Título: Branco
Autor: Danielle
Disclaimer: Trata-se de uma estória cujo único propósito é entreter sem a intenção de infringir os direitos autorais das obras nas quais foram inspiradas ou auferir qualquer lucro.
Sumário: Um garoto chega a Smallville com seu cachorro branco e Lex Luthor reencontra uma pessoa muito importante na sua vida.


PARTE I - CONHECENDO OS EATON

"O quê aconteceu?", perguntou Lionel a um grupo de cientistas, após chegar ao laboratório que estava secretamente instalado num pequeno depósito próximo das docas, em Metropolis.

"Ele fugiu", respondeu o Dr. Hawke, chefe das pesquisas, e que estava visivelmente transtornado. Não gostava muito da idéia de confrontar Lionel, principalmente numa situação como aquela, mas era a LuthorCorp que pagava as contas e ele tinha todo o direito de saber que alguma coisa não havia dado certo.

"Como assim fugiu?", indagou Lionel, furioso.

"Ele é muito esperto", disse outro cientista.

Lionel sorriu, sem tirar os olhos do Dr. Hawke.

"Quer mesmo que eu acredite que a sua equipe toda foi enganada por um dos seus próprios experimentos?", perguntou ele, ironicamente, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco.

Todos ficaram em silênio.

"Muito bem", disse Lionel, entendendo que aquela quietude toda significava consentimento geral. "A que nível ele estava?", perguntou, referindo-se ao grau do experimento, que evoluía gradativamente, e que nunca havia passado da terceira fase.

"O máximo a que chegamos até agora", respondeu o Dr. Hawke. "Na fase quatro".

Visivelmente surpreso com o progresso nos trabalhos, Lionel levantou as sobrancelhas e balançou a cabeça. Olhou à sua volta. Viu, ao longe, pela janela que dava acesso à sala de pesquisas, frascos com líquido verde luminescente, uma mesa de operação de tamanho médio e um caro aparato tecnológico.

"Claro", disse Lionel. "Senão, não teria conseguido fugir, certo?"

"Nunca imaginamos que isso fosse acontecer", disse o Dr. Hawke.

"Claro", ponderou Lionel. "Esse foi o seu problema".

Os cientistas estavam todos cabisbaixos, envergonhados por terem se deixado enganar daquele jeito, e pior, terem que enfrentar Lionel e toda a sua fúria diante daquele fracasso. Antes que o Dr. Hawke dissesse mais alguma coisa em sua defesa, Lionel apenas ordenou:

"Encontrem-no", e lhes deu as costas.

Confuso, porém, o cientista perguntou como o faria.

"Vocês o criaram", disse Lionel. "Agora o encontrem".

O Dr. Hawke olhou para toda a sua equipe. Jamais havia chegado tão longe numa pesquisa do porte como aquela e nunca cometeu um erro tão grande como aquele. Era como se todos os seus esforços estivessem reduzidos àquela única falha. Mas Lionel estava certo. Deviam encontrar a cobaia, antes que alguma coisa desse errada, pensava o jovem cientista.

"Eu teria encerrado as pesquisas há mais de quatro meses, Dr. Hawke", lembrou-lhe Lionel, impondo todo o seu poder como o investidor naqueles trabalhos e com direito suficiente de exigir o que bem entendesse.

"Mas você me garantiu que tudo daria certo", continuou ele, com sua arrogância peculiar. "Agora está me dizendo que o experimento simplesmente escapou".

O cientitsa ficou calado, impotente.

"Quanta falta de responsabilidade, doutor", concluiu Lionel, que, antes de lhe dar definitivamente as costas e entrar no elevador que o levaria à saída do prédio, disse: "Quero que o encontrem o mais rápido possível, ou esse lugar vai sumir como se nunca tivesse existido e todos vocês vão para a rua".

...

Corey Eaton era um garoto comum de quinze anos, cujos pais haviam recentemente se divorciado e que teve a vida virada de cabeça para baixo quando, para recomeçar vida nova, sua mãe o obrigou a deixar todos os seus amigos em Metropolis para ir morar numa cidade minúscula e desinteressante, no estado do Kansas. A viagem para Smallville estava fadada a ser um verdadeiro tédio. Corey simplesmente não falava com sua mãe. Era monossilábico quando ela lhe perguntava alguma coisa. Entendendo a mágoa do filho, Selena se limitou a apenas dirigir. Na saída de Metropolis, no entanto, mãe e filho notaram algo diferente. Na beira da estrada, viram um cão branco, sentado, como se estivesse à espera de alguma coisa, enquanto carros passavam em alta velocidade pela via.

"Mãe, veja!", exclamou ele, alarmado. "Um cachorro!"

"É o que parece, querido", disse ela, indiferente.

"Ele pode ser atropelado", retrucou Corey, sem tirar os olhos do animal, que ainda estava muito à frente. "Está muito próximo da via".

"O dono dele deve estar por perto", disse Selena, desinteressada, embora achasse um pouco estranho um pastor alemão albino, tão chamativo como aquele, sozinho numa rodovia de grande tráfego.

Corey sabia que o dono não estava por perto e que aquela era apenas mais uma desculpa esfarrapada de sua mãe. E depois que passaram pelo cão, ele simplesmente ficou olhando ele sumir ao longe, pela janela de trás da caminhonete. Depois, afundou a cabeça no banco e colocou os fones de ouvido, com o som no mais alto volume. Não falaria mais com ela durante toda a viagem. Selena apenas olhou para o filho, que estava com os olhos fechados, ouvindo sua música. Seria um tortuoso caminho para o recomeço, pensava ela.

Estavam à uma hora de Smallville, quando Selena resolveu parar num restaurante de beira de estrada para comerem alguma coisa. Já havia passado da hora do almoço e mãe e filho estavam famintos, mas ainda não se falavam direito. Depois de comerem qualquer coisa, Selena pagava a conta enquanto Corey ia para a caminhonete, e qual foi sua surpresa quando ele viu o mesmo cão que tinham encontrado nos limites de Metropolis, sentado, comportado, na carroceria.

"O quê é isso?", perguntou Selena, instantes depois, ao sair do restaurante e ver o filho fazendo carinhos na vasta pelagem do animal, que balançava incessantemente a cauda.

"Acho que ele nos seguiu", disse Corey, com o primeiro sorriso que Selena via há dias, sem olhar para a mãe, ainda admirado com a imponência do cão pastor branco de olhos e focinho rosados que estava diante de si.

"Impossível", disse Selena, olhando para a estrada da qual vinham e depois para o animal. "É melhor não tocá-lo, Corey", disse ela, preocupada.

"Podemos ficar com ele?", perguntou ele, alheio. O cão latiu, como se também estivesse pedindo para ficar com eles, e Selena ficou pensativa. Era tudo muito estranho. Aquele animal era estranho. Ela olhou novamente para a estrada e depois para o cão. Mas ao ver o filho, que sorria, enquanto o cão lambia sua face, não teve outra opção, a não ser deixar que ficasse com ele, pelo menos, provisoriamente. "Ele tem coleira ou alguma coisa que possa identificá-lo?", perguntou ela, aproximando-se do cão.

"Não", respondeu Corey, cada vez mais entretido com o canídeo.

"Tudo bem", disse Selena, conseguindo a atenção do filho, pela primeira vez. O cão também a encarava, como se compreendesse tudo o que mãe e filho diziam um ao outro. "Vamos fazer o seguinte: chegando em Smallville, vamos comprar os próximos jornais do Planeta Diário, e se houver algum anúncio de cão desaparecido, vamos devolvê-lo".

Corey parecia não se importar. Era como se estivesse seguro de que seu novo amigo não tinha dono.

"Outra coisa", ponderou ela, novamente chamando a atenção dos dois. "A primeira coisa que vamos fazer é levá-lo a um veterinário, para ver se ele tem alguma doença".

Ao dizer isso, porém, o cão começou a latir histericamente. Corey sorriu, nervoso, achando que aquele comportamento pudesse fazer sua mãe mudar de idéia e pediu para o cão se acalmar, que não o levariam a um veterinário, e o cão parou de latir. Mãe e filho se entreolharam. Definitivamente, havia alguma coisa muito estranha naquele animal, pensaram.

"Tudo bem", disse Selena. "Como vamos chamá-lo, até resolvermos o quê fazer?", perguntou ela ao filho, que ficou eufórico com a idéia de ter um novo amigo.

"Não sei", respondeu Corey. "Acho que Buddy", disse, ainda afagando-o. "O quê acha, Buddy?"

O cão latiu, como se o respondesse afirmativamente.

"E vai viajar na carroceria", disse Selena, abrindo a porta da caminhonete, sem tirar os olhos do animal, imaginando se ele também protestaria por isso.

Corey, indiferente à mãe, deu mais uns afagos em Buddy, e depois de dizer para ele se comportar, fechou a porta da carroceria e foi para seu lugar no automóvel. Durante todo o resto da viagem, ele ficou olhando para o animal, pela janela, que parecia muito feliz para onde quer que estivesse indo.

Continua...