O MUNDO DE METRÓPOLIS

Thriller de suspense envolvendo um repórter decadente e Lois Lane, que retorna à Smallville para investigar um assassinato depois dos acontecimentos nas FanFictions "Lois Lane" e "Alice". Estória original, parcialmente inspirada em "The World of Metropolis", de John Byrne e "Lex Luthor: An Unauthorized Biography", de James Hudnall.

* Nota explicativa: Trata-se de uma estória cujo único propósito é o de entretenimento, não havendo intenção de infringir os direitos autorais das obras nas quais foram inspiradas, sendo, inclusive, diferentes das mesmas, não modificando-se, porém, na sua essência

O Mundo de Metrópolis - Parte 1

Jonathan e Martha Kent estavam sentados do lado de fora do gabinete da xerife Parker, enquanto esta conversava com a única testemunha do incidente na estrada. Marido e mulher abraçavam-se angustiados com as acusações que recaíam sobre Clark. Os minutos passavam lentamente, até que a xerife abriu a porta, e um sujeito vestindo uma camisa xadrez e um boné de baseball saiu da sua sala.

"Deixe o seu endereço completo e telefone para contato com o policial Stone, na saída", disse-lhe ela, enquanto ele ia atravessava o corredor da delegacia até um balcão onde o referido policial o esperava.

O casal Kent se levantou e, ansiosos, olharam para a xerife, na expectativa de ouvir alguma boa novidade.

"Tudo bem, Sr. e Sra. Kent", disse ela, com sua calma de sempre, colocando quepe. "O Sr. McCallister não viu nada que pudesse comprometer o seu filho".

Lágrimas rolaram pelas faces de Martha Kent, que buscou consolo no ombro do marido, que a abraçou e lhe beijou a testa. Apesar da comoção que se instalava, a xerife fez uma ressalva, com a firmeza que lhe era peculiar:

"No entanto, quero falar com o seu filho mais uma vez".

"Na nossa presença", retrucou Jonathan.

"Claro", concordou ela, já que da primeira vez que o interrogou, também foi na presença deles. "Ele é de menor".

A xerife Parker, então, levou-os até uma sala onde havia um guarda na porta. Por ser menor de idade, Clark Kent não podia ser colocado atrás das grades de uma cadeia. Abriu a porta e o casal entrou logo atrás dela. Ao verem o filho sentado à uma mesa, correram ao seu encontro. Clark se levantou e os abraçou e beijou.

"Sentem-se, por favor", disse a xerife, apontando as cadeiras para os Kent. Tirou o quepe, colocou-o sobre a mesa e se sentou com uma folha de papel e lápis na mão. "Clark", disse, então, calmamente, "vou ter que refazer algumas perguntas".

Bastante frustrado, ele consentiu, não sem antes olhar para o pai, que balançou afirmativamente a cabeça, no sentido de que ele devia concordar com os termos da xerife, já que tudo indicava que Clark podia sair dali a poucos instantes.

"Muito bem", disse ela, após as formalidades, "pode me contar tudo, desde o início?"

Olhando para os pais e depois para a xerife, Clark recontou a estória, desde o começo:

"Estava escuro. Eu voltava na caminhote do meu pai, pela estrada que dá acesso à mansão Luthor. Havia acabado de sair do Talon, onde fazia um trabalho da escola com alguns amigos meus", disse e, antes que a xerife interviesse para que ele repetisse os nomes dos tais amigos, Clark continuou: "Pete Ross, Chloe Sullivan e Lana Lang".

Enquanto a xerife tomava nota pela segunda vez, ele prosseguia:

"Eu estava indo ao encontro do Lex. Não tinha hora marcada, nem nada", explicou, já que a xerife o havia advertido de que fosse detalhista. "Somos amigos e assim como ele aparece na minha casa quando quer, faço-lhe visitas quando posso".

"À caminho da mansão Luthor", continuou Clark, "no exato trecho do cruzamento do seu acesso, notei que, um pouco mais à frente, havia algo estranho. Um poste de luz estava com a lâmpada quebrada, e eu me lembro que na semana passada, quando passei por ali, carros da Prefeitura estavam trocando todas as lâmpadas daquele trecho. De repente, percebi que havia um carro parado no acostamento, bem abaixo do poste sem luz. Seu faróis estavam acesos e a porta do lado do motorista, aberta. Estacionei a caminhonete a uns quinze metros de distância do veículo aparentemente abandonado e desci para ver o que tinha acontecido. Ao me aproximar, no entanto, percebi que não havia ninguém por perto, por mais que eu chamasse. Olhei à volta, e vi algo do outro lado da rua, a mais uns dez metros de distância. Corri para perto e vi o corpo desse sujeito, deitado de bruços. Virei-o, imediatamente, para saber se ainda respirava, e se aind apodia socorrê-lo, mas havia sangue saindo de sua boca. Minhas mãos umedeceram e descobri um ferimento nas suas costas. Ao ver que um caminhão vinha pela estrada, tentei fazê-lo parar, mas ele deve ter se assustado ao me ver com as mãos sujas de sangue e o corpo na beira da estrada".

Clark olhou para os pais e, no seu íntimo, ficou imaginando como eles deviam estar sofrendo. Lembrou da cirurgia que Jonathan havia feito há pouco tempo e, como aqueles acontecimentos podiam abalá-lo. Respirou fundo, e prosseguiu:

"Como eu não estava com celular, fiz o caminho de volta, pois sabia que tinha um telefone público não muito longe dali. Liguei para a delegacia e voltei para o local do crime, para esperar a chegada da viatura".

A xerife Parker permanecia tomando notas. Era a segunda vez que Clark contava a estória, sem modificar uma única vírgula, e ainda assim, ela fazia questão de anotar tudo como da primeira vez.

"E foi isso o que aconteceu", concluiu ele, esperando que ela o liberasse o quanto antes. Era arrasador para Clark ver seus pais submetidos àquela situação. Martha e Jonathan se olharam, emocionados, e seguraram a mão do filho, que aguardava a manifestação da xerife.

"Tudo bem, Clark", disse, então, a xerife. "O motorista do caminhão confirmou que você parecia estar pedindo ajuda e que nada mais viu além do que você me contou. Não posso mantê-lo aqui sem uma acusação formal", explicou ela. "A arma do crime nem ao menos foi encontrada".

Clark se levantou e olhou aliviado para os pais, que sorriam, sentindo-se muito mais traqüilos com o fato de que o filho não teria que ficar detido na Delegacia.

"Mas sugiro que você fique por perto. Posso precisar de mais alguns detalhes", disse a xerife, concluindo o termo de inquirição.

...

Não havia aula naquela manhã no Smallville High, mas Chloe estava trabalhando no editorial do The Torch, quando Clark chegou.

"Puxa, Clark", disse ela, surpreso ao vê-lo àquela hora. "Caiu da cama?"

"Chloe, um homem foi morto ontem à noite na estrada", disse-lhe ele, repentinamente. Chloe, que sempre acreditava estar à par de todos os acontecimentos mais recentes, arregalou os olhos e perguntou detalhes do ocorrido. Ainda não havia visto nada a respeito no jornal do dia.

"Não quero ter que repetir a estória, mas penso que a xerife Parker deve achar que sou o suspeito principal por ter sido o primeiro a encontrar o corpo", explicou.

"Que absurdo!", exclamou Chloe, surpresa com a revelação.

"A xerife me liberou numa boa, mas ainda não está satisfeita. Não há provas concretas que comprovem a autoria do crime".

"E a arma usada?", indagou ela. "Será que não tem como conseguir as digitais?"

"Não foi encontrada arma alguma. Mas uma coisa é certa, foi uma arma de fogo", respondeu Clark, "a perícia ainda está investigando qual o tipo do revólver e o calibre".

"A vítima é daqui?", perguntou ela.

"Não", respondeu Clark, enquanto Chloe o ouvia atentamente. "Isso é o mais curioso. O sujeito vinha de Metrópolis e, ao que tudo indica, parecia estar indo até a mansão Luthor".

"Qual o nome dele?", perguntou Chloe, cada vez mais intrigada com o caso. "Talvez eu encontre alguma conexão."

"Peter Sands", respondeu Clark.

Chloe se encostou na cadeira e cruzou os braços, com um sorriso no canto dos lábios. Visivelmente surpresa, ficou pensativa, e antes que o amigo perguntasse se ela já tinha ouvida falar dele, ela disse:

"Peter Sands é, ou melhor, era um repórter decadente que já trabalhou para diversos jornais, como o Inquisitor e o Daily Star. Ele é famoso por seus artigos infames, de crimes horrendos e envolvimento da política com o crime organizado. Mas já faz muito tempo que ele andava sumido. Parece que estava escrevendo um livro ou algo parecido".

"Faz idéia do que ele podia estar fazendo em Smallville?", perguntou Clark.

"Não sei", respondeu ela. "Mas posso assegurar que boa coisa não é".

Continua...