Amor entre olhos castanhos – Parte II

-Rony?

Hermione ergueu os olhos de um livro sobre Criaturas Mágicas. Ela pesquisava sobre elfos domésticos para o F.A.L.E., depois que deixou Rony e Harry na biblioteca. Mas agora ele estava ali, em seu dormitório, encarando-lhe da porta, e seu coração começava a acelerar e sua mão suava.

-Consegui me livrar do Harry! – ele sorriu – Disse que a Gina estava andando muito lá pelas masmorras e ele foi procurá-la. Anda preocupado desde que aquele nojento do Malfoy a chamou para uma dança no baile de inverno... – ele franziu a testa.

-Ele não parece o único preocupado... – ela falou, se referindo a careta que ele fazia.

-Bem, não gosto da idéia de Gina andando com Draco Malfoy por aí. Ele é uma cobra.

-Talvez...

Normalmente Hermione encheria Rony de informações sobre seu apoio aos elfos ou sobre o descobrimento de algum livro "interessante" na biblioteca. Mas agora, parecia que todos esses assuntos eram relevantes; que a bronca sobre o atraso da entrega de um trabalho ou a perda de pontos por uma bagunça poderiam ser deixados para mais tarde. Faltavam-lhe palavras e o olhar que Rony lhe lançava não ajudava muito.

Rony sentou-se na cama, ao lado de onde Hermione estava sentada. "O que eu tinha decorado?" perguntou-se. O ruivo havia treinado a noite passada inteira o que teria que dizer a "amiga", mas agora parecia ter esquecido tudo novamente, como mais cedo na biblioteca.

Sempre fora meio desajeitado, às vezes tropeçando nos próprios pés ou falando coisas sem sentido. Mas desde que descobrira gostar de Hermione, parou de ser tão afoito. Talvez resolvera crescer, talvez mudara para que Mione não ficasse com o mais desajeitado dos Weasley, mas sim, com Ronald Weasley, um bruxo exemplar.

Se Rony pudesse ler os pensamentos de Mione, saber de seus desejos, veria que para ela, não importava se ele era desajeitado, se tivesse sardas, se era pobre ou não. Ela queria mesmo que o brilho intenso dos seus olhos castanhos sempre se mantivesse sobre ela, assim como ela sempre manteria o dela.

Hermione folheava o livro sem prestar atenção, apenas tentando distrair sua tenção do garoto. Percebeu que sua mão ainda estava manchada de tinta e que estava borrando o livro, pois estava molhada de nervoso, de ansiedade. Virou a cabeça procurando algum lenço para limpá-la, mas Rony lhe chamou e ela desistiu da ação, prestando atenção no amigo.

"Droga, droga! O que eu tinha que dizer mesmo?" perguntou-se, passando os dedos nos fios vermelhos de sua cabeça.

-Mione... Eu... hum... - ele desviou os olhos dela - Eu não posso ser mais seu amigo – resolveu improvisar.

Ela soltou uma exclamação de susto. Sua mão, subitamente, ficou gelada.

-O que, Rony? Como assim? - perguntou assustada.

Ele levantou os olhos e a encarou. O rosto estava sério demais para o Rony brincalhão que ela conhecia e Hermione começou a ficar com medo, mesmo que gostasse quando ele mudava subitamente de humor.

-Veja o Harry – começou – ele é seu amigo, não?! – ela balançou a cabeça positivamente – Pois então, aposto que ele, por ser seu amigo, não fica torcendo para que você não goste de alguém; não fica desejando que você não se lembre do Krum; não fica sonhando com uma família ao seu lado e muito menos deseja te beijar a toda hora... Amigos não desejam isso, e eu desejo... - os olhos de Rony brilhavam mais do que nunca e seu rosto estava quase alcançando o tom de seus cabelos.

Mione ficou se reação. Estava esperando por aquilo a tanto tempo, sem nunca admitir para si mesma, sem nunca ter confessado que também sentia as mesmas coisas. Ela lhe deu um sorriso tímido - que fez Rony tremer - e colocou delicadamente sua mão sobre o rosto dele - a mão manchada.

-Se for assim, Rony, eu também não posso mais ser sua amiga.

Rony não esperou nem mais um segundo para alcançar os lábios de Hermione e beijá-la com toda a vontade que guardou por muito tempo. Tanta, que ele estava debruçado sobre ela, que se mantinha deitada na cama, acompanhando cada movimento dele.

Até que os dois ouviram uma batida na porta. Conseguiram se separar a tempo, antes que um Harry nervoso entrasse.

-Vocês não vão acreditar! – começou, entre dentes – Peguei Gina beijando Malfoy num corredor perto do banheiro dos Monitores – ele parou para tomar fôlego e olhou de Hermione para Rony, notando que os dois estavam ofegantes – O que é essa mancha preta no seu rosto, Rony?

Mione, reprimindo um sorriso, escondeu a mão manchada atrás das costas, enquanto Rony a olhava confuso. Era melhor esconder a prova do crime.

Fim