminado de jantar e repousou seu garfo e faca no prato. – "Você tem hora pra voltar ou podemos pedir a sobremesa?"

"Eu não quero nada". – mentiu. Na verdade o que ela não queria era gastar mais. – "E não, não tenho toque de recolher."

Draco acreditou nela, e pediu a conta. Nesse momento uma nova discussão quase surgiu, porque ele queria pagar tudo sozinho. Mas no fim, eles fizeram o que haviam combinado antes e dividiram igualmente.

Após saírem do restaurante acharam melhor voltar para o apartamento de Draco. Andar pelas ruas de Londres, mesmo nas partes majoritariamente trouxas era perigoso caso eles realmente quisessem manter as coisas em segredo. Os Weasley conheciam muita gente, e muita gente era capaz de reconhecer um Malfoy a dez quilômetros de distância em uma tempestade.

Eles escolheram um beco escuro e logo tinham aparatado na "sala" do loft. Ginny foi preparar café, agradecendo em silêncio por poder usar magia naquela tarefa. Ao terminar, Draco a ajudou a encher duas xícaras e eles seguiram para o sofá. O Profeta Diário ainda estava ali, mas o loiro o jogou no chão antes de sentar.

Era uma situação ligeiramente estranha para ambos. Aquela era a primeira vez que os dois estavam em um local fechado juntos desde que saíram da Borgin & Burkes. Na noite anterior os dois haviam conjurado um banco na beira da estrada e conversado por um tempo. Mas Ginny precisava voltar para casa antes que sua família a considerasse desaparecida e trancada em algum lugar.

A ruiva corava ligeiramente e Draco não sabia se olhava para ela ou se encarava a xícara em suas mãos. Toda vez que seus olhos se encontravam, ambos riam e voltavam o olhar para algum outro ponto. Nenhuma palavra era dita. Quando ficaram juntos na loja, foi diferente. Foi algo espontâneo. Aquilo era... quase embaraçante.

"Sou o único a me sentir ridículo? Ou o sentimento é mútuo?" – perguntou Draco, quebrando o silêncio que já durava cinco minutos. Tinha acabado de levar as duas xícaras para a pia e agora voltava a sentar-se ao lado de Ginny, mais perto do que antes.

Ele levou uma das mãos à nuca de ruiva e inclinou a cabeça para beijá-la. Aquilo foi o suficiente para fazer qualquer constrangimento se esvair no ar. Quando os lábios se encontraram, tudo passou a fluir naturalmente. As mãos de Ginny percorreram o peito de Draco e lentamente ela começou a desabotoar a blusa dele enquanto beijava seu pescoço.

A respiração dos dois começou a ficar acelerada e o rapaz a pegou no colo e a deitou na cama cobrindo-a com metade de seu próprio corpo. Suas mãos percorriam a pele macia dela, indo de suas pernas até seus cabelos. Sua boca beijava cada pedaço que alcançava. Enquanto isso, as mãos dela desfaziam o cinto de Draco. Ele rolou até que ela ficasse em cima dele, a ajudou a tirar a blusa e desejou poder tê-la assim para sempre.

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N/A4: A frase "a normalidade é tão somente uma questão de estatística" não é de minha autoria. Ela foi escrita por um novelista britânico chamado Aldous Leonard Huxley (1894-1963).

N/A5: Já disse isso lá no começo, mas nunca é demais: deixem reviews!