O MUNDO DE METRÓPOLIS

O Mundo de Metrópolis - Parte 10

DIÁRIO PLANETA Sexta-feira, 2 de abril de 2004

ASSASSINO DO JORNALISTA PETER SANDS PODE TER CONEXÃO COM LIONEL LUTHOR, por Lois Lane

Comprovado pela perícia do Departamento de Criminalística de Metrópolis que a bala que matou o jornalisa Peter Sands em Smallville, KA, é da mesma arma com a qual o ex-presidiário Samuel Stiles se matou há duas semanas no Metrópolis Palace Hotel, o mega-empresário Lionel Luthor vai ter muito o que explicar ao Chefe do Departamento de Homicídios, Bill Hendersen.

Segundo fotografias anônimas (ao lado), o Presidente da LuthorCorp teria sido flagrado em encontros clandestinos com Samuel Stiles poucos dias antes da morte do jornalista.

Ainda não se sabe o quê Peter Sands fazia em Smallville, KA, nem o conteúdo do seu trabalho e tampouco ainda, se sua morte tinha alguma coisa a ver com o que ele andava descobrindo. No entanto, a polícia ainda não descarta a possibilidade de envolvimento de Lionel Luthor, que será interrogado na tarde de hoje.

...

Enquanto Lex lia, com um pequeno sorriso no canto dos lábios, a manchete do dia no Diário Planeta, mal pôde perceber Clark entrando no seu escritório.

"Sinto muito", disse ele, chamando a atenção de Lex, que acreditando que o amigo se referia à notícia do jornal, apenas sorriu e colocou o periódico sobre a mesa.

"Bela fotografia, não acha?", perguntou Lex, referindo-se à foto anônima na primeira página, onde Lionel trocava apertos de mão com Samuel Stiles.

"Não está preocupado com o suposto envolvimento do seu pai num crime de assassinato, Lex?", perguntou Clark, observando a tranquilidade do amigo.

"Por que eu deveria, Clark?", questionou-o com um sorriso. "Com certeza ele vai se sair muito bem nesse interrogatório. Tem os melhores advogados do país. Não dou uma semana para todos esquecerem o assunto", explicou, com sinceridade.

E, realmente, aquilo desapontava Lex. Ficava imaginando que, afinal, aquela manchete podia manchar o nome do pai, mas não por muito tempo. Pelo menos, ele seria mais cuidadoso e ficaria um pouco distante de assuntos escusos. A única coisa que Lex queria, era que Lionel parasse de tentar impedi-lo de alcançar suas metas. E, tudo indicava que ele o estava forçando a jogar um jogo cada vez mais difícil e perigoso, para ambos, e para todas as pessoas que nele se envolvessem. Fitando Clark, Lex ficou imaginando se ele sabia o quanto aquilo estava se tornando grande demais para ser contido.

"Pelo menos existem pessoas como essa tal de Lois Lane", disse Clark, não conseguindo conter o pensamento nela, "que parece disposta a trazer a verdade à tona".

"É uma boa menina", disse Lex. "Esteve aqui para me fazer algumas perguntas. Achou que eu podia ter alguma coisa a ver com o assassinato do tal Sands".

"E teve?", perguntou Clark, com as sobrancelhas arqueadas, já adivinhando a resposta.

"Se tivesse, Clark", respondeu Lex, com um pequeno sorriso, "era meu nome que estaria aqui no jornal".

"Diga uma coisa Lex", interveio Clark, aproveitando o momento, "você tentaria manipular alguém para ter uma reportagem a seu favor?"

A pergunta era óbvia. Parecia que faltava alguma coisa naquela reportagem de Lois Lane e, Clark tinha uma estranha sensação de que Lex Luthor estava por trás, talvez pela sua passividade ao ver o nome do pai manchado num crime de assassinato e num suicídio, e pelos fatos que não haviam sido trazidos à tona, como o livro que Sands escrevia, e cujo conteúdo ainda era um mistério.

"Por favor, Clark", disse Lex, sorrindo, "não insulte minha inteligência".

Os dois sorriram. Clark acreditava em Lex. Sabia que era pouco provável que ele tivesse algum envolvimento na morte de Sands. Para Clark, era inconcebível pensar em Lex envolvido num assassinato. Não era de sua natureza. E por mais que fosse difícil que fosse, Clark também não acreditava que o amigo tivesse a intenção de prejudicar o próprio pai, por mais que este se mostrasse disposto a acabar com a carreira e a vida do filho. Mas também sabia que muitas coisas haviam mudado. Desde Belle Reve, Lex andava diferente. E Clark ainda se questionava se ele havia mesmo perdido parte de sua memória, se Lex era o mesmo de sempre e se a sua excessiva desconfiança poderia um dia arruinar sua amizade.

Olhando, então, para o Diário Planeta sobre a mesa, viu o nome de Perry White, como o novo editor-chefe, e não podendo esconder a surpresa, perguntou, também com a intenção de desconversar:

"Você viu? Perry White é o novo editor-chefe do Diário".

Lex deu uma olhada de relance para o cabeçalho do periódico, onde constava o nome dele.

"Pois é", disse ele, "para você ver como são as coisas, Clark. Uma hora o sujeito parece um fracassado, outra, ele tem o mundo aos seus pés".

Clark levantou as sobrancelhas, como se não entendesse o comentário.

"Ele tem a chance da vida dele", explicou Lex, percebendo que Clark não compreendia sua visão. "Como a ave fênix da mitologia, que renasceu das próprias cinzas. Só cabe a ele, agora, saber aproveitar o momento".

Clark sorriu, satisfeito com o esclarecimento. De certo modo, era bom, pensou. Perry White era uma pessoa que havia sofrido muito e, sabia que era incorruptível, que era um homem em busca da verdade. O Diário Planeta estaria em boas mãos.

...

No dia seguinte, em Metrópolis, Cat e Lois finalmente haviam encontrado tempo para comemorar as boas novas. Uma grande mudança estava para suceder nas suas vidas. Catherine podia voltar a trabalhar sossegadamente no Diário Planeta como a chefe da Coluna de Fofocas, sem mais ouvir ameaças de que seria demitida por causa do artigo contra os Luthor e, por causa do artigo sobre o assassinato de Peter Sands, Lois Lane agradou o novo editor-chefe, Perry White, que lhe deu uma bolsa para estágio.

"Esse vai ser o primeiro ano do resto de nossas vidas, Lois", disse Cat, que abria uma garrafa de espumante.

"Estou feliz, Cat", comento Lois, sem muito entusiasmo, segurando a taça vazia, "mas um pouco indignada pelas edições que fizeram no meu artigo".

Catherine se sentou ao lado da amiga e lhe deu apoio:

"Eu sei como é difícil ver seu trabalho mutilado, Lois", disse-lhe. "Mas Perry White é um bom homem, e nós duas sabemos que não havia mesmo como publicar o seu artigo mencionando o teor do livro do Sands ou mesmo que Lionel poderia estar envolvido no roubo do material do armário da rodoviária. Não há provas de que Peter estava mesmo escrevendo sobre Lex Luthor. Isso tudo, ao final, não ia dar em nada, e você só ia se prejudicar".

"Além do mais", continuou ela, "a primeira coisa que você aprende na faculdade de jornalismo, é nunca inventar notícia, pois, enquanto não houver provas daquilo que você escreveu, aquilo tudo é inventado e você só vai acabar arcando com um tremendo processo nas costas, por calúnia e difamação!"

"É", concordou Lois, pensativa. No seu íntimo, todavia, ela sabia que mais dia, menos dia, ela descobriria o que ainda estava por trás daquela sujeira toda. Ainda a intrigava a visita de Lionel, em Smallville, quando lhe disse que o filho escrevia uma autobiografia e esse poderia ser seu motivo para matar Sands, e a inquietava, mais ainda, tentar descobrir, quem, afinal, estaria com o envelope com todo o acervo a respeito de Lex Luthor. Tomando um gole do espumante que Cat lhe servira, Lois sabia que traria, um dia, tudo aquilo à tona, e não descansaria até descobrir a verdade sobre os Luthor que, por mais que libertasse Lionel das acusações, sabia ela, tinha a ver com a morte do amigo Sands.

...

Não muito longe do apartamento de Cat Grant, Lionel Luthor saía acompanhado do motorista e segurança e de alguns advogados, da delegacia de polícia de Metrópolis, onde era cercado por repórteres. Bill Hendersen, que o havia interrogado, observava o movimento, pela porta da delegacia.

"Malditos repórteres!", exclamou.

"Nada a declarar", disse Lionel, entrando na sua limusine, enquanto seus advogados iam para seus próprios carros.

Do seu aparelho de televisão, Lex Luthor via, em sua mansão, em Smallville, a repercussão do interrogatório do pai no caso Sands. Como Lionel não deu oportunidade aos repórteres, este correram em direção a Hendersen, que se limitou a dizer que Lionel não tinha nada a ver com o assassinato do jornalista ou com o suicídio de Samuel Stiles, e que as investigações estavam encerradas. Deu-lhes as costas e voltou para a delegacia, sob protestos dos repórteres insatisfeitos.

Lex sorriu, como se já soubesse que daria naquilo, e desligou a televisão com o controle remoto. Depois, abriu o laptop que estava sobre sua mesa e abriu o documento no qual trabalhava nos últimos meses, sua autobiografia, que se intitulava: "Simplesmente Brilhante: Lex Luthor".

Enquanto isso, em Metrópolis, depois de deixar a delegacia de polícia, Lionel encaminhava-se para seu apartamento, onde podia descansar, finalmente, daquelas últimas horas. Estava com um semblante calmo e áustero. Olhou, então, para sua valise, que estava ao seu lado no banco. Abriu-a e lá dentro estava o envelope que Stiles havia roubado do armário da rodoviária, com todos os documentos importantes que Peter Sands havia juntado a respeito de Lex Luthor. Lionel apenas sorriu, e fechou a valise.

FIM