CASAMENTO GREGO

EPÍLOGO – O AMOR É LINDO...

E foi assim que o casal mais improvável do Santuário juntou os "paninhos de bunda". Quando voltaram da lua-de-mel para casa e começaram realmente uma vida em comum, as brigas continuaram, claro. Os gênios eram muito terríveis para viverem totalmente em paz.

Mas se amavam, isso ninguém nunca duvidou. Os apelidos "Dinho" e "Zinha" já eram um atestado de cumplicidade... Saga podia ser visto sentado no terraço da casa de Gêmeos tendo a esposa no meio de suas pernas, encostada em seu peito, as mãos entrelaçadas, às vezes conversando, às vezes apenas desfrutando da companhia.

Só uma coisa tirava Terpsicore do sério. As ligações de sua mãe e tia para saber de notícias do casal. A amazona de Escorpião sabia que na verdade, era pra saber se já estava grávida. Milo ria.

-Pelo amor de Zeus! Só faz seis meses que eu casei...

-Até parece que você não conhece nossa família... "É o rumo lógico de um casamento... temos que povoar este mundo com bons gregos..."

-E até você, primo traidor, agora é exemplo pra mim! Acredita nisso? Minha mãe me disse isso na última vez: "até seu primo deu filhos ao marido dele..."

Milo caiu de costas, se esborrachando de rir... A família Andropoulos não existia mesmo...

Terpsicore agüentou firme as pressões da família, até... até quando achou que estava preparada. Saga já tinha se acostumado com a idéia que seria pai somente quando sua mulher decidisse... E nem pensava mais no assunto. Quando sua governanta reclamou que a patroazinha estava meio pálida e comendo muito pouco, ele ficou assustado, pensando numa doença grave qualquer. No dia em que Pipe foi ao médico, Saga nem conseguia se concentrar no trabalho. Quando ela foi contar o resultado do exame, mas teve uma vertigem no corredor da administração do Santuário, ele entrou em pânico. Dohko deitou-a no sofá da sala de espera, enquanto Hyoga que estava ali perto abanava-a. Camus pegou o resultado do exame pra ler e Saga chorava, jurando por tudo que era mais sagrado que se fosse uma doença terminal se mataria assim que ela se fosse... Assim que o francês abaixou o papel, o grego voltou seus olhos vermelhos pra ele:

-É grave? Me diz, pode me dizer, eu agüento. Eu sou forte, eu suporto qualquer coisa...

-Sacre coeur! Mas as tragédias só podiam sair das cabecinhas dos gregos mesmo. Não, monsieur Saga, é sério, mas não é grave...

Dohko sorriu, Hyoga também, imaginando o que era... Camus estendeu o papel ao amigo, que estava tremendo...

-Dois meses? Ela só tem dois meses de vida?

-Ai, pelo amor de Athena, Saga. Leia direito. O seu filho é que tem dois meses de vida.

-Meu filho tem dois meses de vida? Oh, mas o que eu vou fazer? É tão pouco tempo e... – foi aí que a luz se fez.

Dohko e Hyoga rolavam de rir. Camus ria abertamente da cara de confuso do amigo. Saga enxugou as lágrimas e sorriu também. Pipe estava abrindo os olhos e gemendo...

-Ui, que foi que houve...

-A madame comeu direito antes de sair de casa, hoje? – perguntou Camus.

-Bem que eu tentei, Camye. Mas voltou tudo... Desmaiei de novo, não é?

-Deve ser mal de família. Milucho na gravidez vivia com queda de pressão...

-Que maneira de contar ao marido que se está grávida... – riu ela. – Dinho, andras mou, você vai ser papai...

Saga se ajoelhou, as lágrimas correndo, beijou a barriga ainda lisa, depois a esposa. Foi um dos poucos momentos de ternura daquela gravidez... Depois foram intermináveis brigas sobre cor dos móveis, das roupas, sobre os cuidados que Terpsicore deveria tomar, sobre treinos com a barriga enorme, descanso e alimentação. Kanon achava tudo divertidíssimo. E sempre que possível botava mais lenha na fogueira. Como na primeira vez que a barriga já se achava bem visível...

Terpsicore estava de pé, conversando com algumas amazonas, vestida numa túnica que normalmente lhe chegava aos joelhos. Com a barriga maior, o tecido subiu um palmo. Os cavaleiros conversando numa rodinha acabaram comentando como as grávidas brilham e parecem mais bonitas. Sem malícia, Aioros disse:

-Terpsicore por exemplo, está linda...Aquela barriga com certeza é de gêmeos... está tão grande...

-Tanto que as túnicas andam subindo... – Kanon deu sua alfinetadinha. – Minha cunhada têm um par de pernas...

Saga lhe deu um olhar fulminante primeiro, depois olhou ao redor, bufando. Mais ao longe, tinha uma rodinha de guardas também secando as amazonas. Quem poderia dizer que não tinham olhado para as pernas de sua esposa também. Kanon segurou-se para não rir, cutucando Aioros e Aioria, enquanto o irmão ciumento se aproximava da mulher, envolvendo-a num abraço possessivo, convidando-a para fazerem compras. As mulheres na rodinha estranharam, aplaudiram um marido tão sensível às necessidades da esposa e Pipe só percebeu que havia alguma coisa por detrás daquela solicitude toda, quando as túnicas escolhidas por Saga lhe chegavam aos tornozelos e as roupas de grávida que ele escolheu eram macacões e calças compridas.

-Saga, porque meus macacões não são de 'pernas curtas'? Eu vou morrer de calor com esses jeans compridos...

-Eu compro um aparelho de ar condicionado pro nosso quarto...

-Nós JÁ temos um aparelho de ar condicionado no nosso quarto... E quando eu sair? Vou ter que assar no sol mesmo?

-Bem, quando você estiver bem barrigudinha, não vai poder sair muito mesmo...

-Não vou passar a gravidez toda em casa trancafiada nem matando, senhor meu marido. Pode tirar o Pégaso da chuva.

-Engraçadinha... há-há-há! Mas também não vai ficar desfilando pelo Santuário afora com as perninhas de fora...

-Ahnn... ta explicado...

-Não é o que você pensou. Eu só estou vendo o seu bem. Tipo, gravidez estoura um monte de vasinhos... Não vai você ficar mostrando suas varizes por ai...

Terpsicore fechou um olho, virou o outro fuzilando para o marido, mas por dentro ria dos ciúmes dele. Deu um jeitinho de trocar os macacões compridos por uns vestidos floridos cuja barra ficavam abaixo dos joelhos...

Aos seis meses de gravidez, conheceu sua cunhadinha Ayan, que lhe ajudou a enlouquecer um pouco o turrão do marido. E no final, provou mais uma vez que a missão da família era povoar o mundo com bons gregos Andropoulos dando à luz a um casal de gêmeos: Geryon e Maysa.

O resto... é outra história...

N/A: Mais uma crônica do Santuário pronta... Agradeço a quem lembrou do nome da história. "Andras Mou" aparece no Beleza Indomável da Carol Yuy. Bem, crianças, a próxima história das Crônicas é o casamento de Shura e Sukhi. Vai ser em junho aproveitando as festas juninas, idéia do meu brasileiro favorito, Aldebaran, pra matar as saudades da terrinha... O Shura vai mostrar que os santos brasileiros e europeus vêm da mesma fonte, mas não tem os mesmos atributos e... Bem... isso já uma outra história... Até lá! 21/05/06.