11- E eles viveram felizes para sempre...

         Gina se espreguiçava na cama como uma gata e resmungava os ruídos típicos de quem acorda cheio de preguiça. Esticava as pernas, sentindo o lençol macio sob si e respirando lentamente. Tinha tido um sonho estranho e bom... Sonhara que tinha casada com Draco Malfoy. Imagine só! Casar com o Malfoy... Ah! Mas ele beijava bem... E fazia tudo muito bem... Sonho muito bom mesmo...

Paft!

         - Ai! – alguém berrou.

Seu braço, ainda se esticando pelos ares, havia batido em algo que não devia estar naquela cama e muito menos estar gritando. Ela pulou sentada com os olhos bem abertos pelo susto.

- Draco?! – ela disse e imediatamente começou a rir. – Desculpe, machucou?

Ele a olhava assustado e tinha um enorme vergão vermelho na barriga. Estava sem camisa e o tapão de Gina o tinha atingido em cheio e desprevenido.

         - O que você acha? – ele disse meio sem ar e ainda acordando.

         Ela ainda ria, ria... Então não tinha sido sonho! Esta mesmo casada com Draco Malfoy! E tinha batido nele também... "Logo na primeira manhã de casados Gina...", ela ralhou consigo mesma.

         - Desculpa mesmo! – ela passava uma das mãos nos cabelos loiros totalmente bagunçados (afinal, ninguém acorda de arrumadinho...) e a outra ela quis por na barriga dele, mas ele se contraiu imediatamente.

         Cócegas, ele tinha um problema com cócegas. Gina ainda não sabia disso e ele não pretendia deixar que ela soubesse.

         - Você faz isso sempre quando acorda? – ele disse já totalmente desperto e fazendo graça. – Porque, se faz, me avisa pra eu dormir com uniforme de quadribol a partir de amanhã...

         - Eu achei que tinha sonhado tudo isso... – ela disse com um sorriso tolo e ainda olhando com pena para a barriga branquela, agora avermelhada, do recém esposo.

         - É... – ele sorriu presunçoso – Eu sou mesmo um sonho!

         Gina riu e deu-lhe uma travesseirada, mas parou cautelosa quando percebeu que Draco ainda mantinha a mão sobre o lugar que ela tinha batido.

- Foi tão forte assim? – ela indicou o abdômen de Draco com os olhos.

Ele fez uma tamanha cara de manha que Gina quase de um suspiro e disse "Owwwww... Que fofo!", mas se conteve bem a tempo de ouvir a resposta dele:

- Ainda está doendo!

Ela fez um movimento rápido e logo estava sentada por cima dele, sorrindo insinuante.

         - Deixa eu dar um beijinho que sara... – antes que o louro pudesse protestar ela já estava com os lábios colados na sua barriga, dando beijos estalados.

         Ele não pôde evitar e começou a rir. A gargalhar descontroladamente. Gina  olhou- o absolutamente incrédula.

         - Draco Malfoy, eu não acredito que você tem cócegas!

Draco e Gina estavam casados. E esse era só o primeiro dia...

***

         Os dias (e as noites) na Grécia passaram depressa e foram muito bem aproveitados pelos recém casados. Nunca o ditado "tudo que é bom dura pouco" teve um exemplo tão verdadeiro: Antes que pudessem perceber já estavam de volta às suas vidas na Inglaterra. Mas a vida não era nem de longe parecida com a que eles tinham deixado para trás. Eles eram o Sr. e a Sra. Malfoy e não era tão fácil assim se acostumar com esse papel, por mais apaixonados que eles fossem.

         A casa estava limpa como um convento quando eles chegaram e os elfos estavam enlouquecidos querendo ser úteis o tempo todo. Gina teve um pouco de dificuldade para se adaptar a posição de "dona de elfos domésticos". Era criaturinhas tão fofas! E ela sempre tinha simpatizado com o FALE... Mas Draco nem queria ouvir falar de libertar os servos (e os elfos também não gostavam dessa idéia), então ela não tinha escolha senão se adaptar. Não foi tão difícil...

         - Mikka, traga um copo de leite, por favor? – ela nunca abandonou o "por favor" e o "muito obrigado" no trato com os elfos. Draco achava isso uma tolice de mulher, mas respeitava.

         Outro ponto que precisou de um certo esforço até que todos se adaptassem foram às visitas da família Weasley à mansão. Molly sempre queria ajudar a limpar a cozinha e, devido a isso, aconteciam escândalos fenomenais entre os elfos. Ela achava ruim ter que ficar "inútil" na casa da própria filha mas Draco a tratava com tanto cuidado e atenção quando ela e Arthur os visitavam que ela demorou, mas se acostumou. Fred e Jorge desenvolveram uma preferencia especial por testar seus novos inventos na sala de estar dos Malfoy e, por isso, Draco relutava em recebê-los.

         Eles já tinham quase dois anos de casados, quando Hermione e Rony fizeram uma visita inesperada. As visitas desse casal Weasley ("Tem TANTOS!", Draco costumava dizer) eram sempre estranhas. Mione e Gina ficavam conversando animadamente, enquanto Draco e Rony davam risadas amarelas e bebiam qualquer coisa pra não ter que ficar conversando. Quando, em dias de rara boa vontade dupla, eles conversavam, o assunto era sempre uma das notícias do Profeta Diário ou o andamento do campeonato de Quadribol.

         Mas dessa vez era diferente. Hermione estava mais alegre do que Gina jamais tinha visto e o sorriso de Rony ia de uma orelha a outra e ele parecia feliz até mesmo ao ver Draco. O casal Malfoy não demorou muito para descobrir a razão da visita e de toda aquela felicidade.

         - Grávida?! – Gina disse e logo em seguida abraçou Hermione efusivamente. – Mas isso é maravilhoso!

         Draco olhou sem graça para o cunhado enquanto as mulheres se cumprimentavam. A idéia de um bebê de Weasley e Granger lhe dava milhões de idéias para dizer, mas nenhuma delas era apropriada para o momento. A maioria absoluta consistia em ofensas e brincadeiras de mal gosto, que ele preferiu deixar pra lá. "Há!", não pode deixar de rir-se por dentro, "Um ruivinho de cabelo ruim! CO-MI-CO demais pra ser verdade...".

Ronald quebrou o silêncio.

         - Como se sente sendo um futuro titio, Malfoy?

         - OQUE?!

         Rony sorriu maldosamente e Hermione aproximou-se do marido, dizendo:

         - Claro! Aposto que você vai ser o titio preferido do neném, já que você nos deu de presente a cama onde ele foi feito... – ela disse sorrindo ironicamente.

         "Oh...", seu estômago reagiu mal a essa idéia. Ele não tinha pensando nisso. Era meio repulsivo. Mas saber que não havia ligação de sangue entre eles era reconfortante. Ele tentou lembrar-se disso todas vezes que Hermione vinha visita-los, com aquela barriga cada vez maior...  Quando Richard Weasley nasceu (Não ruivo de cabelos crespos, mas castanho de cabelos lisos. Para a total decepção do "titio"...), em uma tarde quente de agosto, Draco acabara de concluir seus estudos na universidade.   Suas notas, sempre altas, fizeram com que ele recebesse um convite da Universidade para lecionar em um dos cursos para iniciantes. Ele se recusou veementemente. O máximo que ele aceitou foi participar de pesquisas especiais e muito esporádicas para o Instituto de pesquisa da Universidade, ainda sim, ele só o aceitou, porque isso permitia que ele se mantivesse informado sobre as novas descobertas no campo das Artes das Trevas.

- Eu disse pra Gina que ela tinha casado com um vagabundo... – provocou Rony quando ficou sabendo que Draco não tinha aceitado o cargo de professor.

- Eu não preciso de um emprego, Weasley, eu tenho dinheiro de sobra pra ser um vagabundo por mais 600 anos. – ele disse maldosamente – Estou fazendo um favor a aquela Universidade de lhes dizer tudo que eu sei sobre Magia Negra.

- Você fala como se soubesse grandes coisas sobre o assunto... – Rony alfinetou. Ele sempre tinham esse tipo de conversa "amigável" quando as suas esposas não estavam presentes e, nesse dia, elas tinham saído com Molly.

Draco pensou antes de responder.

- Eu não sei muita coisa, há pessoas que sabem muito mais do que eu. Mas a maioria delas esta morta, então eu ainda estou prestando um favor para o mundo bruxo dizendo o que eu sei a respeito.

Rony resmungou alguma coisa e depressa o assunto tinha mudado para o campeonato de Quadribol.

***

         Pouco mais de um ano de passou...

         O acontecimento mais celebrado do mundo mágico aconteceu: "O nosso querido Menino-Que-Sobreviveu casa-se no próximo mês com Parvati Patil, a bela astróloga de cabelos negros" - dizia a manchete da revista O Semanário Mágico. Draco ficou com um inevitável ciúmes, porque o casamento de Potter teve mais repercussão que o seu...

         - "Bela astróloga de cabelos escuros"?! – Draco disse erguendo os olhos displicentemente da revista – Não seria melhor "Vidente charlatã, bunduda e com cara de indiana"?

         - Que maldade! – ela disse com cara de quem concordava com a "maldade" – Controle sua língua no casamento, Draco! Eu não quero vexame...

         Voltando seus olhos para "O Semanário Bruxo" novamente, o louro disse distraidamente.

         - Não vai ter nenhum vexame da minha parte, com certeza....

         Gina desconfiou do ar de sinceridade com que Draco falou, era tão sincero que parecia suspeito. Ele estava disposto a não fazer nada de ruim no casamento de Harry? Isso estava além da compreensão de Gina. Ela ainda esperou que ele dissesse alguma coisa para explicar mas, nos minutos que se seguiram ele se manteve calado, lendo a revista de fofocas.

         - Pelo amor de Merlin, Draco! – ela disse quando não conseguiu mais se agüentar – O que você quer dizer?

         Ele fitou-a com curiosidade, sorriu e disse calmamente:

         - Eu não posso arrumar confusão no casamento do Potter simplesmente porque eu não vou estar lá.

         E ele não foi mesmo. Não tiveram argumentos, brigas, ameaças ou choros que fizessem Draco mudar de idéia. Mas ele não proibiu que a esposa fosse e, para ela, isso já foi suficiente.

***

         No final daquele ano Gina terminou seus estudos de Medi-Bruxaria, e formou-se enfermeira. Sua intenção era trabalhar no St. Mungus e Draco não gostou nada dessa historia. Gina não podia dizer que estava surpresa...

         - Draco, eu me formei pra ter um emprego, e não pra colocar um diploma na parede!

         - Qual o problema de diplomas na parede? – Draco disse apontando o seu, que estava pendurado em uma moldura elegante na parede da biblioteca – Você não vai aceitar esse emprego ridículo de enfermeira e está acabado!

         - Você não manda em mim! – ela deu um sorriso vitorioso - Eu vou trabalhar, já aceitei o emprego e, pra sua informação, começo na semana que vem!

         - Você NÃO VAI! – ele começara a abandonar sua postura contida e Gina sabia que o próximo passo era o histerismo completo.

         Ela deu de ombros e, antes de sair pisando duro pelo corredor, provocou:

         - Me amarre no pé da mesa então, Sr. Malfoy!

         Vontade a ele de fazer isso não faltou, mas ele não teve coragem. "E de qualquer forma ela desaparataria...", ele pensou antes de desconsiderar totalmente a hipótese. E Gina acabou indo trabalhar sob a reprovação e o olhar duro do marido...

         Ela trabalha todas as manhãs, desde as 7 até o meio dia, com os injuriados que não tinham mais cura (esses casos sempre a tinham impressionado muito). E, quando voltava, tinha que ouvir Draco reclamar que era ridículo que ela trabalhasse e ele ficasse em casa, que estava pegando mal (ele dizia isso porque Rony e os gêmeos não cansavam de fazer piadinhas sobre o Draco ser a "dona-de-casa").

         - Arrume um emprego! – ela estava irredutível. Passara a infância inteira prometendo a si mesma que não seria uma mulher do lar como sua mãe, que formaria uma família mas nunca abdicaria de trabalhar. E nem mesmo seu marido conseguiria faze-la desistir disso.

         Dada a teimosia da ruiva, Draco não teve outra opção: ou aceitava o emprego na Universidade e recuperava seu orgulho masculino, ou era motivo de chacota na família Weasley por todo o sempre. Um mês depois de Gina começar a trabalhar no St Mungus Draco assumiu o cargo de professor de Estudo das Maldições Imperdoáveis. E, afinal, ele acabou gostando de ensinar detalhadamente à "aqueles futuros aurores medrosos", como funcionavam as maldições que tornaram sua família tão famosa.

***

         O filho de Hermione e Rony tinha acabado de fazer 2 anos quando Harry anunciou que ia ser papai. Ele deu a notícia pessoalmente a todos, em um almoço de família para, justamente, comemorar o aniversário de Richard. Draco quase vomitou (e fez questão de deixar todos perceberem seu asco diante da noticia).

         - Eles deixam esse tipo de gente procriar?! – ele cochichou com Gina enquanto Harry recebia os cumprimentos. – Eu espero não precisar que ter contato com as criancinhas chatas que o Potter e a vidente vão por no mundo.

         - O que você tem contra crianças? – ela disse com o olhar úmido e ofendido

         - Nada ora... Só que elas podem ser bem chatinhas, e se tratando de um filho do Potter a coisinha vai ser insuportável.

         Gina pareceu mais ofendida e Draco não estava entendendo nada, ela ia falar mais alguma coisa, quando eles foram interrompidos pela voz forçosamente suave de Hermione.

         - Diga obrigado para o titio Draco pelo presente que ele trouxe pra você Richard... – ela segurava o menino, que segurava uma espécie de prisma, que tocava uma música suave e, quando movido, emitia uma luz colorida. A criança parecia fascinada com o objeto.

         Gina sorriu imediatamente ao ver o sobrinho e nem notou que Draco ergueu a sobrancelha ao ouvir "titio Draco". Hermione repetiu mais uma vez a frase para o filho e este tirou a atenção do brinquedo e balbuciou alguma coisa como "digadu tio daco" e as duas mulheres quase se derreteram e Draco ergueu ainda mais sua sobrancelha.

         - Mione, venha aqui pra gente brindar o herdeiro do Harry! – berrou Rony do outro lado da sala.

         - Segura o bebê pra mim um minutinho... – ela disse colocando rapidamente a criança no colo da pessoa mais próxima e virando-se para ir ao encontro de Rony e Harry do outro lado da sala.

         "Porque eu?!", pensou o louro com o sobrinho nos braços, "Eu mato essa sangue ruim por essa gracinha!".

         Draco se sentia totalmente desconfortável, nunca tinha segurado um bebê antes (e esse, que já não era tão "bebê" assim, estava bem pesado). Richard não estranhou o colo novo, estava muito entretido desarrumando o cabelo do titio pra reclamar.

         - Olha querido ele gostou de você! – Gina exclamou querendo conter o riso.

         - Dá pra você pegar essa criança, Virgínia?! – ele pediu quase desesperado.

         Gina olhou-o docemente enquanto Richard mexia na gola da camisa de Draco. Ele pediu mais uma vez e ela estendeu os braços para pegar o sobrinho, mas a resposta da criança foi segurar no pescoço de Draco com força e resmungar em desagrado.

         - Owwww! – ela ronronou – Quer ficar com o tio Draco, Rick? – ela dirigiu-se ao marido – Viu Draco, ele quer ficar no seu colo!

         - Ah, mas que OTIMO! Se ele cair no chão a culpa não é minha... – ele concluiu em tom de ameaça.

         Mas Hermione voltou depressa demais para que a criança "caísse".

***

         Naquela noite, de volta a mansão Malfoy...

         - Assuma que você gosta do Richard! – Gina ainda ria pela cara de Draco quando o sobrinho grudou em seu pescoço. – Não é tão difícil assim, assuma!

         - Ah, eu ADORO o filho da sangue ruim! – ele disse totalmente irônico. – Eu sou mesmo um cara que tem tudo a ver com crianças, por isso elas me amam!

         - Sabe Draco, - ela disse tirando os sapatos e sentando na cama - , um dia você vai dar um bom pai...

         Draco riu enquanto tirava camisa, cuja gola fora devidamente amarrotada pelo bebê. Ele olhou significativamente para o estrago feito pelo sobrinho antes de jogar a camisa em um canto.

         - Eu ia precisar me acostumar em ter minhas roupas destruídas e meu cabelo desarrumado. – ele disse mantendo o sorriso divertido.

         Gina sorriu timidamente e disse um pouco mais baixo que o normal.

         - Nove meses são suficientes pra você se acostumar?

         Ela nunca viu os olhos de Draco ficarem tão arregalados e azuis quanto ficaram naquela noite.

***

         Gina só cedeu aos apelos de Draco para que ela parasse de trabalhar quando estava com quase nove meses completos. A desculpa dela era de que, quando o bebê nascesse, ela teria que parar de trabalhar por um bom tempo. O enxoval foi todo providenciado por Gina e Molly, que cuidaram de todos os detalhes, até da decoração do quarto (que seria o antigo quarto de Draco).

         - Compramos tudo branco. Se for menino, transfiguramos para azul e se for menina para cor-de-rosa. – Molly explicou gentilmente ao ver a cara de desagrado de Draco pelas roupinhas, lençóis e até cortinas brancas.

         - Azul e rosa?! – ele reclamou – Podíamos tentar algo mais... verde.

         - Verde?! – Gina berrou indignada e tirou a cabeça do guarda-roupas onde organizava os sapatinhos de lã  - Nosso bebê nem nasceu e você já esta querendo coloca-lo na Sonserina, Draco? – ela reclamou.

         - É de família, Gina, você vai ver... – era quase uma ameaça.

         Ela, que já tinha abandonado o armário, voltou-se revoltada para a mãe.

         - A senhora esta ouvindo isso, mãe? – ela levou as mãos as ancas, agora bem arredondadas pela gravidez em estágio avançado.

         Molly riu e desvencilhou-se, indo em direção a saída do quarto.

         - Eu não tenho nada a ver com isso, vocês quiseram casar, agora se entendam... – ela disse dando uma risada muito parecida com a de Rony.

         Quando ela saiu Draco sorriu amigavelmente, desfazendo a cara amarrada da esposa. Não estava com vontade de brigar, ainda mais por um motivo tão bobo. "Todos os Malfoys foram pra Sonserina, porque ela acha que meu filho vai ser diferente?!". Ele fez um sinal pra que ela parasse o que estava fazendo para sentar-se em seu colo, a única poltrona do quarto.

         - Você vai agüentar a nos dois? – ela brincou passando os braços em volta do pescoço de Draco.

         - Acho que posso tentar... – um beijo depois ele voltou a falar – Tem uma coisa sobre a qual nos ainda não falamos.

         - O que? – ela passava a mão delicadamente pelo cabelo de Draco.

         - Como vamos chamar o bebê!

         Ela fez uma expressão totalmente surpresa e riu em seguida.

         - Nosso filho tem quarto, tem roupas e nem tem nome!

         - "Nosso filho"? Você acha mesmo que vai ser um menino, não é?

         Gina ficou séria e balançou a cabeça.

         - Vai sim! Eu sinto que vai, as mães sempre sabem! E a Parvati disse...

         - A vidente do Potter?! – ele interrompeu – Eu prefiro confiar em você, Gina.

         - Bem, - ela disse em tom de mudança de assunto - se você tocou nesse assunto de nomes é porque pensou em algum.

         - É... – Draco confirmou balançando a cabeça vagarosamente.

         - E então? – ela incentivou com a curiosidade estampada no olhar – Em que nome você pensou?

         O sorriso de Gina morreu quando ela ouviu a resposta. Ele não estava falando serio, ia rir e dizer "calma, Virgínia" a qualquer momento. Ele estava demorando demais pra rir, na opinião de Gina, não se fazia uma brincadeira dessas com uma grávida.

         - Eu não estou brincando. – ele disse acabando com as esperanças de Gina.

         - Tem que estar! – ela se pôs de pé – Como é que você quer que meu filho se chame Lúcio?!

- É o nome do meu pai, Virgínia. – ele disse, ainda sentado, com uma calma que contrastava com a histeria de Gina.

- Eu SEI que é o nome do seu pai! Draco! Se nós vamos por o nome do pai de alguém vai ser o do MEU pai que é um homem de bem.

Draco fechou a cara, bufou quase imperceptivelmente, e cruzou os braços.

- Se o bebê não vai ter o nome do meu pai não vai o nome do seu... – "Era o que faltava eu ter um Arthurzinho andando pela casa!". Ele se arrependia de ter começado aquele assunto.

         Gina abriu a boca, mas não disse nada. Draco aproveitou para voltar a falar.

         - Eu não quero brigar com você. Fazemos assim, eu escolho o primeiro nome e você escolhe o segundo. Desde que os nomes dos nosso pais fiquem de fora...

         - Oh... – ela sorriu e voltou a sentar no colo do marido, dando-lhe um beijo carinhoso – É uma idéia perfeita!

***   

César, da parte de Draco. Augusto, da parte de Gina.

César, "porque é um nome de imperador, é respeitável e forte".

Augusto, "porque que é delicado e soa bem quando se fala".

Tanto Draco quanto Gina ficaram muito satisfeitos com a escolha desse nome. os dois se achavam muito espertos e demoraram para descobrir o quão enganados estavam. Quando tinha quase 9 anos, o menino cismou de mexer nos álbuns de fotos antigos das duas famílias e acabou por descobrir que tinha uma história interessante por trás da escolha de seu nome.

Ao ver as fotos antigas, ele foi apresentado ao "vovô Lúcio", que não sorria, apenas piscava e observava com um olhar esperto. Gina sempre achou que seu primeiro filho tinha um olhar muito parecido com aquele, ela não sabia se tinha mesmo ou se era uma impressão causada pelos olhos cinzentos do garoto (De qualquer modo o Chapéu Seletor deveria ter a mesma opinião, porque gritou "Sonserina!" na seleção de César). Ele leu alegremente o que estava escrito logo abaixo do rosto do pai de Draco: Lúcio César Malfoy aos 18 anos. Gina olhou para Draco surpresa e teria brigado com ele se, logo após, o menino não tivesse encontrado uma foto de seu querido "vô Arthur" com a mesma idade. Arthur Augusto Weasley.

César nunca entendeu porque seus pais riram tanto naquele dia.

***

         César A. Malfoy nasceu na madrugada de um dia 10 de abril. Fazendo de Gina uma mãe muito feliz e de Draco um pai muito assustado, chocado e feliz. O menino nasceu grande, rosado e saudável.

– Um verdadeiro Malfoy – gabou-se Draco.

"Um verdadeiro Malfoy" que definitivamente parecia ter o bom humor dos Weasley, já que vivia rindo para todos. Era verdadeiramente uma criança adorável e curiosa (as prateleiras e gavetas da mansão Malfoy que o digam).

- Você pagou bem a sua língua venenosa, hein Malfoy! – disse-lhe animadamente Rony, quando foi conhecer o novo sobrinho.

E Draco, pela primeira vez não tinha uma boa resposta. E de que importava? O louro estava ocupado demais babando no seu filho ruivinho e rechonchudo para se preocupar com as provocações do outro ruivo.

***

Gina ainda tentou voltar ao trabalho em St Mungus, mas na semana em que ia retornar descobriu-se grávida novamente, César contava então com dois anos. Draco acabou por convencê-la definitivamente que duas crianças pequenas precisavam de uma mãe em casa em tempo integral.

Quando a barriga de Gina começou a ficar muito maior do que a de Hermione (que esperava seu segundo filho na mesma época), a possibilidade de ser mais de um bebê começou a se tornar uma certeza. Draco ficou apavorado. Gêmeos? Gêmeos como Fred e Jorge? Isso lhe parecia tão medonho que ele preferiu acreditar que era um bebê bem grande. Mesmo que para isso, tivesse que acreditar que o bebê seria grande como o Hagrid.

O dia de descobrir se era um pequeno Hagrid ou novas versões de Fred e Jorge chegou de forma ruim. Gina passava muito mal, as dores eram muito piores do que na primeira vez e os medi-bruxos estavam preocupados. Era uma manhã chuvosa de novembro quando Gina, desesperada prometeu, em nome de Merlin, que se ela e o(s) bebê(s) sobrevivessem a isso ela colocaria o nome da criança de Tom, caso fosse menino. Não era uma promessa que fizesse muito sentido, mas as coisas não fazem sentido algum quando nós achamos que vamos morrer.

E ela estava com muito medo.

Draco ficou segurando a mão dela o tempo todo, mas estava mais assustado que Gina, apenas não demonstrava.

Afinal, tudo correu bem, apesar do trabalho de parto de quase 12 horas. E não era um bebê gigante, as previsões de Molly (experiente nesse negócio de gêmeos) se confirmaram com mais força do que qualquer um podia prever. Não eram apenas gêmeos, eram trigêmeos. Draco precisou de atendimento médico pra se recuperar do choque.

Amanda, nasceu primeiro. Tinha olhos castanhos e simpáticos, e fartos cabelos vermelhos cacheados. Sempre foi muito divertida e ativa. Tão ativa que pediu um vassoura de presente em seu aniversário de 8 anos (claro que o papai comprou a mais cara). Com 13 anos ela entrou no time da Grifinória, como batedora, e foi a melhor batedora desde Fred e Jorge. Alia, ela se tornou (ao lado de Richard Weasley) a maior fã das Gemialidades Weasley.

         Elisabeth foi a segunda a nascer, e ninguém nunca realmente a chamou de "Elisabeth". Era apenas Elis para os pais, os irmãos e os amigos, ela gostava de deixar as pessoas pensarem que esse era seu nome verdadeiro. Ela herdou os olhos azuis da avó paterna e os cabelos platinado do pai. As vezes com ciúmes, os irmãos a acusavam de ser a queridinha do papai. Não que fosse verdade, mas ela representou muito bem o clã Malfoy na Sonserina (os únicos Grifinórios com que ela falava eram seus irmãos, e ainda sim não o fazia com freqüência em tempos de aula).

         E o terceiro foi um menino difícil de nascer, e que fez Gina pagar a promessa que fizera. Um menino loiro que tinha profundos olhos castanhos. Ele se parecia um pouco com Rony, porque era desajeitado e divertido. Mas era um mais tímido do que todos os tios, nisso lembrava muito a mãe. E da mãe herdou também a vocação para a Grifinória. Era perceptível que Gina tinha muito mais cuidado na educação moral desse filho. Sim, ela sabia que era só um nome, mas de qualquer forma era bom ficar vigilante quando de tratava de um Tom...

***

         As crianças Malfoy nunca deram aos seus pais muitos problemas, só aquela fase de pequenas birras e brigas que as crianças normais sempre enfrentam. Além, é claro, as discussões entre irmãos que se intensificaram muito depois que todos entraram em Hogwarts. A disputa Grifinória X Sonserina era o carma da família sem sombra de dúvidas e, por mais que quisessem, os pais não ficavam imparciais por muito tempo. Nada que fosse um grande problema...

         A única coisa de fora do normal que aconteceu foi o pequeno ataque de nervos que Draco teve quando César voltou de Hogwarts, em seu segundo ano, trazendo um amiguinho para passar o Natal. Gina já sabia que ele o faria, mas sempre se dirigia ao garoto como "um coleguinha do nosso filho". Um "coleguinha" de cabelos espetados e negros, olhos muito verdes e pele ligeiramente bronzeada.

         - Pai, esse é o James, meu amigo da escola.

         - Bom dia Sr. Malfoy. – o menino estendeu a mão ostentando um simpático sorriso – É um prazer conhece-lo, meu pai já me falou muito do senhor.

         - Aposto que falou...

         Draco quase surtou, mas acabou por se acostumar com a amizade de seu filho com James Potter, o filho do seu eterno inimigo. "Pelo menos ele está na Sonserina...", Draco ponderou com uma pitada de maldade ao pensar na decepção de Harry em ter um filho na casa que ele tanto detestava. Quando teve esse pensamento, nem pensou que ele devia pensar o mesmo sobre Tom e Amanda, seus dois filhos grifinórios. 

***

         Depois do nascimento dos trigêmeos, a piada entre os irmãos Weasley era um bolão de apostas onde a pergunta era: Gina e Malfoy vão superar Molly e Arthur em números de filhos?

         - É impressionante como vocês são engraçadinhos... – dizia Gina, que perdia a paciência antes de Draco com esse assunto – Eu não vou superar a mamãe.

         - Se você tem tanta certeza porque não aposta? – disse Fred com o tom de voz que usava para convencer os clientes mais resistentes.

         - Valor mínimo: 1 galeão. – riu-se Carlinhos, que já tinha apostado que Gina ia superar a mãe.

         Ela apostou; sete galeões. E Draco apostou mais sete. E os irmãos Weasley consideraram aquela uma posta ganha. Cometeram um erro, porque Gina recusou-se terminantemente a ter mais filhos, embora Draco não achasse a idéia tão ruim assim...

Anos depois, quando o casal Malfoy lhes lembrou da aposta, eles tiveram que pagar galeão por galeão...

***

         - Draco...?

         - Hummm....?

         - Está acordado?

         - Hummm... Agora que você me acordou, sim. O que é?

         - Ah... nada, esquece.

         - Você me acordou a toa, Virgínia?!

         - Não, eu achei que você estava acordado... Desculpe vai! Não precisa ficar de mau humor!

         - Não estou de mau humor, só fui acordado no meio da madrugada e queria saber o motivo! Ora essa...

         - Humf...

         - Você não vai dizer o que é?

         - Não tem mais clima, Draco!

         - Clima?!

         - É seu grosso, eu ia dizer que te amo! Humf!

         - Não dava pra esperar até amanhã de manhã?

         - Ora! Então até amanhã Malfoy!

         - ... Weasley?

         - O que é?

         - Eu amo você também.

         - É, eu sei. O que seria de você sem alguém pra te acordar de madrugada?

         - Engraçadinha...

         - Boa noite, Draco.

         - Boa noite, Virgínia.

         E eles viveram felizes para sempre...

***

Nota da Autora: Esse capítulo é em homenagem a algumas pessoas que foram muito especiais para que eu escrevesse essas fics:

Amanda, minha beta 24 horas por dia, sete dias por semana. Obrigada pelas listas de supermercado! Que a força esteja com você!

Elis, uma das minhas primeiras leitoras e minha crítica mais feroz. *risos*

Os Ricardos, que não precisaram ler as fics, porque tiveram que ouvir tudo com detalhes e agüentar minhas crises de falta de confiança. Vocês são muito metal! *risos*

OBRIGADA para todos que me escreveram, falaram comigo no msn ou que simplesmente leram. Eu gostaria de escrever todos os nomes de vocês aqui, mas esqueceria de um monte de gente, então, se você está lendo isso esse recado é pra você também.