"Depois de tudo, somos um, você e eu, juntos sofremos, juntos existimos, e para sempre recriaremos um ao outro" – Teilhard de Chardin

Prólogo

- Você me ama, Draco?

- Por quê pergunta?

- Por quê você sempre responde com uma pergunta?

- Porque sei que isso te irrita...

Um momento de silêncio. Ele brincava com uma mecha do cabelo dela.

- Não vai responder?

- O quê?

- Você me ama ou não, Draco Malfoy?

- Ainda não ent---

Ela o interrompeu.

- Sim ou não?

- Lógico que sim, Virgínia. Você sabe que sim.

Ela sorriu.

- Por quê não respondeu isso antes? Seria mais fácil.

- Por quê você gosta de fazer tantas perguntas justo no momento em que quero ficar calado?

- Porque sei que isso te irrita... - ela respondeu por fim, sorrindo.


- Eu quero um filho seu, Virgínia.

- Sim. Nós teremos filhos! Muitos! – ela disse, empolgada.

- Eu não quero um bando de filhos. Sei que você é uma Weasley, mas eu permaneço sendo um Malfoy. Não gosto de muita gente. Eu disse que quero um filho...

Ela resmungou e fez uma careta.

- E é exatamente por isso...

- Isso o quê?

- O seu jeito. Eu adoro ver as caretas que você faz, são lindas. Suas manias são adoráveis. Acho que o que mais me chamou a atenção em você foi o seu modo de agir. E eu imagino tendo uma filha, com manias como as suas. O mesmo modo de enrolar o cabelo quando está nervosa ou quando não se recorda de algo. O mesmo olhar quando está com raiva...

- Eu adoraria te dar uma filha, mas...

- Mas...? - ele deu uma pausa, olhando nos olhos dela. - Já sei. Mas nós não somos casados e nossa família ainda não engoliu nosso relacionamento.

- Exatamente. Eu não sei se esse é o melhor momento pra darmos um passo tão grande em nossas vidas. Filho é uma grande responsabilidade.

- Eu sei que a sua família não me suporta, do mesmo modo que minha mãe não gosta de você. Mas, uma vez, você me disse pra gente começar a pensar em nós mesmos e deixarmos os outros de lado. Você não acha que já está na hora?

- Vamos deixar as coisas acontecerem, Draco.

Ele apenas suspirou, resignado.

- Eu te amo... - ela sussurrou baixinho.

Ele se deu por satisfeito e a abraçou.


- Virgínia??? Virgínia??? - ele chamou quando chegou em casa. Não a encontrou em nenhum cômodo da casa. Ao chegar no quarto, encontrou um bilhete, preso no espelho.

' Querido Draco,

Fui visitar meus pais. Se eu não estiver em casa ainda, por favor, venha me buscar. Tenho algo de muito importante pra te contar. Você vai ficar muito feliz. Não vejo a hora de te encontrar. Venha logo.

Para sempre sua,

Virgínia. ´

Chuva. Relâmpagos. Tensão. Gritos. Choro.

- EU ODEIO VOCÊ, VIRGÍNIA!

- Draco, por favor, me escute! Não foi culpa minha! - ela implorou, com lágrimas nos olhos.

- COMO NÃO? EU SEI MUITO BEM O QUE EU VI! EU VI VOCÊ AGARRADA COM O POTTER!

- Ele me agarrou! E-eu, eu não queria! - ela chorava cada vez mais.

- POIS NÃO PARECIA!!! - ele vociferou. – QUEM NÃO QUER NÃO CORRESPONDE AO BEIJO!

- Por favor, Draco, me escute...

- Não tenho mais nada para escutar. - ele respondeu, já sem gritar, demonstrando uma falsa calma, mas com a voz completamente gélida. - Eu não quero mais te ver na minha frente, Weasley.

Gina soluçou.

- Não faça isso antes de escutar o que eu tenho pra te contar...Por favor...- implorou.

- Eu já disse que não tenho mais nada pra escutar. Não te quero mais, Virgínia. Não quero mais uma mulher que se joga nos braços do primeiro que aparece.

PAF

Ela acertou um tapa no rosto dele.

- Não admito que você fale deste modo comigo! – ela já tremia da cabeça aos pés. Não sabia se era de raiva ou se era por causa da chuva que caía sobre eles.

- Acabou. Isso foi o cúmulo. Acabou. Nunca mais quero te ver na minha frente, Weasley.

- VOCÊ PRECISA ME ESCUTAR!!! TEM ALGO QUE VOCÊ PRECISA SABER! ALGO QUE EU TENHO, E QUE VOCÊ TAMBÉM VAI QUERER! - ela gritou, desesperada.

- Eu não quero você, nem nada que venha de você. Eu tenho nojo de você. Cada vez que eu te olhar, vou me lembrar da cena que eu acabei de presenciar. E eu posso te dizer que não é algo muito agradável. - ele disse sem demonstrar um pingo de emoção.

- Você vai se arrepender se não me escutar... - ela deu um passo a frente e tocou no braço dele.

Draco, sem dizer mais uma palavra, desaparatou.


- O que você está fazendo aqui???

- Você precisa me escutar... - disse baixinho.

- Não tenho nada o q escutar. Saia da minha casa!

- Mas Draco...

- Malfoy pra você. Como se fôssemos desconhecidos, porque eu não te conheço mais.

Ela sentiu uma dor no peito e as lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Mas não pôde ignorar uma mágoa crescente dentro de si.

- Você vai se arrepender se não me escutar...

- Nada do que você diga vai mudar a minha opinião sobre você e sobre o que você fez. É tarde demais, Weasley. Estou saindo do país com minha mãe. Não quero mais te ver e nem saber de mais nada que tenha a ver com você.

- Sair do país? Mas... MAS EU TENHO ALGO QUE É SEU TAMBÉM! - ela se desesperou.

- Não me importo. Não quero nada seu. Não quero nada que me lembre você. Nada. Agora, faça um favor ao menos uma vez na sua vida: SUMA DA MINHA FRENTE! - disse, extremamente frio.

Gina engoliu em seco e enxugou as lágrimas.

- Você não sabe o que está fazendo... - dito isso, se retirou do quarto.


- FESTAAAAAAAA! – Carlinhos gritou.

- Elle! Quantas vezes eu já te falei pra não correr? - Gina brigou.

- Mamãe, eu quelo subir!

- Você não pode subir na árvore!

- O Joey sobe. Eu quelo, mamãe! Eu quelo!

- Você não pode porque você é pequena, Elle. Você só tem dois aninhos. Agora se sente ali e brinque com suas bonecas.

A menina, batendo o pé e murmurando algumas coisas, foi brincar com as bonecas. Um minuto depois, já estava completamente entretida com seus brinquedos.

- Nunca imaginei que ela fosse tão... Weasley! - Gina comentou.

Carlinhos sorriu.

- É verdade. Ela puxou muito a personalidade dos Weasley. Por outro lado, a aparência dela é toda do pai...

- Sim... A única coisa dela que parece comigo são os olhos. E mesmo assim, é somente a cor, porque o modo de olhar é idêntico ao dele... - Gina suspirou. - Mas eu prefiro mil vezes que ela tenha a minha personalidade e a aparência dele do que ao contrário. - Suspirou mais uma vez. - Vamos mudar de assunto. Acho que não vou à festa...

- Ué? Por quê? - Carlinhos se assustou. - Já estava tudo certo! Você precisa se divertir, maninha!

- Não estou muito a fim de diversão.

- Então vá pela sua filha. A festa é de dia, será ótimo pra uma criança. Ainda mais uma com tanta energia pra gastar.

Gina sorriu, mas o sorriso morreu logo em seguida.

- Tenho medo que ele esteja lá... Afinal, a festa é pra muita gente. Toda a sociedade bruxa estará lá. Ele deve ter sido convidado.

- Deixe de tolice, Gina. Ele não estará. – Carlinhos olhou pra ela por um momento. - Você ainda tem muita raiva dele, não é?

- Dele? Não... Dele eu tenho muita mágoa. Uma mágoa enorme. Eu tenho raiva de mim. Raiva porque mesmo depois de tudo o que ele fez comigo, eu não consigo esquecê-lo.

- Pois deveria. Ele não te merece, minha irmã. Você tem medo de encontrar com ele?

- Tenho medo de qual será a minha reação ao encontrar com ele...

- Mas, por enquanto não precisa se preocupar. - Carlinhos iniciou. - Fontes do Ministério garantem que ele ficará na Dinamarca. Ele já enviou um bilhete dizendo que não viria.

- Eu não entendo porque ele não quer participar de uma festa tão influente. Os Malfoys sempre foram de participar dessas formalidades sociais... - ela caminhou em direção à filha e começou a brincar com ela. Carlinhos fez o mesmo, mas se manteve em pé.

- Ele tem algo mais sério pra resolver, Gina... Ele está organizando a festa de casamento dele.

Gina deixou o brinquedo cair.

- Ele vai... Ahn... Ele vai se casar? - perguntou, passando as mãos pelos cabelos.

- Sim. Ele vai.- Carlinhos se sentou ao lado dela.

- Com quem?

- Com uma dinamarquesa. Devidamente sangue-puro e rica. O orgulho da Sra. Malfoy.

Gina olhou para filha e passou a mão pelo cabelo dela. Não pode evitar que algumas lágrimas caíssem. Depois, apoiou a cabeça no ombro do irmão.

- Ao menos ele não vem para festa...


- Coma, Elle!

- Não quelo mamãe!

Gina já estava perdendo a paciência. Estava há mais de meia hora tentando fazer sua filha comer, mas ainda não havia conseguido. A menina estava mais interessada em correr pela festa com seus primos.

- Anabelle Weasley!!! Se não comer a gente vai embora da festa, agora!

- Não quelo mamãe! Tô com medo!

- Medo de quê, menina???

- Medo daquele moço estlanho. - a menina apontou para alguém que estava atrás da sua mãe.

- Que moço estran---

Sua voz sumiu ao se virar. Um homem estava parado, olhando fixamente pra elas. Estava assustado, com os olhos arregalados. Era o homem de quem sua filha tinha se referido. Era Draco Malfoy.