Título: Luz e Sombras

Autora: Sissi

Disclaimer: Inuyasha não é meu, e sim, da Rumiko Takahashi. O enredo, por outro lado...

Notas da Autora: ainda estou viva!

Capítulo VIII

oOoOoOoOo

O zumbido persistente das abelhas fora da janela, as quais batiam contra o vidro a cada cinco minutos, não permitia Kagome dormir. Sua cabeça fervilhava de idéias, de imagens e de culpa. Seu corpo, ou melhor, seu pequeno coração batia furiosamente dentro de seu peito, e, mais uma vez, ela se perguntou por que ele não decidira descansar quando houve aquele acidente que retirara a vida de sua família. Os corações de sua mãe, de seu irmão e de seu avô decidiram que era hora de parar por um instante. Por que o seu teve que ser desobediente? Ela pousou uma palma da mão sobre o tórax, logo acima da região onde seu coração se localizaria. Com um suspiro, ela sentiu a ponta de seu coração tocar firmemente a parede do seu peito, rápido, forte e teimosamente.

Seu coração, tão pequeno, mas tão teimoso... Como ela. Kagome quase sorriu com este pensamento. Realmente, se os corações das pessoas refletissem as almas delas, então, o coração do doutor Sesshoumaru provavelmente seria tão frio quanto o gelo, e talvez, tão duro quanto o concreto. Ela subitamente franziu a testa, e seus lábios fizeram uma careta.

- Não, Kagome, não pense assim... – Ela disse para si mesma.

Ela podia facilmente imaginar sua mãe olhando-a com reprovação, mas agora, tudo sumira. Sua mãe, sua voz, seu calor... Tudo. Ela virara memória. Nada mais.

- Eu só queria...

Seus lábios se tocaram, formando uma linha reta, para não se abrirem mais. Kagome fechou os olhos, - afinal, qual era a utilidade deles, se ela não mais enxergava? – e sentiu uma lágrima quente escorrer pela sua face. Ela limpou seu rosto com as costas de sua mão, e com surpresa, descobriu a manga de sua roupa já totalmente molhada.

- Droga, - ela murmurou.

Kagome levantou o rosto para a porta quando ouviu algumas batidas contra a madeira. Com um suspiro, ela colocou um sorriso no rosto, e levantou os ombros, pronta para enfrentar o mundo, com apenas sua alma e seu coração como armas.

Se ela sairia vencedora, isto era um outro problema. Provavelmente não.

Passos rápidos se fizeram soar, e num instante, a outra pessoa estava do seu lado, pousando uma mão quente sobre a sua, que estava gelada. Kagome quase se encolheu com o toque.

- Senhorita Kagome Higurashi?

- Sim? – Ela respondeu.

- Vim levá-la para fazer o exame de tomografia computadorizada. Por favor, acompanhe-me.

A enfermeira colocou seu braço em volta dos ombros de Kagome, e com uma leve pressão, ajudou-a a se levantar. Kagome sentiu os dedos leves da enfermeira tocar a bainha de sua roupa, ajustando-a. Com um outro movimento leve, Kagome se viu de pé e do lado da outra garota, que cheirava a folhas alçadas no ar, dançando com o vento frio carregado de orvalho.

Ela cheirava a outono.

- Pronta?

Kagome não podia dizer não, podia? Afinal, a outra garota gastara parte de sua energia e tempo para colocá-la de pé. Assim, com as costas um pouco retorcidas, ela começou a mover os pés um de cada vez.

Direita, esquerda, direita, esquerda...

Enquanto Kagome andava, seu coração deixava para trás um rastro vermelho de sangue.

oOoOoOoOo

As portas do elevador se abriram, e Rin se viu perdida no andar. Ela virou o rosto para um lado, e depois, para outro. Tudo parecia igual, as mesmas portas, a mesma parede, e, se ela não olhasse diretamente no rosto das pessoas, pareciam ser as mesmas pessoas: nervosas, tensas, cabisbaixas. Ela franziu a testa.

- Para onde eu vou? – Ela começou a caminhar com passos lentos e leves. Quando ela avistava alguém, virava imediatamente de costas, e se punha a cantarolar, como se estivesse admirando o prédio. As pessoas não a detinham, e Rin, com toda a sua ingenuidade, pensava que era uma ótima atriz.

Rin parou diante da porta do banheiro aberto para os familiares. Esta era a sétima porta que ela passava, e o cenário à sua volta não mudava. Ela mordeu o beiço, e olhou o chão, pensativa. Sua barriga havia começado a roncar algum tempo atrás. Pousando sua mão direita sobre seu abdome, ela tomou uma decisão: encontraria comida primeiro, e depois, conheceria o local, e quem sabe, fazer novos amigos.

Ela levantou o rosto quando sentiu o aroma de molho de tomate no ar, juntamente com o cheiro de massa cozinhada e água. Ela lambeu os lábios, e se escondeu atrás de um vaso com uma árvore da felicidade. Ela puxou as folhas para o lado, e lambeu os lábios novamente. O som de rodas metálicas a se arrastar pelo piso gelado e duro chamou-lhe a atenção. Ela se encolheu contra o vaso, e viu, com olhos semicerrados, que uma enfermeira empurrava um carrinho com vários pratos tampados. Seus olhos, ágeis como os de uma águia, seguiam sua pessoa.

Ela observou como ela batia de leve nas portas dos diversos quartos, sempre cumprimentando pacientes desconhecidos. Ela empurrava o carrinho para dentro do aposento, e alguns minutos depois – uma eternidade para o seu estômago, diga-se de passagem – reaparecia, sempre com dois ou três pratos a menos.

- Por favor, vá ao banheiro ou algum parecido, - ela implorou em voz baixa.

A enfermeira, como que para desafiá-la, continuou o seu trabalho assobiando alegremente pelo corredor. Rin bateu de leve a palma de sua mão contra sua testa. Nesse exato momento, seu estômago decidiu intervir.

- Comida... – Rin sussurrou, e seus olhos quase ficaram turvos de lágrimas. Se ela não comesse logo, Rin jurava que iria desmaiar por inanição. Sentindo, do fundo se seu âmago, uma coragem nunca antes sentida ( exceto por aquela vez em que ela se escondeu no banheiro feminino e fizera todas as enfermeiras se preocuparem até a morte ), ela saiu de seu esconderijo, e seguiu a enfermeira responsável, naquele momento, pelo almoço dos pacientes.

Seus pés, pequenos e ágeis, seguiam a sombra da enfermeira, passo por passo. Sua respiração era cautelosa, e não fazia barulho algum. Ainda bem que ela não pegara nenhuma gripe, ela pensou consigo mesma. Além de ter dores pelo corpo, provavelmente ela já teria espirrado umas quinhentas vezes, e seu nariz não lhe daria sossego. Franzindo a testa, Rin perscrutou as costas da moça, que se moviam ritmicamente.

Suspirando pela nonagésima vez, Rin encolheu os ombros e continuou a vigiar a moça empurrando o carrinho cheio de pratos quentes que poderiam, quem saber, preencher o vazio de seu estômago.

oOoOoOoOo

Kagome e a enfermeira, a qual se chamava Kaoru, andaram até o elevador. Lá, elas esperaram até que as portas se abrissem, e uma vez lá dentro, Kagome se viu perdida no prédio. Ela sabia que estavam descendo, mas para qual andar, ela não fazia a mínima idéia. Ela podia sentir um frio na sua barriga. Tudo era estranho sem sua visão. Engolindo em seco, Kagome rezou baixinho para que tudo acabasse o mais rápido possível. Ela não gostava de fazer exames, da dor penetrante da picada de uma agulha, ou o ronco assustador de máquinas gigantes que conseguiam enxergar até a parte mais profunda de seu corpo. Nenhum ser, vivo ou não, deveria ser capaz de enxergar até as partes mais profundas de uma outra criatura.

Kaoru, a qual assobiava baixinho, parecia não perceber o conflito interno de sua companheira. Ela apenas sorriu para a outra garota, que se mostrava muito quieta e contida. Parecia até que ela era uma estátua. Não era bom ficar triste, ela pensou, e abrindo ainda mais o sorriso, ela tocou a face da jovem, a qual arregalou os olhos.

- Vamos, anime-se.

Kagome mordeu o beiço.

- Por que você está tão triste?

Kagome fechou os olhos, e uma lágrima escorreu pelas suas faces. Kaoru arregalou os olhos, e rapidamente, desculpou-se pela sua pergunta estúpida. Ela estava em um hospital, afinal de contas. Estar num local como este, em que nada parecia familiar já deixava qualquer um desconfortável. Kaoru pousou uma mão sobre o ombro de Kagome.

- Me desculpe, por favor. Eu...

Kagome balançou a cabeça, forçando um sorriso em seus lábios.

- Está tudo bem. Eu... Vamos fazer logo essa tal de tomografia?

A enfermeira suspirou, aliviada.

-Claro.

oOoOoOoOo

Rin não podia acreditar! Como era possível que um ser humano pudesse agüentar ficar andando por tanto tempo assim, sem precisar descansar ou ir ao banheiro? Ela olhou de esguelha o sapato de salto alto da enfermeira, e franziu a testa. O salto deveria ter pelo menos uns dez centímetros de altura. Como ela podia não se cansar?

Ainda com a cara amarrada, Rin se pôs atrás de um outro vaso. Com suas pequenas mãos, ela empurrava sua franja para o lado, a fim de ver melhor. Dava certo, pois seu rosto já estava com um pouco de suor, principalmente na testa e ao longo de seu nariz. Ela lambeu os lábios, e espremeu os olhos para ver melhor a cena, e para pensar em um plano.

Nada.

Sua mente estava vazia, sem um pingo de criatividade. Rin bateu a mão na sua testa, e o estalido chamou a atenção da enfermeira. Rin arregalou os olhos, e se espremeu por trás do vaso, machucando um pouco as suas costelas.

- Ai meu Deus...

Ela mordeu seu beiço, que tremia um pouco. Ela se esforçou ao máximo para ficar parada como uma estátua: seus pulmões pararam sob seu comando, porém, infelizmente, seu coração não lhe dava ouvidos, e batia cada vez mais forte à medida que a moça se aproximava de seu esconderijo.

- Oh não... – ela sussurrou para si mesma. Rin podia sentir gotas de suor escorrendo de sua têmpora, e cair sobre a gola de sua camisola hospitalar. Ela fechou a boca, cerrou os dentes, e piscou os olhos uma, duas, três vezes. Seu coração não lhe dava sossego, e ela sabia que passaria mal se algo não acontecesse imediatamente.

Como um relâmpago, Rin pulou de trás do vaso, rolou no chão, levantou-se rapidamente com a ajuda de seus pequenos, porém fortes braços, e saiu em disparada. Ela podia sentir suas pernas arderem com o extremo esforço, mas ela não deu bola para a dor. Seus olhos varreram o corredor, e se depararam na primeira porta à direita. Ela girou a maçaneta da porta, e entrou no quarto, batendo-a atrás de si. Seu corpo todo escorregou para o chão à medida que o cansaço tomava conta de seu corpo. Sua respiração era ofegante, e ela passou as costas de sua mão sobre sua testa.

- Essa foi por pouco, - ela comentou, e seus lábios formaram um grande sorriso. Sua mente estava extremamente viva após o jato de adrenalina que havia sido liberado no seu sangue, e ela se sentia eufórica, pronta para uma outra grande aventura.

Talvez esta não fosse a melhor das idéias, pois logo em seguida, Rin ouviu vozes perto do quarto, e sentiu a maçaneta da porta girar. Com um salto, ela se escondeu embaixo da cama, perto da parede. Com o rosto pálido, ela esperou, e esperou, e esperou...

oOoOoOoOo

Kagome estava deitada numa mesa, e com uma espécie de capacete metálico e volta de sua cabeça, que, teoricamente – pelo menos, foi isso o que ela entendeu do técnico de radiografia – receberia os elétrons que seriam lançados na sua cabeça. Sua mente ainda estava um pouco conturbada, não só com esta explicação (Kagome nunca havia sido muito boa de Física ou de Matemática, sempre indo muito melhor em História e Geografia), mas como pela situação que ocorrera no elevador. Kaoru, desde então, havia começado a tratá-la como se ela fosse uma boneca de cristal, sempre tomando o máximo de cuidado para não quebrá-la.

Mas eu já estou quebrada, ela pensou consigo mesma. Não havia mais razão de tamanho cuidado para com ela.

A cama onde ela estava deitada subitamente começou a se mover. Kagome deu um grito, e os técnicos rapidamente lhe asseguraram que tudo estava bem.

- A maca irá, agora, colocá-la dentro da máquina que irá lançar os elétrons. Não tenha medo, sei que vai estar escuro, mas estamos monitorando tudo daqui. Não se preocupe.

Kagome abriu a boca, porém fechou-a em seguida. Não havia razão alguma para corrigi-lo.

O escuro, de agora em diante, seria uma das coisas permanentes de sua vida.

A máquina continuou a se mover longitudinalmente, e em pouco tempo, parou. Kagome inspirava e expirava o ar longamente, sentindo seu corpo todo tremer de antecipação. Ela podia sentir uma parede em volta de si, aprisionando-a. Se ela pudesse levantar a mão, com certeza tocaria em algo frio como o metal. Frio, duro, sem compaixão.

Ela fechou os olhos.

A escuridão continuava lá, sem se mexer, apenas rondando-a a todo instante. Ela tentava acender um fósforo imaginário, mas nenhuma luz se atrevia a quebrar aquela magia negra. Era apenas ela e a escuridão, que brincava com seu medo, cantando, assobiando, sem cessar: sozinha, sozinha, sozinha...

Kagome entreabriu os lábios, mas nenhum som saiu de sua garganta. Ela tentou se mexer, mas havia amarras em volta de seu corpo, prevenindo-a de se mexer. Ela podia sentir seus olhos úmidos, quase prontos em lançar uma torrente de lágrimas. Ah, como ela queria se mexer, encolher-se, sentir o calor de seu corpo, qualquer calor, qualquer coisa diferente do frio que entrava e tomava conta de suas entranhas, deixando-a quase entorpecida com a falta de sensações provocada...

Sua alma gritava de dor, e ela nada podia fazer. Nem ao menos se abraçar, dar-lhe um pouco de conforto físico. Nada. Apenas o silêncio, a solidão, e talvez, tempo para cicatrizar a ferida, que estava aberto e era muito profunda, perfurando a pele e alcançando o osso.

Tempo...

Era tudo o que ela tinha no momento.

oOoOoOoOo

- Não foi tão ruim, foi? – Kaoru perguntou a Kagome, enquanto a guiava de volta para o seu quarto. Kagome deu-lhe um pequeno sorriso, o qual não chegava aos seus olhos, que permanecia sem brilho ou vivacidade. A enfermeira estremeceu por um instante.

- Não, foi tranqüilo, - ela respondeu, enquanto seus dedos brincavam com a sua roupa, com a manga de sua camisola. Seu rosto estava pálido, quase tão branco quanto um lençol (e, de uma certa maneira, transparente, pois se uma pessoa se aproximasse muito, seria possível até ver as pequenas veias em seu pescoço, em seu caminho tortuoso sob a pele), e seu cabelo, que era longo e muito escuro, estava quebradiço e sujo. Sua pele estava seca, e Kagome tremia de frio. Kaoru franziu a testa.

- Você está bem?

Kagome abaixou a cabeça, e seu cabelo tampou-lhe os olhos. O que responder? A verdade ou uma mentira? O que mais pesava nesta situação? O quê?

- Eu estou bem.

Kaoru ficou os olhos sobre o rosto da paciente, que permanecia sem expressão. Kagome tentava não demonstrar nada, e estava conseguindo este feito. Finalmente, Kaoru suspirou, bateu de leve na testa, e pousou uma mão sobre o ombro de Kagome, guiando-a para se virar à direita.

- Estamos quase chegando.

Kagome acenou afirmativamente com a cabeça, e seus pés continuaram seu ritmo impassível de se mover para frente um de cada vez.

Direita, esquerda, direita, esquerda...

oOoOoOoOo

- Pronto, aqui chegamos, - Kaoru comentou, abrindo a porta, e guiando a outra garota para a sua cama. Kagome, entretanto, prendeu os pés no chão, e franzia um pouco a testa, lançando os olhos ao redor do quarto – um pouco pitoresco, considerando que ela não mais podia enxergar.

- Algo errado? – Kaoru perguntou, olhando ao redor também.

Tudo estava como elas haviam deixado o quarto, não estava?

Kagome suspirou, e pediu desculpas.

- Estava pensando em outra coisa... – ela lhe explicou. Kaoru balançou a cabeça, e riu um pouco.

- Não se preocupe, está tudo bem.

Kagome se sentou na cama, e fechou os olhos. Kaoru abriu a porta e saiu, deixando-a só com seus pensamentos e possíveis sonhos. O vento da tarde bateu-lhe no rosto; estava quente e úmido. Ela inspirou profundamente, e deixou sua mente voltar para o passado.

Ela abriu os olhos quando ouviu um ruído estranho. Levantando um pouco os cantos dos lábios, ela sorriu para a parede branca de seu quarto.

- Pode sair de onde você estiver. Posso ouvir sua respiração e seu estômago.

Vagarosamente, Rin saiu de baixo da cama, olhando nervosamente sua interlocutora. Ela era uma moça muito bonita, mas com uma aura triste. Até seus cabelos eram tristes, e Rin sentiu seus olhos ficarem um pouco úmidos.

Que estranho...

Mas ela parecia ser uma moça boazinha, ela concluiu, e com as faces rosadas de vergonha, ela se apresentou:

-Oi, me chamo Rin, e tenho sei anos. – Ela estendeu uma mão, e aguardou a resposta. Kagome apenas mordeu o beiço, um pouco confusa e surpresa.

Uma criança...

Ela não estava preparada para este fato. Ela não estava preparada para confrontar a ingenuidade, a alegria e a vivacidade inerentes a toda criança, ela não estava preparada para rever emocionalmente seu irmão, ela não estava preparada para ser transparente emocionalmente de novo, ela não estava preparada para...

Seu coração deu um pulo dentro de seu peito.

Tum-ta, tum-ta, tum-ta...

- Eu... - Rin parou de falar quando a porta se abriu. Rápida como um gato, ela se escondeu novamente debaixo da cama, encolhendo-se toda contra a parede. Kagome teve tempo apenas de lamber os lábios. Seu coração ainda estava agitado, e suas faces, pálidas. Suas mãos não conseguiam parar de tremer.

- Olá, Kagome. Trouxe o almoço.

- A-Ah, o-obrigada.

A enfermeira se aproximou da mesa da cama, e colocou o almoço sobre esta. Ela encheu o copo de água, e satisfeita, saiu do quarto calmamente para alimentar outras pessoas, incluindo uma garotinha chamada Rin.

Esta mesma garotinha saiu de baixo da cama, e olhou o prato fumegante. Seu estômago roncou novamente.

- Estou com muita fome, - ela explicou, e Kagome sentiu alguma coisa quebrar dentro de seu corpo, uma parede de vidro, uma muralha de mármore, algo duro e frio que ela havia construído em volta de si, mas que, agora, com palavras tão simples e banais, havia desmoronado como num passe de mágica. Sobrou apenas o pó invisível de uma implosão.

- P-Pode comer o meu a-almoço... Estou s-sem fome.

Rin perscrutou o rosto de Kagome, e quando ela viu que ela estava chorando, ela andou até a cama, ajoelhou-se no colchão, e passou uma mão sobre a bochecha molhada desta garota triste.

- Não chore, - ela disse com uma voz muito suave, - ou sua mamãe vai ficar triste.

Kagome sentiu uma enorme dor no peito com estas palavras, e enterrou o rosto no colo. Seus braços se enroscaram em torno de seus joelhos dobrados, e seu corpo todo tremia de emoção. Rin fazia carinho na nuca de Kagome, dando-lhe tapinhas reconfortadoras nas costas dela de vez em quando. Nada parecia fazê-la se acalmar.

- Desculpa se Rin disse ou fez alguma coisa... – e sua voz tremeu no final.

Kagome levantou seu rosto, e abraçou a garotinha contra seu peito, inspirando sua ingenuidade, absorvendo sua alegria. Seus lábios tocaram a testa de Rin, e com um sussurro, ela lhe fez uma pergunta. Rin, por sua vez, sentiu seu peito aflorar de alegria, e com seus pequeninos braços, abraçou a outra garota, que, agora, lhe seria muito querida.

"Você não gostaria de ser minha irmãzinha para todo o sempre?"

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Respostas dos Reviews:

Asukaa: Minha fã? Nossa, calma, eu não escrevo tão bem assim, mas fico feliz que vc tenha começado a amar este casal, e lisonjeada por vc ter adquirido este gosto com as minahs fics Sei que demorou, mas aqui está o próximo capítulo!

Dani: suas palavras sempre me deixam toda encabulada e feliz ao mesmo tempo, sabia? Ainda bem que vc jah estah melhor desde q nos falamos, e as suas histórias estão ótimas, viu? Quero ver logo aquela história de piratas postada. Sinto dizer q este capítulo deve estar mais curto q o capítulo anterior, mas eh tão difícil escrever sobre coisas tristes, neh? Tbm te adoro, amiga! Vê se aparece no MSN, n te vejo faz um tempinho (acho q uma semana p)

Ice Princess-Nath: Fico satisfeita em saber que vc está gostando desta história, mesmo q UAs não sejam o gênero que mais lhe agradam. Vou ser sincera e dizer que a trama eh montada aos poucos, e depende do meu humor. Espero q goste desta continuação.

Raven Strange: Oi, oi! Td bom com vc? Fico feliz q tenha gostado do capítulo 7, mas se vc achou aquele curto, imagina este entaum... n foi por maldade não, mas como eu disse para a Dani, eh difícil escrever sobre coisas tristes, né? Bom, agora vc jah sabe o q aconteceu com a Rin, e qto ao Inu e à Kagome... pode dixar q eu vou escrever um encontro explosivo. Rsrs. Em relação à Kagome recuperar a visão... já tenho planejado o que vai acontecer, mas n posso dizer por ora. É, realmente, teve poucos momentos Sess/Kag, mas eh q tem tantas coisas para se escrever na história... to ficando maluca só de pensar nisso. Rsrs. Mas espero q goste deste capítulo, msm q n tenha momentos Sess/Kag. Bjos!

Pyoko-Chan: Rsrs, que bom q esteja gostando da fic. Ahn, n acho q era a mãe da Kagome, mas td bem. Ah, agora vc sabe o q a Rin aprontou, neh? Ela é super fofa, adoro a Rin! Rsrs. Mto obrigada pela boa inspiração, q demorou para chegar, mas aqui está o cap 8. Bjos.

Kanna: Aqui está o próximo capítulo. Desculpa pela demora!

Muito obrigada pelos reviews, pessoal! A proxima atualizaçao deve ser Contos da Casa da Lua. Beijos a todos.