Os Oito Dragões - A Deusa da Criação

Capítulo 13 - Até Nunca Mais

Gina adentrava no grande salão com um bebê no colo. Após muitos adversidades havia conseguido burlar a segurança e adentrado naquele salão. Usava sua capa de proteção mágica branca, e o bebê em seu colo era Eduard, o qual sorria contente, como raramente fazia. Ele sabia que algo muito bom ia acontecer naquele dia. Gina torcia por não ter a mesma sensibilidade de uma criança tão pura quanto Eduard.

Esperava por algo dali há poucos instantes: um bom resultado do julgamento. Queria muito que não fosse preciso colocar em prática a outra parte do plano, da qual não tinha certeza se daria certo, apenas torcia para que desse. Estava entre os bancos dos que assistiriam ao julgamento de Draco Malfoy dali há poucas horas. Na verdade era o último dia de julgamento, já haviam acontecido dois julgamentos anteriores, este seria o resultado final, não haveriam depoimentos, apenas haveriam as conclusões finais e a decisão do juiz. Gina já havia deposto no primeiro julgamento, não precisava estar presente naquele último. Só torcia para que desse tudo certo, assim como havia dado certo no julgamento de Cho Chang. Esperava que suas esperanças não fossem em vão.

"E elas não serão", pensava de maneira certa, quando Eduard olhou em seu rosto e sorriu novamente.

Você está tão sorridente hoje bebê! - ela exclamou com aquela voz abobalhada de mãe mimando filho - É porque você vai ver o papai pela primeira vez. É isso...

Eduard reagiu com uma risadinha meiga e alegre. As crianças de algum modo têm um sexto sentido para saber quando tudo vai dar certo. Eduard era um bebê bastante alegre, mas quando estava longe de Gina abria a boca para chorar e ficava chato. A única pessoa que poderia substituí-la era Molly, a avó que o mimava mais ainda.

Eu preciso que tudo dê certo... Eu preciso dele junto de nós... - "Pois eu sou fraca, sempre fui fraca para cuidar de você sozinha... Se ele não aparecer, é porque o julgamento deu certo, aí irei depor, caso contrário fugirei com ele..." - pensava seriamente.

Dali a duas horas se iniciaria um longo julgamento...

... X ...

Malfoy estava novamente sentindo-se oprimido perante toda aquela corte de bruxos do Ministério, que o encaravam com olhos que se incendiavam como se acusassem-no por tudo que fez.

"Sim, eu sei.", ele pensava, sentindo-se culpado. "Muito do que fiz foi sob minha consciência, sabendo do mal que fazia, mesmo sendo controlado, eu me controlava também... Até o momento que Alimydis tomou conta de mim."

E tudo isso que ele pensava já tinha sido exposto ao júri, ele havia tomado Veritasserum, não havia escondido nada do que fizera ou pensara. Tinha certeza que aquele seria o momento da verdade, o momento em que o juiz bateria o martelo e decretaria a culpa dele. Apertou a mão no objeto que havia em seu bolso, com esperança e carinho, só podia ter havido ajuda divina para ter conseguido entrar com ele no salão. Se o que imaginava fosse realmente acontecer, não teria escapatória além de usá-lo. "Gina quem o atirou para mim, ela deve estar esperando por mim, tenho que fazer o que é preciso em agradecimento."

Haviam se passado duas horas de julgamento e muitas acusações, muita opressão em cima de Draco Malfoy, ele já não agüentava mais estar ali. Até o momento em que o juiz bateu o martelo duas vezes e com sua voz forte começou a dizer.

Perante todas as acusações contra o réu Draco Malfoy, não haverá outra escolha. Declaro-o culpado por ter consciência ao objetivar a Purificação, mesmo em parte sendo controlado por seu Espírito Dragão. Declaro-o culpado por ter induzido outros três indivíduos a dá-lo ajuda nesse objetivo. Declaro-o culpado por ser cúmplice no assassinato de Gregory Hunter. Declaro-o culpado por enganar e chantagear Helena Khane e também por ter sido ajudante na última fuga de Lúcio Malfoy da prisão de Azkaban. O réu será submetido a cento e oitenta e sete anos de prisão em Azkaban por tudo o que fez.

Não mesmo! - Malfoy disse levantando e tirando aquele objeto do bolso. Lembrou-se da imagem de Gina na platéia do julgamento anterior, levantando a mão para ele e mostrando quatro de seus dedos.

Pegou o Vira-Tempo que Gina havia o dado, ouviu um grande murmúrio da platéia, viu bruxos da guarda apontando a varinha para ele, tudo em câmera lenta, então girou o relógio quatro vezes, como Gina havia o sinalizado no dia anterior, e viu os bruxos que apontavam a varinha correndo em direção de si retrocederem, e tudo começar a voltar, até todos os bruxos do júri e da platéia desaparecerem, a sala ficar totalmente vazia e uma pessoa ali surgir com um bebê no colo. Neste momento tudo parou e ele viu aquela pessoa o encarando com um sorriso nos lábios e olhos.

Não acredito! - ela exclamou.

Draco então andou em passos rápidos até ela, abraçando-a e envolvendo-a juntamente do pequeno Eduard.

Então este é nosso pequeno filho? - perguntou sorrindo e colocando o dedo no rosto do bebê que sorria para ele - Deixe-me pegá-lo no colo?

Claro. - Gina disse o dando para Draco.

Estava com o seu filho no colo agora.

"Eu não consigo acreditar, eu tenho um filho! Agora eu sou um pai...", ele observava o quão semelhante eram os traços daquela criança aos de sua família, os cabelos louros, os olhos cinzentos, a boca fina... O que diferenciava era o nariz, idêntico ao de Gina, porém, o semblante era muito Malfoy. "Eu vou ser um pai melhor... Eu vou fazer valer a minha chance de ser pai. Não vou ser frio e distante, quero ser presente na vida de meu filho."

Ele esteve esse tempo todo esperando para ver o pai dele. - Gina disse sorrindo profundamente para Draco - Agora precisamos partir daqui, antes que nos achem. Me dê o Eduard para podermos partir.

Sim, vamos para onde? - ele perguntou, passando delicadamente Eduard para o colo de Gina.

Vamos para A Toca, depois de lá você tomará uma Poção Polissuco e fugiremos. Aí só o destino vai saber para onde nós e nosso pequeno Eduard iremos.

Então vamos? - perguntou Draco.

Vamos. - ela disse tirando duas bolinhas pretas do bolso - Peguei a Chave de Portal Toca-Hogwarts emprestada do Rony para você usar, é só jogar para cima e apertar o botão vermelho. Certo?

Certo. - ele disse a dando um selinho antes de ambos partirem.

Viram-se então naquele quartinho de madeira, com uma cama de solteira de um lado e um berço de outro. Era o quarto de Gina. Em cima de uma mesinha havia uma poção em um recipiente grande, que logo Gina pegou e entregou a Draco.

Beba, fiz com um fio de cabelo de um trouxa que vi na rua, para você não ser reconhecido em nossa fuga. - ela disse.

Certo. - ele disse.

Gina colocou Eduard no berço enquanto tirou da gavetinha da mesma mesa uma carta que deixaria ali, para sua família, em um envelope.

O que é isto? - perguntou Draco, segurando a mão de Gina com a qual ela não segurava a carta que encarava tristemente.

Uma carta de adeus para minha família. - ela disse enquanto Draco secava uma lágrima dela - Estou muito triste por ter que deixá-los...

É por nós dois e Eduard. - ele disse aproximando o rosto ao dela e a dando um beijo apaixonado.

Após se separarem Gina pegou a Poção e pediu para Draco:

Beba um gole, depois vamos daqui para nosso novo destino. - ela disse.

Ele tomou a poção. Seus cabelos enegreceram, os olhos escureceram, o rosto se arredondou um pouco e a pele ficou menos branca.

Mesmo assim você está lindo. - ela disse sorrindo para ele.

Não gosto de me ver em um reles corpo de outra pessoa. - ele disse enojado - Mas se essa é a única maneira...

E é. - ela respondeu - Agora vamos embora. - ela disse pegando Eduard no colo e abrindo a gaveta da mesinha.

Dentro havia um livro, que Gina retirou. Caminhou até Draco e disse:

Deveremos abrir juntos, para irmos embora. - ela disse.

E para onde? - perguntou Draco.

No caminho saberá. - ela respondeu.

Os dois abriram o livro em seguida, cada um segurando uma metade dele. Até os três desaparecerem junto do livro, para nunca mais serem vistos naquela sociedade bruxa.

... X ...

A porta do quartinho havia sido aberta após certo tempo.

Gina? - perguntou Rony entrando no quarto e vendo que nem ela, nem Eduard, estavam mais lá - Que estranho...

Pretendia dar uma força para Gina, aquele seria o início do julgamento de Draco Malfoy, ele imaginava o quanto ela devia estar angustiada naquele momento. Mas ela não estava mais no quarto como ele a havia visto algumas horas atrás. Ficou preocupado e avançou adentro do quarto, como se algo em si mandasse que ele caminhasse até a mesinha que ficava ao lado da cama.

Viu sobre ela uma carta que tinha escrita em seu envelope: "Para a minha família...". Abriu-a retirando o pergaminho do envelope, vendo as palavras na bela letra corrente que apenas Gina tinha. Sentou na cama e não conseguiu evitar a queda de uma lágrima ao começar a leitura.

"Olá Weasleys de meu coração.

Sei que algum de vocês vai ler essa carta, e peço que por favor, não se entristeça com isso. É muito difícil para mim, mas tenho que manter a minha nova família, não importa como. Meu filho não pode crescer sem um pai, eu não posso viver sem o homem que amo, e por quem até mesmo morreria. Sim, Draco Malfoy foi declarado culpado essa tarde. Mas o destino nos ajudou, ele conseguiu usar um Vira-Tempo e agora estamos longe daqui. Fugiremos para qualquer lugar em que possamos ser uma família feliz e nos amar.

Amo muito todos vocês. Deixem um beijão para a mamãe e o papai, um abraço e felicidades para Rony e Hermione, Jorge e Melissa, Harry e Luna, e todos os que decidiram ser felizes juntos. Um grande beijo para Carlinhos e Gui, queria muito tê-los vistos nestes últimos dias. Digam a todos os outros que também amo que vou sentir muita falta deles, e que enquanto Draco e Eduard completarão parte de meu coração, outra estará vazia, sentindo que vocês não estão aqui...

Até nunca mais...

Um beijo,

Gina Weasley"

Gina... Até nunca mais... - murmurou entristecido - Também quero que você seja muito feliz...

Secou mais lágrimas que vieram a seus olhos, não queria se sentir triste, queria encarar a partida de Gina como uma coisa natural. Contudo, era muito triste imaginar que não mais veria sua irmã, a amava muito, a sentiria muito.

Minha irmãzinha... Se essa será a sua felicidade, não posso fazer nada contra...

... X ...

E a vida seguiria seus rumos... Mesmo que cada um seguisse seu caminho, tanto os separados, quanto os cruzados, aquelas pessoas tinham uma ligação muito forte em seus corações, um elo eterno, que nem a distância, nem a morte, nem coisa alguma, seria capaz de quebrar. Os Dragões do Paraíso seguiram seus caminhos, juntos em suas almas, por mais que Gina Weasley nunca mais tivesse sido vista por sua família.

Naquele mesmo ano haviam acontecido mais três casamentos, o de Lisa e Sirius primeiro, vindo em seguida o de Rony e Hermione e o de Jorge e Melissa. Tudo mudaria bastante para todos naquele ano, seria a divisão da vida para os bruxos na Terra. Talvez viver em paz, sem ameaças de Voldemort, que já não era mais problema há muito tempo, e sem terem de se preocupar com os Dragões da Terra e a Purificação era uma benção.

Harry à partir dessa sua nova vida resolveu algo: precisava de paz. Não queria mais saber do Quadribol, era muito agitado, então abriu uma renomada loja no Dragonfly's Ville, bairro em que morava com Luna. O nome da loja era O Dragão de Luna - Artigos Para Quadribol, apenas uma homenagem, pois Luna não queria saber de tanta tranqüilidade.

Enquanto seu esposo trabalhava na loja, Luna corria atrás da notícia não vendida ao Ministério. Cansada de ler aquelas notícias mentirosas no Profeta Diário, resolveu com a própria editora de seu pai fundar um jornal, o Verdade Diária. Ela era a "chefa" do jornal, e Melissa, que também resolvera estudar jornalismo, era a repórter de mais credibilidade.

Sirius Black entra como ajudante investigatório nessa redação, e realiza com muito êxito sua profissão. Lisa continua lecionando em Hogwarts por um longo tempo, e decidi ajudar Melina e Helena que estavam perdidas no mundo após a perda de Claire.

As duas irmãs passam a viver na sociedade bruxa, mesmo sendo trouxas, de início vivendo em Hogwarts por generosidade de Dumbledore, até Melina realizar seu curso de jornalista e entrar para o Verdade Diária, e Helena conseguir um emprego n'O Dragão de Luna, a loja de Harry.

Dumbledore continuou por muitos e muitos anos trabalhando em sua escola, que tanto amava e não deixaria, sendo que chegara a negar mais de duas vezes o pedido para se tornar Ministro da Magia, cargo que ele considerava muito chato. Amava Hogwarts demais para deixar aquela escola.

Hermione continuara sua linha "estudante", até chegar ao cargo de Ministra da Magia certo dia. Mas essa história é algo muito para frente em sua longa e fascinante vida. Seu marido Rony investira na carreira de goleiro e se dera bem entrando até mesmo para o Chudley Cannons.

Cho Chang conseguira se realizar profissionalmente também no Quadribol, e conhecera em um torneio mundial seu verdadeiro amor, um jogador do time da Coréia.

Lúcio Malfoy, Narcisa Malfoy, Suzane Khane... Esses aí não tinham mais jeito, todos acabaram indo parar por detrás de grades em Azkaban, sendo que a fortuna Malfoy, por não ter mais dono após isso, fora doada para instituições de caridade.

E de tal forma todos que escolheram o lado do bem nessa grande batalha, ou que se arrependeram por ter escolhido o ruim, seguiram seu caminho, mesmo que não tão fáceis às vezes, e bem fáceis em outras, com um sorriso na face. Os Weasleys tiveram que se contentar com a partida de Gina, e por nunca mais terem recebido uma notícia dela, Molly chorava todas as noites, escondida, por saudades. Artur sentia um grande vazio também por ausência de sua filha, mas jamais deixara isso transparecer.

A vida é indecifrável, há muito mais razões do que imaginamos para que ela exista, e para que tudo o que acontece para nós, aconteça. Nada é em vão, a dor não é em vão, a alegria não é em vão. A morte não é em vão. E todos eles viveram uma vida que não foi em vão. Seriam eternamente os grandes heróis, os Dragões do Paraíso. Seus nomes chegariam tão longe no tempo que se tornariam uma lenda, e ninguém mais saberia se a história deles todos seria verdade...

... Sendo verdade ou não, dentro de nós sempre há um dragão...

- - Fim da Série Os Oito Dragões - -

N.A: Oi pessoal! Acabou. Sim. Finalmente, e eu estou muito feliz por ter conseguido terminar essa fanfic! Espero que vocês tenham gostado da série! Foram dois anos para concluí-la! Isso mesmo, em 12 de junho vão ser completados dois anos que eu publiquei o primeiro capítulo de Os Dragões do Paraíso! Por isso para mim é emocionante em 29 de maio de 2005 eu estar publicando o último capítulo dessa fanfic. E por isso tenho que agradecer muuuuuito especialmente para duas pessoas que me ajudaram muito, que foram a Biba Akizuki e a Lina Khane Athos. Sem essas leitoras não sei se ia ter chegado até aqui! Muito obrigado para vocês! E vejam se me mandem um review, certo?

Agora o agradecimento do capítulo anterior vai para Alícia Spinet, thank you sooooo much! Valew por se esforçar um pouco e me mandar um reviwzin' tente mandar nesse capítulo também. Não sei se vou ser mais tão presente no mundo das fanfics, pois vou me dedicar ao meu projeto de história original, a Série Sonhos Eternos (peguei gosto por séries), mas em breve vocês verão duas songfics minhas, Ela Não É Como As Outras Garotas (H/L), Aquilo Que A Mente Humana Jamais Esquece (D/G), e uma fic comédia estilo paródia, que acho que vai se chamar Sem Querer Querendo, mas antes tenho que ver uns negócios...

Bom, mto obrigado para todos que leram até aqui e aguentaram esperar por dois anos para ver o desfecho dessa história! Valew meeesmo!

Victor Ichijouji