Quarta fic da Série Elos. Fan-fic pós Hogwarts. Continuação de O Bastante Ainda é Pouco. Draco vai tentar salvar o filho e manter o casamento com Nicolle. Harry e Gina continuam juntos, agora com mais uma filha. E com a entrada das crianças na escola os problemas vão aumentar. Eles achavam que era o bastante, mas o bastante ainda é pouco. Disclaimer: Alguns personagens, lugares e citações pertencem a J.K. Rowling. Essa estória não possui fins lucrativos. Capítulo Um - Pouco Para O Quê?

- Não! - ela acordou gritando de novo.

Aquelas duas semanas estavam sendo de longe as piores de sua vida.

- Shhh! Estou aqui meu amor.

Lá fora uma nova tempestade se iniciava. Há quatorze dias era assim. Um dia completamente cinza e uma noite tenebrosamente tempestuosa. Os raios cortaram os céus, formando alguns riscos azuis enquanto Draco Malfoy tentava fazer com que a esposa dormisse novamente. Com muito custo - e alguns goles de uma poção calmante - ela caiu novamente em um sono agitado e repleto de pesadelos. Draco se certificou de que Nicolle dormia pesadamente antes de sair do seu lado. Para ele ainda era difícil deixá-la daquele jeito mas era o que vinha fazendo noite após noite desde o desaparecimento do filho. Depois de dar uma última olhada para a esposa, desaparatou.

- Você demorou.

- Eu estava cuidando de Nicolle. Ela está cada dia pior. Tenho medo de que ela enlouqueça. Já me considero louco o suficiente. Não tenho mais como apoiá-la. Nattie está na casa da avó e estamos cansados de fingir que está tudo bem. Nikki precisa da filha, Nattie precisa da mãe... - ele abaixou a cabeça.

- E você, meu filho? Precisa de quê?

- Eu preciso de vingança, mamãe... - respondeu com o olhar sombrio.

- Vingança não é a resposta, Draco. Talvez justiça fosse mais adequado nesse caso... - Narcisa desconversou e Draco riu; uma risada cínica.

- Vingança é um eufemismo para o que eu pretendo fazer com Lúcio, mãe... - Narcisa olhou gravemente para o filho.

- Você sabe que se os seus propósitos não forem claros e dignos tudo que estamos fazendo aqui será em vão. Eu terei me exposto em vão, a vida do seu filho terá sido em vão... - Draco sacudiu a cabeça.

- Eu sei disso. Por isso ainda não fiz uma loucura...

- Magia negra é magia negra, Draco. Você sabe o preço que vai pagar pelo feitiço que me pediu para invocar, não sabe? - ele sacudiu a cabeça de modo displicente.

- Sei. Sinceramente? Não me importa - deu de ombros. - De que adianta estar vivo se por minha causa a mulher que eu amo está reduzida a cinzas? A minha família em pedaços e o meu filho perdido? - Narcisa parou por alguns instantes.

- Você sabe que a culpa não é sua... - Draco deu um sorriso com o canto dos lábios.

- Não? E quem é a aberração? Quem é que tem um sangue maldito correndo nas veias? Quem é a droga de um bruxo, mamãe? Nicolle não pediu isso. Eu prometi a ela que nunca a machucaria. Nunca... - deu um soco tão forte na parede que fez tremer as chamas das velas negras que estavam sobre a mesa.

- Se você partir desse mundo você vai machucá-la da pior forma possível, meu filho... - ponderou.

- E se eu for um covarde incapaz de trazer o nosso filho de volta para os braços dela vou ter sacrificado a única coisa pura da minha vida, mamãe. A senhora não vê? Eu sou o responsável por isso. Eu sugeri usarmos magia para termos um bebê. Eu misturei o meu sangue maldito com o sangue imaculado dela. Ela gerou a Nattie e eu gerei um...

- Draco! - ela o olhou, séria.

- Não me interessa o que ele é, mãe. Nem o que vai se tornar. É meu filho. Eu o amo, por Merlin, e se eu não colocá-lo de volta nos braços da Nikki eu vou me amaldiçoar o resto dos meus dias... - Narcisa sorriu.

- Eu tenho muito orgulho de você, filho... - disse com lágrimas nos olhos. - Você sabe que o que falta para fazermos o feitiço é uma gota de sangue Malfoy. E no momento em que essa gota cair no caldeirão um portal se abrir e sugar Dylan de volta para casa. E você sabe que a energia vital de quem doar o sangue vai ser sugada para manter o portal aberto. É esse o preço... - Draco assentiu.

- Eu sei disso - esticou a mão para a mãe. - Pegue o sangue. Seja rápida e diga a Nicolle que eu a amo. Que não havia outro jeito. Que eu fiz isso por ela. Por nós... - Narcisa deixou as lágrimas escorrerem.

- Sim meu filho. Eu sei disso... - ela abraçou Draco como tinha feito no dia da sua formatura em Hogwarts. - Eu queria que as coisas pudessem ser diferentes mas Lúcio... Ele me roubou você. Roubou a minha vida de novo... - ela o soltou e sorriu. - Mas ele não vai roubar a sua... - empurrou Draco, que arregalou os olhos, apavorado. - Se o feitiço precisa do sangue de um Malfoy, o sangue de um Malfoy ele terá... - ela pegou a ponta do punhal, furou a própria mão e deixou o sangue pingar no caldeirão, soltando uma enorme quantidade de fumaça vermelha.

Draco tentou se aproximar mas um vórtice de energia começou a girar em volta da mãe.

- Não mãe! Por que você fez isso? - ele gritou.

Narcisa sentia a vida escoar rapidamente enquanto um portal redondo se abria.

- Salve-o, meu filho. Salve-o... - Draco conseguiu ampará-la antes que caísse no chão.

- Mamãe, não devia ter feito... Era minha responsabilidade... - disse inconformado.

Narcisa colocou a mão em seu rosto.

- Você daria a sua vida pelo seu filho. Eu estou dando a minha pelo meu... Eu te amo... - disse com dificuldade antes de fechar os olhos.

Draco sentiu as lágrimas de ódio arderem nos olhos.

- Eu também te amo... - respirou fundo e entrou no portal.

- NÃO! - um grito cortou a tranqüilidade da casa.

Hermione a Rony se levantaram assustados e encontraram a filha sentada na cama, chorando.

- Haly? - Hermione colocou os braços em volta da menina, que tremia. - Ron, traga um copo de chocolate quente. Vai ajudar... - pediu ao marido, que foi prontamente até a cozinha, embora estivesse cambaleando de sono.

- Filha, outro pesadelo? - Haly acenou que sim com a cabeça. - O que foi dessa vez? Cobras e leões de novo? - a menina havia acabado por decidir contar o sonho que tinha tido, uma vez que estava tendo o mesmo sonho há duas semanas.

- Não mamãe. Dessa vez foi diferente. Alguma coisa mudou. Eu não sei explicar. Eu só sei que... Ele foi salvo... - ela suspirou aliviada, deixando-se cair no travesseiro e adormeceu de novo.

Rony entrou no quarto com a xícara e Hermione gesticulou para que ele saísse. "Mulheres, quem pode entendê-las. Não se decidem", pensou enquanto era empurrado de volta para a cozinha. Mione sentou em frente a ele enquanto um filete de fumaça saía da xícara de chocolate.

- Se você não se importa eu não vou desperdiçar leite... – disse, tomando um gole.

Mione parecia estar estudando o teto. Ele passou a mão na frente dos seus olhos.

- Hey, acorda. Eu não vejo você tão compenetrada assim desde que preparou aquela estúpida poção polissuco... - ela acordou do estupor em que se encontrava e olhou dentro dos olhos do marido.

- Você acha que Haly pode ser uma vidente? - Rony riu.

- É claro que não Mione. Videntes são velhas e... Tá, um dia elas são novas, eu acho, mas Haly é normal. Ela não vai ser uma solteirona e fazer previsões a vida toda. Na minha família temos outros tipos de loucos mas não temos aberrações... Se bem que Fred e Jorge... - Mione lhe deu um tapa no braço.

- Isso é sério, Ron. Nós crescemos vendo Harry ter sonhos e premunições mas a nossa filha só tem sete anos... É diferente... É estranho... - Rony ficou parado por alguns minutos, pensando no que a mulher havia dito.

- Não, não é estranho. Veja bem. Talvez seja alguma manifestação. Sabe, por ela ser uma bruxa. Mamãe conta que Percy fazia as cuecas do papai caírem quando chorava de fome e que ela ficou duas semanas com os cabelos em pé quando o primeiro dente de Gina nasceu... - Hermione não pareceu muito convencida. Ele insistiu. - Não há nada de errado com ela, Mione. Eu mesmo...

Rony parou e ficou embaraçado e vermelho até as orelhas. Mione olhou séria para ele e ergueu as sobrancelhas.

- Você o quê? - ele abaixou a cabeça.

- Nada Mione. Vamos dormir... - ele levantou da mesa mas ela o segurou pelo braço.

Rony olhou o resto de pó de chocolate no fundo da xícara.

- Você fez o quê, Rony Weasley? - ela perguntou séria.

- Nada de mais, Mione. É embaraçoso demais...

- Rony, somos casados. Você assistiu meu parto, o que significa que já viu partes do meu corpo que nunca verei, então não me diga o que é embaraçoso... - ela torceu os lábios e sentou-se de volta na mesa.

- Está bem... Eu era um bebê e não me lembro... - Mione permaneceu em silêncio. - Mas mamãe diz que certa vez ela me deixou tomando sol no quintal por alguns minutos e... Mione, é uma história indigesta e não me orgulho disso, okay? - ela o encorajou a contar o resto. - Eu estava com fome e mamãe não estava lá para me alimentar. Quando voltou eu tinha dado um jeito e me alimentado sozinho. Pronto, falei... - suspirou aliviado; ela olhou seriamente para o marido.

- Falou o quê? Eu acho que perdi a parte em que você falou algo com algum sentido - debochou do marido.

- Eu me alimentei, Mione. Nós tínhamos uma cabra e eu acabei tomando o leite dela. Que droga... - ele resmungou e Mione franziu a testa.

- Mas tomou como? - Rony fez uma careta digna de pena e ela entendeu. - OH! Céus. Por Merlin, Rony, que nojo. Você mamou na cabra... - ela parou de repente e teve uma crise de risos incontrolável.

Rony ficou completamente sem graça.

- Não conte a ninguém. Nem mesmo ao Harry... É humilhante demais... - ela controlou as risadas. - Eu de alguma forma fiz a cabra levitar e... - Mione estava lacrimejando.

- Já chega, entendi onde você quer chegar. Desculpe. Está bem. É claro que eu não vou contar... - disse, fazendo carinho no rosto contrariado do marido. - Mas a partir de hoje vamos tomar muito cuidado na seção de laticínios do supermercado... - Rony não agüentou e acabou rindo também enquanto os dois voltavam de mãos dadas para o quarto.

- Você caiu da cama hoje? - os braços dela o envolveram pelas costas e as mãos deslizaram pelo seu peito descoberto, passando por cima da sua cicatriz.

Ele deteve o toque, colocando as suas mãos por sobre as dela. Estava debruçado na pequena sacada do quarto e observava a primeira manhã ensolarada em quinze dias nascer.

- Eu só estava pensando... – disse, colocando-a na sua frente e juntando o rosto no dela.

- No quê, Harry? - ele respirou fundo.

- É estranho. Eu não consigo identificar o que está acontecendo. Só sei que parece que tudo está diferente agora... - Gina sorriu.

- E de certa forma está. Vamos ter outro filho. Owen está crescendo. Logo irá para Hogwarts e...

- Não, Gi. Não é isso. É essa manhã ensolarada. Quer dizer, depois de quinze dias estranhamente sombrios não é algo incomum um sol tão maravilhoso assim? - Gina deu de ombros.

- Eu acho que depois da tempestade vem a calmaria. E isso só nos prova que o ditado trouxa é muito bem dito... - Harry riu. - O que foi?

- Nada... - ele implicou.

- Pode dizer. Você vai me deixar curiosa desse jeito... - Harry olhou sério para ela.

- Gina, é exatamente essa a idéia... - ele respondeu cinicamente, afastando as cortinas e entrando no quarto.

- Harry? Harry Potter, volte já aqui e me conte o que é! - ela disse, nervosa, enquanto se enrolava nas cortinas.

Ele riu da falta de coordenação da esposa. Depois de alguns segundos Gina se desvencilhou do ataque dos panos e entrou no quarto, armando-se. Harry ria do outro lado da cama, enquanto ela lhe atirava, um a um, todos os travesseiros da cama, errando todos. Quando acabou a munição ele subiu na cama e a colocou deitada, prendendo-lhe os braços. Gina esperneou.

- Conta vai... - ela choramingou. Harry riu maliciosamente e sussurrou em seu ouvido.

- Nada. Eu só queria dizer que eu acho extremamente sexy quando você usa aquele tom explicativo... - Gina pareceu desapontada. - Mas é muito mais quando você está assim, furiosa... - antes que ela abrisse a boca para falar mais alguma coisa ele a calou com um beijo.

Enquanto isso um raio da luz do sol entrava pela fresta da cortina e iluminava o quarto de um dourado sem igual. Ele entrou em casa em silêncio. Sabia que não seria fácil. Sabia que tudo estava diferente. Sabia que havia ultrapassado o ponto em que poderia retornar. Ainda assim precisava prosseguir. Precisava confirmar que não havia sido em vão. Colocou a mão na maçaneta e a girou. A brisa da manhã havia escancarado as cortinas e a manhã brilhava escandalosamente ali dentro. Era como se houvesse um leste próprio ali. Como se o sol tivesse escolhido nascer ali naquela manhã.

Observou o perfil dela dormindo e sentiu o peso do fracasso pesar. Tudo havia sido em vão. Ele se ajoelhou na cama e não teve coragem de tocá-la. Observou a pele alva, os lábios rubros e os cabelos ligeiramente desalinhados caindo-lhe pelos ombros.

"Como eu vou falar para ela que falhei?", pensou.

- Sinto muito, Nicolle - ele disse baixinho. - Eu falhei. O nosso filho não está aqui... - ela abriu os olhos e o olhou mas algo inexplicável fez com que se virasse para a janela.

- Draco? - ela sentou na cama, assustada.

Um enorme clarão redondo se formava contra o sol.

- Me desculpe Nikki. Eu falhei - ele repetiu. - Não trouxe Dylan de volta - a luz aumentou e ele também reparou.

A luz cresceu até se tornar insuportável para os olhos dos dois. Draco e Nicolle fecharam os olhos e se viraram para o outro lado. Quando se viraram novamente não estavam mais sozinhos.

- Estou aqui pai - Dylan respondeu com uma voz dura e fria. Não lembrava em nada o menino de sete anos que havia deixado a sua casa a apenas quinze dias atrás.