PROLOGO

Inferno.

Não dava pra acreditar, mas sua vida tinha conseguido ficar pior do que era há anos atrás.

Na verdade ele chegava a sentir falta da época em que não sabia quem era. Quando não sabia que era um bruxo, nem sabia quem fora seus pais, nem das circunstancias reais em que morreram.

Sentia falta da época em que não precisava se preocupar com o que havia lá fora, nem com o bem estar das pessoas que gostava, ou com a perda delas.

Perda... Seu peito doía toda vezes que lembrava dessa palavra. Era difícil acreditar que fosse sentir algo assim, pensava já estar acostumado a perdas, pelo fato de ser órfão, mas a verdade é que nunca teve realmente que se deparar com elas...

Até o dia em que mataram Cedric na sua frente... Até o dia em que mataram Sirius.

Potter! Desça aqui agora mesmo!

Era a voz irritante do sr. Dursley. Já fazia tempos que não a escutava. Desde que voltara para as férias (a dois dias) ninguém na casa havia lhe dirigido a palavra, na verdade ele não se importava muito com isso, até gostava. Mas parecia que sua tranqüilidade havia acabado.

Desceu as escadas para encontrar a família Drusley reunida na cozinha.

O que foi? – perguntou grosseiramente parando na porta.

Temos que conversar sobre a sua estadia aqui, garoto. – antes que ele retrucasse o sr Dursley continuou – Não quero que volte a acontecer coisas que aconteceram na vez passada, quando esteve aqui... Entendeu bem? Por isso trate de manter aqueles seus amiguinhos dementealgumacoisa bem longe da minha casa!

Eles não são meus amiguinhos.. e eu não tenho domínio sobre eles. – falou o garoto.

Pois é melhor arrumar um jeito de domina-los, se não eu te expulso daqui! – gritou ele batendo com a mão na mesa – Não me interessa o que Petúnia prometeu ou deixou de prometer garoto, se a minha família voltar a correr perigo por sua causa eu te boto pra fora sem dó nem piedade! Entendeu bem?

Sua família corre perigo não importa a onde eu esteja... – murmurou Harry impaciente.

Está me ameaçando garoto?

Não, estou apenas dizendo a verdade.... as pessoas que mataram meus pais estão de volta... Sim, estão atrás de mim, mas depois de conseguirem me matar elas vão exterminar todos que forem como vocês... E acredite, isso não vai levar muito tempo. Eu mesmo já as vi em ação e posso assegurar-lhe que elas são muito boas no ofício de matar.

Houve um silêncio constrangedor.

Não estamos interessados na sua percepção do caso Potter... – falou a sra Drusley, finalmente – Queremos apenas viver em paz e...

Ela engoliu o resto da frase ao se deparar com o olhar raivoso dele.

Você sabe muito bem do que eu estou falando. Sabe do perigo que há lá fora...

Eu não sei de nada Potter! Agora suba para o seu quarto e não arrume mais confusões... é só isso que estamos pedindo.

Ele balançou a cabeça, estava cansado de discussões inúteis, como aquela. Virou-se e subiu as escadas de volta para o quarto, resignado.

Já estava começando a se arrepender de ter prometido à Dumbledore que não sairia da casa dos tios por nada no mundo.


Petúnia... - A voz doce tinha ao mesmo tempo um tom sarcástico e mas atraente. - Petúnia, querida.... vem cá... A mulher levantou da cama, ainda sonolenta e seguiu a passos leves escada abaixo, até a porta da frente. Tocou a maçaneta meio indecisa - Vamos Petúnia, abra a porta abra...

Ela obedeceu, abrindo a porta num longo bocejo. Mas quando viu quem a esperava do outro lado, seu coração disparou. Sentiu suas pernas tremerem ao dar os primeiros passos para trás.

Oi querida! – disse a mesma voz cínica que invadira seus sonhos - Não me convida pra entrar?

Você? Não pode ser.. você está.. você estava...

Morta? – a mulher soltou uma longa e irritante gargalhada enquanto entrava na casa – Foi isso que te disseram quando eu sumi? – a outra acenou positivamente – Sinto em lhe dizer querida, eles mentiram... Triste não?

Petúnia fez menção de correr, mas a outra levantou sua varinha primeiro.

Petrificus Totalus. – disse paralizando-a e fazendo Petúnia lembrar-se da última vez que vira aquela mulher – Não tão cedo querida, temos algumas coisas pra conversar, primeiro... Cadê o garoto?

Mas não foi preciso que Petúnia dissesse nada, nesse exato instante Harry descia as escadas da casa, atraído pela conversa fora de hora.

Quando reconheceu a visita seus olhos se encheram de raiva.

Você! – gritou quando alcançou o chão da sala – Sua assassina! Como se atreve!

Olá pra você também Baby Potter! – disse, com a varinha já apontada pra ele.

O que ele viu em seguida foi um enorme clarão, e mais nada.