Pois é, acabou. Foi uma experiência fantástica escrever recebendo os reviews de vocês. Gostei tanto que apesar da fic estar concluída eu ainda quero saber mais da opinião de vocês.

Obrigado do fundo do meu coração, e espero que curtam muito esse último capítulo.

Um abraço,

Marck Evans

Morticia Sheldon –obrigado pela força. Devagar eu vou escrevendo as outras historias.

Momoni – respondendo aos reviews que vc mandou nas duas fics:

Eu também sou fã de Sirius e Remus, mais do que de Severus e Sirius, mas essa história pediu para ser escrita e não deu para resistir, rs. No final eu já estava curtindo o relacionamento dos dois teimosos. Eu tive uma idéia para uma RL&SB, mas ainda precisa amadurecer muito.

E para o Draco e o Harry, bem, estava na hora de um corpo a corpo mesmo, rs. Os meninos mereciam.

Serim – eu me esforço para manter a coerência entre as duas fics, já reescrevi um trecho enorme para isso. Que bom que isso é valorizado. O Kama Sutra foi para dar uma base teórica, afinal ninguém nasce sabendo, né? Eu tb não gosto do Harry como o eterno submisso, entre ele e Draco, acho que rola um equilíbrio de personalidade e uma alternância de papeis, com ele sendo um pouco mais ativo que o Draco.

Anna-Malfoy – Eu tb quero! E não acho vc despudorada, rs. Porque se vc fosse despudorada eu seria um caso de internação.

Trinity C. Malfoy - Também gosto dessa postura mais racional dos bruxos, não consigo imaginar um povo tão ligado ao uso da própria energia mental reprimindo algo tão natural.

Anna – Anna anime-se! Não me julgo um grande escritor, mas do meu primeiro escrito até essa fic eu melhorei muito. A primeira fic mesmo, coitada, só tem uma cena que preste e nunca foi publicada. Manda ver na sua história.

Patty – Obrigado. A primeira vez é muito marcante.

Ia-Chan – rs Eu dei um controlc na cena da chegada do Snape, fiz isso também no capítulo que o Sirius volta do Véu da Morte e um pedacinho do banquete. :) É só para manter as duas bem coladinhas.

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Para Sempre

-Mas Harry, faltam só três meses para os NIENS, a gente tem de se preparar direito. Todo o nosso futuro depende do resultado dessas provas.

-Eu sei, Hermione. E tanto eu quanto Draco estudamos muito. Só que eu preciso de um tempo, ou vou ficar louco. Eu prometo que domingo depois do almoço nós vamos estar com vocês na biblioteca, mas de manhã, não.

-Mas Harry...

-Hermione, eu vou entrar no quarto e trocar de roupa agora. Você dá licença?

Quando entrou no dormitório masculino, Harry encontrou Rony morrendo de rir sentado na cama.

-Você ainda ri? – Mas o próprio Harry estava sorrindo. A Mione não ia mudar nunca.

Enquanto se arrumava para encontrar com Draco, uma curiosidade foi se instalando na mente do garoto.

"A tendência bisbilhoteira do Draco está pegando em mim."

-Rony, posso fazer uma pergunta íntima para você?

-Pode, claro.

-Você e a Mione já transaram?

O rubor logo tomou conta do rosto do amigo, que desconversou:

-E você e Draco? Já?

-Rony, faz mais de dois meses que eu sumo com o Draco toda sexta à noite e só volto no almoço de sábado; depois do treino de sábado eu venho, me arrumo todo, sumo outra vez e só apareço no almoço de domingo. O que você acha?

-É. Pois é. – O ruivo respondeu, sem jeito.

-E por que vocês não fizeram nada ainda? – Harry adivinhou, na falta de respostas, a resposta correta.

-É embaraçoso, mas eu não sei como começar o assunto com ela, e ela não diz nada.

- Rony, vou fazer por você uma coisa muito boa que o Sirius fez por mim. - Ele remexia seu malão enquanto falava, e tirou lá de dentro um livro grosso.

-Sabe, a Mione está certa numa coisa. Pode-se aprender muita coisa interessante em livros. – Harry fitava o livro pensativo. – É o seguinte. O Sirius me deu a coleção toda no Natal, mas não é o tipo de livro que deva ficar rolando por aí. Portanto, Rony, muito cuidado. Acredito que você vai querer só o primeiro volume, mas se quiser dar uma olhada nos outros é só falar. O dois está com o Draco, mas o três está aqui.

-Do que você está falando, Harry?

-Disso. – E Harry estendeu o livro para Rony. – Divirta-se.

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Mais tarde, Draco e Harry estavam juntos no alto da Torre de Astronomia vendo a primeira noite de lua cheia da primavera.

-Eu sempre penso no Remus nas noites de lua cheia. – Draco estava envolto pelos braços de Harry e, com a cabeça encostada no ombro do namorado, fitava o céu.

-É, eu sei. O Snape tem enviado a Poção de Mata-Cão para ele todo mês, e Sirius me disse que ele criou uma espécie de tônico que faz Remus se sentir melhor no dia seguinte.

-Agradando o amigo do Sirius. Inteligente.

-Tipicamente sonserino. – Harry apertou um pouco mais Draco nos braços. – Mas o importante é que é bom para Remus.

-Exato. – Girando o corpo sem sair dos braços de Harry, Draco se apoiou no corpo do namorado. – Vamos?

-Para onde? – O sorriso de Harry não podia ser mais sensual.

-Para a cama. – O olhar de Draco estava cheio de promessas

-Está com sono?

-Nem um pouco.

Escolhendo os atalhos vazios com a ajuda do Mapa do Maroto, os dois foram para seu esconderijo nas masmorras.

Mais tarde, naquela noite, Harry acordou com Draco chorando. Depois de muito tempo, o sonserino teve um pesadelo com as masmorras da casa de Lucius Malfoy.

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No dia seguinte, logo depois do almoço, Draco e Harry foram chamados ao Gabinete do Diretor. Remus, muito abatido, os aguardava lá. Na mesma hora, Draco e Harry entenderam que algo muito sério devia ter acontecido, pois nada antes havia feito Remus sair do seu retiro durante a lua cheia.

-Sentem-se, meninos. – Dumbledore indicou um grupo de cadeiras, onde Sirius e Severus já estavam sentados. – Temos uma notícia dolorosa para dar a você, Draco.

Mas foi Remus que, segurando Draco pelo ombro, se encarregou de falar:

-Ontem à noite houve um confronto entre alguns comensais e alguns membros da Ordem. – O lobisomem fez uma pausa curta para deixar Draco ir assimilando a notícia. – Durante a luta, uma viga do teto do lugar se soltou, e acertou dois dos Comensais que estavam lá. Ambos tiveram morte instantânea. – Outra breve pausa. - Lucius Malfoy foi um deles.

Draco manteve a expressão fria do rosto, mas seus joelhos foram se dobrando devagar, até ele estar sentado na cadeira que Snape empurrara na direção dele.

-Lucius está morto? – Draco tinha noção apenas vaga do braço de Harry em seus ombros e do rosto sério de Remus, que se abaixara para manter os olhos no mesmo nível dos dele.

-Está.

Draco soltou o ar devagar, confuso demais para saber o que sentia.

-Tem mais uma coisa, Draco. – Sirius estava anormalmente sério ao falar com o garoto.

Severus ainda tentou detê-lo.

-Sirius, não é necessário.

O animago apoiou a mão no ombro do professor de Poções, mas continuou a falar:

-Fui eu quem lançou o feitiço que derrubou a viga. Creio que você vai me julgar culpado pela morte de seu pai.

-Não. – Draco falava com a voz contida e os olhos secos fitos nos olhos de Sirius. – Eu não culpo você pela morte do homem que deveria ter sido meu pai. Eu culpo a ele mesmo.

Sentindo o controle de Draco por um fio, Harry voltou-se para o diretor:

-Era só isso? Eu e Draco podemos sair agora?

-Claro, Harry, leve-o para um lugar tranqüilo.

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Harry levou Draco para a Torre de Astronomia, mas nos últimos degraus o controle de Draco desabou de vez; ele se sentou abraçado aos joelhos, balançando-se um pouco. Harry sentou-se ao lado dele e, passando a mão por sobre os ombros de Draco, viu que ele tremia.

-Desgraçado. Desgraçado – o sonserino repetia baixinho. – Eu não vou chorar por aquele desgraçado, Harry.

O grifinório puxou Draco para perto, sentindo os dentes do namorado baterem no esforço de conter a emoção enquanto ele falava com a voz abafada no peito de Harry:

-Eu achava que um dia ele ia surgir na minha frente e me matar. Ou tentar me usar contra você. Eu tinha medo, Harry; eu devia estar feliz agora. – Os olhos de Draco permaneciam secos, mas ele soluçava entre os braços de Harry. – Eu não vou ter pena dele, não vou.

Harry o segurou nos braços por um longo tempo naquela tarde, enquanto Draco tentava se encontrar entre os sentimentos de perda, dor, raiva e alívio que a morte de Lucius lhe trazia.

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A primavera de 1998 marcaria toda uma geração de bruxos como um período de dor e luto. Os ataques tornaram-se constantes, e muitos alunos de Hogwarts foram chamados à sala do diretor para ouvir notícias que não queriam.

Muitos pais, irmãos e parentes foram feridos ou mortos naqueles dias. Muitos desapareceram, muitos fugiram.

Snape se desdobrava tentando descobrir o que Voldemort pretendia, mas nem mesmo o círculo mais íntimo dos Comensais fora informado ainda.

A cada notícia ruim que chegava, Harry se sentia pior. "Se cabe a mim destruir Voldemort, essas mortes são também minha culpa. Culpa do meu fracasso." Era nos braços de Draco que ele conseguia acalmar-se. Era só o sonserino que conseguia que ele não mergulhasse em uma culpa ilógica e destrutiva.

No início de maio, Rony e Gina foram chamados à sala do diretor. Hermione, Harry e Draco não deixaram que fossem sozinhos. Com cinco irmãos e os pais envolvidos na luta contra Voldemort, aquele chamado não podia significar nada de bom.

Arthur Weasley, muito pálido e com olhos vermelhos, os esperava junto com os gêmeos, pela primeira vez na vida totalmente quietos.

-Quem, pai? – A voz de Rony soou trêmula na sala silenciosa.

-Bill.

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Um enterro simples. Um discurso sincero falando de um jovem herói. Palavras bonitas, mas tão vazias diante da dor nos olhos de um pai que enterrava um filho morto pela ambição de um louco. Palavras sobre sacrifício e altruísmo, que soavam fúteis se comparadas ao choro contido de Molly no ombro de Remus. Palavras que diziam de um legado, de uma missão, palavras tão fracas para se dizer aos irmãos que não veriam mais o ruivo de cabelos longos e brinco na orelha. O mais velho dos Weasleys estava morto.

Harry tinha os olhos fixos em Molly. "Mãe nenhuma devia passar por isso."

Draco segurou a mão dele, e apertou de leve.

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Harry e Draco haviam se refugiado novamente no antigo quarto de Sirius, o esconderijo deles.

Mal haviam entrado, Draco arrancara as vestes e caíra na cama usando apenas a calça que ele às vezes usava por baixo das vestes. O treino do ED fora especialmente exaustivo.

-Grande Salazar, Harry! Achei que você nunca mais fosse terminar o treino.

O grifinório tirou a capa sem pressa, descalçou-se e, sentando na cama, fitou a corpo suado do amante, percorrendo com os olhos cada detalhe do peito nu à sua frente antes de provocá-lo:

-Fracote.

-Vem cá. - Draco estendeu os braços.

Harry deitou a cabeça no peito de Draco, ficando muito quieto.

-Conheço você, Harry, sei o que está pensando. – Draco acariciava o cabelo rebelde com uma mão, enquanto entrelaçava a outra na mão do companheiro. – E é uma idiotice. Você não tem culpa dessas mortes.

-Eu sei que não, Draco. Mas me sinto como se tivesse.

-Idiota. - A honestidade de Draco era a única garantia de sanidade de Harry naqueles dias. – Sabe o que você precisa?

-Que você pare de me xingar? – Harry conseguia relaxar aos poucos.

-Não.

-De um beijo?

-Pode ser útil, mas não estava pensando nisso. – Draco levantou-se, desalojando Harry. – Tira a roupa.

-O quê? Direto assim? – Harry exibia uma cara de falsa indignação.

-Não é isso! Você precisa de uma massagem. – Draco levantou-se, rindo, e procurou alguma coisa no armário de cabeceira. – Onde você enfiou o bendito do óleo? Ah, achei! – Voltou para a cama trazendo um frasco azul contendo um óleo de massagem que ele se recusava a dizer onde havia comprado. – O que você ainda está fazendo vestido? Eu não mandei tirar a roupa?

Resmungando alguma coisa sobre ditadores, Harry despiu-se sob o olhar atento de Draco, e deitou-se de bruços na cama.

-Eu fico embaraçado quando você fica me secando assim, Draco. Eu sou tímido.

-Sei! Mentiroso. Você adora saber que eu acho você muito gostoso. – Sentando-se sobre os quadris do amante, Draco passou a espalhar o óleo perfumado nas costas de Harry. – Agora cala a boca e relaxa.

A princípio, Draco realmente fez uma massagem relaxante em Harry; depois, ao sentir o outro mais tranquilo, começou a provocá-lo com as mãos. Fazia os dedos percorrerem suavemente o contorno dos músculos de Harry, começando dos braços e indo até as costas, depois voltando ao pescoço, onde deixou as unhas roçarem de leve, fazendo Harry gemer baixinho. Draco desceu a unha pela coluna de Harry, do pescoço até a base, fazendo-o arquear o corpo e tentar virar-se.

-Quieto, Harry!

O grifinório cedeu às provocações de Draco, submetendo-se aos caprichos dele.

Os dedos de Draco, melados de óleo, deslizaram entre suas nádegas, fazendo com que Harry deixasse de respirar por um instante.

-Draco!

O irreverente sonserino cravara-lhe uma dentada na bunda, e agora ria enquanto lhe arranhava as coxas.

-Delicioso! – Draco sussurrou, antes de passar-lhe a ponta de língua na base da coluna, provocando calafrios em Harry. Sua língua agora percorria o caminho da coluna, das nádegas até o pescoço, enquanto ele ia se deitando sobre Harry.

Mesmo Draco estando ainda vestindo com as calças, Harry podia sentir a evidência física de seu desejo, bem como sua respiração entrecortada na base do pescoço.

-Harry - Draco desceu de cima dele e, deitando-se de frente para o amante, virou-o para que pudessem se encarar –, faz amor comigo. Eu quero .... ah Harry, eu preciso sentir você dentro de mim hoje. – E, esticando-se como um felino, Draco alcançou o vidro de óleo e o entregou a Harry. – Me faz seu, de uma vez por todas.

Os dois jovens amantes haviam aprendido muito sobre dar e receber prazer. Aquela era uma das últimas barreiras a serem quebradas.

-Tem certeza?

-Hum hum – Draco anuiu sensualmente.

Harry deitou Draco de costas na cama e, depois de olhar o rosto dele por alguns instantes, beijou-o suavemente na testa, nos olhos, nos lábios. Sentido a respiração de Draco alterar-se, ele desabotoou-lhe a calça enquanto contornava-lhe os lábios com a língua.

Pondo-se ao lado de Draco, acabou de despi-lo e, ajoelhando-se entre as suas pernas, começou a provocá-lo passando a língua pelas suas coxas e se aproximando com uma lentidão torturante de sua ereção. Enquanto isso, usava o óleo de massagem para lubrificar a entradinha de Draco e os próprios dedos.

Quando sentiu que o namorado estava totalmente relaxado, introduziu um dedo, fazendo-o arfar. Harry sussurrou ao ouvido de Draco:

-Calma. Eu vou ser gentil com você. – E, capturando os lábios de Draco, invadiu sua boca com a língua, enquanto introduzia um segundo dedo.

Sentindo que Draco estava pronto, Harry se posicionou entre as pernas dele e, erguendo-lhe o quadril, começou a penetrá-lo o mais lentamente possível.

Draco arfou de dor ao sentir a invasão de seu corpo. Harry se deteve, dando-lhe tempo para acostumar-se. Aos poucos, Harry começou a se mover devagar, entrando um pouco mais a cada investida. Uma sensação de completude foi substituindo a dor, e Draco começou a sentir prazer.

Notando a mudança no parceiro, Harry aumentou a velocidade e profundidade das investidas, enquanto segurava o pênis ereto de Draco e começava a masturbá-lo, fazendo-o gemer alto.

-Ah Harry! Isso é tão bom...

Ondas de prazer percorriam o corpo de Harry que, sentindo que não ia agüentar muito mais, aumentou a velocidade com que masturbava Draco enquanto se deitava sobre ele. Harry quase perdeu o controle quando sentiu as pernas do sonserino se cruzando nas suas costas, e as mãos enterrando-se nos seus cabelos.

Com uma estocada mais profunda, atingiu a próstata de Draco, fazendo-o gritar de tesão e puxar-lhe os cabelos. Harry repetiu o movimento até que, instantes depois, os dois gozaram juntos, misturando o som dos seus gemidos e o suor de seus corpos.

Largando-se na cama ao lado de Draco, Harry o puxou para junto do corpo, e envolveu-lhe o quadril com uma perna.

-Meu Draco.

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Por causa das pesquisas que realizavam de contrafeitiços, Harry e Draco tinham um acesso mais livre à Seção Restrita da Biblioteca que a grande maioria dos alunos. Uma tarde, Harry estava pesquisando sozinho quando achou um livro que descrevia o feitiço que Voldemort usara há dois anos para tentar possuí-lo no Ministério da Magia.

Havia, na página seguinte, um feitiço similar, mais difícil, que no entanto não envolvia magia negra. Era um feitiço que permitiria deter Voldemort definitivamente, levando-o à não existência. Mas havia um preço alto. Quem o executasse provavelmente morreria. Era um feitiço de auto-sacrifício, de renuncia à própria vida. Um feitiço que não poderia ser executado em um local onde não se pudesse desaparatar ou aparatar.

Harry decidiu não falar da descoberta com ninguém. Especialmente com Draco.

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Na noite do sábado anterior ao início dos NIENS, Dumbledore reuniu a Ordem da Fênix e a liderança do ED no seu escritório. Snape estava em Londres, muito ferido, sendo cuidado por Sirius e Molly Weasley, mas conseguira a informação.

Eles enfim sabiam os planos de Voldemort. Em uma semana, no dia 25 de julho, o bruxo das trevas atacaria Hogwarts.

Planos foram feitos, papéis foram atribuídos, e eles se prepararam para esperar.

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Na véspera do ataque, faltando um último exame dos NIENS, Harry e Draco estavam estudando na biblioteca com a grande maioria dos setimanistas.

Por um longo tempo, Harry esteve olhando a parede em frente à mesa, até que, tocando de leve o braço de Draco, chamou baixinho:

-Vamos pro esconderijo.

-Harry, tem o exame.... – Mas Draco se calou diante do olhar de Harry. – Tem razão. Vamos.

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Harry abraçou Draco por um longo tempo depois que fechou a porta. Aspirou o perfume do cabelo do sonserino e afastou o rosto para olhar a face do amante.

-Não me canso de olhar para você. Tão bonito, tão sereno.

Contornou com a língua os lábios de Draco, mordeu-os de leve e continuou sussurrando:

-Gosto do seu gosto, gosto de ouvir você gemendo no meu ouvido quando a gente está na cama. Gosto de você, Draco Malfoy.

-Harry! – Draco emocionou-se diante das declarações que ouvia. – Ah, meu querido, não se preocupe. Não vai acontecer nada com você amanhã. Nem comigo.

-Eu não tenho medo de morrer, Draco. Eu tenho medo de ficar sozinho, sem você, sem as pessoas que eu amo. Me prometa que, se eu morrer amanhã, você não vai se isolar do mundo.

-Harry!

-Não adianta negar isso, Draco. Existe esse risco. Me prometa isso.

-Prometo. Eu vou estar morto por dentro se isso acontecer, mas eu prometo. E se eu morrer, Harry?

-Não diz isso.

-Existe essa possibilidade também.

-Eu sei, mas dói.

-Não se culpe. Se eu morrer e você sobreviver, eu só peço que você não se culpe. Prometa.

-Eu vou tentar.

-Isso não serve. Prometa.

-Prometo. Prometo o que você quiser, Draco.

-Harry, eu fui mais feliz nos dois últimos anos do que em todo o resto da minha vida. Nos últimos meses, apesar de tudo, eu conheci uma paz que eu nunca imaginei. A tempestade estava à minha volta, mas não podia me tocar, porque eu tenho você. Não esquece disso, nunca.

-Não, não esqueço. – Harry estreitou o abraço. – Nunca em minha vida eu sonhei que pudesse me sentir assim com alguém. Sem você, Draco, eu teria enlouquecido há muito tempo. Ou feito alguma bobagem das grandes.

Os dois ficaram abraçados em silêncio, permitindo que suas almas absorvessem tudo o que se haviam dito.

-Draco?

-Hum?

-Meu coração é seu, e eu quero que meu corpo também seja. Hoje, sou eu quem quer sentir você dentro de mim. – Harry abriu os braços e sorriu. – Faz comigo o que você quiser, Draco! Sou seu. Todo seu.

-O que eu quiser? – Draco provocou.

-O que você quiser. – Harry colocou a varinha sobre a mesa de cabeceira. – Estou totalmente à sua mercê.

-Ah Merlin!

Draco se afastou um pouco de Harry, sorrindo sensualmente. O grifinório olhou-o em expectativa. Lentamente, Draco sacou a varinha e apontou para Harry, que lhe sorriu de volta. Usando magia, Draco o fez levitar, e ir pousar suavemente na cama; depois subiu nela ajoelhando-se de frente para ele. Com um feitiço, despiu Harry, que se espreguiçou, olhando o rosto concentrado de Draco.

-Harry, eu sou louco por você. – Draco despia-se, lentamente, sem usar magia, mantendo os olhos fixos em Harry deitado ali, nu, totalmente entregue a ele, e com o corpo já mostrando os primeiro sinais de excitação. Excitação que se manifestava plena no corpo de Draco. – Só de olhar você, eu morro de tesão.

Harry sorriu, orgulhoso do efeito que provocava, e abriu novamente os braços, se oferecendo para Draco de corpo e alma.

Draco atraiu o frasco de lubrificante e, abrindo as pernas de Harry, espalhou por toda a sua entradinha, provocando-o de leve com os dedos. Harry fechou os olhos; a respiração entrecortada indicava o quanto ele já estava excitado. Draco deitou-se sobre Harry, enquanto o preparava com os dedos. Eles se olhavam nos olhos ao mesmo tempo em que Draco movia dois dedos dentro de Harry, até atingir-lhe a próstata repetidas vezes.

-Ah!! Draco! Assim eu vou gozar.

Draco riu e deitou-se de lado, grudado em Harry. Erguendo-lhe uma perna, e passando-a por cima de seu próprio quadril, Draco posicionou-se para penetrá-lo, ficando meio de lado, meio por baixo do corpo de Harry.

-Relaxa, meu guerreiro. – Segurando firmemente o quadril de Harry, Draco deu uma estocada firme que fez Harry gemer, assustado. – Calma, eu não vou machucar você. Já vai parar de doer.

Usando o braço livre para abraçar Harry, o sonserino continuou a penetrá-lo, e Harry, a medida que sentia a dor passar ia relaxando. Ao vê-lo mais tranquilo, Draco soltou-lhe o quadril e passou a masturbá-lo no mesmo ritmo em que o possuía. Harry levou um braço para trás e, apoiando firmemente a mão no quadril de Draco, começou a mover-se no mesmo ritmo.

As estocadas profundas de Draco levaram Harry ao orgasmo; Draco o seguiu segundos depois.

Suas respirações foram lentamente serenando, enquanto recuperavam a percepção de realidade tragada pelo vórtice de prazer compartilhado. Draco saiu lentamente de dentro de Harry e o virou de frente para ele.

-Perfeito. Você é perfeito, Harry.

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Snape estava parado na orla da Floresta Proibida. Era a posição designada pelo Lord das Trevas para ele no início do ataque. Severus estaria entre os primeiros a atacar Hogwarts; ele receberia o sinal e facilitaria a entrada dos outros.

O que Voldemort não previa era a presença de um enorme cão negro escondido entre as folhagens, pronto para lutar junto com o Mestre de Poções. Ele não podia supor a existência um lobisomem determinado a enviar ele mesmo o sinal para o castelo, avisando que o ataque havia começado.

Os alunos foram chamados às suas salas comunais; os que tinham estado espionando para Voldemort foram enviados para uma das muitas salas secretas e mantidos incomunicáveis. Os outros foram mandados para um abrigo, no extremo das terras do castelo, onde se supunha que estariam em relativa segurança. Cabia ao ED, aos monitores e a alguns professores a defesa desse refúgio. Harry seguira a contragosto. Ele não era o único que queria lutar.

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Quando o sinal para o ataque veio, Snape sinalizou sua posição atraindo o primeiro grupo de comensais, que dali não passaram. Exatos quatro minutos depois que um grupo de seis comensais aparatara junto dele, só havia Severus e Sirius em pé, com as costas apoiadas nas costas do parceiro, os olhos percorrendo atentos a vizinhança, agora composta de seis comensais desacordados e amarrados.

O sinal de Remus ecoou no castelo, e defesas criadas ao longo de mil anos foram acionadas.

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Voldemort não pretendia se envolver diretamente na batalha. Apesar das armas que conseguira, ele ainda temia Dumbledore e a profecia sobre Harry.

Ele escolheu esconder-se na periferia da propriedade, esperando o desenrolar do confronto. Dali ele percebeu a traição de Severus. Sua fúria foi tão intensa que, por um momento, furou o bloqueio mental de Harry. E eles perceberam, surpresos, o quão próximos estavam.

Dado o alerta, os professores começaram a retirar os alunos pela lareira preparada para isso. O destino da maioria era o Ministério da Magia; apenas parte do ED voltaria ao castelo.

Harry se deixou ficar por último, e sorriu para Rony quando ele entrou nas chamas.

O Garoto-Que-Sobreviveu hesitou por um segundo, sozinho, com o Pó de Flu na mão, mas, decidindo-se, tomou a varinha e explodiu a lareira para impedir que alguém retornasse por ali.

No mesmo instante Draco, no salão principal de Hogwarts, viu a imagem de um beijo e sentiu Harry se bloquear.

"Ele vai atrás do Lord das Trevas sozinho."

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A Ordem e os aurores impediam o avanço da maioria dos comensais. Os poucos que conseguiam passar caíam diante das defesas controladas por Dumbledore.

Belatrix Lestrange foi a primeira a penetrar o Castelo. No saguão vazio, a voz de Neville Longbottom soou firme:

-Petrificus Totalus!

Gina o ajudou a levar o corpo petrificado da bruxa para uma sala vigiada.

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Harry caminhava na direção de onde ele sabia que Voldemort viria. O garoto fazia pequenos desvios, simulando não saber bem para onde ir. Sabia que Voldemort sentira seu desafio, e a raiva do bruxo das trevas o levaria a seguir Harry. E Harry queria escolher o terreno do confronto. Queria Voldemort fora do terreno de Hogwarts.

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McGonagall estava junto com Hermione e Luna quando McNair liderou um grupo de comensais através da passagem do Salgueiro Lutador. A bruxa mais velha foi gravemente ferida, mas por ali nenhum deles passou.

Luna levava os comensais estuporados para a sala vigiada, enquanto Hermione conduzia a professora à enfermaria, transformada em hospital de campanha.

Depois de deixar a velha mestra aos cuidados dos curandeiros, a jovem feiticeira se dirigira à saída. Mal dera dois passos quando caíra. Ela sangrara pelos olhos, ouvidos e nariz. Um feitiço de reação retardada a atingira.

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Arthur, Percy e Rony seguiam rápidos por um corredor, planejando atender a um sinal de perigo vindo de Tonks e Charles Weasley, quando deram de cara com Pettigrew na sua forma humana.

O animago saltou de encontro a Percy, derrubando-o em cima de Arthur, e disparou pelo corredor, assumindo sua forma animal. Rony se atirou atrás dele e conseguiu estuporar o rato antes que ele sumisse de vista.

Quando voltou para perto do pai e do irmão, viu Percy expirar nos braços de Arthur.

Rony pegara Rabicho, mas antes o animago havia enfiado um punhal envenenado no peito do jovem mago que cuidara dele durante dez anos como Perebas.

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-Accio Firebolt! –Draco atraiu a vassoura de Harry, muito mais veloz que a sua. Agora ele voava o mais rápido que podia. Harry havia se bloqueado, mas o sonserino pretendia encontrá-lo de qualquer jeito.

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Os meses envolvidos em missões conjuntas tinham apurado o estilo de Sirius e Severus trabalharem juntos. Fred e George Weasley já haviam nascido sabendo prever o que o seu gêmeo faria. Juntos os quatro haviam encurralado mais um grupo de comensais.

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Harry estava fora de Hogwarts, escondido nas sombras da Floresta, esperando Voldemort. Ele sentia o bruxo se aproximando.

-Potter! – Voldemort olhava diretamente para ele. – Hora de morrer!

"Morrer. Deixar de existir. Sim, eu aceito morrer para que os que eu amo vivam. Eu abro mão até mesmo de Draco, para que ele sobreviva. Eu não tenho mais medo." O bruxo mais novo sorriu quase docemente e, saindo das sombras, encarou o outro. Sua mente estava concentrada no feitiço que aprendera sozinho. "Esvaziar a mente, deixar o corpo pra trás."

No momento em que a varinha de Voldemort se ergueu para a maldição letal, o corpo de Harry deixou de existir. Tudo o que ele era, o que ele fora e tudo o que ele podia vir a ser se concentrou em um único lugar de sua mente, e ele assumiu a forma de um vulto branco que se atirou na direção de Voldemort.

Há muito tempo atrás o bruxo das trevas tentara possuí-lo usando um feitiço semelhante; hoje Harry queria apenas detê-lo.

O contato da mente de Harry, concentrada em se sacrificar para proteger aqueles a quem amava, era um suplício para o bruxo mais velho; todas as dores do mundo estavam em sua alma. Sua alma gritava, e com ela gritavam todos aqueles em que ele pusera sua marca.

As marcas que o amor da mãe e do pai, dos amigos e de Draco haviam deixado na alma de Harry queimavam o espírito de Voldemort. O auto-sacrifício fez o que arma nenhuma, feitiço algum, poderia fazer. O corpo de Voldemort carbonizou-se e Harry caiu desacordado, sozinho, quase morto, no chão da Floresta.

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Os comensais estuporados acordaram gritando. Os que estavam mais feridos não conseguiram agüentar. Voldemort partiu do mundo levando um séqüito de bruxos das trevas.

Alguns sobreviveram, fracos, sem saberem direito quem eram e onde estavam. Alguns deles teriam preferido morrer. Belatrix Lestrange nunca mais foi capaz de articular nenhuma palavra coerente. Sua mente se fora.

Na orla da Floresta Severus caiu de joelhos, gritando de dor e agonia. Sirius o envolveu nos braços rezando para que aquilo acabasse logo.

Depois de minutos que pareceram eternos, Severus abriu os olhos e fitou o rosto de Sirius com um ar perdido. Lentamente, foi se erguendo, apoiado no animago.

Enquanto Black cuidava de Snape, os gêmeos trataram de garantir que nenhum dos comensais sobreviventes pudesse escapar.

-Vá ajudar os garotos, Sirius. Eu estou bem. – Snape escorou-se em uma árvore, fazendo força para manter a lucidez. No exato momento em que Sirius o soltou, sua mente se turvou, e o Mestre de Poções desaparatou com destino ignorado.

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Draco quase caiu da vassoura ao captar a dor de Voldemort, mas continuou voando na direção de onde vinham as ondas de ódio, dor e violência ele já estava muito próximo quando ele não pode mais captar Voldemort, o bruxo que por quase trinta anos aterrorizara o mundo mágico deixou de existir.

Saindo das terras da escola, Draco encontrou Harry caído, e correndo até ele lançou o sinal de socorro. Quando Remus chegou, pouco depois, encontrou Draco abraçado a Harry, com os olhos secos e a expressão determinada que o sonserino exibia quando se decidia a fazer algo até o fim.

-Ele está vivo, Draco. – Remus tirou-lhe Harry dos braços para poder levá-lo para o castelo.

-E vai continuar vivo. – Draco olhava para Harry como se só a força desse olhar o impedisse de morrer.

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Sirius só desistira de procurar Severus nas imediações de onde haviam estado quando soube da gravidade do estado de Harry. Mesmo assim, um grupo de elfos domésticos continuava a busca.

Os corpos dos comensais mortos foram removidos e entregues ao Ministério. Os sobreviventes foram levados a Azkaban.

Os Weasleys enterraram mais um filho, juntamente com outros aliados da Ordem que haviam morrido naquele dia. A enfermaria ia aos poucos se esvaziando; apenas Harry não recuperara a consciência ainda.

Draco se recusava a sair de perto dele, até o ponto em que Dumbledore interferiu:

-Draco, você pode continuar aqui, mas vai ter de dormir de vez em quando. Vamos deixar uma cama preparada para você, perto da de Harry, mas você vai ter de descansar.

Draco olhou para Sirius, os olhos tão tomados de dor e medo que pareciam não enxergar mais nada.

-Eu fico com ele, Draco. Qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, eu acordo você.

-Draco, não nos obrigue a sedar você.

Dois longos dias correram sem que Harry apresentasse qualquer mudança. No final dos dois dias, os elfos trouxeram Severus. Fraco, ferido e muito cansado.

Ele aparatara em uma charneca próxima e desmaiara. Não sabia dizer quanto tempo ficara inconsciente, e nem quanto tempo vagara perdido de si mesmo, até recuperar a lucidez e voltar para a escola.

Por toda uma semana, Sirius cuidara de Severus e de Harry. Estava na enfermaria quando Pettigrew foi julgado, e não viu sua inocência ser reconhecida. Só algum tempo depois ele leu a imensa matéria no Profeta Diário relatando que ele deixava de ser um vilão para se tornar um dos heróis do Mundo Mágico.

Severus se recuperava, mas Harry, apesar de ter o corpo totalmente recuperado, continuava na mesma situação. O curandeiro dizia que "ele vaga perdido no mundo dos sonhos, sem saber como voltar".

Em um dos breves momentos em que era forçado a dormir, Draco teve um pesadelo, acordou gritando por Harry e sendo sacudido por Sirius.

Ele ficou olhando o animago, e então saiu correndo. Entrou como um furacão na sala, já vazia de alunos, da Sonserina; atirou-se pela porta do próprio quarto e, arrancando o colchão da cama, quebrou o feitiço de proteção e reuniu os dois tesouros que por dois anos mantivera escondidos ali. O desenho que Harry fizera, e o Guardião dos Sonhos que Remus lhe emprestara.

Antes que Sirius acabasse de explicar ao curandeiro o que acontecera, Draco estava de volta. Com cuidado, passou a corrente do Guardião dos Sonhos pelo pescoço de Harry e sentou-se do lado da cama, segurando a mão do namorado, enquanto o curandeiro aproxima-se para ver o que ele tinha feito.

-Um Guardião dos Sonhos. Brilhante, meu jovem. Brilhante.

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O tempo parara para Harry no momento em que Voldemort fora destruído. O jovem mago flutuara por muito tempo em um mundo onde cores, sons, cheiros não existiam. Algumas vezes, ele ouvia vozes chamando um nome que ele supunha ser o seu. Mas ele não podia, ou não queria, alcançar essas vozes.

Algumas vezes uma Onda negra vinha tentando engolfá-lo e arrastá-lo para um lugar aonde ele não queria ir. E então ele sentia dor e medo. Cada vez a Onda vinha mais forte e com menor intervalo. Intuitivamente, Harry sabia que era questão de tempo até ser tragado e destruído, mas ele não conseguia coordenar a própria mente para sair dali.

A Onda estava voltando, maior, mais forte, mais dolorosa e cruel. Mas, dessa vez, havia outra presença ali. Uma pequena doninha, toda branca, se interpôs entre Harry e a Onda, e fez com que a Onda recuasse.

O pequeno animal saltou então para o colo de Harry, o calor do corpo dele trazendo memórias de casa. O cheiro de Draco impregnado nele depois de fazerem amor, os cabelos de Hermione soltos ao vento enquanto ela tentava ler alguma coisa, o som da risada de Sirius e o latido dele em sua forma canina, o gosto de um chocolate oferecido por Remus, o vento no corpo ao mergulhar atrás do Pomo de Ouro enquanto Rony o incentivava. "Eu já sei quem eu sou."

-Draco – foi a primeira palavra que Harry falou, ainda fraco, ao abrir os olhos.

-Harry! Grande Merlin! Harry, você acordou. – Lágrimas escorriam pelo rosto de Draco sem que ele se desse conta.

-Você é minha doninha favorita sabia? Eu amo você.

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-Hoje faz quarenta e cinco dias.... – E Draco se desligou do discurso de Dumbledore. Preferiu abraçar Harry e encostar a cabeça no ombro dele. O pesadelo tinha terminado.

Havia mortos a lamentar, mas a maioria dos feridos estava se recuperando bem. Rony parecia ter-se recuperado completamente do choque de ver o irmão morrer, mas ficara uma sombra de tristeza nos seus olhos; os cabelos outrora castanhos de Hermione seriam azul-escuros para sempre, efeito colateral da poção de cura que ela tomara, mas combinavam com seus olhos, que agora eram de um azul profundo. Sua prima Tonks ainda não podia falar. Levaria talvez uns dois anos para que sua fala se normalizasse totalmente, mas Charles Weasley, o noivo dela, entendia muito bem sua linguagem de sinais.

Uma paz enorme tomava conta de Draco. Ele via aqueles que aprendera a chamar de amigos no salão. Sirius estava com os olhos fixos no professor Snape.

"Oh Merlin, dai-me paciência, que isso eu nunca tive. Eu e Harry vamos ter de dar um jeito nesses dois!"

O discurso chegou ao fim. Depois do jantar, um baile improvisado começou no salão.

-Vamos pôr o plano em prática agora, Harry?

-Vamos. Vê? Sirius esta sozinho perto da janela. Vamos até lá, eu falo com ele e você vigia o Snape.

Draco aproximou-se sorrindo:

-Se escondendo pelos cantos, Sirius?

-Velhos hábitos, Draco.

Depois de alguns minutos de uma conversa que não levava a nada, Draco pediu licença. E Harry puxou o assunto.

-Sabe o que me impressiona, Sirius? A quantidade de casais que têm se formado entre as pessoas mais próximas de nós.

-Acho que é a proximidade da morte que faz isso, Harry.

-Talvez. O que eu sei é que o dia em que precisei de mais coragem na minha vida foi quando fui atrás do Draco na Torre de Astronomia. – Harry deu um pequeno sorriso com a lembrança. – Sabe, ele costumava se refugiar lá para ficar sozinho. Fazia tempo que eu estava vigiando ele pelo Mapa do Maroto. Eu tinha medo por ele. Medo da vingança do pai dele, ou de que alguém que não gostasse de Lucius o atacasse pensando... sei lá, ferir Lucius por meio de Draco. Eu ficava vendo ele lá sozinho e tudo que eu queria era correr para lá e cuidar dele, dizer tudo o que eu sentia, tocar nele.

Sirius estava surpreso. Harry nunca fora muito dado a confidências e agora estava abrindo a alma para ele.

-Então um dia eu fui. Nunca precisei de tanta coragem na minha vida como para sair do salão da Grifinória, atravessar o castelo, ir até a torre e encarar Draco. Eu não me lembro o que falei, só me lembro do medo de que ele dissesse não e risse de mim, eu achava que isso iria me matar. E do medo maior ainda de que ele dissesse sim, e aí eu não sabia o que poderia acontecer. Eu achava que perderia o controle da minha vida. Além de tudo, tinha a complicação de nós dois sermos homens. Eu fui criado entre trouxas, e você sabe que os trouxas pensam muito diferente da gente nesse lance de amor entre pessoas do mesmo sexo.

-Eu sei. Deve ter sido difícil para você encarar isso.

-Foi difícil, sim. Foi difícil explicar isso pro Draco também. Ele não entende muita coisa de trouxas. Mas o que eu quero falar com você não é isso. Eu quero contar é o que senti quando terminei de falar, antes mesmo de Draco responder. Eu senti minha alma leve, me senti inteiro, Sirius. Você entende o que eu quero dizer. Eu soube que conseguiria lidar com o que viesse. E me senti pronto para lutar pelo Draco também. Felizmente, não foi necessário. Draco disse sim e, ao invés de perder o controle da minha vida, eu me senti melhor dentro da minha própria pele – Harry concluiu com um sorriso alegre.

Harry ficou olhando Sirius com um meio sorriso. "Vamos lá Sirius, entende logo onde eu quero chegar."

Ainda sem saber o que dizer ou fazer em seguida, Sirius viu Draco, que se aproximara sem que ele percebesse, lhe estendendo um pergaminho. Era o Mapa do Maroto, e Draco estava lhe mostrando um pontinho "Severus Snape" se afastando do castelo e se dirigindo para a beira do lago.

Pela primeira vez em quase 18 anos, Sirius deu o sorriso que derretera tantos corações em Hogwarts. Olhou para os retratos de Lily e James:

-Vocês iam rir muito disso, especialmente você, Pontas.

Pegou o mapa da mão do Draco e pediu aos garotos:

– Não deixem ninguém vir atrás de mim, não pretendo voltar tão cedo.

Draco observou o animago sair do salão e voltou-se para Harry:

-Você ia mesmo lutar por mim?

-O quê?

-O que você disse para o Sirius. Ia mesmo lutar por mim?

-Claro.

-E foi tão difícil assim admitir que estava atraído por mim?

-Não, foi até fácil. Complicado foi quando eu vi que não era só atração, que eu estava apaixonado por você.

-Mas você disse para o Sirius que.... – Draco se interrompeu ao ver o sorriso irônico de Harry. – Você exagerou para fazer com que ele ficasse com vergonha de não tomar nenhuma atitude? E deu um tom mais épico para fazer com que ele agisse!

-Só um pouco.

-Inteligente. Digno de alguém da minha casa.

-Draco, eu já contei para você que o chapéu queria me pôr na Sonserina, e eu não quis?

-Como é que é?

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Aos vinte e oito anos, Harry James Potter já havia desistido de domar seu cabelo. Ao sair do banho, apenas o desembaraçou e deixou ficar como estava.

Seu quarto estava levemente bagunçado; em um mês, Harry começaria seu terceiro ano como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e o material letivo já estava atravancando a escrivaninha.

Harry conseguira tornar-se um auror, mas o Ministério tentava fazer dele um garoto propaganda, e não um caçador de bruxos das trevas. Depois de quatro anos disso, ele perdeu a paciência. Junto com Draco, ele correu o mundo, viu muita coisa, aprendeu outras tantas e, quando voltou, Dumbledore lhe ofereceu o cargo de professor.

Naquele ano ele ia adotar pela primeira vez como material didático o livro de Remus. Excelente, na opinião dele. Os preconceitos dos bruxos contra lobisomens haviam privado os alunos de Hogwarts de um dos melhores professores que Harry conhecia. Ele desejava ser pelo menos parte do professor que Remus era, mas esse mesmo preconceito havia permitido o surgimento de um escritor fantástico, que agora editava seu primeiro livro didático.

A vida de Remus era hoje muito mais calma do que quando haviam se conhecido. Ele, Jane e os gêmeos, já com cinco anos, formavam uma família feliz. Ao pensar neles, Harry lembrou-se dos ciúmes infantis de Draco logo que as crianças haviam nascido. A breve lembrança o fez sorrir um pouco, e encarar a cama de casal no meio do quarto. "Grande demais só para mim."

Ele se deitou do "seu lado" da cama e olhou para o travesseiro vazio do outro lado. "Droga, assim eu não vou conseguir dormir." Por um instante lhe ocorreu dormir de novo no sofá da sala, mas ele já estava ficando com dor nas costas de tanto dormir lá.

O quarto de hóspedes na casa de Sirius e Severus definitivamente não era uma opção. Após dez anos de relacionamento, seu padrinho e seu ex-mais-odiado-professor ainda pareciam em lua-de-mel, ou em pé-de-guerra. Rony e Mione, com um bebê de colo dentro de casa, não precisavam de um hóspede para dar trabalho. O jeito era se controlar e dormir sozinho na cama deles.

Meia hora depois, cansado de revirar na cama, Harry pegou um livro, a coberta e o travesseiro e já se dirigia à sala quando ouviu o barulho de alguém aparatando às suas costas, bem no meio do quarto.

-Draco?

-Estou morto de cansado, Harry! – E, atravessando o quarto com passos largos, atirou-se nos braços de Harry, derrubando tudo o que o estava nas mãos do moreno. – Hum... você está tão cheiroso! Eu estava com saudades do seu cheiro.

Harry o abraçou de volta, sem se importar com mais nada ao sentir a boca de Draco na sua.

-Eu estava com saudades de você! Oh Merlin, como estou feliz de ver você! – Harry se afastou um pouco para olhar o rosto de Draco quando o beijo terminou. – Eu só esperava você daqui a quatro dias.

-Trabalhei como um louco para vir mais cedo, eu detesto dormir em cama de hotel sem você. Esses dez dias foram um inferno. – Draco, que se revelara um brilhante homem de negócios, tinha ido a Berlim com o intuito de concluir algumas transações. – Aqueles alemães devem estar me odiando.

Reparando que o namorado estava saindo do quarto só de calça de pijama, já bem depois das onze da noite, Draco reclamou:

-Harry, onde você estava indo?

-Dormir na sala. Esta cama é muito fria sem você.

-Sério? Vem cá. Eu vou esquentá-la rapidinho para você. – E foi puxando Harry em direção à cama, até que estacou, aborrecido. – Merda, eu esqueci em Berlim!

-O que, Draco?

-Seu presente. Feliz aniversário, Harry. Mas seu presente ficou lá.

-Não tem problema. O que realmente me interessa está em meus braços – respondeu, entre brincalhão e sincero, puxando Draco para junto do corpo.

Com uma risada feliz, Draco voltou a puxá-lo em direção à cama.