ANIMAGO MORTIS

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Resumo: Hermione está no 7º ano e acumula a carga pesada de várias responsabilidades, como sendo Monitora-Chefe, as melhores notas para o NIEM, qual carreira seguir... sua vida pessoal e social está aos farrapos, seus amigos não são mais como antes, seus colegas a perturbam a todo instante e o único que há para consolá-la nos seus momentos de crise é o seu gato, Crookshanks, que mostrou ser um grande amigo e muito além do que aparenta. Para quem gosta de mangá, a história segue mais ou menos essa linha...
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Capítulo I - Perturbação
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_O que esse gato tá fazendo? - Perguntara Rony, ao entrar junto com Harry ao Salão Comunal da Grifinória, e encontrar Hermione sentada numa confortável poltrona em veludo escarlate, frente a lareira. Hermione estava sobre uma das pernas, que servia de apoio para um grosso livro encadernado em couro envelhecido e Crookshanks, que estava confortavelmente entre o livro e o corpo de sua dona.


_O que você tá falando, Rony? - Harry, que vinha logo atrás, não havia entendido a pergunta, embora tivesse a escutado muito bem.


_Tô falando do Crookshanks. O que ele acha que tá fazendo?


_Rony... se você não tem nada de importante para dizer, poderia fazer a gentileza de não interromper a nossa leitura com indagações tolas? - Pedia com aborrecimento Hermione, que permanecia voltada para o livro. Crookshanks lançava um olhar fuzilante para o garoto ruivo, que estava com lama desde os cabelos até os sapatos, devido a um jogo de quadribol debaixo de chuva.


_Peraí, eu ouvi direito? - Harry chegava mais próximo da garota, com um riso debochado e incrédulo, a irritando ainda mais, que se limitou a levar a mão entre os olhos e fechá-los, dando um suspiro de impaciência. _Você disse 'nossa leitura'? Você tá dizendo que o Crookshanks também está lendo contigo?! Hahaha! Você tá ficando doida, Mione? - Desta vez, o olhar fuzilante de Crookshanks era todo dedicado ao Harry. Se o olhar de um gato pudesse matar, Harry estaria estatelado no chão, neste momento!


_É isso que estou perguntando! Crookshanks está lendo contigo, Mione? Não é a primeira vez que vejo isso, mas...


_Calma aí, Rony! Você também?! Tá ficando doido também é? Tá certo que Crookshanks é um gato bruxo, mas daí ele ter capacidade para ler... Hahaha! Você e Hermione devem tá mal mesmo, heim! Um par perfeito! Vocês deveriam dar o braço a torcer e namorar de vez! - Troçava Harry, maliciosamente. Assim como Rony estava enlameado da cabeça aos pés, respingando lama e água por todos os lados.


_Argh! Já chega! Calem a boca! - Gritava Hermione, totalmente irritada. Todos os outros alunos que estavam no salão mantiveram suas atenções voltadas ao trio. Crookshanks pulava irritado e rosnando do colo da dona, enquanto esta fechava brutalmente o livro e colocava-se de pé num salto.


_Calma aí, Mione! Eu só estava brincando! Não precisa ficar brav...


_Cala a boca Harry! Você e Rony já me encheram o suficiente por essa noite! - Hermione interrompeu bruscamente Harry, já desaparecendo para a direção do dormitório feminino, seguida pelo gato, que ainda mandava um olhar letal para os dois garotos prostrados com caras surpresas, perto da poltrona onde antes estava.


Harry e Rony se entreolharam, incrédulos com a reação violenta de Hermione.


_Devia ter pegado leve, Harry! Sabe que Mione só tem andado estressadinha!


_Estressadinha ela sempre foi, mas ela tá muito pior desde o nosso quinto ano, depois que virou monitora! Agora, como chefe dos monitores... ela tá é fresca demais!



*


O dormitório composto por cinco camas com dosséis em veludo escarlate estava completamente vazio. Hermione entrava enraivecidamente, seguida por Crookshanks, batendo a porta logo atrás. Sua cama era a última do dormitório e ia jogando em cima o grosso livro e a sua capa negra. Com dois chutes, arranca seus sapatos e busca algo dentro de seu baú, que fica aos pés de sua cama. Crookshanks pula na cama e fica observando a garota em movimentos bruscos e resmungando palavras inaudíveis. Hermione pega uma felpuda e longa toalha branca com delicados bordados de flores em tons pasteis de dentro do baú, desaparecendo logo em seguida através de uma porta do lado oposto das camas.


No banheiro Hermione termina de arrancar o resto do seu uniforme, amontoando-o numa cesta ao canto. O local era delicadamente decorado, em mármore rosado. De um lado, ficava cinco divisórias para os sanitários, do lado oposto outras cinco divisórias para os chuveiros. Ao fundo, uma longa pia também em mármore, com espelho de mesma extensão, ambos preenchiam toda a parede. O espelho era adornado com desenhos lapidados nas bordas, com cisnes que nadavam de um lado para o outro do espelho, como se este fosse um límpido lago.


Hermione pegava de um dos pequenos armários que ficavam abaixo da pia, um frasco de shampoo e uma saboneteira. Os produtos eram feitos por ela própria, para assim ter seu próprio perfume que seria a sua marca característica: suzuran, lírios japoneses que floresciam as margens de riachos.


Abria a porta de vidro do box de seu uso costumeiro. O vidro fosco trazia desenhos lapidados iguais ao do espelho, mas estes eram inanimados. Hermione girou a torneira e do chuveiro saía um forte jato d'água quente, que logo preenchia todo o box com o vapor. Enfiou-se de cabeça embaixo do jato, tentando relaxar. Manteve-se assim, como se estivesse purificando-se, por vários minutos.



Crookshanks esperava pela dona pacientemente deitado na cama, quando Hermione apareceu envolta da toalha branca, com seus longos cachos pingando por sobre os ombros, depois de quase trinta minutos.

_Droga! Esqueci-me de levar minhas roupas pro banheiro! Ainda bem que não há ninguém no quarto. Vou me trocar aqui mesmo!


O gato que havia se levantado para receber a dona, dá meia volta em si mesmo e deita-se enrolado, voltando suas costas para Hermione. Apesar de fechar fortemente seus olhinhos amarelos, suas orelhas mantêm-se ativas ao menor ruído, atentas a tudo. Hermione vestia-se com uma longa camisola branca, de tecido macio e leve. Havia belos detalhes em bordado e renda inglesa no bojo e nas alças largas. Jogou-se sentada na cama, terminando de enxugar os cabelos. Crookshanks levantava a cabeça para observar melhor sua dona. Mantinha um olhar doce diretamente para o rosto de Hermione, que permanecia de olhos fechados enquanto acariciava os cabelos com a toalha.


_Impervius! - Hermione lançava um feitiço sobre a sua toalha de banho, deixando-a totalmente seca, como se não tivesse acabado de ser usada. Dobra-a com esmero e a guarda de volta em seu baú. Volta para a cama, puxando as cobertas, enfiando-se embaixo e se aconchegando ao grosso travesseiro. Crookshanks se movimenta e pára frente ao rosto de Hermione, fitando-a. A garota acaricia a carinha e orelhas do gato, que se entrega totalmente aos carinhos de sua dona, fechando os olhinhos e ronronando alto.


_O que está acontecendo comigo? Só faz uma semana que as aulas começaram e já é a terceira vez que me aborreço com Rony e Harry? - Hermione perguntava para si mesma, num murmúrio e com os olhos se enchendo em lágrimas. O gato parou de ronronar e apenas prestava atenção à voz de sua dona.


Hermione recolhe suas mãos para baixo do travesseiro enquanto encolhe-se embaixo da coberta.

_Será que é mesmo frescura como eles dizem? Eu sempre tolerei bem as brincadeiras e implicâncias de todos, mas ultimamente... - uma lágrima corre pela face da menina, enquanto aperta os olhos para impedir que outras desçam. _...todos sempre estão juntos, conversando, se divertindo, rindo, enquanto estou sempre sozinha... e quando alguém se aproxima é para implicar com algo a meu respeito!


Tentava conter em vão as lágrimas, que agora caíam em abundância, deslizando para o pescoço e molhando o travesseiro. Abre os olhos com raiva, enrugando a testa.

_Será que sou mesmo tão intragável? Uma sabe-tudo irritante que todos preferem manter distância? Deve ser, não é mesmo? Sou mesmo uma insuportável, arrogante que se esconde atrás de livros covard...


O murmúrio de Hermione foi interrompido por Crookshanks, que levava uma das patinhas à boca da menina, como se não quisesse que ela continuasse a falar aquelas coisas horríveis de si mesma. Aproximou-se de seu rosto e começou a lamber as lágrimas que escorriam pela face de Hermione, que sorriu tristemente. A língua áspera do gato fazia-lhe cócegas na bochecha, que a fez soltar uma risadinha leve, fazendo o gato de afastar.


Colocando a mão sobre a cabeça do gato, dando leves tapinhas, sorriu em meio às lágrimas, mas um sorriso sincero e aliviado.
_Obrigada, Shanks! Por sempre estar do meu lado, por sempre me ouvir, por aturar minhas ladainhas... será que se você fosse um ser humano seria meu amigo da mesma forma...?


Crookshanks, como resposta, aconchegou-se entre o colo e pescoço da menina, enrolando-se em si mesmo. Hermione passava o braço em torno dele como se fosse para aconchegar um bebê, cobrindo-o com as cobertas.

_Boa noite, Crookshanks.

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Fim do Capítulo I - continua...
By Snake Eyes - 2004
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N/A: "Animago Mortis" é uma alusão ao nome da banda brasileira de metal melódico, Imago Mortis. Apesar da semelhança do nome, "Imago" nada tem a ver com magia. Em bom português, 'imago mortis' significa 'imagem da morte'.

Para quem anda mais distraído do que eu por aí, Crookshanks é o nome original do gato de Hermione, Bichento. Até comecei a escrever esta fic com o nome brasileiro, mas optei por usar o nome original, no final das contas. Soa estranho, mas o nome 'Bichento' é péssimo de ruim! Muito mesmo! Esse nome me dá mal estar, pois parece que o gato tem bicheira. Mas para frente, vou dar uma reduzida carinhosa ao nome Crookshanks, 'inventar' um nick... Tudo bem, tenho certeza que muitos não concordarão com o nome original, mas o personagem é de estrema importância na minha fic, é o protagonista, e ele não pode ficar sendo chamado de 'Bichento'... bicheira, bichado, argh!