Capítulo 1 - Capítulo 1

Hermione olhou para as nuvens negras se aproximando e sabia que havia chegado a hora. Ela não podia acreditar, por vezes chegou a pensar que esse dia nunca chegaria. Mas, depois de anos de aflição, ela estava de pé diante de um futuro incerto.

Embora estivesse preparada para aquilo, quando percebeu que realmente havia chegado o momento da batalha final, um calafrio a atingiu, ela olhou para Harry que estava de pé à sua direita e Ron estava à sua esquerda e não conseguiu não pensar em tudo que haviam passado até que chegassem naquele momento. Só eles sabiam o quão complicado havia sido.

Como se estivesse sentindo sua aflição, Harry pegou em seu braço e a conduziu para frente. Por alguns instantes, ele olhou em seus olhos como se quisesse lhe assegurar que tudo ficaria bem.

Harry e Ron haviam se tornado bons auror's e haviam tentado por diversas vezes derrotar o maior bruxo das trevas, no entanto, todas as tentativas haviam sido frustradas. Mas agora o confronto final estava prestes a começar e, talvez, aquela seria a última chance que eles poderiam ter.

Como uma espécie de aviso, um forte relâmpago rachou o céu seguido de um forte trovão. Hermione sorriu orgulhosa quando percebeu que, na tentativa de proteger os alunos que ainda estavam ali, todos os professores e funcionários de Hogwarts haviam se posicionado em frente à entrada principal.

Um pouco mais na frente deles, Hermione assistiu os funcionários do Ministério da Magia e seus aurores ficarem em guarda. Aquilo lhe enviou pequenos arrepios. Ela nunca havia presenciado nada parecido.

- Muito bem, chegou a hora. Prontos ou não. - Hermione ouviu Harry dizer.

Para Hermione, o pesadelo finalmente chegava à conclusão, de um jeito ou de outro. Porém, ela estava mais preocupada com Severus do que com ela própria. Ela tinha medo que o plano que ele tanto estudara falhasse e ela o perdesse.

Tirando-a de seu devaneio, a louca da Bellatrix Lestrange foi a primeira pessoa que bruxa viu. Ao lado da comensal da morte estava Voldemort. Hermione suspirou, ela não se incomodaria em acabar com o homem ela mesma. Sua vontade era mata-lo antes que ele causasse dano as pessoas que ela mais amava.

Porém, diante de todo o tumulto que se formou, não houve tempo para pensar em mais nada. A chuva começou a cair como se o céu exalasse sua tristeza. Em questão de segundos, várias maldições começaram a surgir em sua direção.

Era tudo amedrontador, a todo instante maldições voavam em todas as direções e gritos desesperadores enchiam o lugar. A única certeza que ela tinha era que muitos inocentes morreriam. Hermione tinha quase certeza que não sobreviveria para contar aquela história.

Ao seu lado, ela viu Ronald ser acorrentado e praticamente arrastado, diante dos seus olhos, mas ela não podia fazer nada. A bruxa estava em uma longa disputa com Bellatriz Lastrange enquanto Harry estava frente a frente com Voldemort e Snape.

Para seu alivio, ela viu seu amigo ruivo se reerguer e revidar o ataque.

- Você não vai vencer, Voldemort. – Harry Potter gritou decidido e apontou sua varinha para o bruxo das trevas. .

- Potter, você obviamente não acredita que pode me derrotar, acredita? - Voldemort zombou e apontou para o castelo. – Seu imbecil, seu idiota. Você é um ser desprezível. Uma vergonha para o mundo bruxo. - O homem olhou para ele com fúria e desprezo

Hermione queria ir até lá para ajudá-lo, mas ela não podia parar, não podia fazer isso. Na sua frente, Bellatriz parecia inabalável, mas ela não desistiria de tentar derrotá-la nem mesmo que aquilo custasse sua vida. Ela se daria o gostinho de acabar com aquela mulher.

- Sabe, Potter, não adiantar evitar o inevitável. Todos sabem... Vou matá-lo, assim como fiz com sua mãe sangue-ruim. - Voldemort disso e riu. – Não sobrará nada de você para contar a história.

No começo, logo que aquelas palavras foram ditas, houve silêncio. Porém, aquilo não durou por muito tempo. Quando Voldemort ousou falar mal de Lily Potter, o jogo virou. Aquilo havia mexido com os ânimos não só de Harry, mas também de Snape. Era do conhecimento de Hermione o amor que Severus sentia por Lily, mas o Senhor das Trevas desconhecia aquele pedaço de informação.

Aflita, Hermione viu quando Snape decidiu que era hora de se livrar da máscara, pegar a varinha e apontar Voldemort. Havia chegado a hora. O grande bruxo das trevas lançou-lhe um olhar de surpresa. Mais do que depressa, tentou se libertar do feitiço que Snape havia jogado, mas havia sido em vão já que era tarde demais para qualquer coisa.

A bruxa sabia que Snape ainda amava a mãe de Harry, por isso, não estranhou ao vê-lo quase que com sangue nos olhos. Lily era uma ferida mal curada, então, era normal aquela reação ao se referirem a ela com tanto desprezo.

Ela conseguiu derrubar Bellatriz e virou-se para os dois homens.

- Vaaamos, não podemos desperdiçar a chance. Agora, Potter! – Vociferou Severus Snape com muita determinação, por uns instantes, Hermione podia jurar que os olhos dele passaram pelos dela.

- Avada Kedavra! – Harry Potter pronunciou com extrema pressa apontando sua varinha para seu inimigo.

Naquele exato momento, coisas ficaram um pouco confusas para Hermione, o chão estremeceu, a luz pareceu desaparecer e Voldemort caiu no chão. Com muita satisfação, naquele dia, Hermione viu a derrota do bruxo das trevas.

Em seguida, Severus caiu no chão. Hermione caiu de joelhos ao seu lado, tentando desesperadamente saber como ele estava. Quando Severus virou seu rosto ensanguentado e abriu os olhos, ela suspirou.

Alguns momentos se passaram sem que nada acontecesse. No entanto, assustando a todos, um enorme clarão surgiu e houve uma explosão. Então, todas as vidas que Voldemort havia tirado, como um passe de mágica, estavam bem na frente de todos.

Todos ao redor estavam absolutamente estupefatos. Claro, eles se perguntaram sobre como aquilo poderia estar ocorrendo. Mas Minerva sorria brilhantemente e falava que no mundo mágico nada era realmente impossível.

Anos atrás se alguém dissesse a Hermione que após a fatídica segunda guerra bruxa ela estaria frente a frente com os pais do seu melhor amigo, ela nunca acreditaria.

Ela ficou tão feliz que Harry teria a chance de conhecer os pais. Era algo que ela nunca tinha imaginado ser possível.

Mas agora, vendo como Severus conversava com Lily, a mulher que sempre foi seu grande amor, estava deixando-a doente. Ela tinha que concordar que esse pensamento era totalmente egoísta. Porém, ela o amava tanto que tinha um enorme receio que algo acontecesse entre os dois.

Foi uma noite encantadora, o céu parecia ter ainda mais estrelas do que todas as outras noites. Todos pareciam tão felizes.

Em sua frente, Harry abraçara firmemente seus pais. Apesar de sua expressão esgotada, ela nunca o viu tão realizado.

Não era para menos, afinal, ele passara uma vida inteiro sem uma família do próprio sangue. Claro que os Weasley o acolheram como um membro da família, porém, ela sabia que a emoção que seu amigo estava sentindo por estar com os próprios pais era incomparável.

Inicialmente, ela realmente não tinha notado a expressão de seu marido ao ver seu amor de infância, mas quando percebera, Hermione ficara tão decepcionada.

Por um momento, ela apenas pensava em quão horrivelmente fria se tornara, quem poderia ver uma cena tão linda quanto aquela e ter ciúmes tão infantis?

Tudo piorou quando a mãe de Harry se aproximou de Severus. Lily o encarou com um olhar carinho e o abraçou. A única coisa que Hermione conseguiu fazer foi cruzar os braços com frieza. Ela os observou enquanto eles se falavam. Demorou alguns instantes para notarem que ela estava ali.

- E ela quem é? – Lily perguntou notando sua presença.

- Hermione é a professora de Transfiguração. – Severus respondeu.

Com total aborrecimento, a bruxa franziu a testa e contestou:

- Eu sou sua esposa. – Falou com um pouco de dureza.

Severus olhou surpreso, ele não esperava que ela dissesse isso. Marido e mulher se olharam um por um momento numa estranha tensão.

- Vocês? – Lily empalideceu. – Desculpe, mas eu acho que você é um pouco nova, não?

Lily balançou a cabeça e se recompôs.

- Não fui nada delicada... – A ruiva admitiu. - você sabe, Severus, você não teria feito escolha melhor, sua esposa é simplesmente linda. – A senhora Potter parecia envergonhada. Com uma reverencia estranha, ela se foi.

Hermione pensou que teria sido divertido tentar explicar o motivo de estar casada com ele, mas ela não queria lhe dar aquele gostinho.

- Você não precisa ter sido tão rude, Hermione. - Ele afirmou amargamente.

- Me diga, Severus, Por que não? Eu sou sua esposa, e se você tivesse dito a ela antes, nós não teríamos que passar por isso. – Hermione falou zangada.

- Sabe, padrinho, aparentemente, ela está certa. – Draco concordou.