Capítulo IV

Eterna Amizade

"A Flor de Primus diz respeito à amizade e ao amor. De acordo com crenças, ela define os limites que há entre duas pessoas para que passem da amizade ao que chama-se de amor.

Junto a ela estão as palavras, 'Primus...Primus...Primus...Primus Amoris', que expressam o real desejo de uma pessoa. A frase demonstra que é aquilo mesmo o que quer.

Porém, diz a lenda que poucos são aqueles que suportam a mudança de amizade a amor. É preciso que ambos queiram com a mesma intensidade, ou o que antes era amor, voltará a ser amizade, abalada. Há um distanciamento, e pior fica quando o amor de uma das partes persiste.

No entanto, há os casos em que uma amizade torna-se eterna, se por consentimento e agrado de ambos. Se duas pessoas se amam verdadeiramente, poderão suportar, com o tempo, uma possível relação de amizade depois de terem provado de um amor intenso.

A flor de Primus é traiçoeira, e requer um sentimento mútuo de confiança e carinho. Isso não havendo, de alguma forma o relacionamento é levado à ruína, saindo uma das partes mais machucada..."

Hermione fechou o livro com violência e jogou-o contra a parede. Escondeu seu rosto entre as mãos e voltou a chorar.

De alguma forma ela sabia que Rony era o grande amor de sua vida, porém, havia uma incerteza. Incerteza mesmo de quê, nem ela sabia. Incerteza de amar Rony como ele merecia, ou como ela queria, ou achar que o amava menos do que podia se expressar. Era tudo muito confuso, e apenas o que ela queria fazer, naquele momento, era desaparecer com todos aqueles problemas, todas as inseguranças do seu coração...

A garota queria estar novamente com seus amigos, retornar a um passado de brincadeiras e quebras de regras...ao fim ela queria que tudo voltasse ao normal, e que Harry, Rony e Hermione voltassem a ter aquela amizade tão sólida e verdadeira que já mantinham há anos.

E foi então que finalmente Hermione percebeu que fizera o certo. Ela não sabia dizer mesmo se fizera o certo da maneira errada, fazendo Rony sofrer tanto com toda aquela história, ou se tudo aquilo tinha mesmo que acontecer. A verdade é que, no fim, ela desejava nunca Ter começado aquela história, porque de alguma forma, bem no fundo, ela sempre soube como aquele romance, complicado, iria terminar.

No entanto, ela ainda podia fazer uma coisa para aliviar o seu próprio coração e amenizar a dor do coração daquele que um dia fora seu melhor amigo, namorado, e o que ela não sabia ainda, sempre seria seu verdadeiro amor.

Ela guardou o livro e dirigiu-se aos jardins, onde estivera alguns minutos antes. Viu de longe a imagem escura de Rony, parado no mesmo lugar em que ela o deixara, flutuando alguns metros do chão, sendo ofuscado pelos poucos raios de sol.

Viu também, bem abaixo do rapaz, o tapete e a cesta que ele havia organizado...para ela. No entanto, a cesta não estava mais arranjada num papel transparente, nem parecia tão bela quanto antes. Ao contrário, o papel estava rasgado...as frutas tinham se espalhado pelo chão e os doces misturavam-se à grama.

Ela suspirou profundamente, sabendo que se não fizesse aquilo, jamais teria se perdoaria por perder uma pessoa que fora, durante anos, uma das pessoas mais importantes da sua vida.

Rony desceu da vassoura e ficou parado junto ao tapete, olhando para o horizonte do lago, apreciando o sol que se punha à frente. Não viu Hermione aproximar-se e não percebeu quando ela parou a alguns centímetros atrás dele.

A garota viu, amassada na mão de Rony, a Flor de Primus que alguns meses atrás ele tinha dado a ela. Sentiu uma lágrima correr pelo seu rosto quando viu a Flor se desfazer, diante de seus olhos, amassada na mão do rapaz. Se desfez como se tivessem pegado fogo, e se transformado em cinzas...

Rony virou-se, na intenção de sair dali e refugiar-se em algum lugar que não lhe trouxesse tantas lembranças incômodas, e deu de cara com Hermione. Ficou estático por um instante, sentindo seu coração falhar alguns batimentos, sua respiração ficar fraca.

"Eu sei que você está me odiando agora...- ela começou, com certa cautela."

"Eu jamais te odiaria, Hermione.- ele cortou- Eu seria incapaz de odiar o amor da minha vida. Muito pelo contrário..."

A voz dele saiu tão carinhosa e tão cheia de amor que Hermione sentiu-se incapaz de falar alguma coisa por alguns minutos. Seu coração doía mais a cada palavra dele, e ela não se sentia no direito de ouvi-la, que não as merecia.

"Não fala assim, Rony..."

"Eu falo porque é a verdade para mim, quer você queira ou não."

"Mas agora se você sofre é por minha causa, e eu me sinto no dever de tentar remediar, de alguma forma, a sua dor."

"Não tiro seus méritos quanto a isso, mas se tinha que ser assim, não podemos fazer mais nada. Acabou. Pronto. Acabou como a guerra."

"Não culpe a guerra, Rony."

"Se não fosse ela nada disso teria acontecido."

"Ou talvez teria. De uma outra forma, mas teria. Por agora eu me sinto tão confusa quanto a um relacionamento, Rony, mas me repudio por te fazer sofrer. No entanto, eu tenho certeza que eu não gostaria, por nada desse mundo, de perder o meu melhor amigo. Eu não quero acabar com a nossa amizade, Rony, simplesmente porque eu sou dependente dela. Eu preciso sempre te ver irritado e te irritar, e preciso que você me provoque e me chame de sabe-tudo porque é isso que eu conheço de uma amizade verdadeira, de uma amizade eterna."

Rony olhou para Hermione e, o que mais queria no momento era poder abraçá-la e beijá-la, e demonstrar o amor que sentia por ela e, mais, que seria capaz de amar pelos dois. Mas ele sabia que seria impossível, que Hermione não seria mais dele, que por algum motivo ele a tinha perdido.

Porém, as palavras dela o fizeram pensar e relembrar todos os anos que passaram juntos, que brigaram juntos, que foram em detenção juntos e fizeram tantas coisas mais juntos. O fizeram pensar que uma amizade como a deles não era algo que se podia descartar depois da primeira briga, que jamais poderia ser esquecida. E mais ainda, as palavras de Hermione o fizeram ver que ele era também dependente de cada provocação vinda da garota, e de cada olhar irritado que ela lhe lançava, de cada grito e, em seguida, de cada pedido de desculpas. Rony viu, ao fim, que antes de qualquer coisa que Hermione tenha sido para ele, ela foi sua melhor amiga, a pessoa que sempre estivera com ele em quase todos os momentos de sua vida a partir do onze anos.

"Eu nunca me enganei quando te chamei de sabe-tudo, Hermione. É engraçado como, de alguma forma, você sempre sabe tudo sobre uma situação e, mesmo sem ter a intenção, sabe como amenizar algumas coisas. Você sempre conseguiu me fazer enxergar coisas que estavam bem à minha frente, e se antes eu não me imaginava mais tão próximo a você, não suportando uma amizade, agora eu percebo que, assim como você, eu sou dependente da nossa eterna amizade. Descobri que o amor que eu sinto por você nunca vai morrer, mas eu posso transformá-lo novamente em amizade.- Rony estendeu a mão e pegou a de Hermione, beijando as costas da mão dela e depois abraçando-a."

"Obrigada, Rony, eu me sinto bem melhor agora.- ela falou, começando a chorar no ombro do amigo."

"Eu também, Mione. Nós sempre estaremos melhor se estivermos juntos, mesmo que como amigo, sempre será melhor assim."

Rony sentou-se sobre o tapete e Hermione sentou-se ao lado dele. Juntos ficaram observando o pôr-do-sol, que para cada um tinha um significado diferente. Para Rony, era como se uma dor fosse amenizada e um grande e verdadeiro amor adormecesse. Para Mione aliviava seus anseios e aliviava também a culpa que ela sentia por fazer Rony sofrer.

Aquela fora a última vez, em vários anos, que qualquer um dos dois tocou no assunto 'nós'. Durante muito tempo não houve mais palavras sobre amor, namoro, ou mesmo vestígios de um sentimento maior por parte de algum deles. Houve sim, muitas provocações e brigas, e pedidos de desculpas a seguir.

Por muito tempo ainda Rony e Hermione foram os mesmo amigos de sempre, irritadiços. Rony ainda reclamou diversas vezes com tantos namorados de Hermione, do mesmo modo que Harry fez. A garota, por sua vez, analisou cada mulher que se aproximava dos amigos.

Não houve conversas a mais, e nenhum dos dois pareceu sentir mesmo falta delas. Não houve uma primavera como aquela que Rony e Hermione tinha vivido no último ano de Hogwarts.

"Então...fiquei sabendo que ainda haverá o baile de fim de ano...- Rony comentou, ao que Hermione olhou para ele- Andei pensando, já que não temos par, nem eu , nem você, nem o Harry, que tal um ménage a tróis? Nada mais sensato que o trio parada dura de Hogwarts. Assim poderemos nos despedir da primavera como ela merece.- Hermione riu."

"Harry também não tem par?"

"Não, não depois de tudo. Por algum tempo eu pensei que não fosse sensato por parte de Dumbledore fazer um baile de formatura, mas depois pensei que com todo esse sofrimento e todas as perdas, nós merecemos, e nenhum dos que morreram iria querer que Hogwarts ficasse mesmo triste e deplorável como ela vem se apresentando durante esse tempo todo."

"Você deve Ter razão quanto a isso tudo. Eu topo..."

"Que bom ouvir isso...- a voz de Harry soou atrás deles, ao que os dois se viraram para olhar o amigo."

Harry estava praticamente recuperado de todos os ferimentos, embora ainda mantivesse um semblante machucado e ferido.

"Que bom que você melhorou, Harry.- Hermione comentou- Assim poderá ser o terceiro no nosso trio..."

"Ficarei honrado."

Rony olhou para Hermione e sorriu para a garota, perdendo-se por um instante ao admirá-la. Naquele momento ele soube que jamais poderia esquecer o amor que sentia por ela, mas também prometera a si mesmo que esperaria por ela, pelo tempo que fosse.

Hermione, ao fitar Rony, sentiu pela primeira vez em alguns dias, que o olhar dele era o de um amigo, um grande amigo. A princípio sentiu-se feliz com isso, mas parando para pensar, percebeu que faltava algo no olhar dele que, talvez, ela nunca chegasse a descobrir o que era.

Harry olhou para os amigos e viu o quão idiotas eles eram. Mas, bem no fundo, ele sabia que poderia demorar quantas primaveras fossem, Rony e Hermione teriam uma amizade eterna e, em algum momento, um amor eterno, um amor de primavera que duraria eternamente...

Aquela fora uma primavera inesquecível e única na vida deles. Uma primavera de provações, amores e incertezas, que fez com que duas almas gêmeas ficassem separadas por muito tempo, até que o amor entre eles retornasse ainda mais forte, numa primavera ainda mais bela que a primeira. Aquela tinha sido a primeira primavera na vida deles, mas não a última...

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N/Rbc: Certo, demorou consideravelmente e por um instante eu pensei que fosse desistir dessa fic e dessa série... mas depois de conversar com uma pessoa e receber algum comentário nessa fic, de repente, me deu uma vontade tremenda de terminar logo essa fic e poder continuar com a série. Quanto à demora, desculpe. Quanto ao final da fic, não que eu tenha achado bom, nem isso, mas o final é bem sugestivo, certo? Próximo Amores de Primavera III – Draco e Gina – Primavera Cinzenta, para quem gosta do casalzinho. Tentarei ser breve, embora só tenha algumas páginas escritas...enfim...rs...

Bjinhos...

Rebeca Maria!