Aviso legal: Os personagens, e tudo que for reconhecido, dessa história não me pertencem, mas sim a incrível J.K. Rowling. E acreditem, se fosse minha, Harry Potter teria um fim bem diferente...
Avisos: Romance entre SS/HG, linguagem adulta e conteúdo sexual.
Notas da Autora: Depois de anos como leitora ávida desses dois, eu resolvi testar as mudanças que eu gostaria e o romance que eu idealizei para o final feliz de Severo e Hermione, sem flores e corações esses dois terão uma chance de encontrar o amor que merecem. Comentem o que acharam, espero que gostem. A história é fiel até o fim da Batalha de Hogwarts.
1. Pós-guerra
A guerra acabou. Essa constatação percorreu seu corpo como um sopro gelado, trazendo consigo um misto de emoções. Felicidade, alívio, luto, medo, desespero, sentimentos mistos que a levaram beirar a histeria momentânea. Depois de quase sete anos, praticamente toda sua vida sabendo que era uma bruxa, lutando esta guerra, e agora que o fim finalmente chegou, simplesmente não conseguia saber o que fazer a seguir. Ao fechar os olhos era capaz de ver os corpos caindo sem vida daqueles que conhecia e fizeram parte da sua vida. Fred, Lupin, Tonks, Lilá, Parvati, Colin, todos mortos, sem poder desfrutar do futuro que lutaram para conseguir.
Mas em meio a tantos mortos um sobrevivente permanecia em seus pensamentos, aquele que era quase tão desprezado pela sociedade bruxa quanto o próprio Voldemort. As memórias que havia visto na penseira, no dia da Batalha de Hogwarts, rondavam sua mente, e deixavam um rastro molhado em seus olhos. A sobrevivência de Snape lhe trazia um misto de sentimentos exasperantes, se por um lado ela sentia alívio que ele sobrevivera para ver tudo o que lutou e se arriscou, mais que qualquer um, inclusive Harry, para conquistar, por outro ela se sentia ansiosa.
Como se desculpar com alguém por julgá-lo como a escória da escória, quando na verdade ele lutava pelos que o condenavam? E o conhecendo o pouco que ela conhecia, dificilmente aceitaria, de qualquer forma. Ela sentia a necessidade de ajudá-lo, em grande parte por culpa, mas também por um senso de justiça e dever, depois de tudo que ele fez pelo mundo bruxo, para no final ser reduzido a um corpo destroçado, tentando segurar os últimos resquícios de vida que lhe sobraram. Ela era capaz de visualizar com clareza o momento que ele foi encontrado.
Flashback On:
Os corpos estavam sendo colocados no que restara do Grande Salão de Hogwarts, madame Pomfrey passava examinando e atestando os óbitos para informar as famílias e ao Ministério da Magia. Harry havia ido com Hagrid verificar se ainda havia corpos a serem recolhidos, enquanto ela ajudava madame Pomfrey. Hermione sentia-se anestesiada, ela sabia que deveria estar dolorida e esgotada, mas temia que se parasse entraria em choque.
Ela via os semblantes tristes dos Weasley perto do corpo de Fred, e não conseguia imaginar a dor da perda, por mais que amasse o gêmeo Weasley como um irmão, não era nem de perto a dor que sua família estaria sentindo. Jorge conversava com Angelina, namorada de Fred, enquanto os demais conversavam entre si. Em outro canto ela via Padma com a professora Trelawney, perto do corpo de sua gêmea. Colin Creevy parecia tão pequeno, pálido e sem vida, sem a câmera característica. Ver os corpos de Lupin e Tonks deitados um ao lado do outro, sabendo que não veriam ver o filho crescer, que Ted não teria os pais, assim como Harry não teve, lhe fazia arder os olhos. Tantas perdas, tanta dor.
Hermione virou-se para entrada e avistou Harry chegando com Hagrid, carregando um corpo em seus braços, que ela reconheceu como sendo o do professor Snape. Ele andava apressadamente, indo em direção a madame Pomfrey. Ela aproximou-se quando viu o choque na expressão da medibruxa, expressão que se repetiu em seu rosto quando viu o homem a sua frente, supostamente morto, tentando falar e tossindo sangue. De repente tudo virou um borrão, madame Pomfrey lançou uma série de feitiços, alguns ela conhecia como estabilizantes e para curar feridas, e outros que ela jamais ouvira. E então, nada. A expressão do homem a sua frente suavizou-se e ele ficou imóvel.
- E-ele...? - ela não se atreveu a completar a pergunta.
- Ele está em coma, por enquanto. Mas precisa ser transferido imediatamente ao St. Mungus, antes que seu corpo colapse. - respondeu a medibruxa.
- Eu vou com ele - ela se escutou dizer.
- Vamos a diretoria, querida, vocês poderão ir via flu - disse McGonagall que havia se aproximado a tempo de ouvir a conversa. A professora lançou o feitiço mobilicorpus e seguiu apressada para a sala do diretor com Hermione em seu encalço.
Ao chegarem no, até então, escritório do professor Snape, Minerva foi direto ao quadro, de quem Hermione recordava ser Dilys Derwent, uma ex-diretora de Hogwarts e medibruxa do St. Mungus.
- Dilys vá ao seu quadro no St. Mungus, diga que a Srta. Granger está indo com Severo e que ele precisa de cuidados imediatos.
O bruxa assentiu e se retirou da moldura.
- Hermione, eu quero que me escute com atenção. Permaneça ao lado dele o tempo todo e me comunique caso qualquer coisa ocorra, enviarei alguém da ordem assim que possível, agora vá.
A chegada ao hospital foi um tanto quanto caótica. Quando chegara, já havia uma equipe os aguardando, tentaram afastá-la do homem inconsciente, mas ela se recusou a deixá-lo por um minuto que fosse. Ela fora incapaz de mensurar quanto tempo durou até os medibruxos terminarem os procedimentos e falarem algo com ela.
- Srta. Granger? - A voz do bruxo a sua frente a tirou de seu estupor e a trouxe de volta a realidade
- Como ele está? Ele vai ficar bem?
- É muito cedo para afirmamos qualquer coisa, no momento ele está em coma induzido, está estável, mas o quadro é grave. No momento tudo o que podemos fazer é continuar administrando as poções para mantê-lo, enquanto damos tempo para que o corpo se recupere.
E então a equipe médica se retirou, deixando-os a sós. Ela não conseguia desviar os olhos do homem a sua frente. Ela aproximou-se lentamente, como se ele pudesse atacá-la a qualquer momento, e então sentou-se na poltrona a seu lado. Ele está pálido, com o pescoço enfaixado, as escoriações, que antes marcavam a pele anormalmente pálida, não existiam mais. E então Hermione se pegou fazendo o impensável, ela segurou a mão, surpreendentemente morna do homem a sua frente e chorou. Chorou tudo que havia represado durante a guerra. Chorou pelas vidas perdidas, chorou pelos que sobreviveram e teriam de viver sem os que amavam, chorou pelo próprio luto e por todos os danos que a guerra lhe causara, mas principalmente, chorou pelo menino magricela, que entrou em Hogwarts cheio de esperança, para ser decepcionado e levado ao caminho da escuridão, que mesmo arrependido foi julgado como inferior e condenado por aqueles por quem se dispôs a se arriscar para proteger, só para acabar em uma cama de hospital, lutando mais uma vez pela vida.
Flashback off
Alguns dias após a internação de Snape, Harry deu uma entrevista coletiva, no intuito de limpar o nome do Professor Snape na sociedade bruxa. Todos os membros da Ordem foram ouvidos pelo Wizengamot, e testemunharam a favor de Snape e nenhuma queixa foi prestada contra ele. Eles optaram por informar apenas o essencial, para proteger a privacidade do professor, apenas o trio, Kingsley e minerva viram as memorias completas. A sobrevivência dele foi notícia por dias, mas como ele permanecia em coma e sem mudanças, a notícia não rendeu mais do que isso. Hermione continuou a visitá-lo diariamente, mesmo que apenas por 20 minutos, quando a exaustão era demais para que ela permanecesse por mais tempo, isso quando ela não apagava na poltrona ao lado do leito enquanto atualizava o bruxo inconsciente sobre os ocorridos do mundo bruxo. Ela sabia que dificilmente ele a escutaria, mas conversar com ele era a única coisa que lhe trazia paz naqueles dias, era o que mantinha sua sanidade.
Nos meses que se seguiram, o mundo bruxo começou a se reorganizar. Hogwarts foi restaurada dois meses após o fim da guerra, pela Ordem e um mutirão de alunos e ex-alunos voluntários. O Ministério estava, a trancos e barrancos, tentando reconquistar a confiança dos bruxos britânicos. O Wizengamot sancionou Kingsley Shacklebolt como Ministro da Magia, obviamente ter um veterano de guerra membro da ordem responsável pela queda de Lorde Voldemort seria positivo para a imagem do Ministério. A professora McGonagall foi nomeada diretora de Hogwarts e está reorganizando a escola para o início do ano letivo em setembro.
Na semana seguinte ao fim da reforma da escola, a diretora McGonagall enviou cartas aos alunos que não cursaram, ou completaram o sétimo ano, devido a guerra e não prestaram os N.I.E.M.s, dando a opção de retornarem à escola para cursar todo o ano letivo novamente, aqueles que não se sentissem aptos a prestar os exames em setembro, na semana anterior ao retorno das aulas, que naquele ano excepcionalmente não iniciaria no dia primeiro, mas na semana seguinte, quando todos os professores já estariam de volta à escola. Entretanto, Hermione apenas recebeu um convite da diretora para ir encontrar-se com ela em Hogwarts no dia primeiro de agosto, próxima sexta-feira. Hermione ficou intrigada com o convite, mas estava cansada demais para pensar a respeito, naquela semana ela apenas saiu de casa para ir ao St. Mungus e retornava ao fim do horário de visitas.
Em uma de suas visitas, o médico responsável pelo caso de Severo, como ela passou a chama-lo em sua cabeça, a comunicou que suspendera o feitiço que o mantinha em coma e agora apenas lhes restava aguardar se haveria alguma resposta, mas que haviam chances de ele não acordar, pois os danos ao sistema nervoso haviam sido extensos e ainda não compreendiam sequer como ele havia sobrevivido, não só ao veneno de Nagini, mas aos abusos sofridos pelo seu corpo antes disso. Desde então, Hermione o observava atentamente, buscando qualquer sinal de movimento, mínimo que fosse. Quando ela segurava sua mão, um hábito que lhe trazia um conforto que ela não conseguia explicar, ela sempre esperava um aperto que não vinha.
A sexta-feira chegou, faltando 15 minutos para o chá das quatro Hermione cruzou os portões de Hogwarts. A escola ainda se parecia com a da sua infância, com algumas modificações aqui e ali, mas ainda o mesmo castelo magnífico e mesma sensação de lar. Como ela sentia falta daquele lugar, ela ainda se recordava como foi o seu primeiro dia ali e a sensação de que finalmente havia um sentido para ela nunca ter se encaixado antes. Ela seguiu dentro do castelo um caminho que já traçara diversas vezes, até estar diante da gárgula que protegia a entrada do escritório da diretora. Segundos após parar a sua frente, a estátua se moveu e Hermione subiu no degrau, deixando o movimento circular da escada levá-la ao seu destino.
A sala ainda se parecia com a de Dumbledore, mas não havia mais o baleiro de doces de limão, tão caracteristico ao ex-diretor, que agora ocupava um quadro, junto aos demais. Vê-lo novamente lhe trazia emoções conflitantes, Hermione nutrira durante os anos escolares grande afeto pelo diretor, mas a guerra lhe mostrou aspectos não tão amáveis e paternais do velho diretor.
- Hermione, minha querida, que prazer em vê-la - a diretora lhe abraçou - venha, vamos nos sentar no sofá, pedi a Winky que nos trouxesse chá e alguns biscoitos.
- Obrigada - Hermione agradeceu enquanto se sentava no sofá no canto oposto a diretora, que se sentava na poltrona ao lado.
- Então minha querida, me diga como tem passado, não a vejo desde o fim da restauração do castelo. Para falar a verdade, mal vejo qualquer um esses dias, organizar o ano letivo tem se mostrado um desafio.
- Estou bem, diretora. Tenho tirado esse tempo para descansar um pouco, só tenho ido ao St. Mungus.
- Ah sim - a menção a Severo fez com que a expressão de Minerva se alterasse, Hermione pensou ter visto algo estranho cruzar os olhos da diretora, mas não se ateve a impressão - Como ele está? Algo novo?
- Os medibruxo responsável me informou que retiraram o feitiço que o mantinha em coma, mas que não há garantias que ele acorde. O corpo dele se recuperou, tanto quanto possível, mas os danos ao sistema nervoso foram extensos. E caso ele acorde, ainda há a possibilidade de sequelas.
- Nos resta apenas esperar pelo melhor.
Nesse momento Winky apareceu, trazendo consigo o chá e uma bandeja de biscoitos diversos. O que distraiu as mulheres da sala e elevando um pouco o humor, que havia trilhado por um caminho sombrio, e fez com que Hermione se lembrasse do motivo de estar ali. Após tomar um gole do chá, que ela reconheceu como Earl Gray, um de seus favoritos, fez a pergunta que rondava sua mente desde o recebimento deste convite.
- Então diretora, imagino que este convite não tenha sido puramente social. Eu não recebi a carta sobre os N.I.E.M.s que Harry e Ron receberam.
- Correta como de costume, minha querida. Infelizmente no momento não existem encontros puramente sociais em Hogwarts. O motivo de não ter lhe enviado o comunicado como para o restante dos alunos tem a ver com dificuldade a qual me referi na organização do ano letivo que se inicia no próximo mês. - Hermione a olhou confusa, tentando entender como ela se encaixaria nisso tudo - É de conhecimento geral e indiscutível que você é uma das alunas mais brilhantes que Hogwarts já teve e, mesmo não tendo cursado o sétimo ano, não precisa de um O em adivinhação para saber quais serão suas notas. Por isso, eu tenho uma proposta a lhe fazer.
- Proposta?
- Sim. Veja, existem algumas lacunas no nosso corpo docente, que infelizmente estão se mostrando desafios. Nós tivemos algumas baixas em nosso corpo docente como consequência da guerra, como você deve saber. Caridade Burbage, a professora de estudo dos trouxas, Severo em DCAT, Horácio também não terá condições de continuar por muito nos cargos de professor e diretor da Sonserina, ele não tem mais saúde para isso, mas ele aceitou permanecer por este ano, para que eu encontre um substituto adequado. - A expressão de Minerva demonstrava que isso não seria uma tarefa fácil a se realizar - Consegui encontrar um substituto que me pareceu adequado o bastante para DCAT, e ao se considerar o histórico de professores que passaram pelo cargo, não é como se fosse tão difícil ser mais competente que Lockhart - o olho da diretora brilhou em humor e Hermione não pode evitar o riso que lhe escapou - seu nome é Adrien Goshawk, deve conhecer sua tia, Miranda.
- Miranda Goshawk? A escritora do Livro Padrão de feitiços?
- Imaginei que se recordaria do nome. Adrien cursou Durmstrang e se formou na academia de aurores, mas como sua tia, preferiu seguir o caminho acadêmico.
- Mas e a vaga para Estudo dos Trouxas?
- Foi por isso que pedi para que viesse - Hermione a olhou intrigada, sem entender onde a mulher a sua frente gostaria de chegar.
- Diretora eu falho em ver como poderia ajudá-la.
- Você já decidiu o que vai fazer após concluir seus N.I.E.M.s? - A pergunta da diretora a deixou ainda mais confusa.
- Não exatamente, eu tinha algumas opções em mente no sexto ano, mas não tenho mais a intenção, pelo menos não no momento, em iniciar uma carreira no Ministério. O mestrado em feitiços sempre foi uma opção, mesmo quando eu tinha intenção em trabalhar do no Departamento de Execução das Leis da Magia.
- Tenho certeza de que Fílio adoraria tê-la como sua aprendiz. - Isso definitivamente pegou Hermione desprevenida, mas não tanto quanto o que veio a seguir - Você poderia fazer os N.I.E.M.s na última semana de agosto e se mudar para o castelo em setembro para iniciar o mestrado, sob a mentoria de Fílio, e você ainda teria tempo para ocupar o cargo de professora de Estudo dos Trouxas, não conheço alguém mais competente para a função, pelo menos no momento. Como é uma matéria eletiva, apenas para 5 turmas, não atrapalharia seu mestrado.
Nesse momento Hermione encarava a mulher a sua frente de boca aberta, incapaz de formular uma frase coerente. Minerva estava lhe dando a oportunidade de retornar a Hogwarts, o único lugar que lhe restara, onde ela realmente se sentia em casa, não apenas para aprender, mas como professora.
- Sim, claro, eu adoraria!
Depois disso, ambas começaram fazer os arranjos necessários, pois restava exatamente um mês para o início do período letivo. A reunião se estendeu por mais 2 horas, antes que as duas se sentissem confiantes que daria certo. Hermione escreveu a carta oficial de solicitação de mentoria para o professor Flitwick, com quem Minerva já havia conversado e já esperava o pedido. Depois de tudo acertado, Hermione pegou os materiais de revisão para os N.I.E.M.s, se despediu, prometendo que voltaria em breve, e aparatou de volta para casa após cruzar os portões do castelo.