Na china antiga, todos admiravam os grandes castelos e muralhas imperais. Os cidadões almejavam por uma vida, em que pudessem pelo menos dormir sobre o teto das reais habitações. Já as moças, tinham sonhos em, que se casassem com príncipes e fossem morar com a realeza.
Mas, será que a vida na cidade proibida era tão magnifica? As vezes as pessoas se esquecem que a realeza é humana e que as vezes a vida no palácio imperial pode ser tão sofrida quanto se possa imaginar e pode guardar muitas intrigas e jogos de sedução...
Capitulo 1 - A vida imperial
Por entre os corredores, uma linda menina de cabelos meio ruivos e castanhos, corria por entre as grandes colunas que emanavam superioridade de tão grandes. Vestia ricos panos de seda, que apesar de lindos a incomodavam em sua missão.
Droga de kimono... – resmunga com sua vozinha infantil
Passando entre as grandes portas das saletas reais, percorria com seus ligeiros olhos esverdeados o interior de cada uma delas, a procura de alguma coisa.
De repente ela escorrega por cima de uma de suas vestimentas e cai para trás.
Droga, por isso não gosto de usar essas coisas... – resmunga contrariada
Pare de colocar a culpa nas roupas! Você que é desajeitada!
Hã? – ela levanta seus pequenos olhinhos e se depara com um pequeno garoto, aparentando ser uns 5 anos mais velho que ela – Como ousa falar isso! – levanta-se brava
Ninguém em sã consciência estaria correndo com roupas como as suas! – fala debochado
Para começo de conversa, não uso estas roupas porque quero, mas sim por que me obrigam... – responde contrariada, fazendo cara de revoltada
Se usa estas roupas é por que é uma princesa, certo?
Na verdade sou a 10º filha do imperador...
Tanto faz, o quero dizer é que deveria estar acostumada...
Não gosto de me sentir presa. Sou uma criança, não deveria ser obrigada a usar estas roupas. Na verdade, só as uso quando tenho de me apresentar para alguém... – ela o olha de cima a baixo – Afinal, porque estou lhe dizendo estas coisas?! – pergunta, elevando uma das sobrancelhas
Por que me deve respeito!
Como?
Você esta assim, toda arrumada por minha causa! Sou o filho do braço direito de seu pai! E hoje o imperador esta dando uma festa em homenagem a chegada dele!
Braços podem ter filhos? – pergunta inocente
Não sua idiota! O meu pai é um dos conselheiros do seu pai!!!!!!
Ei! Não me chame de idiota!
Falo o que quiser de você! Apesar de ser uma princesa, você é uma mulher e mulheres devem respeito aos homens! – diz virando-se e a deixando sozinha
Ora.... – ela corre até ele e salta sobre as costas dele
Rapidamente ele se vira, mas não consegue desviar, permitindo que ela investisse com seu pequeno corpo, para cima de si. Não suportando o peso, os dois caem, tendo a pequena garota por cima.
Sua louca, o que pensa que esta fazendo?!!!! – pergunta irritado
Você é um idiota, nunca mais fale assim das mulheres! Podemos não ter a mesma força que vocês, homens, mas somos tão espertas e corajosas quanto qualquer um!!! – responde numa explosão de fúria, acertando um soco na cara do menino
AAHHHHHHHHH!!!!!!!! – grita ele, a jogando para trás, vendo a cair, enquanto encobria com a mão esquerda o leve hematoma – Sua idiota!
Idiota é você! – responde sentada no chão
Não quero saber se você é mulher ou não, ninguém nunca me acertou um soco na cara e não é agora que vou deixar as coisas assim! – diz fechando os punhos
Como única reação, a pequena garota aperta seus olhos esverdeados e cobre a face com seus frágeis braços.
O garoto parte para o ataque, mas sente uma delicada mão lhe segurar o punho.
Mas, o que...?
Não acho que deveria fazer isso, rapazinho...
Lentamente a menina entreabre os olhos e se depara com uma bela mulher de lindos cabelos castanhos. Ela era dona de uma beleza indescritível e possuía em seu semblante, uma calma reconfortante.
Essa mocinha não merece ser tratada assim. Você é um homem, certo que ela lhe deve respeito, foi falha por parte dela, mas o jovenzinho deve-lhe um tratamento especial, afinal, as flores requerem cuidados... – fala num sorriso embriagante
Humpf, esta certo, mas eu não vou perdoa-la na próxima! – adverte o pequeno ser, com seus olhos revoltados
Ela o olha libertar seu braço das elegantes mãos. Dando meia volta, ele desaparece em meio a penumbra do entardecer. Lentamente, a misteriosa donzela a encara, deixando-a rubra.
Deixe-me ajuda-la... – fala calmamente
O-obrigada!
Sabe, não deveria discutir com os homens, mocinha.
Mas ele me ofendeu! – responde, agora de pé
As flores são belas, porém frágeis. Dependem da proteção das árvores nas horas de tempestades. Por isso, elas se mantém sempre perto de seus protetores, vivem a sombra desses titãs, aos seus pés.
O que quer me dizer com essas palavras? – pergunta em sua ignorância infantil
Que, nós... – ela agacha-se, ficando um pouco mais baixa que a menina - ...somos a s flores e os homens, as árvores! Nós embelezamos as florestas das sociedade e em troca, eles nos protegem. Infelizmente, temos de viver a seus pés, sob sua vigilância, cumprindo suas leis.
Isso é triste para nós...
Eu sei, entendo sua dor. – Ela observa o semblante tristonho da pequena jovem – Como se chama?
Sakura...
Flor de cerejeira!
Como?
Seu nome, significa flor de cerejeira! A pessoa que lhe deu esse nome, deve ter um coração muito puro, para nomea-la de tal forma!
Minha mãe me deu esse nome.
Ela deve ser tão bela quanto você!
Ela é a mais bela das flores desse palácio.
Não duvido, em hipótese alguma, de suas palavras.
Obrigada! – responde sorridente
Você estava a procura de algo?
Ah, estou atrasada! Muito obrigada por tudo Sra...Sra...hã
Kaho!
Ah, obrigada Sra. Kaho!
Só Kaho, por favor!
Certo! Até qualquer dia! – acena a pequena, enquanto ameaçava correr
Até...
Ao ver a imagem daquela doce menina, perder-se na grandeza do corredor, ela se vira e começa a andara a passos lentos. Passando por entre as colunas e os enfeites da parede, ela finalmente para a frente de um grande quadro, que continha a imagem de um homem, que até na pintura, se mostrava imponente e respeitável.
Cuidado meu imperador, as vezes certos tipos de flores possuem artimanhas e defesas. Outras, hospedam-se nas árvores, chegando a roubar-lhes o sol. Mas, existem aquelas que nascem pequenas... – ela dirige seu olhar para a pequena janela, que ilustrava o pôr-do-sol - ...e tornam-se grandes e fortes!
Sakura esgueirava-se por entre as silhuetas femininas do grande salão dourado. Estava tudo tão agitado, que ela, em sua estatura infantil, não conseguia reconhecer a querida mãe.
Sakura sentiu um sorriso se esboçar na face, ao encontrar aquela que a trouxera a este mundo. Mais linda do que o costumeiro, a mãe reluzia em luxuria, sentada no trono prateado. Ao notar a presença da filha, Nadeshiko sorriu, tornando-se ainda mais bela. A seu lado, estava outra das esposas de seu pai, que diferente de Nadeshiko, mostrava-se imponente e séria, como o esposo. Sorae, era mãe de Chiu-Liang, o progenitor e Meiling, a 9º e mais bela filha do imperador. Ela ganhara esse status, pois nascerá 2 minutos antes de Sakura e segundo o próprio imperador, Meiling era a jóia de seu rebanho.
Sakura gostava de Meiling, não tinha motivos para desgostar, afinal, eram irmãs. Mas, Meiling sempre se mostrava indiferente, como se desaprova-se sua existência. Além disso, essa sensação não lhe vinha só de Meiling, mas de Sorae e de seu próprio pai, o filho dos céus.
Novamente, ela volta seu olhar para Sorae. Ela era muito bonita. De longos cabelos negros e lisos, sua beleza constituía-se numa maturidade respeitável e misteriosa. Diferente de Nadeshiko, que era doce e meiga, Sorae era muito rígida e séria. Nunca virá a mãe imperial sorrir. Sua mãe lhe contará que Sorae era uma mulher muito sorridente, mas após dar a luz ao primeiro filho homem do imperador, recaíra sobre ela uma posição que já não lhe permitia o luxo de falhar.
Sakura observava com seus olhinhos esverdeados a cena central do salão, que estava totalmente agitado com a festa. Lá estava seu pai, jazindo em superioridade e poder, no grande trono dourado, circunferência por um grande dragão de ouro. Atrás, na parte inferior, estava sua mãe e Sorae. Nas extremidades, encontravam-se as outras mulheres do imperador e logo adiante, a alta sociedade da China.
Nunca estendera o porque de duas esposas acompanharem o imperador. Geralmente, seria a esposa que desse à luz ao progenitor, nesse caso, seria Sorae. Uma vez, foi-lhe dito por uma das aias, que seu pai nomeara Sorae a imperatriz do lado Leste do castelo, e Nadeshiko, a imperatriz da parte Oeste. Ele fizera isso, pois acreditavam que sua mãe era a favorita do imperador.
Como podia? Sakura sempre sentia quando seu pai a observava. Ela sentia o olhar gélido e amedrontador, parecendo vir de uma grande repudia. Seu pai sempre desaprovava seus atos e não gostava de seu jeito de querer ser livre. Dentre os mais íntimos, todos sabiam que ela era a ovelha negra da família. Mas, como? Se sua mãe era a favorita, por que ela também não era?
Sentiu seu olhinhos se encherem de tristeza e baixou a cabeça, para que a mãe não vise o pesar de suas lágrimas. O que ela havia feito? Por que sentia que sua existência era desaprovada por todos?
Não podendo mais evitar a ardência dos olhos, saí do salão disfarçadamente, para que ninguém à vise derramar suas lágrimas.
Num canto escondido, de uma grande e solitário saleta, se encontrava a pequena garota, encolhida e triste. Por que ela era tão infeliz? Por que todos a tratavam com tanta indiferença?
Tirando a sua adorável mãe, ela, Sakura, estava sozinha no mundo, pois todos pareciam odiá-la, por onde passa-se. Todos pareciam conspirar contra a pequena criatura, escondendo-lhe algo que deveria ser de seu conhecimento. As lágrimas escorriam furiosas pelo doce rostinho de porcelana, enquanto ela permanecia encolhida, reprimindo-se do mundo.
O que esta fazendo?
O que?! – rapidamente ela encara seu questionador
Sakura reconhece a o menino de alguns minutos atrás. Diabos, o universo parecia conspirar contra ela! Uma das pessoas que ela menos queria encontrar naquele instante era este garoto metido e arrogante.
O que eu vc tem? – pergunta com um tom indiferente
Nada que seja da sua conta! – fala braba, por ele estar vendo-a nesse situação
Grossa, estou tentando ser gentil e vc me ofende?!!!
Grossa, eu?! E você o que é?!
Idiota, devia ter te evitado ao passar na frente dessa sala! – ele vira-se e começa a partir
Não faria diferente dos outros...
Ele para em frente a porta e ao invés de sair, a recosta e vira-se para ela, que o encara duvidosa.
Sei que esta precisando de ajuda, por isso deixe de ser grossa comigo. – ele faz uma pausa, mas em seguida prossegue – Me conte o que vc tem... – diz dirigindo-se à ela
Você, quer me ajudar? – pergunta surpresa
Sim... – responde de lado, com as bochechas coradas
Obrigada... – diz gentilmente, deixando-o mais vermelho
De nada... – ele a olha – Levante desse chão!
Com sua pequena mão, ela se une a ele e rapidamente se encontra a frente de seu novo "amigo". Olhando-o agora, Sakura não o achava tão arrogante. Sua face, igualmente infantil, sustentava uma personalidade forte, cabelos castanhos com mechas claras e desalinhadas, e olhos grandes e expressivos, envoltos de uma íris âmbar.
Me chamo Sakura! – fala gentilmente
Syaoran Li, filho do conselheiro e chefe das tropas do imperador da China! – apresentou-se alto e imponente
Nossa! – fala surpresa
O que?! – pergunta desconfiado
Você não precisa ser tão defensivo comigo. – fala timidamente
Como? – pergunta arqueando uma das sobrancelhas
Quando me apresentei a você, disse-lhe apenas meu nome. Quero-o como amigo por você ser quem é e não por suas posições... – olha-o carinhosa
Hã...me desculpe! – responde tímido
Imagina! – sorri – Prazer em conhece-lo, Syaoran Li!
Syaoran estava encantado, apesar de negar isso a si mesmo. Sakura era uma garota muito meiga. Nunca pensou que uma das filhas do imperador fosse tão simpática. Geralmente eram esnobes e mesquinhas, não brincavam ou se divertiam. Sakura parecia diferente, não ela era diferente! Possuía cabelos medianos e aruivados, grandes olhos esverdeados e uma pele clara, levemente rosada nas bochechas. A pequena garota, de mais ou menos 10cm mais baixa que ele, lembrava-lhe as bonecas de porcelana de suas irmãs.
Os dois rapidamente simpatizaram-se. Apesar de um início um tanto tortuoso, ambos já enxergavam futuro em sua amizade. O pai de Syaoran era um grande amigo do imperador e todas as vezes que ele seguia para o castelo, Syaoran via a oportunidade de visitar a pequena menina.
O tempo foi passando e Syaoran ficava cada vez mais amigo de Sakura. A doce garota encontrava nele uma amizade jamais conquistada e ele sentia-se livre para ser aquilo que queria e não o que sua família impunha.
Os dois passavam suas tardes correndo e brincando pelo castelo, apesar de Sakura saber da constante desaprovação de seu pai. No inverno, brincavam de construir figuras no manto gelado e de guerrear com as bolas de neve. Na primavera, passavam suas tardes em baixo de uma grande cerejeira, a favorita de Sakura, dentro do jardim imperial. Lá eles passavam horas conversando ou jogando xadrez, tendo por vezes a companhia de Nadeshiko, que aos poucos conquistava o pequeno coração de Syaoran, já que lhe ajudava em seus problemas. No verão, tanto de dia como de noite, encontravam um jeito de fugir dos criados e corriam para o lago, onde mergulhavam com roupas leves. No outono, sentavam na sacada do quarto de Nadeshiko, onde ficavam tomando chá e conversando, recostados um no outro. Juntos observavam as folhas caírem e o gostoso vento gélido lhes acariciar a face.
Apesar de terem tempo para se divertir, Syaoran também treinava e Sakura tinha aulas de etiqueta. A menina detestava as aulas, por isso pedia que ele lhe ensina-se o que aprendia em suas aulas, tendo sempre uma resposta negativa por parte dele.
Numa triste manhã de outono, Syaoran ficara sabendo que Nadeshiko, a mãe de Sakura, falecera. Fora um choque para ele, pois aprendera a gostar da jovem mulher. Ela era tão gentil e doce, cuidava dele com todo o carinho e lhe aconselhava sabiamente, como faria um velho ancião. O enterro seria aquela tarde e ele rapidamente se arrumou e saiu apenas com seu pai.
i'm so tired of being here
(Estou tão cansada de estar aqui)
suppressed by all of my childish fears
(Reprimida por todos os meus medos infantis)
Quando chegaram ao local, ele pode sentir toda a frieza daquele lugar sombrio. Nadeshiko seria enterrada em um lindo túmulo feito somente para ela, a sombra de uma grande árvore, que encontrava-se no alto de um pequeno morro. A sua volta podia ver todas as outras covas. Syaoran sentia como se até os mortos chorassem por Nadeshiko. Ao longe, pode ouvir o assobio melancólico de um simplório Sábia, como se o pequeno animal entoasse uma triste canção de despedida aquela magnifica mulher.
O cemitério havia sido fechado para o público e somente a família real e alguns amigos puderam entrar.
and if you have to leave
(E se você tiver que ir)
Todas as esposas do imperador, mostravam-se inconsoladas. "Nadeshiko parecia ser muito querida e amada!", pensou. O imperador parecia arrasado, sua face mostrava-se pálida e sem vida. Ele aparentava ser uma criança melancólica e tristonha. Olhou disfarçadamente para Sorae, que estava a seu lado. Como sempre mostrava-se rígida e inibida de qualquer emoção, mas seus olhos estavam diferentes naquela tarde. Seus olhos negros mostravam-se cheios, prontos para desabarem em lágrimas e ela parecia segurar-se de todas as formas. Sua íris obscura parecia perder o brilho que lhe era vital. Em todas as vezes em que olhara Sorae, a imperatriz da China, mãe dos céus, ela nunca pareceu-lhe tão triste e deprimida.
i wish that you would just leave
(Eu desejo que você vá)
Syaoran aproximou-se para prestar seus últimos votos. Tocou de leve as pétalas da rosa branca, com seus dedos crescidos e colocou a delicada flor sobre o caixão de madeira, ricamente trabalhada. Nos dois anos e meio em que conheceu Nadeshiko, nunca imaginara vê-la morrer tão jovem. Na verdade, nunca pensou que o leve resfriado que ela pegara, acabaria por leva-la para longe.
because your presence still lingers here
(Porque a sua presença ainda persiste aqui)
and it won't leave me alone
(E isso não vai me deixar sozinha)
" Nadeshiko, onde quer que você esteja agora, desejo-lhe felicidades e te agradeço por tudo....", fala mentalmente limpando a lágrima que lhe escorria dos olhos, pois por mais triste que fosse a situação ele deveria manter a compostura.
these wounds won't seem to heal
(Essas feridas não vão cicatrizar)
this pain is just too real
(Essa dor é bem real)
there's just too much that time cannot erase
(Há muita coisa que o tempo não pode apagar)
Afastando-se vagarosamente de todos ele observa as tristes folhas amareladas abandonarem os galhos desabrigados. Por um relapso de memória, Syaoran lembra-se das tardes de outono que passara com Sakura.
Sakura... – chama o jovem
Por mais doloroso que fosse, ele tinha que ir consolar a sua amiga, sua bonequinha de porcelana. Junto de alguns criados, ele começou a se encaminhar, por ordem de seu pai, até o castelo. Chegando lá rapidamente correu por entre largos corredores, até chegar no quarto da menina. Bateu gentilmente na porta, mas quem abriu não foi Sakura e sim uma mulher.
when you cried i'd wipe away all of your tears
(Quando você chorasse eu ia limpar todas as suas lágrimas)
when you'd scream i'd fight away all of your fears
(Quando você gritasse eu lutaria contra todos os seus medos)
and i've held your hand through all of these years
(Eu seguraria a sua mão durante todos esses anos)
but you still have all of me
(Mas você ainda tem tudo de mim)
Sim ele conhecia essa mulher. Fora ela que o impedira de bater em Sakura da primeira vez que a vira.
Ela não esta aqui.... – fala tristemente, mostrando o aposento vazio
Syaoran sai correndo novamente. Onde ela estaria? Diabos onde estava aquela idiota? Desesperadamente ele desejava que ela estivesse bem. Apesar de só conhece-la por dois anos e meio, sentia como se a conhece-se uma vida inteira, por isso tinha muito medo de que ela tivesse feito alguma besteira.
you used to captivate me
(Você me cativou)
by your resonating light
(Com sua vida ressonante)
but now i'm bound by the life you left behind
(Agora eu estou destinada à vida que você deixou para trás)
your face it haunts my once pleasant dreams
(Seu rosto freqüenta meus sonhos alegres)
your voice it chased away all the sanity in me
(Sua voz persegue toda a sanidade em mim)
Desesperado, percorria seus olhos por todos os lados. Devia Ter estranhado ao notar que ela não estava no enterro. De repente, ele tropeça e cai. Sente o suor frio escorrer pela face e se levanta vagarosamente. Encara a porta a seu lado e adentra o lugar, curioso.
Sua visão foi de pura tristeza. Lá estava Sakura, deitada sobre a cama da falecida Nadeshiko, chorando como da última vez em que a pegara de surpresa. Que ironia, ele havia ido parar bem em frente ao quarto da favorita do imperador. Nadeshiko parecia estar agindo naquele exato instante.
these wounds won't seem to heal
(Essas feridas não vão cicatrizar)
this pain is just too real
(Essa dor é bem real)
there's just too much that time cannot erase
(Há muita coisa que o tempo não pode apagar)
Sakura... – chama-a
Ela se foi... – fala chorosa, com o rosto totalmente molhado e corado
As esferas verdes da amiga mostravam-se mergulhadas num mar de angústia. Como se quisesse protege-la daquela dor, aproximou-se dela e a cobriu com seus agora crescidos. Pode sentir o doce aroma de flores que pertencia a Nadeshiko. Esse cheiro exalava por todo o quarto, principalmente do lençol ao qual Sakura encontrava-se agarrada. Tudo era tão triste e deprimente, que nem ele conseguia mais se segurar. Por fim colocou-se a derramar suas lágrimas, juntamente a Sakura, dividindo suas dores.
when you cried i'd wipe away all of your tears
(Quando você chorasse eu ia limpar todas as suas lágrimas)
when you'd scream i'd fight away all of your fears
(Quando você gritasse eu lutaria contra todos os seus medos)
and i've held your hand through all of these years
(Eu seguraria a sua mão durante todos esses anos)
but you still have all of me
(Mas você ainda tem tudo de mim)
i've tried so hard to tell myself that you're gone
(Eu tenho tentado me conformar de que você não está mais aqui)
and though you're still with me
(Mas penso que você ainda está comigo)
i've been alone all along
(Eu tenho estado sozinha todo esse tempo)
O tempo novamente começou a correr e juntos, os dois se recuperavam da grande perda. No inicio fora difícil para o jovem Syaoran, mas aos poucos ajudou a pequena garota a sorrir novamente...
Sakura entreabriu lentamente os olhos, sentindo os finos raios de luz que ultrapassavam as cortinas de sua cama e das janelas. Sentou-se lentamente, sentindo o corpo pesar. Afastou um pouco os longos panos, para alcançar o pequeno espelho na cabeceira. Novamente, acomodou-se entre os lençóis, recostando as costas em grandes almofadas, mantendo-se sentada. Respirou fundo e olhou a imagem que se refletia no espelho, não contendo o largo sorriso. Ela estava de volta e tudo graças a ajuda de Syaoran.
A imagem a sua frente a deixava muito feliz. Antes, estranhava a sua figura pálida e morta, fazendo-a se entregar as magoas novamente. Emagrecera muito e alguns médicos que a haviam visitado, ficara sabendo, que o diagnóstico indicava uma morte breve.
Mas, graças a seu amigo, aos poucos recuperou a vida que lhe escapara da alma. Todos os dias ele a fazia praticar alguma atividade que a fizesse ter contato direto com a natureza e a sua pureza infinita. Agora, todo o esforço do rapaz havia surtido resultados: sua imagem refletia uma garota de rosto saudável, bochechas levemente coradas e olhos vivos, que emitiam um brilho revigorante.
Levantou-se feliz e ouviu baterem a porta.
Entre!
Com vossa licença, princesa, mas tenho de saber se gostaria de se vestir?
Já vou me vestir, mas isso farei sozinha! – sorri simpática
Como sempre, não quer minha ajuda... – suspira a velha criada confusa
Todo bem Lang, pode me vestir.
A velha a encara com os olhos surpresos.
Estas a se sentir bem, senhorita?
Maravilhosamente bem!
Estou feliz que tenha se recuperado... – comenta, enquanto ajuda Sakura a retirar suas roupas para o banho
A morte de minha mãe foi um coque, mas sinto que estou mais forte... – ela adentra o Ofuro – Ui, que fria!
Se a senhorita não tivesse despertado tão tarde, estaria a desfrutar de um banho agradabilíssimo! – fala enquanto esfregas as costas da menina
Pelo menos sei que agora vou acordar direito!
Em seguida, ao finalizar o banho, enrola-se na fofa toalha que Lang alcançara. Olhou-se no espelho, enquanto a velha buscava suas vestes. Apesar da aparência mais saudável, Sakura achava-se terrivelmente magra. Não magra, do ponto desnutrida, mas ela tinha uma aparência diferente.
Lang, vc acha que estou muito magra?
Por que pergunta? – ela se aproxima
Não sei, minha aparência esta diferente...
Ora senhorita, tens que ver que já possui 9 anos e esta crescendo. É verdade que não se alimentou direito nestes últimos meses, mas suas formas tem sumido, pois estas crescendo!
A garota encara sua imagem.
Estou feia assim...Não que me acha-se bonita antes, mas minha imagem não me agrada...
Deixe de ser boba! Sempre fostes bonita, assim como sua mãe! - a velha criada, cobre a boca com uma das mãos – Desculpe...
Não se preocupe, já me acostumei com a realidade, não se desculpe.
A velha termina de vesti-la e pede licença. Sakura encara-se novamente, observando o belo quimono de verão que usava. Será que Syaoran a acharia feia se a vise como estava? Esta certo que o vira ontem, mas durante um longo período ela encontrava-se na cama e com vestes inadequadas. Olhou para a janela, observando o céu ensolarado.
Sakura não sentia-se sozinha, pois sabia que Syaoran estaria do seu lado. Passaram-se três anos desde que o conhecera e apesar da diferença de idade, haviam tornado-se bons amigos. A realidade era estranha, afinal, sua amizade com o jovem chinês não era nada comum. Onde já se viu uma menina de 9 anos, filha do imperador, ser uma grande amiga de um jovem de 14 anos, um homem praticamente? Não importavam as diferenças, Sakura não ligava...
Syaoran olhou-se temeroso no espelho. Como daria a ela a noticia? Estava triste, mas sabia ser essa a opção mais correta a seguir. Passou a mão esquerda sobre a cabeleira rebelde, sentindo o cansaço e o estresse que essa decisão tomara. Olhando firmemente para o espelho, viu que já não era o mais o mesmo. Sentia-se esquisito e sua aparência mudava dia após dia. Seu pai comentara que ele estava crescendo e que já era quase um homem, deixando-o mais nervoso ainda, pois mais responsabilidades estavam por vim.
Encarou as vestimentas elegantes e pensou que aquilo não combinava com ele. Claro que os tecidos ficavam elegantes em sua pessoa, mas ele preferia roupas mais folgadas, que facilitassem a movimentação. No final das contas, finalmente entendia o porque da rebeldia de Sakura, com relação aos riquíssimos kimonos que ela era obrigada a usar.
Começou a caminhar pela saleta em que esperava a menina. Fora informado, por uma das criadas, que a garota estava melhor e parecia Ter recobrado as forças. Não pode conter a emoção, quando soube que ela já se encontrava a salvo, afinal, Sakura lhe era como uma irmã mais nova, ou até mais que isso.
Droga ela esta demorando.... – comenta impaciente – Preciso pensar direito no que dizer a ela...
Dizer o que?
Ele olha para Sakura, ao ouvir sua voz. Por um instante, ficara imóvel. A garota estava muito diferente. Parecia mais alta e magra, com o corpo reto e o rosto aparentava perder as feições infantis, foi quando se lembrara que ela já estava com quase 10 anos. Com esse brusco pensamento, um suor frio lhe percorre a espinha, lembrando-se de coisas desagradáveis.
Sakura o encarava curiosa. Syaoran estava mudado. Antes de sair de seu estado doentio, nunca parara para observa-lo. Ele estava mais alto, aparentava estar com o corpo comprido e alongado; os olhos continuavam os mesmos, apesar de conterem um sentimento conturbado, mas o rosto estava ficando, como diria, mais adulto, principalmente vestido daquela forma! Na verdade, ele parecia engraçado, meio desengonçado, como se estivesse passando por uma transformação!
Sakura... – ele para
Sim? – pergunta com um leve sorriso
Eu...
Fale logo Li! – fala sorrindo
Eu vou viajar.
E quando volta? – olha-o ainda ostentando um sorriso
Não sei...
Como assim? Syaoran, o que vc quer me dizer com isso? Para onde vc vai? Quando vc vai voltar? – pergunta confusa e insistente
Droga, Sakura, será que não entendeu? Eu vou embora! – se exalta
Embora?
É... – começa a se irritar
Mas, como...
Eu vou viajar pra longe! Eu vou embora para nunca mais voltar!!! – grita
Não...
Continua...
Oi, pra quem esta lendo essa fic, eu gostaria q deixa-se um comentário, ñ precisa ser grande coisa, só me dizer se gostou!
Kisses, Caroll