Nota da autora: Desculpe a demora. Mesmo .. Estava com um bloqueio enorme e metade da fic escrita .. bem, este é o ultimo capítulo desta série. Mas não se preocupem, Via Cruci terá continuação. É só eu ter mais inspiração

Capítulo VI – Partie

Maquiagem feita e mais algumas instruções dadas era hora de se encontrar com Lúcio. O loiro o estava esperando em frente às portas duplas do "dormitório". Vestido com um smoking impecavelmente elegante e de corte antigo, a longa cauda revelando um tecido de aparência brilhosa e leve, verde-escuro, contrastando pouco com o preto da parte de fora do casaco e calças. Rendas venezianas adornavam o pescoço longo e pálido, os cabelos presos na nuca por uma fita de veludo, as mãos enluvadas em branco se apoiavam solenemente em uma bengala escura e traziam também algo a mais.

- Parece que não errei ao escolher o tipo de roupa para você, não, Highwind? – sorriu, se aproximando e deixando a bengala com o escocês de praxe. Uma coleira de couro foi revelada, apenas segundos antes de Lúcio a ajustar perfeitamente no pescoço do menino e, dizendo algumas palavras em latim, puxar da argola de prata no centro uma fina corrente. Estendeu a mão, recebendo a bengala. – Vamos? A festa já começou.

Entraram em uma carruagem e, contrariando todas as expectativas de Mikael, se distanciaram um pouco do grande castelo, indo em direção a um caminho estreito perto do labirinto. Quando saltaram, o menino se viu em uma clareira, à sua frente um lago refletindo fragilmente a luz do luar. Estava prestes a indagar algo quando prendeu a respiração, arregalando os olhos.

Algo parecido com um coche enorme emergia da margem do lago, as gotas prateadas escorrendo pela superfície perolada em forma de concha, indo parar ora entre os vários e intricados adornos em ouro puro, ora entre os inúmeros buquês de flores e pérolas. Puxando tudo isso, presos a fios de um metal prateado que Mikael não conseguira distinguir, estavam seres que chamaram ainda mais a atenção do garoto do que a carruagem propriamente dita. Longe de parecerem sereianos, longe de parecerem sereias trouxas, estavam deitados na superfície de cascalho, ainda na parte de dentro do lago, criaturas com metade do tronco humanóide que se transformava, suavemente, em algo parecido com uma cauda. Tinham a pele em um tom de verde muito claro, as extremidades passando para um azul mais escuro e finalmente roxo, os olhos amendoados tomados por inteiro por íris douradas, sem qualquer resquício de sobrancelha, orelhas em formato de barbatanas que terminavam em espirais longas, cabelos em uma trança longa e lilás, gelras se acentuando aonde deveriam ser seus pulmões, no peito. Suas caudas seguiam o esquema de cores do corpo, só que agora cobertas por escamas finas e de aparência sedosa, se transformando, gradualmente, em uma substância imaterial, como um pó ou fumaça mágica. Tinham também um par de asas azuis quase transparentes, de um tecido orgânico parecido com o das asas de borboletas, salpicadas de um brilho prateado.

Para registrar tudo isso mentalmente, Mikael dispôs de muito pouco tempo: fora praticamente empurrado para dentro da carruagem. Como se um chicote imaginário tivesse estalado, os dois seres começaram a puxar a "concha" para dentro do lago. Por um segundo o menino esqueceu de que era bruxo e se preocupou em como o ar se manteria com as "janelas" abertas, mas não teve tempo para perguntar. Ao contrário da aparência externa pequena do lago, o interior dele era colossal. Vários tons de azul e verde se misturavam com as listras magicamente prateadas do luar, indo para tons de quase todas cores possíveis em peixes e seres de água doce, o que o menino achava paradoxal, já que não via aonde terminava aquele lago, o que o dava um quê de marinho. Quando voltou seu olhar para o centro do assoalho, seu queixo caiu ainda mais: Dentro de algo parecido com um semi-círculo de cristal muito límpido, estava ancorado um gigantesco navio antigo, com velas abertas e luzes de todas as cores adornando todas as escotilhas e o convés.

- Impressionante, não? Este refúgio foi gentilmente doado por um excêntrico que é apaixonado por navios e piratas e toda esta baboseira. Mas devo admitir que ele fez um ótimo trabalho, tanto que é o anfitrião desta festa há doze anos. – Lúcio comentou, observando a expressão de quase estado de choque de Mikael.

A carruagem penetrou no "cristal" como se ele fosse líquido e então o menino percebeu que estavam dentro de uma grande bolha de ar e soube para que serviam os pares de asas das criaturas. Pousou silenciosa e delicadamente no convés quase vazio, mas iluminado com capricho, deixando seus passageiros a bordo do navio e voltando novamente para as águas do lago.

Uma moça maravilhosa e parcamente vestida com flores de diversas cores abriu uma das portas duplas para o salão que se ligava com o convés.

Esplendor. Isso resumiria tudo que o garoto pensou em uma palavra apenas. O chão, de um mogno tão brilhante que poderia ser preocupante para uma dama com vestido, estendia-se por debaixo de um teto semi-abobadado, claramente vitoriano, coalhado de pequenos lustres de cristal, coadjuvando um imenso ao centro que, sozinho, era maior que a carruagem na qual haviam viajado.

As paredes que ele pôde ver por entre os braços e cabeças que faziam uma espécie de valsa caótica no salão, eram recobertas de uma espécie de veludo verde-musgo com desenhos em prateado que pareciam remeter à antiga Constantinopla.

Debussy podia ser ouvido por todos os cantos, mas de forma distante. A música melancólica e sombria quase impedia os presentes de dançarem.

Duas longas mesas ricamente decoradas erguiam-se paralelas, com a mais variada sorte de alimentos. Mesas, cadeiras, estofados. Tudo perfeitamente normal para uma festa vitoriana.
A não ser por aquelas jaulas com barras de prata que podiam ser vistas ao longe. E foi essa visão que levou Mikael a conter seu impulso por examinar o ambiente e reter-se nas pessoas. Ele então percebeu que havia muito pouco de clássico naquela festa.

Havia couro de mais, vinil de mais, para aquela comemoração ser considerada normal e ao acordes do piano sobrepunham-se alguns estrépitos, gemidos e gritos tépidos.

Nos lugares mais distantes do lustre principal, a luz começava a avermelhar-se. Uma mulher ruiva com os cabelos elegantemente desarrumados passou à sua frente com um par de botas de vinil que iam até sua virilha. Fora essas botas apenas duas grossas tiras de couro vestiam-na, saindo juntas do meio de suas pernas, escondendo parcialmente os seios e passando sobre os ombros. Numa coleira, ela carregava seu acompanhante: Um homem forte de longos cabelos e fraque de couro roxo.

E aquele sequer era o casal mais estranho da festa. Aliás, era impossível dizer o que era mais estranho naquilo tudo. Bach começou a soar pelo lugar. Apesar de ter uma mente que não condizia com a idade e talvez por estar ainda levemente afetado pela dor e pela poção, o garoto não conseguiu assimilar completamente o que acontecia entre aquelas pessoas de maquiagem pesada que conversavam alegremente.

Um grito atraiu seu olhar enquanto ele era conduzido até uma mesa. Ele viu sangue espirrar e uma mulher beijando sua companheira. Sobre cada uma das mesas repousava um fino chicote de couro negro com um laço vermelho. Presentes?

Um elfo doméstico vestindo vermelho e uma mordaça passou correndo murmurando algo como "Limpar! Limpeza! Limpar!".

Lúcio sussurrou algo em seu ouvido como "se apresentar ao anfitrião" e puxou a corrente prateada fazendo Mikael quase cair, esquivando-se com facilidade de duas garotas orientais de cabelos curtos e pretos, vestindo um kimono estilizado. Gêmeas, um pouco mais novas que Mikael, os tornozelos atados a mesa de uma mulher de saltos fisicamente impossíveis de tão finos. Gritos mais altos, mais gente a sua frente e, num piscar de olhos, Mikael se viu ajoelhando em frente ao que parecia ser um trono. Não podia levantar a cabeça para ver quem era, alguma força invisível o mantinha naquela posição. A voz de Lúcio pode ser ouvida.

- Lord Grey. – pela pausa, o menino adivinhou a reverência. – Que amável festa o senhor montou este ano, não? Conseguiu ser melhor do que a do ano passado.

- Malfoy. – nenhuma reverência nem no timbre da voz rouca e baixa, mas ainda assim firme. – Sim, sim, acho que subestimei minhas capacidades. Deveria ver logo o Paraíso, está com um número bem maior de atrações do que antes. Mas então, este é seu novo escravo?

- Sim. Mikael, pode se levantar. – a força dos joelhos do menino voltou e ele se pôs de pé, levantando o rosto.

Um homem que não aparentava ter mais que trinta anos, vestindo um terno de corte moderno, mas em veludo vermelho. Os cabelos eram lisos e negros escorriam até o estofamento do trono, também escarlate.

- Uma bela aquisição, huh? – e ergueu um pouco o rosto de Mikael com o chicote de montaria que empunhava. – Aonde conseguiu?

- O comprei de uma das famílias que estavam em dívida comigo. – riu baixinho, as mãos enluvadas passando pelas costas do garoto. – Mas estou com planos de oficializá-lo como meu escravo, ele tem muitas características interessantes... – e o sorriso nos lábios finos do loiro se alargou.

- Bem, espero que tenha mesmo, ouvi dizer que você troca de escravos como de roupa. Ademais, o do ano passado não era muito divertido, era? Eu digo, ele ficava só parado, não dizia nada, assim não tem muita graça... Pois bem, vou parar de detê-lo aqui. Vá aproveitar a festa e, quando for a sua vez lá embaixo, eu quero que me chame. Vai ser uma cena que gostaria de ver.

Se despediram e Mikael foi mais uma vez puxado pela coleira até uma das mesas, onde Lúcio se sentou, o fez ficar em pé ao seu lado e tocar o chicote que estava na mesa. Um menino pouco mais velho que Highwind, trajando nada mais que uma coleira de vinil preta e orelhas e cauda de gato que o moreno duvidou que fossem partes da fantasia, serviu um copo de absinto para Lúcio e sussurrou algo em seu ouvido. O loiro fez que sim com a cabeça.

- Preciso cumprimentar algumas pessoas, mas não é preciso que venha. De qualquer forma é melhor que fique, assim a surpresa será ainda maior. Não saia daqui. Você tem permissão para sentar e aceitar bebidas, mas não ordens de qualquer pessoa que não esteja com esta medalha aqui. – e mostrou um broche em forma de cruz que estava preso na lapela do smoking. – Voltarei e é melhor que esteja bem. Qualquer coisa, aperte o chicote e pense em uma frase curta. É um tipo de comunicador entre mestre e escravo, para evitar abusos.

Mikael fez que sim com a cabeça e se sentou, cruzando as pernas e pegando instintivamente uma taça de conhaque que um elfo doméstico ostentava em uma bandeja. Bufou, correndo os olhos pela festa. A música, apesar de ser claramente clássica tinha um fundo eletrônico, dando um ritmo até dançante. Mestres observavam com orgulho as performances de seus escravos na pista: uma dupla de garotos vestidos em vinil preto e branco dançavam quase que identicamente, os cabelos curtos e castanhos e os olhos fixos um no outro. Roçavam os corpos pálidos, entreabrindo a boca para emitir gemidos que a música abafava e então davam voltas e passos lentos e ritmados. Uma das gêmeas orientais efetuava passos tipicamente japoneses, o rostinho muito sério enquanto se contorcia empunhando um leque de lâminas afiadas. O pequeno garçom não foi o único licantropo que Mikael viu naquela festa: um rapaz de aparentes vinte anos, cauda e orelhas de raposa se esfregava descaradamente em outro, menor, com pequenas asas de morcego e cauda de dragão, as faíscas que giravam em torno dos dois era um mero adorno à dança.

- Hey, você! – uma voz feminina estridente o bastante para arrepiar Mikael. Ao virar o rosto viu uma ruiva alta, usando um body fechado de couro vermelho que terminava em saltos, carregando um adolescente de pele azul semi-transparente, envolto em um manto com estampa persa. – Não estava com o Malfoy?

- Ainda estou, só que ele teve que resolver algumas coisas... – os olhos opalescentes procuraram a medalha e ele suspirou de alívio ao não encontrar.

- Hn, não importa. É uma pena mesmo ele ser de um ranking tão alto... – e ela caminhou até o menino, estendendo a mão enluvada para tocar o rosto pálido, mas parou a um três centímetros. – Eu não posso nem encostar em você. Mas também, se fosse meu escravo, não duraria nem ao primeiro raio de sol de hoje. Não é, Deenar? – ela sorriu sadicamente para o adolescente, que apenas abaixou a cabeça. – Bem, cuide-se. – riu e jogou um beijo, irônica, se afastando rapidamente.

Passaram-se umas duas horas daquela festa e Mikael já estava ficando entediado de observar as pessoas, mesmo que fossem tão diferentes das quais ele convivia, cansado das abordagens de pessoas de ranking mais baixo que ou xingavam a si mesmo ou a Lúcio por não poderem fazer nada. As poucas pessoa que tinham a medalha que vinham falar com ele não faziam muita coisa, dizendo que estavam esperando o "tão falado show" que Malfoy prometera. Depois do quinto vinho, seu "senhor" voltava novamente, sorrindo.

- Vamos, não temos mais tempo a perder. – e pegou-o pela corrente, conduzindo-o entre as pessoas. Mikael estava mais que nervoso, que show era aquele?

Desceram uma escada em caracol para entrarem em outro ambiente, com as paredes pintadas de vinho e várias mobílias nada normais: Mais um trono, várias cadeiras com estofado de veludo, um tipo de cama de metal, mas sem estrados, com correntes penduradas, um cavalete em forma de cruz, um móvel que era para trancar as mãos e a cabeça, entre outras coisas, e, num canto, um "palco" com cortinas pesadas também em vinho. Algumas pessoas que estavam no recinto deram uns gritinhos e murmúrios quando Lúcio passava com seu "escravo" até subirem no palco. Malfoy deu um sorriso largo e acenou com a varinha para as cortinas, indo até o meio.

- Meus caros espectadores. Chegou a hora do pequeno show que lhes prometi, mas antes vamos apresentar meu mais novo escravo... – e puxou Mikael para frente. O menino estava aterrorizado, sentindo as pernas formigarem. – Este é Mikael Highwind, sim, daquela famosa e decadente família. Vêem, ele ainda não foi treinado, não está de joelhos como devia, talvez com uma punição ele aprenda.

Depois de vários risinhos, Lúcio se postou atrás do menino e murmurou um feitiço, passando a varinha pelas suas vestes. De repente, o espartilho, a saia e o short caíram no chão. Mikael ficou mudo, com os olhos arregalados. As bochechas ficaram vermelhas rapidamente e ele tentou se mover, mas não conseguia, seu corpo estava inteiramente paralisado. A vergonha tomou conta de sua mente afastando o mantra de não perder a dignidade, até sua auto-estima cair no buraco.

- Vejam que belo prêmio eu ganhei! – a voz de Malfoy ecoava pelo salão, todos escutando atentamente, enquanto o loiro passava a mão pelo corpo do menino, como se mostrasse um troféu. – Ele está sendo difícil de treinar, mas agora vamos ver se ele aprendeu com esta lição. De joelhos, Highwind.

E, literalmente, num passe de mágica, Mikael sentiu seu corpo novamente e, imediatamente, se ajoelhou, a cabeça baixa, as mechas do cabelo quase ocultando sua face. Ouviram-se aplausos e gritinhos por parte da platéia. Mikael sabia que o melhor agora seria obedecer as ordens de Lúcio, por pior que sejam, senão, qual humilhação seria a próxima?

O loiro então apontou a varinha pro cavalete em forma de X no salão e ele sumiu, se materializando no palco. Depois apontou a varinha para uma das paredes e ela se abriu, revelando todos os tipos de chicotes, correntes, algemas e arreios que qualquer pessoa poderia imaginar, numerados.

- Pegue o chicote número três Highwind. Engatinhando. – pode-se se ver um sorriso sádico nos lábios do loiro. Mikael não conseguia acreditar, mas, com todas as forças do corpo, se pos de quatro e foi até o painel, pegando o chicote, quando Malfoy disse, bravo.

- Com a boca.

O menino esbravejou, quase um rosnado e abocanhou o punho do chicote, trazendo-o para Lúcio, que o pegou e fez um afago em sua cabeça, como um cão.

- Bom menino, bom menino. – sorriu de novo. – Só por isso vai ganhar vinte chicotadas em vez de quarenta. Para o cavalete! De costas...

Mais uma vez Mikael obedeceu, suspirando, sua auto-estima mais que no fundo do poço, as lágrimas quase correndo pelo rosto alvo. Se postou diante do cavalete, como Lúcio queria e as correntes prenderam seus pés e mãos. Ele ouviu seu senhor se aproximar, colando o corpo ao seu e sussurrando.

- Quando eu lhe der uma chicotada, conte e diga "obrigado, mestre". É assim que deve ser, senão... – ele riu, os lábios roçando em seu ouvido – Mais uma humilhação... – e passou os dedos pela nuca dele, que ardeu. –E você não quer isso, quer, meu escravo? – riu e se afastou, tomando sua posição. A platéia esperava ansiosa.

Quando a primeira chicotada bateu em suas costas, ouviu-se um gemido de dor. "Um, obrigado, mestre". Duas, três, a dor ia aumentando a cada chicotada, o lugar onde batia ficando cada vez mais vermelho, assim como seu rosto. Tamanha humilhação, não sabia o que era ("Dez, obrigado mestre") pior, aquilo ou qualquer outra coisa imaginada por Malfoy. No fim das chicotadas, suas costas ardiam muito e sentiu um pouco de sangue escorrer.

- Ora, e não é que meu escravo está se saindo bem? – mais risadas. Conjurou agora aquele aparato que prendia mãos e cabeça e mandou Mikael ir até lá. O menino foi quase não agüentando e então foi preso. Tentava lembrar o mantra de Ganymede, mas não conseguia, sua cabeça só estava na dor e humilhação. Ouviu Malfoy ir de novo ao painel e pegar outra coisa, que os espectadores viram como um algo parecido com uma raquete, em madeira escura e entalhada com um "M". Mikael soube logo para que servia, ao levar a primeira pancada nas nádegas. Pelo menos não deveria contar desta vez.

Depois de inúmeras "palmadas", o menino foi liberto, ficando novamente de joelhos.

- Para terminar... – e houve um murmúrio lamentoso na platéia – Eu quero que beije minhas botas e declare o quanto está grato pela lição que dei hoje, Highwind.

Era o fim. Mikael rastejou até Lúcio, o corpo dolorido e cansado para fazer qualquer coisa, não pensando em nada senão em terminar tudo aquilo. Se postou em frente ao loiro e curvou-se para beijar suas botas.

- O-obrigado, mestre. Por me ensinar a não ser tão insolente e pela ótima lição que me deu hoje. – balbuciou as palavras e desmaiou, no meio do palco.

Horas mais tarde acordou em seu quarto, as botas já haviam sido retiradas, sobraram cicatrizes nas pernas, costas e nádegas, além do corpo estar quase dormente. Estava vestindo um tipo de camisola creme, com rendas vitorianas. Nanny estava a seu lado

- O senhor Malfoy está a sua espera no quarto, senhor Highwind... é melhor se apressar.

O menino fez que sim com a cabeça e se levantou, ainda sentindo as costas arderem. A porta do quarto contíguo estava aberta, então viu Nanny desaparecer. Havia um perfume de canela e especiarias no ambiente e as luzes estavam diminuídas. Lúcio estava já na cama, com as cortinas abertas.

- Venha aqui, Mikael. – e o menino foi, se sentando em frente ao loiro, um pouco afastado. Malfoy se inclinou e o pegou pelos braços, fazendo-o sentar-se em seu colo. – Tão arisco... será que as lições de ontem não bastaram? – uma ponta de irritação em sua voz, mas ela voltou a ser calma e ele ficou afagando os cabelos do menino – Tão belos, seus cachos... – falou em tom sonhador. – Você sabe qual será sua próxima punição, meu garoto? – e Mikael fez que não, quase tremendo. Não gostava nem um pouco do tom afável de Lúcio. – Tesoura. Nele todo. Em tudo o que resta de orgulho em você. E é claro, se não bastar, sempre teremos Violaine... – o garoto tremeu de novo, o fitando pela primeira vez.

- O-o que mais o senhor quer que eu faça? Já não lhe bastou ontem? – ele falou com a voz trêmula, respirando pesado. A resposta que recebeu foi um beijo quase violento, Malfoy o apertando com os braços e em seguida rolando na cama para ficar em cima do menino. Ele sorriu

- Isso já não é uma resposta? – e começou a beijar e morder o pescoço exposto de Mikael que gemeu baixinho. Era pior do que pensava.