N/A: Este capítulo contém fragmentos do mangá. Pensamentos estarão entre aspas e em itálico. Textos que venham a ser escritos ou lidos por um personagem encontra-se apenas em itálico. Comunicações pelo cosmo estarão escritos normais e entre aspas.

13- Merci et Au revoir... Miro...

As batalhas tiveram início.

Os cavaleiros de Bronze invadiram as doze casas na pretensão de atravessá-las em doze horas para Salvar Saori Kido – ao qual diziam ser a Reencarnação de Athena – que estava com uma flecha dourada no peito ao qual, supostamente, apenas o Grande Mestre poderia retirar. O relógio de fogo fora aceso e as chamas apagavam-se gradualmente conforme o tempo perdido.

Os cavaleiros de bronze, que iniciaram juntos a batalha, começaram a se separarem a partir de Gêmeos, que mesmo sem seu cavaleiro protetor no local, misteriosamente se sentia o cosmo deste para zelar por seu templo.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Kamus acompanhava tudo de Aquário. Sentiu, com pesar, o cosmo de Hyoga desaparecendo por instantes de Gêmeos, mas tranqüilizou-se ao perceber o cosmo de seu pupilo novamente, em Libra.

Desceu as escadarias às pressas. Se houvesse uma chance, seria essa, na casa abandonada de Libra.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Miro estava recostado em uma coluna na entrada do pavilhão de seu templo. Olhava o céu. As atitudes de Kamus no dia anterior ainda não lhe saiam da mente, assim como seu sonho, que sempre lhe causava arrepios lembrar. Estava preocupado. O aquariano havia saído logo cedo e mal havia tomado o café da manhã.

Não se preocupava e nem tentava acompanhar as lutas pelo cosmo. Simples cavaleiros de Bronze jamais conseguiriam derrotar Cavaleiros de Ouro. Sem contar que nunca ninguém conseguiu atravessar as doze casas zodiacais desde os tempos mitológicos. Olhou o relógio aceso, já com algumas chamas apagadas. Aqueles garotos queriam o que? Fazer um milagre? Pois só um milagre para realizarem aquele feito e ainda por cima em apenas doze horas.

- Perda de tempo... – Murmurou, voltando sua atenção as casas que ficavam abaixo. Arregalou os olhos, surpreso pela imagem que viu descendo as escadarias que levariam à libra.

Kamus havia passado pela passagem secreta, ocultando sua presença para que Miro não percebesse.

- Kamus! – Chamou. Em vão. O aquariano nem o olhou. Continuou seu caminho no mesmo passo apressado.

- Mas que diabos está acontecendo...? – Murmurou, prestando finalmente atenção nos cosmos. Um deslocava-se para Câncer, onde ocorria uma batalha, e outro se encontrava em Leão. Até se assustou com o cosmo violento que Aioria apresentava. Sentiu uma fraca presença em Libra, onde provavelmente havia alguém inconsciente. – Mas como... Como chegaram tão longe? Como algum deles já estaria em Libra?

Sentiu a presença de Kamus parar no interior da sétima casa. Então Hyoga estaria lá? Era a única explicação que encontrou!

Miro memorizou bem aquele cosmo. Kamus desceu para enfrentar seu pupilo, isso era óbvio, mas para que? O grego não entendia o que ele ganharia querendo confrontar com seu discípulo além de dor; pois sabia o quanto o francês gostava dele.

Sentia o cosmo de Kamus aumentar e se chocar contra o de Cisne, assim como um fino feixe de luz perfurar o teto de Libra, parecendo alcançar a constelação de Aquário.

"O que Ele está tentando fazer?"

Não demorou muito, para sentir o cosmo de Hyoga extremamente fraco. Provavelmente estaria quase morto.

Esperou na entrada do pavilhão de acesso de seu templo por Aquário, que não demorou muito a chegar.

Kamus entrou em escorpião e passou por Miro sem falar nada. Estava triste e confuso.

- Kamus, ei! – Correu para alcançá-lo.

O aquariano parou no meio do pavilhão. Virou para encarar o grego. Seus olhos ainda estavam chorosos pelo que havia acabado de fazer.

Miro o olhou meio perdido.

- Em Libra era Hyoga, não era? – Queria confirmar. Kamus assentiu com a cabeça, num sutil movimento. – Porque desceu para enfrentá-lo? Não estou entendendo mais suas atitudes... O que se passa com você?

- Não fique assim por minha causa. – Tocou o rosto do grego com delicadeza. – Eu apenas fui testá-lo para saber se seria capaz de enfrentar um cavaleiro de ouro, mas... – Desviou o olhar triste. – Ele não conseguiu desenvolver o sétimo sentido. Não queria vê-lo morrer pela mão de nenhum cavaleiro ao qual não teria chances de confrontar.

- Por isso o matou. Preferiu que ele morresse por suas mãos à de qualquer outro. – Concluiu compartilhando da tristeza de seu amado. Segurou a mão de Kamus contra seu rosto.

- Ele não está morto. Deixei-o dormindo no centro de um esquife de gelo... Na esperança que um dia acorde em uma época distante dessa e consiga sair e viver em paz. Eu não queria vê-lo morrer, Miro...

- Entendo...

- Mas... Se tivesse de escolher qualquer outro cavaleiro de ouro para enfrentá-lo, escolheria você.

- Kamus... Então era com isso que se preocupava...

- Fiz o que pude para tentar ajuda-lo a despertar o sétimo sentido, até fiz com que me odiasse, mas ele não conseguiu.

- Não fique triste. Athena ajuda e guia os que lhe são fiéis...

- Sim, e seus mais fiéis e dedicados cavaleiros estão sendo protegidos... – Mostrou um sorriso melancólico como no dia anterior. – Tenho que voltar para Aquário... – Retirou sua mão do rosto do grego, depositando um beijo leve onde ela pousava e em seus lábios. Deus as costas, seguindo seu caminho para a saída do templo.

- Porque está agindo tão estranho? – Miro perguntou a si mesmo, vendo que já se encontrava só em seu templo.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Dois cavaleiros de bronze haviam alcançado a casa de Escorpião. Deram alguns passos em frente, mas fizeram menção de voltar para Libra.

Miro, que os esperava no meio de seu pavilhão, chamou suas atenções. Apareceu altivo perante os garotos.

Uma batalha teve início, mas nem Pégaso unindo forças com Dragão conseguiram deter Miro. Por fim, tudo o que Seiya conseguiu foi arranhar levemente o rosto do cavaleiro de ouro e arrancar seu elmo pela potencia do golpe. O escorpiano fez questão de mostrar a diferença entre um cavaleiro que começava a desenvolver o cosmo máximo e o que já o possuía. Atingiu aos dois com sua Agulha Escarlate.

Hyoga, que havia sido libertado do esquife de gelo ao qual fora preso por Kamus, surge na entrada carregando o corpo de um amigo. Miro logo reconheceu o cosmo e a armadura, ficando surpreso. Cisne decidira assumir aquela batalha. Envolveu o escorpiano com o Círculo de gelo para imobilizá-lo, pedindo que Seiya e Shiryu que saíssem e levassem o desacordado Shun.

Miro deixou-se cair na técnica fingindo realmente estar imóvel, quebrando o círculo apenas quando se encontravam a sós. Colocou novamente seu elmo.

Iniciou uma nova batalha. Cisne tentava atacar-lhe de todas as formas possíveis. Em vão. Suas técnicas não surtiam efeito no grego e já havia recebido várias agulhadas pelo corpo na posição das estrelas de escorpião.

Kamus apenas observava a tudo de aquário com sua postura sempre altiva, mas com olhar vago.

- Mas não é possível! Os ferimentos das picadas aumentaram e meu sangue agora está jorrando! Minha visão está ficando turva... Não é só a visão. Estou ouvindo cada vez menos... – Hyoga, que mal ouvia os passos do escorpiano se aproximar, caiu de joelhos – O que é isso?

- Simplesmente porque você está perdendo os cinco sentidos. – o grego olhou-o sério.

- O que ?

- Quanto mais sangue você perder, menos vai poder usar seus sentidos.

- Mas... Antes de desmaiar, eu vou vencê-lo, Miro...

- É inútil! Nesse estado parcialmente privado do tato, você não vai conseguir fazer nada. Desista! – Miro o advertiu.

Hyoga ignorou o aviso e o atacou, sendo repelido com um empurrão. Miro segurava-o pelo ombro, mantendo-o de joelhos.

- Você é burro, Hyoga? Não entendeu as palavras de Kamus?

- O que?

- Kamus não desceu as escadarias em vão. Foi à casa de Libra porque não queria que você morresse! Você estava quase morto, mas poderia renascer a qualquer momento... Kamus pretendia poupá-lo agindo desta forma.

- Kamus... Meu mestre! – Finalmente havia compreendido tudo.

Miro deu-lhe as costas e começou a se afastar. Por Kamus, não queria fazer nada ao jovem cavaleiro.

- Em respeito à Kamus, vou deixá-lo vivo.

- Como é?

- Em alguns dias seus sentidos voltarão. Agora saia!

- Não... Fazer isso não adianta, Miro. Kamus pode confirmar.

- O que? – espantou-se com o rapaz.

- Como vou dormir em sono profundo enquanto meus irmãos lutam com todas as forças arriscando suas vidas? De que me adiantaria sair de um esquife de gelo daqui a dez ou cem anos? O que conta para mim é viver o agora! Pouco importam as dificuldades e os sofrimentos que aparecerem! Sou feliz por marchar ao lado dos meus amigos e em lutar pelo que acredito! Deus foi maravilhoso ao me dar este destino... Hoje, agradeço por me fazer nascer na mesma época que eles. Mesmo sem sentidos, não vou parar de lutar até morrer!

Hyoga tentou desferir inutilmente um soco em Miro.

O grego o repeliu dando um soco que o jogou contra uma pilastra. Fechou os olhos e se comunicou com Kamus através de seu cosmo.

"Você viu, Kamus? Deixar o rapaz vivo representa uma humilhação para ele. Tirar sua vida seria considerá-lo um verdadeiro cavaleiro. Então vou usar todas as minhas forças para acabar com a vida de Hyoga! Creio... que ele é digno de ser meu adversário. Ouviu, Kamus?"

Frente à Aquário, Kamus cerrou os olhos com o que Miro disse. Sentiu orgulho e tristeza, simultaneamente.

"Eu estou orgulhoso por você perceber que o Hyoga é incrível, Miro... Hyoga... Eu sei que, mesmo morto, você continuará lutando. Por Athena, por seus irmãos... Hyoga!"

Levantando-se com dificuldade, o russo voltou a encará-lo.

- Miro, prepare-se para receber meu último golpe! Já que vou perder todos os sentidos, vou intensificar minha energia cósmica ao máximo!

- Venha, Hyoga! Eu lhe prometi a última picada do escorpião: Antares!

- Pó de Diamante!

- Antares! – Miro atingiu Hyoga – Adeus, meu amigo...

O sangue saiu profusamente do corpo de Hyoga, que caiu fraco no chão. Miro cerrou os olhos e deu-lhe as costas.

- Conforme sua vontade, Hyoga, você morreu bravamente no campo de batalha, em uma luta leal. – sentiu pontos frios em seu corpo e se espantou – O que! As 15 estrelas de Escorpião cintilam congeladas! Mas como!

"As estrelas de escorpião estão gravadas na minha armadura! As estrelas da constelação de um cavaleiro representam seus pontos fracos... São seus pontos vitais! Hyoga me atingiu nestes pontos numa fração de segundo? Quando? Terá sido em nosso último embate? Claro, foi quando eu o atingi com apenas um Antares... Hyoga conseguiu me atingir em 15 pontos vitais com o seu Pó de Diamante. Minha armadura foi congelada pelo golpe de Hyoga..." – uma gota de suor escorreu em seu rosto – "Sem minha armadura dourada, certamente teria morrido. Sobrevivi a um combate mortal. Mas, na verdade eu perdi." – Virou-se novamente para Hyoga, notando que este ainda se arrastava no chão, determinado a seguir em frente. – "Aonde você quer chegar, Hyoga? Junto de seus companheiros? Perto de Kamus? E essa Saori Kido, que os cavaleiros de bronze querem tanto proteger...? Será que ela é mesmo a reencarnação de Athena? Bem, nós... Hyoga..."

Correu até ele, segurando em seu colo.

- Se você não for levado ao Grande Mestre que seu grupo pretende destronar... Suas forças vão se esvair enquanto o sangue escorre pelo chão. É uma questão de minutos... – Respirou fundo – Não quero prolongar seu sofrimento, cavaleiro. Você só quer ir em frente...

Ergueu um dedo num gesto como um ferrão de um escorpião e pressionou um ponto vital. Aguardou alguns minutos até que o russo abriu novamente os olhos.

- Hyoga... Eu pressionei um ponto vital. A hemorragia vai parar. Assim é possível recuperar parte dos seus sentidos e seguir seu caminho.

- Por que fez isso?

- Hum... Eu quero saber... Quero ver até onde vocês conseguem ir. – sorriu.

Miro observou Cisne levantar-se com dificuldades e caminhar lentamente para a saída de sua casa sem nada lhe pronunciar. Realmente Hyoga era incrível. Kamus o havia treinado muito bem.

"Hyoga... Eu o estou enviando para uma prova ainda mais difícil..." – Pensou ao olhá-lo sair, voltando a sua seriedade. Suspeitava das pretensões de Kamus.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Em Aquário, Kamus os aguardava na entrada com sua postura altiva. Hyoga, que havia alcançado Seiya e Shun, o encarava sério.

Kamus estava orgulhoso de seu pupilo, mas não pretendia demonstrar. Não ainda. Tinha que terminar o que começou, custasse o que custasse.

Hyoga pediu que seus amigos continuassem sem ele, e assim o fizeram.

Kamus permitiu que passassem sem sequer mover-se. Apenas encarou pouco mais seu pupilo e entrou em seu templo. Hyoga o acompanhou. Ambos pararam ao centro do pavilhão de acesso e voltaram a se encarar.

- Kamus, meu mestre, palavras não bastam para mostrar o quanto eu agradeço por você ter me treinado, na Sibéria. Por isso, vou mostrar meu reconhecimento portando-me como um verdadeiro cavaleiro. Eu vou usar tudo o que me ensinou e o vencerei em combate!

- Se é isso o que você quer, desta vez eu acabarei com a sua existência. Estou esperando, Hyoga! – Falou friamente.

Ambos colocaram-se em posição de luta. Hyoga o atacou com o Pó de diamante, mas Kamus deteve o golpe com apenas uma mão.

- Você esqueceu o que eu disse na casa de Libra? Fui eu quem o ensinou este golpe. Não é possível me vencer assim, ainda mais com tão pouco frio! Eis um frio de verdade! – com a mesma mão, o francês soltou uma forte rajada de ar congelante. Hyoga tentou esquivar-se, mas tombou no chão sendo atingido.

"Minha perna esquerda congelou!" – Hyoga pôs-se de pé novamente.

- O que é o zero absoluto, Hyoga? Responda!

O russo lembrou-se da época em que Kamus lhe explicava todos os conceitos e as técnicas que usaria. O aquariano o atacou novamente com outra rajada de ar frio.

"Minha perna direita também congelou! Não posso me mexer!" – Hyoga ergueu-se novamente, vendo o quão difícil estava sua situação.

- Hyoga, você sabe que o zero absoluto é o limite extremo. Mas criar tal frio é algo impossível até mesmo para mim! Em um combate entre dois cavaleiros do frio, a vitória caberá ao que mais se aproximar deste limite.

- A energia cósmica faz a diferença...

- Exatamente. Por mais que você amplifique sua energia cósmica, não vai se aproximar tanto do zero absoluto quanto eu. – ergueu os braços acima da cabeça, unindo as mãos – O seu ar frio jamais se igualará ao meu! Eis a diferença entre ganhar e perder.

- Essa... Essa postura...

- Você vai sofrer uma derrota arrasadora, Hyoga! Execução Aurora!

O golpe foi certeiro o arremessando, mas Hyoga voltou a ficar de pé, surpreendendo a Kamus.

- O que ! Hyoga, você acaba de receber a Execução Aurora e ainda assim...

- Mestre, o mesmo ataque não funciona duas vezes contra o mesmo cavaleiro. Foi o senhor quem me ensinou isso.

- Que...?

- Mesmo que eu não chegue ao zero absoluto – fez uma postura ofensiva – quero ao menos igualar meu frio ao seu. Eu vou vencer! Kholodnyi Smerch!

- Eu já disse que é inútil! – Kamus repeliu o golpe e voltou a atingi-lo.

A potencia fez com que Hyoga fosse arremessado contra uma pilastra.

"O meu golpe mais potente não surtiu efeito."

- Sim... Você é meu mestre... E a minha força não pode equivaler à sua. – Falou caído no chão.

- Então, você finalmente entendeu que seus ataques não podem me fazer nada. Portanto, devo felicitá-lo por ter evitado a Execução Aurora. Mas é inútil ferir você, uma vez que minha vitória é indubitável. Portanto, eu lhe ofereço algo em troca... Esquife de Gelo!

Hyoga foi novamente aprisionado em um grande esquife de gelo. Kamus o observava.

- Você já sabe como é: Nada poderá derreter esse gelo, nem mesmo toda a força de seus amigos reunida. Dessa vez a espada de Libra será inútil. Você pode descansar em paz, Hyoga... – Kamus pronunciava cada palavra com pesar. Deu as costas.

O aquariano sentia o cosmo de Hyoga se elevando novamente.

- O que você pretende agora? A morte logo chegará, seja paciente! – Falou friamente, ocultando o que verdadeiramente sentia. – Mas o que... ? – Voltou-se novamente para o esquife onde estava Hyoga. Surpreendeu-se ao vê-lo rachar. – Você... Está quebrando o esquife de gelo por dentro? É impossível...

Cisne rompeu o grande bloco de gelo em milhares de pedaços, alguns atingindo seu mestre.

"Impossível... Hyoga fez o que todos os cavaleiros de ouro jamais conseguiram! "

- Como ele conseguiu? – Kamus observou seu pupilo caído no chão. – Mas como? Para destruir o esquife é preciso um frio superior ao de seu gelo. Isso significa que você gerou uma temperatura igual a -273,15 °C . É o zero absoluto! Hyoga, inconscientemente você... – Admirou-se com seu pupilo.

Hyoga voltava a elevar seu cosmo e a ficar de pé.

- Não, é impossível... As duas pernas estão congeladas e o corpo está praticamente paralisado pelo frio... De onde ele tirou tanta força?

- Mestre... Eu disse que mesmo não conseguindo atingir o zero absoluto... ainda assim eu chegaria ao seu nível.

- Pare Hyoga! Seu corpo não suportará outro ataque!

Hyoga lançou uma rajada de ar frio em seu mestre e este fez o mesmo. Os ataques se chocaram.

- Mas... O que é isso? A massa de ar frio ficou bloqueada entre nós dois! Inacreditável! Isso significa que Hyoga gerou um frio igual ao meu! Estou impressionado. Parabéns! Mas infelizmente isso não significa que você vencerá. Tudo tem seu ponto de glaciação. A água congela a 0 °C. O álcool a -114,5... As armaduras não fogem à regra. As armaduras de bronze congelam a -150 °C, incluindo a sua, mesmo criada nas geleiras eternas. Mas para acontecer isso à uma de Ouro é preciso atingir -273,15 °C. O zero absoluto!

Hyoga nada pronunciou.

- Já disse, Hyoga! Enquanto estiver com esta armadura, jamais poderá derrotar-me, por mais que tente! – Fitava todo o tempo o seu pupilo, que não demonstrava nenhuma outra reação. – Me escute!

"Ah... Está inconsciente... O cosmo dele é tão frio quanto o meu. O frio que Hyoga e eu descarregamos o matará se ele não despertar".

- Abra os olhos, Hyoga! Se ficar assim receberá toda a carga de frio entre nós e seu corpo vai se desintegrar! Hyoga! – Kamus via-se desesperado, mas nada podia fazer. Não queria que seu pupilo morresse. Em especial agora que finalmente despertava o cosmo máximo, mas fazia parte do teste. – Abra os olhos e saia da trajetória, Hyoga! O frio está indo em sua direção! Hyoga!

No último instante, Cisne despertou. Segurou toda a massa de ar frio que ia em sua direção, o que surpreendeu ao seu mestre. Sua armadura desintegrou-se com o poder que tinha em mãos. Concentrando-se, conseguiu repelir o ataque em direção à Kamus, que caiu no chão e perdeu o elmo com o ataque.

Kamus levantou-se rapidamente, voltando a encarar seriamente seu pupilo.

- O que? O que é isso? - Surpreendeu-se ao olhar o ombro direito de sua armadura - A armadura dourada está congelada? Isso quer dizer que... por instantes conseguiu atingir o zero absoluto...

"Hioga atingiu o zero absoluto, justo quando estava a ponto de perder a vida. É a hora, Hyoga. Tu terás o conhecimento decisivo para o bom uso do zero absoluto."

- Isso ainda não faz de você o vencedor. Você está completamente desarmado... O Pó de Diamante e o Trovão aurora serão inúteis contra mim. Você não conseguirá usar o frio ofensivamente. Desta vez não há escapatória. Aqui vai o golpe mais poderoso do cavaleiro de Aquário! Execução Aurora! – Kamus parou surpreso. – É o que?

Hyoga imitou sua postura e elevava cada vez mais sua cosmo energia.

"Que está tentando fazer? Não posso crer... Hyoga..."

- Nesse caso, A execução aurora é minha melhor arma, é a que faz o melhor uso do ar frio. É impossível copia-la depois de levá-la apenas uma ou duas vezes.

Hyoga apenas continuava a concentrar seu poder. Atacaram simultaneamente. Os golpes colidiram causando uma grande explosão de ar frio, congelando todo o templo.

- ... Parabéns, Hyoga... Você conseguiu me enfrentar e dominar minha mais poderosa técnica. – Kamus abaixou os braços. – Não tenho mais nada a lhe ensinar. Petrificado pelo frio, você está mais morto que vivo. Seus cinco sentidos o abandonaram, mas ainda assim conseguiu atingir o zero absoluto. Você se abriu ao maior dos cosmos: o sétimo sentido... e sua energia cósmica chegou ao nível da minha.

- Mestre... – Lágrimas escorriam do rosto de Hyoga – você abriu minha visão pro zero absoluto ao sacrificar sua vida. Depois... o bem e o mal... essas noções se apagam quando começa a luta... Você me ensinou que um homem deve defender suas posições até o fim...Decorar seus gestos com calma... você não poderia ter sido mais educado... Kamus. Nunca esquecerei tudo o que me ensinou. Um dia vamos nos reencontrar... Até lá, obrigado Mestre... e adeus! – Caiu no chão, em coma.

- Gostaria tanto de colocar esse poder a serviço dos seus ideais... eu faria tudo para que você vivesse mais um pouco, mas... infelizmente... nem eu posso ajudar. – Kamus deixou-se cair, sem mais forças. Sentia todo o seu corpo doer com o frio. – Perdão, Hyoga.

Kamus todo o tempo previu sua morte ao enfrentar seu pupilo. Queria guiá-lo para o cosmo máximo e ensinar sua técnica mais poderosa e o Esquife de gelo, sabendo que para isso, poderia ter de abrir mão da própria vida. Realmente nunca conseguiria agir tão friamente quanto seu mestre. Esperava que Hyoga conseguisse sobreviver, diferentemente dele que, no chão, de olhos cerrados, Sentia sua consciência se esvair cada vez mais rápido. Sua vida se extinguir. Um turbilhão de pensamentos invadiu sua mente, acompanhados de várias imagens de toda a sua vida.

"Miro..." – incapaz de falar qualquer outra coisa, seu cosmo se comunicou e despediu-se; sento tudo o que conseguiu soar. Kamus morreu com um sorriso de satisfação nos lábios – por conta de seu pupilo – E com lágrimas nos olhos, por ter se despedido do escorpiano, a quem tanto amava.

Uma imagem, que achava ter esquecido, havia ficado fixamente em sua mente ao partir: A de Miro criança, sorrindo, lhe estendendo a mão. Foi assim que se conheceram e tudo começou.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Em escorpião, Miro encontrava-se encostado em uma pilastra na saída do templo de braços cruzados. Acompanhava a luta na casa de Aquário. Sentiu seu coração falhar uma batida ao ouvir pelo cosmo seu nome sendo dito como a despedida de Kamus e o cosmo do aquariano se extinguir. Olhou para o céu estrelado permitindo que uma lágrima solitária afagasse seu rosto. Acariciasse sua pele que jamais sentiria o toque gentil de Kamus novamente.

- Era isso, não era Kamus? Você sabia o que poderia acontecer. Que Hyoga ainda poderia voltar para esta luta. Você acredita que aquela garota seja realmente Athena... Realmente... Isso explicaria os cavaleiros de Bronze terem ido tão longe... – Secou a lágrima e voltou a mostrar sua altivez de cavaleiro novamente. – Como você disse; Athena está protegendo seus mais fiéis e dedicados cavaleiros, dando a eles força para seguirem em frente. Eu imaginava o que você tinha em mente... – Cerrou os olhos voltando à entrada do templo. – Kamus...

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

As batalhas seguiram também com a morte do cavaleiro de Peixes. Pégaso, após ter atravessado o mar de rosas diabólicas que estrategicamente cobriam as escadarias, ficou frente a frente com o Grande Mestre. Algumas palavras foram trocadas e o Grande Mestre começou a agir estranhamente. Logo Seiya estava sendo atacado e outra luta teve início.

Os cavaleiros de ouro remanescentes sentiram um poderoso cosmo vindo do templo e reconheceram, mas não queriam aceitar o fato. Foi quando Mu revelou à todos tratar-se do desaparecido cavaleiro de Gêmeos e que por isso ele e o cavaleiro de Libra recusavam-se a ficar no Santuário. Revelou que na realidade Saga havia tentado matar Athena e que Aioros a salvou, sendo aquele bebê, agora, Saori Kido.

Todos se revoltaram por terem sido enganados. Em especial Miro, que achava que tudo poderia ter sido diferente se tivesse desconfiado antes. Tudo fez sentido e notou que Kamus também desconfiava, apenas fingindo fidelidade para concluir o treinamento de seu pupilo. Kamus desconfiava do Grande Mestre e confiava nos ideais de Hyoga.

No salão do Mestre:

Seiya lançou contra Saga o Cometa de Pégaso, fazendo com que este tombasse por um tempo. Reuniu suas forças restantes para alcançar a estátua de Athena e pegar o escudo da justiça, antes que Saga levantasse e a ultima chama do relógio se extinguisse.

Athena fora salva e começou a subir as escadarias. A cada casa que passava o cavaleiro de ouro a reverenciava e a acompanhava. Os de bronze, que estavam em coma nas casas superiores, Athena deu-lhes força para que acordassem.

Miro, acompanhando a Deusa como os outros, apenas fitou brevemente o corpo inerte de Kamus no chão, enquanto Hyoga era despertado. Não queria vê-lo daquela maneira, ali caído, congelado. Ao fim do percurso, Saori encontrou Seiya e o despertou como os outros.

Saga, agora purificado pelo brilho do escudo sagrado, pôs-se de joelhos perante a Deusa, pedindo perdão por seus crimes e se suicidou perfurando o próprio coração. Saori, em lágrimas, segurou o cavaleiro de gêmeos em seu colo. Os cavaleiros que a acompanhava ajoelharam-se em reverência e respeito. Gêmeos tinha uma dupla personalidade e o lado maligno havia conseguido se sobressair, apenas algumas vezes o lado bom se manifestando. Pelo escudo ter destruído este espírito maligno, o lado bom de saga aflorou. Compreenderam que até Saga fora uma vítima no final.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Pela manhã logo cedo, todos os cavaleiros que participaram da batalha encontravam-se para o velório dos Saints de ouro, com exceção de Miro, que foi o ultimo a chegar.

O grego não havia conseguido dormir a noite inteira. Apenas derramava lágrimas involuntárias enquanto lembrava de Kamus. Agora, mesmo cercados de amigos, sentia-se só.

Miro entrou no salão do Templo de Athena trajando sua armadura dourada e com um lenço negro amarrado no braço – assim como todos os outros cavaleiros – , onde encontrou os caixões posicionados num semicírculo, na ordem dos Signos que os cavaleiros representavam. Seu rosto transparecia calma e seus olhos – Já desinchados – melancolia pela cena.

Passou por cada amigo sem vida, despedindo-se.

Aproximou-se de Kamus e tocou gentilmente a pele fria do aquariano, olhando-o com ternura. Todos sabiam o que se passava ali, depois de tudo. Todos esperavam ver o escorpiano cair em lágrimas, mas este surpreendeu à todos revelando um sorriso terno e melancólico. Um sorriso igual Kamus sempre adorou contemplar.

E daí que sua alma estivesse chorando? Kamus não gostava de lágrimas e o mínimo que poderia fazer era não chorar na sua frente.

Deixou um lírio branco sobre as mãos do francês e depositou um beijo em sua fronte. Afastou-se lentamente, permitindo seu sorriso desaparecer. Ficou apenas com sua expressão melancólica, mas não se atreveu a derramar uma lágrima sequer naquele local.

Ao fundo pôde ver Athena e quatro de seus cavaleiros de bronze ao seu lado, mesmo ainda fracos pela luta recente. Todos sem suas armaduras – pois estas haviam sido completamente destruídas – com uma faixa negra presa ao braço. Observou que Hyoga estava com os olhos úmidos. Provavelmente chorou ao ver o corpo de seu mestre. Começou a pensar que teria sido melhor ter realmente executado Hyoga, mas logo mudou de idéia. Aquela havia sido a vontade de Kamus e não tinha direito algum de interferir. Hyoga não teve culpa, afinal. Miro surpreendeu-se ao perceber que não conseguia odiar o garoto. Ao notar que tinha admiração pelos esforços dele e pelo respeito que tinha para com o mestre.

No momento de levar os caixões, Miro acompanhou assim como os outros, mas apenas até o templo de Aquário. Ficou parado no meio do pavilhão acompanhando com o olhar os outros se afastarem.

Shaka, notando isso, fez menção de voltar e falar com Miro, mas Mu o deteve.

O grego começou a caminhar em direção à porta da morada de Kamus, onde inúmeras vezes já havia entrado e aprontado, deixando o francês sempre em nervos. Observou uma serva com as chaves em mãos. Iria trancar a casa.

- Espere! – Miro chamou. Correu até ela e pegou as chaves, as olhando.

- Senhor Miro... Eu... Tenho que trancar a casa de Aquário... Fui encarregada disso!

- Deixe que eu cuido disso. Pode ir! – Falou com olhar vago.

- Mas o senhor não vai acompanhar o enterro de seus amigos? – A garota via-se confusa.

- Não... Não quero ir ao cemitério...

A serva sorriu. Entendeu que o escorpiano queria se despedir, mas não vendo o corpo inerte. Queria despedir-se resgatando as boas lembranças. Fez uma reverência e se afastou.

O grego abriu a porta e entrou olhando tudo à sua volta. Fechou a porta atrás de si. Era óbvio que a serva não havia tocado em nada desde que havia deixado a casa, no dia anterior, por conta da batalha que ocorreria nos templos. Ela apenas trancaria.

Miro passou lentamente pela sala. Ali havia descoberto ser correspondido e haviam trocado o primeiro beijo. Sim, beijo que veio acompanhado de uma confusão, mas que foi resolvida em pouco tempo. Sorriu ao lembrar da expressão sem graça de Kamus e da imagem dele quando o procurou abaixo de chuva. Sempre bom e puro, parecia um anjo.

Entrou no quarto. A janela, que encontrava-se aberta, foi fechada após ter contemplado um pouco da vista preferida de Kamus. O mar ao longe. Olhou para a cama. O pequeno sorriso de seus lábios murchou ao ver um envelope sobre a cama. Sentou-se nesta e pegou o papel, vendo seu nome escrito com a letra caprichosa do aquariano. Abriu vendo o que ele guardava. Pegou um papel e uma chave pequena.

Miro.

Na esperança de que, após minha morte, este envelope fosse visto e parasse em suas mãos, decidi-me de ultima hora a deixar à seus cuidados o que para mim sempre foi um de meus maiores tesouros, para que venha a decidir o que fazer.

Inúmeras vezes perguntou-me o que guardava com tanto esmero. Com estas chaves poderá abrir a gaveta do criado-mudo e descobrir.

Kamus

As lágrimas do grego rolaram involuntárias. Guardou o bilhete e pegou a chave. Abriu o móvel observando que dentro deste havia apenas uma caixa grande. Pegou-a e tornou a fechar a gaveta.

Ao abrir a caixa, notou que se tratava do diário de Kamus. O francês o havia entregado suas memórias. Abriu a capa com cuidado, como se seu toque pudesse destruí-lo.

Viu as fotos. As mesmas de quando abriu aquele diário pela primeira vez e uma outra, que haviam tirado há algum tempo atrás, logo após o retorno definitivo de Kamus. Uma lágrima pingou sobre a mão do grego e um sorriso melancólico surgiu em seus lábios ao ver-se abraçando Kamus e dando um beijo em seu rosto, enquanto que o francês estava vermelho de vergonha pelo ocorrido e por estarem nas arenas.

- Shura bateu uma bela foto... – Murmurou. Lembrou que este seu amigo também havia morrido em combate, defendendo o Dragão.

Guardou tudo dentro da caixa e saiu dos aposentos apressadamente, secando as lágrimas. Trancou a porta e dirigiu-se para as escadarias que levariam à escorpião. Notou que a serva que o havia entregado as chaves, o esperava sentada na entrada do templo. Só então reparou que era a serva de Kamus.

Miro parou ao fitá-la e vê-la se levantar.

A garota fez uma breve reverência.

- Muito... obrigado. – Miro estendeu as chaves.

A garota recolheu, olhando-o nos olhos. Percebera que ele havia chorado.

- Espero sinceramente que o senhor fique melhor.

- Eu ficarei. – Revelou um sorriso tristonho, visivelmente forçado. Deixou a garota sozinha, descendo apressadamente as escadarias levando a caixa consigo.

Naquele momento, tudo o que desejava era o conforto e o refúgio de seu quarto. Queria apenas ficar só.

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Há anos não escrevia... E mal tocava neste diário. As fotos ainda intactas, vi hoje, junto da mais recente. Acho que não verei mais. Voltei a escrever por acreditar que não mais tocarei neste objeto ou verei aquele rosto sempre tão sorridente para mim. Escrevo agora, mas não para mim, mas para você, Miro.

Não acredito que estejas lendo essas linhas logo após minha partida, mas tive fé que leria algum dia. Sempre tão carinhoso e emotivo... Me preocupava e sempre me preocupei com você. Não posso negar dos receios que sempre tive em perdê-lo, mas lembrar nosso passado... Nada melhor.

Passamos por bons e maus momentos; alguns por sua causa e muitos outros por minha... Mas não citarei nenhum. É até difícil acreditar que no fim tudo ficou bem entre nós. Você sempre tão paciente – Mesmo não sendo seu forte – comigo e eu nunca enxergando isso... Vejo que enxerguei tudo tarde demais.

Não me estenderei muito...

Você foi a pessoa mais importante em minha vida. Entreguei a você algo que temia entregar a qualquer pessoa por poder sofrer, e no fim, você me mostrou que fiz bem. Em nenhum momento me arrependi de termos ficado juntos, mas peço desculpas por tudo o que te fiz... Incluindo não assumir, propriamente dito, perante todos nosso relacionamento. Agora acho que é um pouco tarde...

As batalhas estão ocorrendo e Hyoga está vindo para um novo confronto comigo. Você o ajudou. Fez com que ele começasse a despertar o cosmo máximo e o agradeço por isso. Deixo bem claro que já imaginava que perderia a vida em combate. Na verdade, tinha certeza. Como lhe disse uma vez, "por Athena entrego minha vida sem pensar, assim como pelo que acredito e sinto". Pois bem, vendo todos os milagres que esses jovens andam realizando conseguindo atravessar com bravura as casas protegidas por nós, como eles acreditam naquela garota e por eu desconfiar do Grande Mestre... Decidi ajudar ao meu modo. Permitiria que os outros atravessassem Aquário e ensinaria Hyoga a utilizar do zero absoluto, passando a ele minha técnica suprema. Sabia que para isso poderia morrer, mas estava disposto para que ele usasse de todos os meus ensinamentos para proteger nossa Deusa.

Mais uma vez, perdão. Mas não me perdoaria se falhasse novamente como mestre. Falhei com Isaak e não poderia abandonar Hyoga agora.

Já sabes que estas são minhas lembranças... Confiarei à suas mãos para que faça o que achar melhor, mas admito que gostaria que você o encerrasse. Que o tornasse seu.

Peço também que não deixe de sorrir. Sempre me encantei por ele e com seu jeito extrovertido, espontâneo de ser. Você me dava forças. Me permitiu cumprir a ultima vontade de meus pais, me fazendo extremamente feliz. Devo muito a você.

Je t'aime, ange... Sempre te amarei...

Obrigado por tudo e adeus, amour...

- Kamus... – Após uma semana Miro finalmente havia aberto o diário e lido o último texto. Então aquilo foi escrito durante as batalhas, depois que notara que Hyoga havia passado por Escorpião.

Bateram à porta e Miro logo fechou o livro, pondo sobre o criado mudo. Levantou e foi até a janela.

- Entre!

- Miro! – Shaka entrou, encostando a porta. – Como andas? – Sentou na beira da cama.

- Estou bem, Shaka. – fitava o indiano. Sentou na janela. – Por quê?

- Você quase não saiu de sua casa nestes dias... Apenas compareceu nos treinos e mais nada. Anda calado, distante... Acho que já é hora de sair do luto! Os outros estão preocupados!

- Não deveriam. – Abriu um belo sorriso. – Estou bem!

- Assim espero, meu amigo. – retribuiu ao sorriso. Shaka podia andar com olhos fechados, mas enxergava melhor que qualquer outro. Nunca se guiava pela aparência, mas sim pela alma das pessoas. Sabia que o grego sorria apenas superficialmente, mas por ele não querer se abrir, preferiu respeitar. – Irá no treino de hoje? – Shaka se levantou, caminhando até a porta.

- Sim... Logo estarei lá.

- Então nos veremos daqui a pouco. Só vim ver como você estava. Ainda tenho de me arrumar...

- Sim, e obrigado por se preocupar. – Sorriu novamente, descendo da janela.

Shaka saiu. O sorriso que Miro exibia logo desapareceu.

Voltou a sentar na cama. Vez ou outra apareciam para lhe fazer as mesmas perguntas. Pegou o diário e ligou o pequeno aparelho de som de seu quarto para que tocasse o CD que já se encontrava dentro dele. Pegou uma caneta azul e abriu na página após a ultima escrita pelo francês, começando a escrever com uma letra caprichada.

Enquanto escrevia, lágrimas deixavam seus olhos, pingando no papel. Como Kamus havia pedido, as últimas palavras ali escritas seriam dele.

Respirou fundo ao terminar. Secou as lágrimas e pôs tudo na caixa novamente – incluindo o CD que ouvia - , guardando no guarda-roupa. Vestiu sua armadura, ajeitou seus cabelos e saiu para o treino que Aioria havia marcado, com toda sua altivez de cavaleiro de ouro.

Tinha que retomar sua vida.

oOoOo

Aqui me encontro, triste, escrevendo em um diário que não me pertence e ouvindo uma música melancólica.

O diário de meu Kamus – Que levei alguns dias para conseguir segurar e abri-lo sem derramar lágrimas – e a música... A que ele menos gostava de ouvir. Memories. Lembro-me bem que alegava não gostar por soar a despedidas. Agora, em minha atual situação, entendi e concordo plenamente com aquelas palavras. Ouço essa música a maior parte do tempo possível. Ela vela meu sono enquanto minhas lágrimas cuidam da parte de afagar meu rosto todas as noites. Nem ao cemitério vou visitá-lo. Sinto-me incapaz de tal ato desde aquele maldito sonho ao qual quis ignorar. Acredito que até Ele tenha imaginado do que se tratava, mas simplesmente escolhi ser cego.

Conclui que sempre fui, no final das contas.

Como sempre, Ele não se despediu... Ou melhor; despediu-se sim, mas não com palavras. Suas atitudes estranhas no dia anterior às batalhas e seu último cosmo vindo ao meu encontro... Ele imaginava o que aconteceria. Um adeus discreto, digno dele. Não tenho palavras para expor o quanto sinto sua falta. Ele foi o primeiro a quem confiei tudo. Me ensinou inúmeras coisas... E como eu havia entregado todo o meu coração a ele, da mesma forma meu coração morreu e foi enterrado.

Brincadeiras? Falar asneiras, ou perder tempo dormindo? Não sei mais o que é isso. Tornei-me sério e até responsável. Meus raros sorrisos apenas para enganar aos que se aproximam, fingindo-me melhor. Vejo que adotei a máscara que Ele usava, assim como um pouco de seu gênio duro...

Apenas os Deuses podem ver como me sinto.

O cd, no repeat, volta a iniciar aquela bela melodia... Encerrarei estas linhas com um pensamento que ela me inspira, para nunca mais voltar a tocar neste livro e nas fotos de nós dois que ele carrega. Vê-los dói. Faz-me perder os poucos ânimos que me restam e tenho obrigações ainda a cumprir. A vida continua...

As linhas a seguir serão o fim de minhas lágrimas, mas não de meus sentimentos, que de início achava incerto, mas com Ele, vi serem verdadeiros e acredito até eternos.

Tenho lembranças em meus sonhos

Do que eu vi... De todo o tempo...

Tenho lembranças dos dias que se foram

De você e eu... De toda a noite...

Ouço aquela mágica música até que não haja mais nada dentro de mim

Em minha mente, penas lembranças...

lágrimas.

A vida passa cada vez mais rápido!

Nada pode trazê-lo para o melhor que já vivi.

Agora, apenas pedaços de você.

Uma sombra, lembranças que não quero apagar.

O tempo é uma coisa valiosa e deve ser aproveitado,

Mas também leva a vida embora.

É tão irreal. Incerto...

O que resta, mantenho tudo dentro de mim.

Lembranças de nosso encontro,

De quando lutei, do que enfrentei,

De quanto eu tentei...

Meus sentimentos.

Fomos tão longe e no fim não importou.

Não me preocupei com o que vinha.

Eu tive de cair e perder tudo, perder você.

Você poderia ao menos lembrar...

Há sentimentos que só se vive uma única vez.

Chegamos tão longe...

As coisas deixaram de ser como antes.

Você não iria me reconhecer,

Mas como tudo volta no fim,

Ainda mantenho tudo dentro de mim.

Lembranças... O tempo que não mais voltará...

Alguém foi esquecido em sua mente...

Em lágrimas,

Mesmo sabendo que é incerto nosso reencontro,

Eu estou ainda a te esperar!

Deverias saber:

O amor vence a morte

E em espírito, a união é eterna.

Meu Kamyu...

OoOoOoOoOoOoOoOoOoO

Direitos autorais a Masami Kurumada. Shino, Karen, Tânia e Natasha foram criações minhas para este fic.

Nota Importante: Peço milhões de desculpas pelo atraso! O fato é que queria por ao menos trechos da luta entre Hyoga contra Kamus e Miro. Sem o anime e por não ter o mangá, tive de pegar emprestado com minha amiga Chibiusa-chan (Obrigada, Miga!). Mas deixo o aviso de que não fui completamente fiel nem ao anime, nem ao mangá. (algumas cenas que lembrei, eu utilizei. O mangá foi mais pelas falas durante a luta). Assim como também fiz pequenas alterações nas falas para que se encaixasse melhor na fic. O pensamento de Miro foi inspirado em fragmentos das músicas In the End-Linking Park e Mamories-Gabry Ponte (apesar de nunca ter escutado a Memories deste cantor. Apenas vi a letra. Lembrando que a música Memories que Miro escuta pertence ao Harold Faltermeyer e é apenas instrumental). Também adoraria avisar que não pretendia me estender até a saga de Hades. Sinto muito, mas não havia prometido final feliz. Estava até pensando em fazer uma continuação, mas não sei se chegaria a publicar.

Beijos a todos que acompanharam este meu fic. Mesmo aos que não deixaram sua marquinha para mim. Gostaria de pedir humildemente que quem acompanhou e nunca deixou um review sequer, que deixe sua marca neste ultimo capítulo. É um estímulo à quem escreve. Este foi meu primeirinho e, que por isso, é meu xodó. Beijos e agradecimentos especiais aos que deixaram as lindas reviews e aos que me apoiaram e encorajaram a terminar, quando estive a pondo de parar tudo. Por ser o ultimo capítulo, responderei a todos os recados que receber por e-mail. Até a próxima fic!