Capítulo 11 – O primeiro dia do resto de nossas vidas.

"Time, it needs time
To win back your love again
I will be there, I will be there"

Sophie estava sentada no sofá de couro negro que ficava no escritório da Mansão Malfoy. No rosto ostentava um óculos Chanel de lentes grandes e pretas, que combinavam perfeitamente com a bolsa da mesma marca. Escolheram a antiga casa dos pais de Draco (e ainda residência de Narcisa Malfoy) para resolverem o assunto do divórcio, pois era um local imparcial. Ao lado dela, estava o advogado da família Montserrat.

Draco entrou em seguida no escritório. Estava no mesmo estilo casual-desleixado dos últimos meses: uma blusa que parecia ter sido escolhida ao acaso, com a manga enrolada até o antebraço e uma calça jeans. Sophie começava a achar que Draco estava passando tempo demais com Blaise. Junto com ele, vinha o próprio Blaise (mantendo a sua característica de sempre usar algo no estilo 'Blaise' de ser. Dessa vez, estava com uma blusa de linho branca, que parecia ser dois números maiores do que ele usava e uma calça jeans aparentemente surrada e caríssima), o advogado da família Malfoy e Narcisa Malfoy, impecável em um vestido Gucci preto.

Narcisa se sentou na cadeira que ficava atrás da mesa do escritório, que também era de couro negro e que costumava ser ocupada por Lucius Malfoy. Os outros se acomodaram pelos dois sofás do escritório.

- Então... - Narcisa iniciou logo que todos estavam acomodados. - Vamos direto ao assunto porque não posso perder muito do meu tempo nessa reunião. Sr. Thomas, inicie, por favor.

- Bom... - iniciou o advogado da Família Malfoy. - o meu cliente, Sr. Malfoy, entrou com um pedido de divórcio alegando o descumprimento da cláusula número vinte e um do contrato pré-nupcial, que diz que não serão toleradas relações extraconjugais por parte da esposa, que, no caso corrente, atende pelo nome de Sophie Montserrat Malfoy. E, como meu cliente conseguiu provas cabais de que houve um relacionamento estável extraconjugal pela parte, que fora antes explicitado, estou aqui solicitando o pedido de separação legal dos cônjuges e discussão sobre a divisão dos bens, já que, na cláusula número vinte e um, está discriminado de forma clara e concisa que o não cumprimento dela acarretaria a separação de corpos sem nenhum dano financeiro pelo lado do meu cliente.

- Isso...! Agora, por favor, fale inglês, sim? - Blaise comentou, entediado. O advogado lançou-lhe um olhar de censura. - O que foi? Eu realmente não entendi nada. Quero dizer, eu só entendi que a Sophie foi pega na cama com o italianão do cabelo grande e que por isso o Draco vai dar um pé na bunda dela sem dar um galeão de presente.

Todos se remexeram incomodados com a declaração do Blaise, que parecia ter sido bem imprópria. Draco foi o único a sorrir e dizer:

- Em suma, foi isso o que o advogado quis dizer, Blaise...

- Ah, é? Por quê ele não disse assim antes? É tão mais fácil.

- Muito bem! - Narcisa cortou os dois, mas Draco via claramente que ela tinha vontade de sorrir. Porém, sabia que a mãe dele não ia dar esse gostinho a ele, já que ela estava bastante irritada com a sua separação. - Podemos ir para a parte que realmente interessa? E, por favor, Sr. Thomas, utilize uma linguagem mais... coloquial... Para que o senhor não seja mais interrompido por nenhum outro comentário impertinente.

O advogado fez uma imensa feição de desagrado, mas não ousou discordar de Narcisa Malfoy. Blaise, por sua vez, deu um sorrisinho vitorioso, ignorando o que a mulher havia dito sobre seu comentário.

- Então, Sr. Malfoy, gostaria de fazer alguma colocação? - Sr. Thomas perguntou, virando-se para seu cliente. Draco, então, levantou, com cara de desagrado.

- Bem... Creio que Sophie já está inteiramente por dentro da situação. O nosso contrato pré-nupcial era bastante claro e ela sabia de todos os termos desde o início...

- E sei também que você me deve metade de toda a sua fortuna, Draco Malfoy!

- Não sei do que você está falando. - Ele respondeu, não demonstrando nenhuma emoção.

- Você pensa que eu não sei do seu casinho extraconjugal com a procriadora ruiva? EU SEI! - Ela se levantou do sofá, muito vermelha. - Ou por quê você acha que eu procurei outro homem!

- Porque você não vale um nuque? - ele respondeu com uma pergunta irônica. Sophie deu passos rápidos e bateu no rosto dele, deixando as marcas dos dedos. Ele levou a mão até a bochecha, que se encontrava muito vermelha e a olhou com fúria. Viu que ela tremia de tanta raiva.

Os advogados iriam se intrometer, mas Narcisa os impediu.

- EU TIVE QUE ATURAR VOCÊ TER UM CASO COM ELA DURANTE TODO ESSE TEMPO! - ela berrou.

Ele a puxou pelo braço com força, até ela ficar a menos de um palmo dele. Depois, sibilou:

- Então prove. Exatamente como eu fiz com você.

Sophie permaneceu em silêncio, mas ainda demonstrando toda a raiva que estava sentindo pelas suas feições.

- Você não tem como provar essas suas acusações, Sophie. Sabia que, além de não te dar um tostão, eu ainda posso te processar por calúnia e difamação e tirar algum dinheiro de você? Então fique quietinha que você ganha mais. - ele a largou com força, fazendo-a se desequilibrar. - Sr. Thomas, vamos resolver isso logo antes que eu perca a paciência.

- Sim, Sr. Malfoy. - o advogado respondeu rapidamente, enquanto pegava sua pena de repetição automática.

- Eu quero o divórcio nesse instante. Deixo para ela o apartamento onde nós moramos, o Porsche que ela dirige e uma pensão mensal de dez mil galeões enquanto ela continuar solteira ou sem filhos. Tudo para não ouvir falar mais no nome desta mulher. - ele concluiu, sem olhar para ela novamente.

- Como se isso fosse fazer alguma diferença para mim, Draco Malfoy. Eu sou tão rica quanto você... e Giovanni é muito mais rico que você... Bem, Giovanni é melhor do que você em todos os quesitos. - ela deu uma risadinha falsa - Principalmente num, o qual você pôde conferir ao vivo...

Ele então se virou para ela.

- Talvez seja porque eu nunca dormi com você verdadeiramente. Todas as vezes em que eu fui para a cama com você, eu queria estar indo com Virgínia Weasley, coisa que você descobriu sozinha, na nossa lua-de-mel em Milão.

Ela deu um grito de raiva e quase voou para alcançá-lo, mas seu advogado se interpôs, segurando-a.

- EU MATO VOCÊ!

- Vá matar seu italiano na cama, vá, Sophie! E me deixa em paz!

Draco saiu pela porta afora, bufando de tanta raiva. Blaise o seguiu. O loiro andava a passos rápidos e quando chegou até o jardim, chutou um vaso de plástico que continha uma muda nova de planta, que sua mãe iria colocar em um vaso. Espalhou areia por toda a parte. Blaise parou do lado dele, com os braços cruzados e um sorriso no rosto.

- O que foi? - Draco perguntou com selvageria.

- Sério... eu juro para você... não importa quantos anos eu viva... eu nunca vou esquecer essa cena que eu vi lá dentro.

Draco se remexeu impaciente.

- Nem eu, Blaise. Nem eu. - deu um suspiro irritado. - Mas ao menos todo esse inferno acabou.

O moreno deu dois passos e parou do lado do amigo. Depois, deu dois tapinhas no ombro dele e disse:

- Agora você está livre para fazer o que bem entender, meu caro. Só espero que você não faça nenhuma burrice.

- Eu também espero. – e, finalmente, o loiro sorriu.


"Love, only love
Can bring back your love someday
I will be there, I will be there"

Ele entrou devagar no apartamento, tentando fazer o mínimo possível de barulho. Colocou a chave em cima de um armário e seguiu para o quarto, onde sabia que ela estava esperando-o.

Ao chegar lá, encontrou-a sentada na lateral da cama, com a cabeça apoiada nas duas mãos e com o olhar perdido em algum lugar na parede à sua frente. Ele recostou-se na soleira da porta, com braços cruzados, e esperou até que ela percebesse a sua presença no recinto.

- Draco! Nossa! Eu nem te vi entrar... - ela se levantou da cama rapidamente ao notá-lo ali, depois de alguns instantes.

- Reparei. Estava com o pensamento perdido... - ele deu um sorrisinho sarcástico. - Pensando em quem? Adorável Potter?

- Sério... Você nunca vai deixá-lo em paz, não é? - ela respondeu, um pouco irritada.

Draco não respondeu. Puxou-a pela cintura e lhe deu um beijo ardente, forte, do tipo que fazia Gina ficar sem fôlego.

- Ótimo modo de se encerrar uma discussão... - Gina murmurou, sorrindo.

- Ótimo modo de nem começá-la. - ele sorriu de um jeito que fez a ruiva estremecer. Havia sido uma mistura de pretensão e egocentrismo, que sempre a deixava com a sensação de que estava à mercê dele. E ela adorava isso.

- E então... - ela se forçou a sair dos braços dele. - Qual o motivo desse nosso encontro?

- Não posso querer te ver, Virgínia?

- Claro que pode... Mas nós temos horários, não temos? - ela se sentou na cama, de frente pra ele.

- Sim. Temos. Mas eu quis te ver fora desse horário. É algo tão impossível assim de acontecer? - ele cruzou os braços e se recostou novamente na porta.

- É. Porque toda vez que você faz isso é por algum motivo. Se tem algo que eu aprendi com você nesses anos é que Draco Malfoy nunca faz nada sem nenhuma intenção por trás.

- Que horror, Virgínia. - ele fingiu estar chateado. - Que horror. É isso que você pensa de mim?

- E estou errada?

Ele pareceu ponderar por um momento e depois sorriu.

- Não.

Gina gargalhou.

- EU SABIA! Anda logo... O que você está querendo?

"Fight, babe, I'll fight
To win back your love again
I will be there, I will be there"

Draco ficou algum tempo parado no lugar, apenas fitando-a. Depois, se desencostou da porta, andou até ela e parou, acariciando o rosto da ruiva, fazendo-a olhar pra cima.

- Sabe... - ele iniciou, sério. - Naquele dia fatídico... Quando fui ao seu encontro na casa dos seus pais, eu tinha um propósito. Não fazia idéia que você estava grávida e muito menos que iria me contar naquele dia... Mas eu sentia que aquele era o momento certo para fazer algo que nós estávamos protelando há muito tempo. E eu não consegui fazer, por motivos que você sabe muito bem quais são. - ele deu uma pausa, enquanto passava os dedos pelos cabelos ruivos dela. - No entanto, eu ansiei por uma nova oportunidade durante todos os outros dias que se seguiram. Não que eu tenha admitido isso pra mim, obviamente. Mas foi só te ver novamente, te olhar nos olhos para perceber que eu nunca havia deixado de desejar isso pra mim. Por isso... - ele se abaixou até ficar na altura dela. Pegou uma caixinha que estava no bolso dentro do paletó esportivo que ele usava e abriu, deixando transparecer um anel de diamantes, ouro branco e platina que fez os olhos de Gina brilharem. - Você aceita se casar comigo?


Draco já havia visto aquela cena antes. Embora não fosse exatamente no mesmo local, ele já havia passado por aquela situação. Estava em uma das suítes de luxo do Ritz Hotel, situado no coração de Londres. Em uma decisão consensual com Gina, eles optaram por não fazer o casamento na Mansão Malfoy (onde fora seu casamento com Sophie) e acabaram escolhendo o Ritz, que além de ser muito influente e aristocrático, era belo e íntimo, ou seja, um local perfeito para um casamento Malfoy discreto e com poucos convidados.

Fora reservado três andares de suítes para os familiares e amigos íntimos. Draco e Gina estavam nas maiores suítes de luxo, em extremidades opostas do hotel, para evitar qualquer encontro antes da cerimônia.

Ele estava parado de frente para o espelho. Vestia um fraque preto risca de giz com camisa branca, ambos perfeitamente imaculados e feitos com um cuidado minucioso pelos costureiros da famosa grife Armani. As abotoaduras de ouro branco com as iniciais dele ostentavam luxo, poder e riqueza, algo que jamais faltara para os Malfoy... E nem nunca iria faltar.

E mesmo lembrando muito o dia do seu casamento com Sophie, ele via naquela imagem refletida, toda a diferença que havia nas duas situações. Agora, ele se encontrava nitidamente nervoso. Não conseguia parar em um lugar só por mais do que cinco segundos. Se olhava no espelho, ia até a janela, olhava o movimento dos carros lá embaixo, ia até o corredor, fumava um cigarro enquanto caminhava (mesmo que apagasse o cigarro depois da terceira tragada), voltava para o quarto e se olhava novamente no espelho, iniciando o mesmo ciclo vicioso.

E foi no meio da quinta vez que estava fumando um cigarro no corredor, que ele escutou umas vozes, vindo da ala leste do andar. Como reconhecera a voz do Blaise e já havia dado quatro tragadas, resolveu apagar o cigarro e ir ao encontro dele.

Ao atingir o corredor onde Blaise estava, sua boca se abriu involuntariamente. Lá estava seu melhor amigo, atracado com duas pessoas no meio do corredor. Blaise tentava, em movimentos descoordenados abrir a porta do quarto, enquanto beijava a mulher, que ele reconhecera como sendo Louise. O homem, por sua vez, mordiscava o lóbulo da orelha do seu amigo. Para ele toda aquela cena não seria novidade... Se fosse apenas uma mulher.

- Blaise? - Draco nem teve voz para gritar. Apenas saiu um murmúrio fraco, resultado de sua crescente incredulidade.

O moreno se desvencilhou de Louise em um momento. Estava muito vermelho e ofegante:

- Draco! Merda... Draco...! Não é nada disso, Draco... Me escuta...!

O loiro não respondeu. Apenas forçou-se a fechar a boca, deu meia volta e foi em direção ao quarto, andando com passos lentos. Ainda escutou quando Louise disse: "Oh, não!", com uma voz pesarosa. Blaise, por sua vez, o seguiu, falando rapidamente no meio do caminho coisas que Draco não conseguiu escutar. Ainda estava chocado com a cena que havia presenciado.

Ao alcançar o quarto, Blaise parou na frente dele:

- CHEGA! Presta atenção em mim, Draco! - ele estava ainda mais vermelho.

Draco levantou o olhar e encarou o moreno:

- Gay? Blaise... Você é gay!

- Não sou!

- Como não? Você estava beijando um homem! Uma mulher também, mas isso não vem ao caso! Eu sabia que você era doente, mas a esse ponto!

- Draco... Vamos entrar e eu te explico toda a situação... - o moreno ponderou e apontou a porta do quarto.

- Meu Deus... Vocês pareciam um bando de polvos se atracando... – Draco murmurou enquanto entrava no quarto.

- Olha... Presta a atenção em mim. - Blaise iniciou, dando um copo de água para o loiro que estava sentado no sofá, que parecia se recompor. - Não é exatamente o que parece, ok?

- Blaise... Por quê você nega? Você deveria ter me contado! Eu teria entendido... Sério mesmo. Eu só estou assim, meio... assustado, porque eu realmente estou confuso. Até ontem você estava cantando uma amiga da minha mãe! Tudo bem que isso não é uma prova de masculinidade e sim de insanidade mental...

- Não fale assim da pobre mulher! Se você for olhar por um determinado ângulo até dá pra tirar uma boa vantagem dela.

Draco o olhou.

- Está vendo? É exatamente isso que eu não entendo! Você é bissexual, é isso?

- Não, Draco. - Blaise se levantou e foi até a janela, ficando de costas para o amigo. - Eu não sei exatamente o que eu sou. Bem, de acordo com o terapeuta que eu consultei há alguns anos, eu sou um maldito ninfomaníaco egocêntrico.

- Como assim?

- Bem... - ele se virou novamente para o amigo, recostando-se na janela. - Eu sou viciado em sexo... Mas acima de tudo, eu não aceito um não como resposta. E, inicialmente, isso se restringia às mulheres. Depois, eu passei a apreciar... Bem... Você sabe... Homens e mulheres juntos... Eu aceito qualquer coisa que envolva sexo e que eu não receba um não. Eu tenho que provar pra mim mesmo que eu sou irresistível, entende? Eu gosto de ver as pessoas loucas para ficarem comigo, praticamente implorando! E quando eu te digo que eu não sou gay é porque, se eu for namorar alguém, certamente vai ser uma mulher. Como eu namoro a Louise. Com homens... Eu só tenho contato em ménage...

- Ok! Ok! Poupe-me dos detalhes sórdidos!

- Mas mesmo assim, eu prefiro ménage com duas mulheres... Ou até casais, sabe? Louise e eu, mais um casal. Swing é bem legal também, você deveria experi---

- BLAISE! CHEGA!

O moreno deu um sorrisinho enviesado.

- Céus... A Louise topa isso tudo? Ela tem a maior cara de santa! O que você faz pra ela aceitar tudo isso?

- Bem... Você se lembra da parte que eu disse que não aceito não como resposta, não é? Então pronto... Não aceitei um não, ela provou, gostou e não quer mais sair dessa vida... - ele sorriu com satisfação.

- Então você deveria se casar com ela, Blaise... Vocês nasceram um para o outro.

- Quem sabe, meu caro..? Quem sabe? - ele disse com ar pensativo.

Ficou um silêncio entre eles. Draco ainda parecia digerir a informação que fora adquirida há pouco tempo. Blaise o olhava, com interesse.

- O quê foi, Blaise? Não me olha desse jeito! Não está pensando em me envolver nessas suas orgias aí não, né?

- Ew! – Blaise fez uma careta de nojo. - Óbvio que não, Draco! Só estou reparando... A sua reação não foi exatamente a que eu esperava quando você descobrisse.

- E o que você esperava?

- Bem... Eu esperava que você simplesmente enlouquecesse! Acho que você não entenderia como seu amigo poderia ser um maníaco pervertido a tal ponto...

- Você não me surpreende mais, Blaise... Sempre soube que você não regulava muito bem.

- Mesmo assim eu nunca achei que você fosse lidar com a situação do modo que você está lidando agora. Isso sempre me impediu de abrir o jogo com você. - Blaise falou sério, o que fez o amigo reparar que ele estava falando algo que considerava importante.

- Era esse o segredo que a Virgínia havia descoberto sobre você?

- Sim. - Blaise deu um suspiro. - Cometi o erro de sair com a irmã da mulher de um dos irmãos dela. Depois eu dei um fora nela, a garota ficou deprimida e como vingança acabou contando para Virgínia o que nós havíamos feito em uma noite dessas da vida, achando que a Virgínia iria contar para você e arruinar a minha vida...

- Virgínia nunca faria isso. - Draco comentou.

- Realmente, ela fez algo muito pior.

Os dois sorriram.

- Óbvio que ela foi forçada pela situação, não é? - Blaise ponderou. - Mas mesmo assim foi muito cruel da parte dela. Fui obrigado a esconder o fato que ela estava grávida de você, sob o risco de ficar impotente.

- Você que foi burro de cair no joguinho da Virgínia, Blaise. Você achou o quê? Que eu te expulsaria da minha casa e que nunca mais falaria com você? Pelo amor de Deus... Você é a única pessoa fora da minha família que eu sempre pude contar, desde quando estávamos em Hogwarts. Seria muita imbecilidade da minha parte. A vida é sua e você faz dela o que você bem entender.

Blaise deu um sorriso com um misto de satisfação, alegria e uma pitada de ironia, que não passou despercebida por Draco:

- O quê foi, Blaise?

- Sabe... Deus... Isso é... Se existe um Deus... Fez uma coisa muito certa.

- Qual?

- Juntar você e Virgínia. - depois de dizer isso, Blaise se caminhou até a porta e iria sair, se Draco não o impedisse.

- Por quê você diz isso?

O moreno se virou para o amigo.

- Porque eu tenho certeza que o Draco que eu conheci em Hogwarts não aceitaria isso do modo que você está aceitando agora. E eu tenho certeza que a Virgínia que eu conheci em Hogwarts nunca faria uma chantagem com um amigo ou teria um caso com um homem casado, mesmo que fosse apaixonada por ele. - disse, com um sorriso. - A convivência muda as pessoas, meu caro. Mesmo que elas nem percebam isso.

Logo depois, Blaise saiu do quarto


"Love, only love
Can break down the walls someday
I will be there, I will be there

If we'd go again
All the way from the start,
I would try to change
The things that killed our love

Your pride has build a wall, so strong
That I can't get through
Is there really no chance
To start once again?
I'm loving you"

Os convidados se acomodavam nas cadeiras colocadas na Marie Antoniette Suite. Toda a decoração era feita na cor branca, tons de azul (que variava do mais claro ao mais escuro) e detalhes em dourado. Não eram muitas pessoas, já que haviam optado por um casamento íntimo. Estavam presentes a Família Weasley (que ocupava a maior parte do espaço), a Família Malfoy e alguns convidados influentes.

Draco já estava parado no altar improvisado. Ao seu lado estavam Narcisa Malfoy, muito elegante em um Versace cinza perolado, acompanhada de seu tio por parte de pai, Edward Malfoy e Blaise, já totalmente recomposto do flagrante de duas horas atrás.

Ele agora via com clareza a diferença entre o casamento com Sophie e sua situação no momento. Ele estava ali, completamente convicto do que queria fazer. Sentia como se pela primeira vez em muitos anos fosse tomar uma atitude correta. Draco tinha certeza que para ele não havia vida sem Gina. Durante os anos que ficaram separados, ele viveu uma meia-vida, mentindo para si mesmo, dizendo que estava bem; mas era apenas fechar os olhos, que a ruiva aparecia para ele, sorrindo e dizendo que ainda o amava. E então, com todas as suas forças, ele tentava fazer com que ela sumisse dos seus pensamentos, porém de nada adiantava... Ela continuava lá, olhando para ele. Até que ele desistia de lutar contra si mesmo e passava a apreciar a imagem dela refletida na sua própria memória...

Quando ele voltou da Dinamarca e a viu novamente, sentiu como se nunca tivesse deixado de estar ao lado dela. Ela continuava a mesma, com exceção, talvez, da expressão, que não era mais infantil... havia se tornado uma mulher. E antes que pudesse se acostumar com a idéia de estar vendo-a novamente, teve que se deparar com uma mais nova realidade: era pai.

Não poderia dizer que sempre quis ter um filho. Não... Ele sempre quis ter uma filha... Dela. Quantas vezes ele imaginara que teria uma réplica em miniatura de Virgínia Weasley para criar? Porque ele sempre imaginara ter uma filha como ela: bastante ruiva, com imensos olhos castanhos e doces e que teriam as mesmas manias da mãe, as quais ele amava. E ela havia dado uma filha a ele, exatamente como ele queria. No entanto, a menina não era ruiva e não era parecida com a sua mãe. Ela era muito loira e era muito parecida com ele. "Ao menos os olhos são da mãe", ele havia pensado em uma das inúmeras vezes em que ficara admirando a sua filha. O fato de ter uma filha que era praticamente a sua cópia fiel com olhos escuros mexeu muito com ele, mais do que mexeria se ela fosse parecida com a mãe.

Talvez tenha sido por esse motivo que alguns dias de contato com Anabelle fez com que ele se apaixonasse perdidamente por àquela criança. Não havia nada no mundo que poderia se comparar à felicidade que ele sentia quando a via sorrir quando o via; ou o que ele sentia quando ela estava assustada e encontrava conforto nos seus braços; ou apenas do quanto ele se sentia importante quando ela dizia "Você é o melhor, papai". Não entendia como, mas uma pessoa de apenas um metro havia se tornado a pessoa mais importante para ele. Mais importante até do que ele mesmo. E apenas ela havia conseguido essa façanha.

Agora ele estava ali, parado, esperando pela entrada dela. Estava ficando cada vez mais agoniado, não agüentando toda aquela espera. E foi quando já estava resolvendo dar uma saída para fumar um cigarro, que os acordes no piano começaram a tocar. Era o sinal de que ela já se preparava para entrar no local. Ele se empertigou, ajeitando o fraque. No mesmo instante, Blaise parou de beijar Louise e voltou correndo para o altar, ocupando seu lugar como padrinho e todos os convidados ficaram de pé.

Primeiro entrou Anabelle, que carregava as alianças. Usava um vestido azul bebê, com babados, que praticamente tampavam o sapato branco que usava. Os cabelos, metade presos por um prendedor de brilhantes, estavam em cachos uniformes e eles, juntamente com o enorme sorriso que a menina estampava no rosto, a faziam parecer um anjo.

Em seguida, entraram Hermione Granger e Luna Lovegood, que, muito a seu desgosto, eram damas de honra de Gina. Não a ousara contrariar, afinal, elas eram as melhores amigas de Gina, porém, tinha certeza que não conseguira disfarçar sua expressão de desagrado ao vê-las. Expressão essa que demorou cerca de segundos, pois logo em seguida, ele a viu.

Gina entrava no salão de braços dados com seu pai. Estava radiante em um vestido tomara-que-caia de tule francês branco. O corpete do vestido contornava o corpo por ser justo, e era adornado com cristais Swarovski de cima à baixo, principalmente no decote reto de onde saiam tiras verticais do mesmo tule bordado. O vestido ainda possuía uma saia generosa, toda bordada à mão, que exemplificava muito bem o "luxo em toda a sua simplicidade", que todo Valentino possuía. Os cabelos ruivos estavam totalmente presos no alto da cabeça em um coque trabalhado, que estava preso por uma tiara composta por diamantes. E, por fim, segurava um buquê de rosas azuis, extremamente raras.

Não havia dúvidas para ele: Virgínia estava encantadora. Seu coração pareceu saltar quando a viu e ele se repreendeu intimamente, afinal, ele sempre possuíra o controle das suas emoções. Mas isso, agora, parecia ser impossível...

Então, ela alcançou o altar e ele pôde fitá-la mais de perto. Seu rosto estava iluminado; possuía um sorriso largo que parecia ter vida própria e o fazia querer sorrir junto com ela e, por fim, seus enormes olhos castanhos brilhavam mais do que a tiara de diamantes sobre sua cabeça. Ela estava radiante. E, enfim, desde quando haviam se reencontrado, ele estava de frente para a antiga Virgínia Weasley, aquela com expressão delicada e feliz


A cerimônia havia acabado de terminar, eles agora eram oficialmente o Sr. e Sra. Malfoy e nada parecia mais certo para ele do que aquilo. Estava ao lado da mulher da sua vida e sua filha, tirando fotos que ficariam para a posteridade.

- Você se lembra de quando nos conhecemos, Draco? - ela perguntou baixo para ele, entre uma foto e outra.

- Beco Diagonal, não foi? No meu segundo ano. Você estava com seu adorado Potter.

- E você já sentia ciúmes de mim. - ela sorriu, em escárnio. - Você sempre me amou.

- Mentira! A única coisa que eu quis foi debochar do quatro-olhos, ok?

- Já está mentindo no primeiro minuto de casado, Draco? Tudo bem... Eu finjo que não notei isso, tá, querido? - ela deu uma pausa para sorrir da cara de desagrado dele. - Mas pode dizer... Se não fosse seu pai, você teria me agarrado ali mesmo, não é?

- Claro... E rolaria com você por cima daqueles livros empoeirados e depois seria morto pelo seu irmão furioso. - ele suspirou. - Não sou idiota, Virgínia. Nunca faria isso. Até porque, eu achei muito mais interessante matar o seu irmão aos poucos. Exatamente como eu fiz durante todos esses anos que estamos juntos.

- Ahhh, verdade. Então isso tudo não passou um plano de vingança contra o meu irmão e o Harry... - ela debochou, enquanto ajeitava a cauda do vestido para uma nova foto.

- Oh, céus. Você descobriu o meu plano secreto! - ele debochou. - O que você fará agora?

- Serei obrigada a te matar...

Nesse instante, Draco teve uma crise de risos, interrompendo a sessão de fotos.

- Nossa, Virgínia... Seu senso de humor está cada vez mais apurado. Em algum dia você poderá até entrar para algum humorístico bruxo. - ele falou entre as risadas, que não pararam nem quando ela deu um forte tapa no braço dele. - Eu estou falando a verdade, oras!

- Muito bem. - interrompeu Narcisa Malfoy, que acabava de entrar na sala de fotos. - Está na hora dos brindes, Draco. Vamos?


"Try, baby try
To trust in my love again
I will be there, I will be there

Love, your love
Just shouldn't be thrown away
I will be there, I will be there"

Haviam se dirigido para um anexo na Marie Antoniette Suite, onde se encontrava a mesa do bolo. Este possuía cinco andares, era feito de baunilha, nozes e avelãs, sendo seu acabamento feito com marzipã. No seu topo encontravam-se dois bonecos representando os noivos, sendo que os bonecos se movimentavam, mostrando a noiva puxando o noivo pela gravata, que se debatia tentando se livrar da mulher.

Todos os convidados já estavam acomodados nas diversas mesas redondas, que estavam dispostas pelo salão. Eram cobertas com linho egípcio azul e possuíam cerca de dez lugares em cada uma. Em cima, haviam flores brancas espalhadas, dando um contraste na decoração.

No mesmo instante, Blaise se levantou do seu lugar e bateu de leve com a faca na taça de cristal, pedindo atenção para si. Antes de começar a falar, deu uma leve pigarreada, completando com um sorriso de canto de boca.

- Então... Acho que meu discurso como padrinho e melhor amigo dos noivos poderia se resumir em um 'Até que enfim'. - grande parte dos convidados sorriu após esse comentário. - Afinal, todos nós sabemos o que esses dois passaram para estarem juntos, não é? Pois é exatamente por ter assistido de camarote tudo o que aconteceu com os dois, que eu não vou me contentar em dizer apenas breves palavras. Eu ainda me lembro da Virgínia em Hogwarts. Ela era uma pessoa basicamente tímida. Embora qualquer pessoa que tivesse passado mais do que cinco minutos com ela, discordasse totalmente dessa minha opinião. Draco, pelo contrário, era o popular da escola. O menino mau, o arrogante, o conquistador sonserino. Na cabeça de ninguém passaria que um dia esses dois poderiam ficar juntos. Pois eles ficaram... Depois de muitas brigas, ameaças de morte, tentativas de assassinato e tudo o mais, eles finalmente ficaram juntos.

Ele deu uma pausa, provavelmente tentando recuperar o fôlego, antes de continuar.

- Nós até acreditamos que aquilo seria um 'felizes para sempre'. Mas, nós nos esquecemos que uma vida sem emoções não era o suficiente para Draco e Virgínia. Todos nós já sabemos o que ocorreu, não é? Um serzinho patético conseguiu separá-los (e nesse momento, Harry Potter berrou um 'EI!' indignado de algum canto do salão), Virgínia ficou grávida, Draco se mudou para algum canto cheio de neve e excluído da sociedade, o melhor amigo (Blaise apontou para si mesmo) recebeu ameaças cruéis de vida e ainda surgiu uma super loiraça turbinada para terminar de separar os dois. Graças a ela, eu conheci essa adorável senhorita que está ao meu lado, mas Louise DeLancré é outro assunto, que aliás, vocês tomarão conhecimento em breve... - e fez um ar de mistério e todos do salão fizeram um "Huuuuuuuuuuuuuuuuummmm" comprometedor. - Pois bem, pois bem... Continuando! E depois de muita confusão, nós nos encontramos aqui. Celebrando o casamento de Virgínia e Draco.

Blaise, então, levantou a taça de champanhe que segurava.

- Proponho então um brinde a esse casal, que lutou contra as adversidades da vida e se encontram aqui hoje, casados e felizes, prontos para viverem uma vida maravilhosa juntos, mesmo que tudo e todos indicassem o contrário. Ao casal Malfoy!

E nesse momento, todos ergueram suas taças e disseram em uníssono "Ao casal Malfoy" e os noivos se beijaram.


"If we'd go again
All the way from the start,
I would try to change
The things that killed our love"

- Nós pretendemos passar a nossa lua-de-mel em Bali. Nós concordamos que é um lugar agradável para nós dois, como para a Elle, não é? - Gina disse para Beatrice Muller, uma amiga de Narcisa Malfoy, a qual havia acabado de ser apresentada.

- E vocês pretendem levar a pequena com vocês?

- Sim. Nós fizemos todos os nossos planos pensando na nossa filha. Afinal, nós ficamos um bom tempo separados e agora que somos uma família, nós preten---

Gina não pôde terminar sua afirmação, pois fora interrompida por Draco.

- Querida...

- O quê foi, Draco?

- Olha quem teve a cara de pau de aparecer aqui... - ele apontou para uma pessoa que vinha na direção deles e a boca de Gina entreabriu-se levemente.

Era Sophie Montserrat.

- Olá, Draco. Sentiu saudades de mim, mon amour? - ela perguntou, com um sorriso debochado no rosto.

- O quê você está fazendo aqui, Sophie? Não está satisfeita de ter sido humilhada na minha casa e veio aqui para ser humilhada novamente? - ele perguntou, já alterando a voz.

- Para quê toda essa agressividade, querido? Pelo que eu saiba eu fui muito cortês com você e esperava ser tratada do mesmo modo. Apesar do que... Oh, que tola que eu sou... - ela fingiu desapontamento – não sei porquê eu deveria esperar educação logo de você, não é?

- Olá, Sophie... - Gina interrompeu o assunto, segurando no braço do marido, para fazê-lo se acalmar. - Seja bem-vinda ao nosso casamento. Mesmo que não tenha sido convidada.

- Óbvio que fui convidada. Afinal, parece que você não puxou a educação de sua mãe, não é, Draco..? Sim... Narcisa me enviou dois convites para o seu casamento: um para mim e um para o meu noivo, que está vindo ali. - ela apontou para sua esquerda e eles puderam ver Giovanni vindo na direção dos três.

- Noivo? - Draco perguntou com uma visível incredulidade, esquecendo até do fato de que sua mãe havia convidado Sophie sem o consultar.

- Sim... Noivo. - e ela esticou a mão direita, onde eles puderam ver um enorme anel de brilhantes. - É maior que o anel que você me deu, Draco...

- É? Bem... Se ele gasta dinheiro com você, é problema dele. Eu nem me dei ao trabalho... - Draco deu de ombros.

- Pelo que está me parecendo, nem com ela você está gastando seu dinheiro, não é? - e ela lançou um olhar de desprezo para o anel que Gina ostentava na mão esquerda, visivelmente menor que o da loira.

Gina iria retrucar a provocação, mas fora interrompida por Giovanni.

- Olá, Draco. – Giovanni cumprimentou cordialmente.- Sra. Malfoy.

- Agora sim o circo está completo! Giovanni Maldinni e Sophie Montserrat no meu casamento! Quem diria que vocês teriam tanta cara de pau assim?

- Mio caro... Nós só estamos aqui para desejar a vocês toda a felicidade do mundo e mostrarmos que nós não temos ressentimentos, não é, Sophie?

- Claro... E eu também queria agradecer a você, Draco. - ela disse calmamente.

- Me agradecer?

- Óbvio. Afinal, você me apresentou ao Giovanni em Milão e depois, fez o que fez comigo. Ou seja, graças a você, Giovanni e eu estamos juntos e felizes hoje. Muito obrigada.

- Não há de quê. - ele deu um sorriso de canto de boca. - Vocês se merecem.

- Fico feliz em saber que você está bem, Sophie. - Gina comentou, com um sorriso genuíno.

- Obrigada, Weasley. Mas saiba que você nunca vai deixar de ser pra mim mais do que uma procriadora ruiva. - ela respondeu, dando o mesmo sorriso.

- Por favor... Me chame de Malfoy, sim? Porque agora, eu não me chamo mais Weasley. E sim, Virgínia Malfoy. - Gina arrastou o sobrenome. - E bem... Você também nunca vai deixar de ser a Sophíbora para mim.

- Ótimo. Estamos combinadas, então. Agora... Cuidado com o Draco. – Ela fez como se fosse contar um segredo para a ruiva. - Ele costuma trair, sabe? Geralmente com mulheres de gênero duvidoso.

- Jura? Tudo bem... Tenho certeza que, se ele me trair, eu vou ficar sabendo.

- Ah, é? E como você pretende fazer isso? - a outra perguntou, debochando.

- Fácil. Draco também costuma chamar o nome da outra na cama. - Gina sorriu enquanto Sophie rangeu os dentes de raiva. - Fiquem à vontade, sim? - dito isso, puxou Draco pela mão e se dirigiram para a próxima mesa, onde estavam a Ministra da Magia, Amelia Bones e Minerva McGonagall, diretora de Hogwarts.


"Your pride has build a wall, so strong
That I can't get through
Is there really no chance
To start once again?"

Ele a puxou pela mão, bruscamente. Ela não o havia visto, mas sabia que era ele, pelo seu toque. Não importava como, não importava quando... Ela sempre o reconhecia.

Virou para frente e se deparou com os cabelos platinados dele, ainda alinhados. Ele caminhava com pressa, em direção ao lado oposto do salão onde todos se encontravam. Ele se mantinha em silêncio e a única coisa que Gina conseguia escutar era o farfalhar do seu vestido. Não fazia a mínima idéia do que ele queria.

- Para onde estamos indo, Draco?

Ele não respondeu, mantendo-se impassível.

Entraram em um cômodo do Hotel Ritz, que logo Gina percebeu como sendo uma das salas de estar do hotel. Encontrava-se completamente vazio.

- O que nós viemos fazer aqui, Draco?

Ele virou para ela e a olhou profundamente nos olhos. Depois passou a fitá-la, mantendo o seu rosto sério. Parecia analisar cada pequeno detalhe do rosto dela. E então, ele sem dizer nada, a puxou pela cintura bruscamente e deu um beijo longo e apaixonado nela, que parecia estar sendo ansiado há tempos.

Para o desgosto de Draco, os longos cabelos vermelhos de Gina estavam presos. Ele adorava se perder nos cachos do cabelo dela, enquanto fincava a sua mão e a puxava para si. No entanto, teve que se contentar com a nuca dela, a qual, ele segurou e aproximou mais os corpos, colando-os, fazendo Gina soltar um suspiro de satisfação e dando um outro beijo, ainda mais forte do que o primeiro.

- Nossa... - foi a única coisa que ela conseguiu falar enquanto recuperava o fôlego.

- Eu estava ansiando por esse beijo há anos. - ele falou baixinho, quase em um murmúrio. - O beijo na minha verdadeira esposa.

- Eu nem acredito que nós conseguimos, sabia? Tudo parecia tão complicado, tão incerto. Por um momento, eu não via saída alguma para nós dois.

"If we'd go again
All the way from the start,
I would try to change
The things that killed our love"

Ele roçou o nariz de leve na bochecha dela, que soltou um suspiro.

- Nem eu. Nós fizemos muitas besteiras durante todo esse tempo, não é? Como duas pessoas conseguem errar tanto em um espaço tão curto de tempo?

- Não sei. Mas sei que nós erramos em sermos orgulhosos, em nunca querermos procurar a verdade e principalmente por nunca dizermos o que sentimos. - ela o olhou significativamente.

- Não me olhe assim. Você sempre soube que eu tenho problemas em expressar o que eu sinto. - ele respondeu, contrariado.

- Tudo bem. Se fosse esse o único motivo, eu teria errado também, por conhecer esse defeito e nunca ter feito nada para tentar corrigi-lo.

- Como se você fosse conseguir... - ele deu um sorriso enviesado.

- Bom, ao menos eu deveria ter tentado, não é? Deveria ter corrido atrás de você, te sacudido pelos braços e ter dito que te amava. Já que você não conseguia fazer, eu deveria ter feito por nós dois.

Ele pareceu pensar por um instante, como se ponderasse o que iria falar em seguida. Até que resolveu falar:

- No dia do meu casamento com a Sophie, Blaise me disse que se você chegasse e dissesse que me amava, eu desistiria do casamento...

- E você desistiria?

Ele olhou nos olhos castanhos dela, que ele tanto amava.

- No mesmo instante.

Gina deu um suspiro alto e o abraçou com força, como se agradecesse por estar com ele agora. Ou como se desculpasse por não ter feito o que ele esperava que ela fizesse. Depois, se separou do abraço e olhou nos olhos novamente. Draco pôde ver que ela estava com os olhos marejados.

"Yes I've hurt your pride, and I know
What you've been through
You should give me a chance
This can't be the end"

- Mas, sabe... - ela iniciou. - Era realmente a minha vontade fazer isso. Mas eu não conseguiria fazer depois de tudo que aconteceu com nós dois. Por mais que eu estivesse feliz que você tivesse voltado e que estava tomando conta da nossa filha, eu não conseguia esquecer das palavras rudes que você me disse, do modo como você me abandonou... - ela ameaçou derramar uma lágrima, mas no mesmo instante secou-a com o dedo.

- Eu sei que eu errei. Mas não jogue toda a culpa em cima de mim, Virgínia. Eu saí daqui sem saber que você estava grávida e achando que era traído justo com meu pior inimigo. Eu te odiava com todas as forças. E mesmo assim nunca que te esqueci. Na realidade, acho que eu me odiava mais do que odiava a você. Não conseguia entender como que eu não conseguia parar de pensar em você, se você tinha feito tudo aquilo pra mim. - ele deu uma pausa. - Mas esse assunto já está mais do que superado. Não consigo acreditar que você ainda chora por causa disso.

- Eu sou uma tola, não é mesmo? Prometo que não chorarei mais por esse assunto. Nós já resolvemos tudo o que tinha para resolver. E estamos aqui... Casados! - ela suspirou. - Tudo ainda parece um sonho... Um lindo sonho. E eu tenho medo de acordar amanhã e ver que nada disso foi verdade. Que você continuou na Dinamarca, onde você se casou com a Montserrat, sem nem ao menos saber da nossa filha...

- Isso não é um sonho, ruivinha. - em seguida, ele abaixou o olhar e segurou na mão esquerda dela, onde ele rodou a aliança que estava no dedo anelar da ruiva. - Vê? Nós estamos casados finalmente. E, com certeza, eu sei da minha filha. Pois sei que a minha vida nunca seria completa sem a Belle nela. Aliás, não sei como algum dia eu já fui feliz sem tê-la na minha vida.

- Elle é uma menina especial, não é? - Gina deu um leve sorriso.

- Ela é perfeita. - ele deu uma pausa. - Mas é minha filha, não é? Não poderia ser diferente. - e completou com um sorriso meia-boca.

- Egocêntrico...

- Jura? E eu sou mais o quê? - ele deu um selinho nela.

- Prepotente. - ela respondeu.

- E mais o quê? – ele deu outro selinho.

- Arrogante, metido, debochado e...

Ele a interrompeu.

- Resumindo, eu sou perfeito. - ele concluiu, antes de beijá-la novamente.


"I'm still loving you
I'm still loving you,
I need your love
I'm still loving you
Still loving you, baby..."

- VIRGÍNIA MALFOY! NÓS VAMOS PERDER A CHAVE DO PORTAL!- ele berrou pela terceira vez com a sua esposa, que estava trancada dentro do banheiro. Em seguida, virou para a filha. – Belle, por favor, pare de pular em cima dessa cama!

- Não paro! Não paro! - a menina respondeu, enquanto continuava pulando.

- Eu estou mandando, Belle. - ele falou sério e a menina parou. - Você já escovou os seus dentes?

- Eu não sei escovar meus dentes, papai. Você que vai escovar pra mim.

- Eu? Peça a sua mãe! Eu não sei fazer essas coisas!

- Não quero a mamãe! Quero você! VOCÊ! - ela berrou e continuou pulando em cima da cama.

- ANABELLE MALFOY, JÁ MANDEI VOCÊ PARAR! - ele berrou enquanto procurava algo dentro do armário. - VIRGÍNIA, VOCÊ VIU A MINHA CAMISA AZUL DE BOTÕES?

- Não... - Gina respondeu baixinho de dentro do banheiro e o loiro nem escutou.

- Está comigo, papai.

- O quê a minha camisa azul está fazendo com você?

Anabelle ficou inquieta por um momento e só respondeu:

- Vou escovar meus dentes, papai. - e desceu da cama, saindo correndo.

Draco apenas bufou e se dirigiu pra porta do banheiro, onde dirigiu três tapas fortes.

- VOCÊ SE AFOGOU NA BANHEIRA, VIRGÍNIA? COMO É QUE É?

- CALMA! - era a primeira vez que ela respondia aos apelos dele.

- CALMA? VOCÊ ESTÁ NESSE BANHEIRO HÁ QUASE UMA HORA! E EU JÁ ESTOU ENLOUQUECENDO COM A SUA FILHA AQUI FORA! VEM ME SALVAR, AGORA!

- Não dá. Espera um pouco. - ela respondeu, com a voz um pouco abafada.

- Está acontecendo alguma coisa? - ele perguntou preocupado, mas nem teve tempo de escutar a resposta. Em seguida, sentiu Anabelle cutucando a sua perna. – O que foi?

- Olha o que aconteceu, papai. - E a menina mostrou o seu vestido novo, que usaria para viajar, totalmente sujo de pasta de dente de tutti-frutti.

- Ah, merda! - ele olhou para o vestido, depois voltou a bater freneticamente na porta. - VIRGÍNIA, SUA FILHA ESTÁ TODA MELECADA DE PASTA DE DENTE! VEM AJEITAR A GAROTA!

- Tem um vestido passado na mala da Elle, logo em cima. Troca ela para mim, Draco... - ela respondeu ainda de dentro do banheiro.

- O QUÊ? VOCÊ ANDOU CHEIRANDO SEU SHAMPOO NOVAMENTE? Ela está usando babados e meias... Mas que MERDA! - Draco olhou descrente para filha, que agora enfiava a mão na mancha de pasta de dente e esfregava por todo o vestido, tentando "limpar".

- O que é merda, papai? - perguntou curiosa.

- ANABELLE! Não repita mais isso! É feio!

- Mas você disse...

- Eu posso, você não. - ele encerrou o assunto, pegando a menina pela mão e indo até o quarto dela. Suas feições demonstravam que ele se sentia indo para uma guilhotina.

- Anabelle... Você já está bastante crescidinha... Que tal você tirar o seu vestidinho sozinha? Tenho certeza que a mamãe vai ficar orgulhosa de você!

- Está bem, papai!

- Isso... Ótima menina! - ele a incentivou, enquanto pegava o outro vestido na mala. Quando viu que Anabelle estava um pouco enrolada, ele resolveu ajudá-la de uma vez e parar de frescura. Já que tinha que fazer o serviço "sujo", que fizesse direito.

"Oh, céus... Não quero nem imaginar o Blaise vendo essa cena...", ele pensou enquanto estava de joelhos, abotoando o vestido na menina.

- Pronto. Vire-se pra mim. - Ele pediu e Anabelle se virou. De um modo impressionante, ele havia conseguido colocar o vestido direito nela. - Está linda! Agora fique aqui quietinha que eu vou arrancar a mamãe daquele banheiro, está bem?

A garota balançou a cabeça afirmativamente e foi até o pequeno piano que tinha em um canto.

Ao chegar até o seu quarto, Draco reparou que não precisaria mais tirar a sua esposa do banheiro, já que ela se encontrava do lado de fora, terminando de fechar as malas.

- Até que enfim, madame! Você passou tanto tempo dentro daquele banheiro que eu já nem lembrava mais da sua cara.

- Oh, como você é delicado, Draco. - ela respondeu ironicamente, sem olhar pra ele, ainda fechando às malas.

- Realmente... Depois de estar completamente atrasado para pegar uma chave do portal, de ter aturado Anabelle pulando da cama, dando sumiço na camisa azul que eu ia usar pra viajar, se sujando toda de pasta de dente e ainda por cima, tendo que trocar o vestido dela, você ainda quer que eu seja delicado? E ainda mais sabendo que isso é sua culpa por estar perdendo o seu tempo olhando a sua linda imagem refletida no espelho! - ele deu uma pausa pra respirar. - Eu quase enlouqueci, ok?

- Se você quase enlouqueceu com um, imagina com dois... - ela murmurou baixinho, como se reclamasse.

- Como é que é? - ele arqueou a sobrancelha.

- Você quer saber o que eu estava fazendo no banheiro até agora? Estava colocando para fora tudo o que eu tomei no café da manhã porque, pelo que me parece, o seu filho não deve gostar muito de waffles de chocolate. - ela fechou a última mala e colocou no chão. - Aliás, acho bom você preparar uma lista das coisas que nunca devem passar na minha frente pelos próximos nove meses e o primeiro item é waffle de chocolate.

Ele permaneceu calado, atônito, olhando para ela sem nem ao menos piscar.

- Draco Malfoy? Alô? - ela fez um movimento com as mãos. - Você está aí?

- Você... hum... Você quer me dizer que está grávida? - ele perguntou, se recuperando.

- Aham. Três semanas.

- Tem certeza? - ele perguntou olhando para a barriga dela.

- Absoluta.

- E você pretendia me contar quando? Quando a criança estivesse nascendo? - ele respondeu com um tom chateado na voz.

- Eu queria contar em Bali. E, sabe... Não era exatamente essa a reação que eu esperava de você...

- Bali? Você acha que nós vamos para Bali, Virgínia? Nós iríamos de chave de portal! Você ia chegar lá cuspindo a criança!

- Meu Deus... Eu casei com o homem mais sensível desse mundo... - ela cruzou os braços pra ele e o olhou furiosa.

E então ele continuou parado, fitando-a. Seu olhar passava do rosto para a barriga e depois fazia o caminho inverso. E Gina podia vê-lo murmurar "grávida", "filho", "pai" e "de novo". Até que ele pareceu do transe e foi até ela, pegando-a no colo.

- Eu nem acredito! Pai! De novo! - ele deu um beijo nela, no meio de uma gargalhada que ela soltava. - Mas, por tudo que você ama nesse mundo, me dê um menino! Eu não vou suportar trocar mais de um vestido por dia!

- Vou pensar no seu caso... - ela sorriu. - Mas só faço se você for bonzinho e me encher de mimos.

- É claro que vou fazer isso, Virgínia. Vou começar enchendo a casa de waffle de chocolates, o que acha?

E antes que ela pudesse responder, ele a beijou apaixonadamente.

FIM


EEEEEEE... ACABOU. XD

Siiiim... Eu, finalmente, tomei vergonha na cara e consegui terminar a fic! Espero que vocês tenham gostado!

Gostaria de pedir desculpas por todos os atrasos para postar os capítulos... A questão é que, quanto mais o tempo passa, com mais responsabilidades nós ficamos. E aí, algumas coisas acabam ficando pra segundo plano, infelizmente. Por isso, eu demorei tanto para terminar essa fic. Às vezes, eu não tinha tempo para escrever... Outras vezes, eu estava tão cansada que não conseguia pensar em nada interessante para escrever... Mas, eu peço desculpas, porque vocês não têm culpa das minhas responsabilidades, não é?

Mas chegamos ao fim de mais uma fanfic!

Ahhh, lembro que uma vez me perguntaram se eu já estive nesses lugares que eu descrevo... Não, eu nunca estive. Antes de escrever, eu procuro bastante na net sobre o que eu pretendo descrever... E aí, com essas informações, eu escrevo a fic!

Gostaria de agradecer a todo mundo que mandou review, comentários por e-mail, indicaram a fic no Orkut... Ou que apenas leram a fic aqui no Vocês fizeram o meu dia muito mais feliz! Obrigada de coração.

Sim, eu já tenho um outro projeto de fanfic. Mas eu PROMETO que só vou lançar essa fanfic quando ela estiver completinha. Aí vocês não vão querer me matar novamente... XD

Então, enquanto isso, a minha beta e super amiga Chloe, vai lançar a sua fanfic aqui no sobre um grupo de meninos e meninas que estudam em Beauxbatons. É uma história muito interessante, que retrata a adolescência de 9 jovens de uma forma muito peculiar. Não percam! O profile dela é www (ponto) fanfiction (ponto) net (barra) exoticwillmore.

Amo vocês e até a próxima!