Após a curta conversa com Thomas, Harry Potter foi diretamente para o banheiro, aprontar-se para ir para a cama. Não estava realmente cansado e sabia que qualquer estudante riria dele caso soubesse que seu professor ia para a cama tão cedo, mas a verdade era que queria ser capaz de levantar na manhã seguinte; havia tarefas a serem cumpridas então.
Seus pensamentos percorriam os planos para o dia seguinte – procurar o feitiço para Thomas Weasley, olhar os preços na loja de Quadribol no Beco Diagonal, tentar conseguir uniformes apropriados e não muito custosos junto à Madame Malkin – mas foram interrompidos no momento em que abriu a porta do banheiro. Um cheiro muito desagradável emanava dali.
Ocorreu-lhe que não havia terminado de limpar a bagunça que a "brincadeira" dos alunos fizera. Não que fosse muito trabalho, só não achara que seria algo urgente de ser feito. Agora, porém, ele achava.
Harry surpreendeu-se ao abrir a janela; algo caíra em sua cabeça e envolvera-o com força.
– Ah, merda, não de novo! – Harry murmurou, finalmente conseguindo segurar o que o envolvia e percebendo o quão viva aquela coisa gelada parecia.
– Socorro, estão tentando me matar! – uma voz sibilante murmurou.
Harry conhecia esse tipo de sibilo – pertencia a uma serpente e parecia temê-lo como ele a temia. Essa parte era fácil, ele poderia falar com ela. Bem, esperava que pudesse, pois já não o fazia há um bom tempo. Falar com cobras não era algo que se esquecia assim tão facilmente, era? Claro que não! A única coisa que precisava fazer era encarar uma serpente.
Permitiu que a mão percorresse o corpo escamado dela, perguntando-se se estava indo na direção correta, até que ouviu:
"Eles vão atacar minha cabeça!"
Harry sorriu, pegou a cobra e olhou diretamente em seus olhos.
– Não tenha medo, não vou machucá-la – ele respondeu.
– Um ofidioglota! – a serpente sibilou de volta, surpresa.
– Sim, eu sou. Agora, pode, por favor, sair de cima de mim? Isso não é muito confortável – pediu Harry e foi obedecido.
– Quero falar com você, humano, nunca consigo falar com aqueles da sua raça. Humanos com habilidade de falar nossa língua são muito raros.
– Hum… está bem… mas vamos para outro lugar – Harry sugeriu e andou até o living, sendo seguido pela cobra. Quando sentou no sofá, a serpente enrolou-se a seus pés. – Meu nome é Henry Evans…
Mesmo estando certo de que o animal não representava real perigo, ele decidira, peremptoriamente, não lhe revelar seu verdadeiro nome. Tomara "Henry" por seu verdadeiro nome. Ficar fazendo distinções entre a forma de ser chamado serviria apenas para confundi-lo, algo que ele não poderia permitir que acontecesse. Seria demasiado arriscado e – tinha certeza – pessoas importantes imediatamente o ligariam aos Potter caso soubessem que seu primeiro nome era Harry.
Ao fazer considerações sobre o próprio nome, ocorreu-lhe que desconhecia o nome da serpente, mas que seria muito mal-educado perguntar "qual é o seu nome?" quando sequer sabia se as cobras possuíam tal característica. Então, preferiu calar-se, esperando que o animal se pronunciasse.
– Meu nome é Sammy.
Ela sibilou, fazendo Harry pensar sobre a simplicidade do nome. Esperara algo mais… não-humano, e havia centenas de humanos chamados "Sammy". Só que… uma cobra?
– Por que você está admirado, Henry Evans?
"Como sabe que estou admirado?", ele pensou no mesmo instante, bem consciente de que seu rosto ocultava seus sentimentos – algo que, desde sempre, tornara-o bom em jogos de cartas.
Porém, esse era um pensamento estúpido e aleatório, percebeu ele, por isso lutou para ignorá-lo e impedir que lembranças ruins ressurgissem.
– Me chame só de Henry, por favor. Bem, é que conheço alguns humanos que se chamam Sam… e não achei que os nomes ofídicos fossem semelhantes.
– Dificilmente são, até porque raramente recebemos algum nome. Entretanto, em meu caso, um humano me nomeou… ele não era muito inteligente, então me deu um nome como o de vocês.
Harry precisou rir diante do comentário, ainda mais diante do tom sério que Sammy usara (não que as cobras pudessem rir, mas o simples fato de ela – porque a cobra era "ela", não era?! – ter demonstrado expressão alguma já era o suficiente para que tirasse essa conclusão).
– De qualquer forma – Sammy continuou –, o humano perdeu o interesse em mim depois de algum tempo. Ele tinha um amigo que era ofidioglota e que parecia metade cobra, metade homem, como eu nunca tinha visto na vida. Falei com ele uma vez; não foi uma boa experiência. Quando meu dono não encontrou muita utilidade para mim, me jogou na floresta daqui… não posso dizer que lamento por tê-lo feito…
De repente, todo o interesse de Harry estava voltado para Sammy. Um ofidioglota, metade homem, metade cobra? Teria de ser Voldemort, é claro.
– Esse amigo do seu dono… ele tinha olhos vermelhos? – perguntou em silvos.
– Sim. Por quê? Você certamente não é amigo daquela criatura. Ou é? Seu caráter é muito diferente do dele.
– Como você sabe algo sobre o meu caráter? Nos encontramos há menos de cinco minutos! – questionou Harry, confuso.
– Sou uma cobra, Henry, e a maioria das cobras que vivem nesse mundo possui um dom, você não sabia?
– Não. Então… seu dom é discernir o caráter da pessoa? – Harry perguntou, assustado. Nunca ouvira alguém mencionar sobre os dons que as serpentes possuíam. Certamente não teria esquecido caso o tivessem feito.
– Não exatamente, Henry. Meu dom é meu olhar. Posso ver coisas que os outros não vêem, como breves períodos do futuro ou do passado. Não possuo controle algum sobre essas… visões e só posso presenciá-las por alguns minutos. Posso ver a reação de certa pessoa diante de tais situações, se for algo a ser notado.
– Uau! – Harry exclamou para ninguém específico.
– O que quer dizer "uau"? Acho que nunca ouvi isso antes.
– Quer dizer que estou atônito. O máximo que cheguei a conversar com cobras foi trocar algumas sentenças sob extraordinárias circunstâncias. Diga-me, Sammy, como você chegou ao meu banheiro? Não veio sozinha, veio?
– Não. Alguns jovens humanos me capturaram quando eu buscava comida perto do lago. Eles tinham varinhas e acertaram-me com uma luz forte. Só acordei quando estava em cima de você.
– E o que você planeja fazer agora, Sammy?
– Eu queria… pertencer a um bruxo é uma honra imensa a uma cobra, ainda mais se ele for ofídioglota. Será que… você gostaria de ficar comigo? – Sammy pediu com um olhar que suplicava o quão possível era para uma cobra.
Harry suspirou aliviado. Pretendia pedir para que Sammy ficasse, mas temia que ela não o quisesse. O fato de ela aceitar era ótimo, porém…
– Preciso pedir permissão para um amigo meu antes, mas creio que não haverá problema. Resolvido isso, adorarei ficar com você. Espero que esteja disposta a fazer um esforço e se… er… adaptar? Seguir regras? – Harry perguntou.
– É claro, mestre.
Harry não gostava disso – era pior que "senhor", muito pior. O que ele buscava não era um elfo doméstico e, sim, uma companhia – talvez até um amigo. Não poderia permitir que Sammy o tratasse assim.
– Ouça, Sammy… eu não quero ser seu mestre. Só me chame de Henry, por favor.
Sammy sentiu-se orgulhosa, não esperava que seu novo mestre se comportasse daquela forma, mas sentia como se fosse uma coisa boa e isso a fez gostar ainda mais dele.
– Sim, Henry.
– Então, irei falar com meu amigo Alvo agora. Se quiser, acomode-se na minha cama enquanto isso – ofereceu o professor, alegremente. – Ah! Acabei de lembrar que preciso fazer algo mais e temo que isso possa demorar. Não me importo se você decidir tirar um cochilo enquanto estou fora, ok?
– Ok, eu preciso dormir um pouco mesmo. Alvo, esse amigo seu, deve ser um humano muito poderoso se manda em você.
– Sim, ele é – Harry sorriu. – As pessoas o consideram o bruxo mais poderoso da nossa era, embora… hum, digamos que eu não tenha certeza de que ele o seja. Mesmo assim, ele é realmente poderoso. Ele não manda em mim, só é quem faz as regras do castelo. Alvo se preocupa muito com minha segurança, já que é meu amigo, entende…
– Eu não o coloco em perigo, coloco? – Sammy pareceu preocupada.
– Espero que não. Eu tenho alguns segredos que não podem ser revelados, mas acho que essa situação não pode ter mais riscos dos que os já existentes. Vou falar com ele, até mais tarde – sibilou Harry.
– Boa noite, Henry – Sammy respondeu, fechando os olhos e parecendo satisfeita.
E ela não era a única. Harry certamente estava feliz. Ah, se Alvo concordasse…
Alvo Dumbledore estava sentado à escrivaninha de seu gabinete, conversando com o professor de Poções, Draco Malfoy. Haviam debatido o mesmo assunto milhares de vezes e Malfoy não cedia de jeito algum, mesmo sabendo que era inútil continuar discutindo com o Diretor.
– Recebo reclamações todos os dias, Diretor. Os pais não querem que os filhos tenham aulas com alunos de outras casas. Ameaçam transferi-los para Durmstrang caso eu não tome uma atitude imediatamente.
– Eu insisto que não cindirei, das outras casas, os sonserinos, meu caro Draco. Hogwarts é uma escola. As casas não possuem muito em comum, mas o que compartilham agora, como aulas, festas e Quadribol, compartilharão no futuro. Isso não mudará enquanto eu estiver no comando da escola – Dumbledore respondeu com calma, ainda que já estivesse saturado com a constante reclamação do professor quanto àquele assunto.
Ouviram-se leves batidas à porta e Alvo Dumbledore suspirou, contente pela interrupção.
– Sim? Entre! – falou em voz alta, dando ares de desapontamento à abrupta suspensão da conversa e disfarçando a satisfação.
Harry Potter abriu a porta, apresentando uma estranha expressão de divertimento. Seu sorriso encolheu um pouco quando percebeu a presença de Malfoy, mas não se deixou abater por completo.
– Boa noite! Interrompo algo importante? – perguntou, observando Dumbledore.
– Não, já demos a discussão por terminada. Sente-se, Henry – ofereceu Dumbledore com um brilho muito suspeito em seus olhos.
– Boa noite – murmurou Malfoy sucintamente ao levantar e sair da sala.
– Boa noite, Draco. Sonhe com os anjinhos! – desejou Harry, de óimo humor, embora não desejasse nem um pouco que Draco tivesse a companhia de anjos.
Rapidamente, ele lançou um feitiço de imperturbabilidade na porta e Dumbledore comentou:
– Você age como se houvesse algo… – ele parou para considerar se "errado" seria a palavra mais apropriada, já que, para Harry, parecia que tudo estava, na verdade, perfeito –… diferente.
– Ah, é. Acontece que havia uma… surpresinha… que não descobrimos ontem. Caiu do teto do meu banheiro quando eu deixei a porta aberta para me livrar daquele cheiro horrível. Estava me perguntando se você deixaria que ela ficasse comigo – Harry explicou.
– E que surpresinha seria essa que você quer guardar? – Alvo perguntou. Surpresinha, é? Dificilmente seriam alguns fogos de artifício. Algo mais… vivo, talvez? Hum… se fosse, só poderia indicar uma coisa: problemas.
– É… bom… ele é bem legal, nós conversamos um pouco. Ele disse que também quer ficar comigo, então…
Ele… queria ficar? Então era algo vivo, com toda a certeza. E Harry falara com ele? Talvez fosse… mas como? Nah, dificilmente. Ou não?
– É uma serpente, Alvo.
Ou talvez sim.
– Você não planeja exibi-la em público, não é, Henry? – Dumbledore perguntou depois de um tempo. Se alguém descobrisse a verdadeira identidade de Harry por causa da ofidioglossia… não, ele sequer queria pensar nas conseqüências. Era um absurdo que ele não permitiria que acontecesse.
– Na verdade, sim.
– Realmente? Quer arriscar sua liberdade por causa de uma cobra, Henry? Por uma cobra? Isso não é um jogo, meu amigo, é algo absurdamente sério. – Dumbledore disse com sinceridade, e surpreendeu-se quando Harry apenas riu. – O quê?
– Nunca vi você usar essa palavra antes. Absurdamente. Bem, há alguns ofidioglotas que não são conhecidos… não podemos fingir que sou um deles? Eu me daria bem sendo acompanhado por alguém que só eu possa entender.
– Os funcionários podem suspeitar de algo, é muito perigoso, Henry.
– Eu não poderia me arriscar?
– Não, eu discordo em absoluto, Henry. Você precisa me prometer não falar com essa serpente em público. Não percebe, meu amigo? Seria um risco muito grande demonstrar o mínimo de sua personalidade, Henry. Há pessoas aqui que conviveram com você e que não podem reconhecê-lo, entende?
– Entendo – Harry respondeu seriamente, compreendendo o argumento de Dumbledore. Se fosse reconhecido… se o segredo fosse descoberto… não, má idéia, melhor não imaginar. Não permitiria que chegasse àquele ponto, não seria tão óbvio. – Sabe de uma coisa? Acho que não vou mesmo arriscar. Você está certo, é perigoso demais. Por isso, só conversarei com Sammy quando estivermos sozinhos. Assim é mais seguro, não?
– Eu diria que sim. Mas… Sammy, meu amigo? Você deu o nome de Sammy à pobre criatura?
– Eu não, Alvo. Sammy teve outro dono antes de mim. Um Comensal da Morte, ele disse – Harry respondeu, sorrindo. – Eu não a teria chamado de Sammy se não fosse assim.
Isso poderia ser interessante. De um Comensal da Morte? O animal poderia, afinal de contas, ter algumas informações importantes para eles. Serpentes eram animais muito inteligentes, ainda mais advindas do mundo bruxo. E uma serpente com conhecimento sobre Comensais da Morte… claro que Dumbledore não poderia, naquele momento, conceber quanto Sammy realmente sabia, mas não se importava de investigar um pouco mais tarde e descobrir. Sem contar que uma companhia poderia fazer algum bem para seu amigo. Então, ele desistiu de argumentar e concordou com a idéia.
– Está bem, garoto, fique com… Sammy. Contudo, nunca esqueça que precaução e segurança são muito mais importantes do que você as considera agora, Henry.
– Sim, é claro. Lembrarei. Obrigado, Alvo – Harry disse e virou-se para a porta, pronto para sair.
– Agora deixe de ser tão impaciente, meu garoto. Por que os jovens estão sempre com tanta pressa? Bem, suspeito que é porque haja algo mais imprescindível a ser feito do que ouvir um ensinamento de um velho como eu, não, Henry? – Dumbledore disse com um sorriso.
– Você entendeu bem. Sim, eu tenho muito para fazer essa noite, então se importa se eu sair? Crianças como eu precisam dormir muitas horas por noite, e educadores experientes como você deveriam estar cientes disso – Harry devolveu o sorriso.
– Vá! Vá então e apronte seja lá o que está planejando para esta noite.
– Quem? Eu? Você acha mesmo que eu seria capaz de fazer algo do tipo? É melhor eu ir dormir, nos veremos amanhã – Harry disse, soando estranhamente empolgado, e saiu, fechando a porta atrás de si.
Dumbledore sorriu ao ouvir Harry correndo escada abaixo, pulando de três em três degraus. Depois de tudo que acontecera, ele continuava sendo a pessoa alegre que crescera para ser. Era impressionante.
Mas o que ele quisera dizer com a última frase? Estaria ele aprontando alguma coisa? Alguma estripulia? Fosse como fosse, descobriria em algumas horas…
Não sair cantando de alegria exigiu muito auto-controle de Harry. Fora, afinal de contas, um dia muitíssimo bom – e ainda não terminara. E, o melhor, daquele momento em diante, teria companhia, alguém com quem poderia conversar. Alguém a quem poderia contar qualquer coisa. E que poderia contar-lhe ainda mais coisas, tinha certeza. Poderia contar sobre o futuro, às vezes, e ver entre fortes emoções e particularidades. Seria excelente!
E agora, faria algo igualmente brilhante. Certo, talvez não fosse…. brilhante, mas seria divertido se desse certo – e ele não conseguia ver algo que pudesse atrapalhar seus planos. Ah… a vingança certamente era doce para quem sabia usá-la na medida certa. O que Harry estava planejando era, portanto, algo extremamente prudente. Mas divertido.
Ainda havia três pessoas no Salão Comunal quando Harry o adentrou. Eles eram, obviamente, Ronny Longbottom, Leon Creevey e Martin Whitby. "Minerva deveria vigiá-los melhor, isso não é hora de estar fora da cama", Harry pensou, lembrando-se das vezes em que ficara acordado até tarde com Rony e Hermione e como sentira-se feliz por ninguém ter intervindo, mandando-os para a cama. De fato, não havia uma regra que proibisse os estudantes de ficarem até tarde da noite no Salão Comunal, ao menos não que ele soubesse. Dumbledore com certeza tinha conhecimento dessa brecha no regulamento - e provavelmente tinha suas próprias razões para não se importar tanto. Só esperava que os três não se revelassem um obstáculo para ele.
Então sorriu. Não deixaria que isso acontecesse.
– Falaram com Thomas depois da detenção que ele teve com Evans? – Martin perguntou a seus dois amigos no momento em que a porta do retrato abriu.
– Q… quem está aí? – Leon perguntou, sem obter resposta.
– Alguém invisível, quem sabe? – Ronny considerou.
– Talvez. Mas quem? Alguém com uma capa de invisibilidade ou então alguém muito poderoso, porque é realmente difícil conjurar um feitiço de invisibilidade complexo – Martin sussurrou.
Eles esperaram mais um minuto, mas nada aconteceu.
– Vamos continuar conversando, ok? – sugeriu Ronny.
– E deixar que, seja lá quem está aqui, nos ouça? – contrapôs Martin.
– E quanto tempo mais você planeja ficar sentado aqui em silêncio? – Leon perguntou. – Se continuar assim, vou acabar dormindo.
Silêncio novamente.
– Certo. Então vamos conversar – Martin concedeu depois de um tempo. Estava, afinal, também ficando entediado e decidiu repetir a pergunta. – Alguém já falou com Thomas?
– Não, ninguém. Quero dizer… ele já consegue falar ou ainda está em choque? Me pergunto o que aquele babaca do Evans fez com ele. Não pode ter sido algo bom, não é mesmo? – Ronny disse.
– Dificilmente – respondeu Leon. – Não o invejo e acho melhor darmos um tempo antes de perguntarmos, sabe… para ele voltar a si, talvez. Vamos simplesmente perguntar amanhã, no intervalo-
De repente, Leon calou-se. Não conseguia mais falar. Movia os lábios, mas som algum saía. Colocou as mãos na garganta – gritando sem ser ouvido. O que estava acontecendo?
"Deve ser um feitiço de Silencio", Martin tentou avisar inutilmente. Ele já lera, uma vez, sobre o feitiço, mas nunca sentira seus efeitos. Na verdade, ele não sentia o feitiço em si, mas sim a experiência de não poder falar.
Martin percebera que Ronny também tentava falar – parecia como se estivesse gritando, embora nenhum deles o ouvisse. Martin bateu com o punho na mesa em frente – e provocou um forte ruído. Não, não havia nada de errado com os ouvidos deles. Só poderia ser um feitiço de Silencio.
Ronny estava com um pouco de medo e com um pouco de raiva. Como ousavam? Tinha certeza de que a tal pessoa invisível era a responsável por tudo isso. Ah, se ele a encontrasse… suspeitava que fosse algum sonserino nojento, porque grifinórios ou corvinais nunca fariam algo daquele tipo, e os lufa-lufas eram idiotas demais para isso… Ah, ele faria com que a tal pessoa invisível pegasse umas boas detenções com Evans. Sim, essa era um bom castigo. Severo, sim, mas bom.
Por outro lado… e se a pessoa decidisse que deveria fazer… mais? Que deveria fazer algo pior? Talvez fosse melhor se ele não descobrisse, pensou, ao ver uma corda surgir do nada na frente dele.
Recuou um passo, aterrorizado, mas a corda o venceu. Em questão de segundos, ele estava amarrado magicamente – e vendo acontecer o mesmo com seus dois outros amigos. Ah, Merlin, o que estava acontecendo?
Harry Potter ficou satisfeito com a perfeição do plano. Conseguira amarrar os três alunos às respectivas camas. As cordas se extinguiriam dez minutos após eles adormecerem, assim como aconteceria com o feitiço. Só que então… sua outra azaração entraria em ação… ah, sim, isso seria interessante, pensou ele sorrindo para si mesmo. Bom, ele azarara todos os grifinórios… não sabia exatamente todos os que estavam por trás da "brincadeira" que fizeram com ele e suspeitava haver muitos – possivelmente quase todos.
Harry resmungou para si mesmo por quase esquecer que precisava enfeitiçar aquele objeto para Thomas Weasley antes de ir para a cama. Não queria fazê-lo, pois não sabia quanto tempo levaria para encontrar o feitiço. Todavia, executá-lo não deveria demorar muito.
Terminou que acabou gastando dez minutos pesquisando o tal feitiço – se fosse Hermione, ele sabia, precisaria de somente metade do tempo. Pesquisa realmente não era seu forte. Foi então que percebeu que sequer sabia que objeto Thomas queria que ele enfeitiçasse.
"Perguntarei amanhã… então usarei o feitiço", pensou Harry.
Foi quando finalmente pôde se preparar para dormir, como planejava há horas. Transfigurou uma maçã de sua cozinha em um cobertor confortável para Sammy e levitou a serpente até a nova cama – mesmo que ela não percebesse – antes de se deitar. Ficou feliz ao ouvi-la sibilando algo sobre o "novo mestre" no sono e sorriu. Ainda estava feliz pelo dia seguinte, que deveria ser tão agradável quanto o que passara. Ah, e como ele precisava de dias assim…
A/N: Foi uma cacaca, não? Bem, acho que sim. Um pouco. Acho que o próximo será melhor. E mais… colorido. Ah, vocês verão. Espero. Até lá então!
N/T: Eu juro que essa não é a primeira vez que eu posto esse capítulo! M. de