Patiant Love

Nota da autora: Ok, faz alguns mil anos desde a última vez que escrevi uma história. Eu estava assistindo O Quarto de Jack quando essa ideia se materializou na minha cabeça e eu não conseguia mais nem dormi, precisava transformá-la em algo real.

Então é isso, Patiant Love é inspirado em O Quarto de Jack, pelo menos uma partizinha da ideia, e em Twilight. Personagens são todos da SM.

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Capítulo 1 – Uma nova chance

"Mas eu não quero dormir agora" reclamou Lucy, seus olhos mais fechados que abertos contrariavam suas palavras.

Eu sorri, dando-lhe um beijo na bochecha logo em seguida.

"Tudo bem, deite-se um pouco comigo então, eu estou morrendo de sono" Eu falei, sabendo que em menos de um minuto em meus braços ela estaria apagada.

Seus olhos verdes vibrantes, algo que ela herdou dele, brilharam um pouco, e logo em seguida estávamos nós duas deitadas em minha cama. E como previsto, não demorei a sentir sua respiração ficar mais leve. Eu sorri, e me permiti mais um minuto com a única razão que eu ainda tinha pra viver ali em meus braços.

Com um puxado suspiro, levantei da cama e carreguei minha filha de quatro anos para sua cama arranjada no chão do banheiro. Eu odiava a colocar para dormir lá, mas era a única opção que eu tinha. Eu não gostava que Ele a visse.

Dando um último beijo em Lucy, fechei a porta do banheiro e voltei pra cama, me preparando para mais uma noite de tortura, tal qual acontecia nos últimos 5 anos.

Eu escutei a porta abrir e meu corpo se enrijeceu. Não importava a quantidade de vezes que isso acontecia, o meu corpo sempre tinha a mesma reação. Eu escutei seus passos descerem as escadas, elas eram a única indicação q eu tinha que me faziam acreditar que eu estava no porão de alguma casa.

Sua figura alta logo se apresentou a minha frente.

Ele sorria e vestia apenas uma bermuda e uma camiseta branca. Seu torço musculoso se destacava. Eu não podia negar que ele era bonito. Alto, de olhos verdes, maxilar bem definido e com a barba sempre a fazer, seu cabelo de uma estranha cor de loiro avermelhado, quase cobre, que fazia um belo contraste com a cor da pela alva. Eu certamente iria me atrair por ele caso o tivesse conhecido em uma situação normal.

"Minha doce Bella" Ele cantou em sua voz grossa. Eu engoli seco. Eu não gostava daquele tom. Eu inspecionei seus olhos e vi que estavam um tanto avermelhados, ele com certeza havia usado alguma droga.

Ele logo foi tirando sua camiseta e em seguida a bermuda.

"Vamos, meu amor, tira essa roupa que hoje estou com pressa" Ele falou vindo em minha direção.

Depois de cinco anos daquilo, eu não havia me acostumado, mas aprendido a desligar meu cérebro.

Senti suas mãos grandes tirarem o robe de seda que cobria meu corpo, ele exigia que eu sempre o esperasse usando somente aquela a peça. Eu senti sua barba curta roçar meu pescoço, e fechei os olhos. Tinha dias que eu conseguia me desligar por completo daquela situação, mas havia dias que eu ficava completamente ciente do que estava acontecendo, apenas incapaz de me mexer.

Eu já havia tentado lutar contra ele uma vez, mas isso resultou em um espancamento tão severo que resultou em um aborto da minha primeira gravidez. A outra vez que tentei resistir ele ameaçou castigar Lucy, e desde então eu nunca mais fui capaz de tentar algo.

"A cada dia você fica mais frígida, eu quero paixão minha princesa." Ele reclamou me jogando na cama. Eu esperei que ele se jogasse em cima de mim, mas ele virou-se e pegou a bermuda que usava, pegando algo no bolso. "Tome, engole isso" ele mandou abrindo a mão na minha frente.

Era uma pílula vermelha. Eu a conhecia, ele já havia me feito tomá-la uma vez. Eu não sabia o que era, mas havia feito eu perder a noção de tudo e qualquer coisa durante um dia inteiro.

"Não precisa disso" Eu respondi, me negava sair do ar e deixá-lo naquele estado com Lucy.

"Eu mandei tomar" Ele respondeu tentando forçar o comprimido em minha boca. Eu consegui cuspir no chão.

"Eu não preciso disso, por favor, para" Eu falei. Aquela era a maior conversa que tínhamos tido nos últimos dois dias.

Ele fechou a mão em punho e eu não tive tempo de me defender, logo senti a força de sua mão contra meu rosto.

"Olha, Isabella, hoje não foi um bom dia, então eu acho melhor você cooperar" Ele falou.

"Por favor, eu só não quero tomar nada. Lucy está um pouco doente e eu quero cuidar dela" Eu menti.

Ele suspirou. Seus olhos estavam completamente dilatados, se não fossem tão ferozes eu os acharia lindos. Ele se jogou sobre mim e eu senti suas mãos acariciarem minha vagina. Seus olhos eram predadores, ele estava com raiva de algo. Eu tentei ao máximo o agradar, soltando alguns gemidos inclusive. Não demorou muito para eu sentir seu membro penetrando meu corpo. Eu não sei quanto tempo demorou, talvez uma eternidade, até que eu o senti gozar dentro de mim. Eu nunca conseguia esconder o nojo que tinha daquele momento.

Minha careta de nojo foi meu grande erro.

"O que? Eu não sou bom suficiente para você também, Isabella?" Ele perguntou me enforcando com suas mãos. "Você quer saber? Eu vou dá um fora daqui, eu não vejo a hora daquela peste crescer mais um pouco e eu poder trocar você por ela. Eu certamente vou a educar a me respeitar"

Antes que eu pudesse responder ele já havia se levantado e começava a colocar suas roupas de volta.

"Amanhã vou trazer roupas para lavar, vou descer uma hora mais cedo, eu quero a guria trancada no banheiro".

E com essas palavras ele subiu as escadas e foi embora.

Eu me permiti soltar um soluço de choro. Meu coração se acelerava toda vez que ele ameaçava Lucy. Eu sabia que precisava fazer alguma coisa para sair dali, mas já havia passado mais de cinco anos presa naquele porão sem direito nem a mesmo a luz solar. As pessoas provavelmente achavam que eu estava morta.

Eu só tinha certeza de uma coisa, eu iria morrer e mataria minha própria filha para a proteger de viver o mesmo fato que eu. Mas eu ainda tinha esperanças de sair dali.

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Algo não estava certo.

O relógio marcava 10 horas da noite, duas horas além do normal que ele descia, três horas além do que ele havia prometido descer no dia anterior.

Lucy dormia no banheiro como sempre, sonhando com o cachorro que havia visto no filme O Mágico de Oz que havíamos assistido hoje de manhã. Ele era um monstro, mas pelo menos havia instalado uma televisão e trazido vídeos e alguns livros para nos entreter.

Eu estava nervosa, nos cinco anos que eu estava presa ali ele nunca havia se atrasado sem avisar, e quando não descia, ele sempre avisava com antecedência.

Eu suspirei fundo, resolvendo trocar os lençóis da cama e tomar um banho antes de buscar Lucy para dormir comigo.

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Faziam três dias que ele não aparecia.

Eu estava desesperada.

A comida estava acabando e eu não fazia a menor idéia do que estava acontecendo. Lucy e eu já estávamos sem cereal e sem as pílulas de vitamina que ele trazia.

"Mamãe, será se o vovô Charlie vai deixar eu ter um cachorro?" Ela perguntou enquanto assistíamos Narnia. "Porque se ele não deixar, eu aceito o Aslan"

Eu ri, fazendo com os músculos do meu rosto doessem um pouco. Eu ainda estampava um olho roxo, os lábios quebrados e as marcas de mão envolta do meu pescoço.

"É mesmo? Eu acho que seu avô preferiria um cachorro. Eu tinha um quando tinha sua idade, mas ele teve que ir embora."

Lucy conhecia tudo sobre Charlie. Eu sempre lhe contei sobre a realidade, e havia prometido que um dia ela conheceria aquele mundo que nunca teve contato.

"Qual era o nome..." Ela não terminou a frase, pois seus olhos verdes arregalaram ao escutar o barulho de algo batendo na única porta que dava acesso a aquele porão.

Lucy tinha apenas 4 anos, mas ela já entendia os mecanismos da situação que vivíamos. Ela morria de medo dele.

"Vamos pro banheiro, Lucy" Eu mandei. Desliguei a TV e escutei mais uma vez uma batida na porta. Algo muito estranho. Levantei e levei Lucy ao banheiro, fechando a porta com ela dentro.

Corri as escadas e pressionei meu rosto contra a porta. Não era uma porta normal. Era reforçada de metal e a fechadura era eletrônica, um código que nunca fui capaz de descobrir. O gelado do metal foi confortável contra o machucado do meu rosto, mas logo retirei quando senti uma batida forte da porta.

Eu nunca havia escutado ninguém andando pela casa, tampouco havia conseguido fazer meus gritos serem ouvidos.

Mas quem batia na porta certamente não era Ele.

De repente meu coração acelerou com o pensamento de que talvez a minha chance houvesse chegado. Se eu escutava alguém bater do outro lado, certamente poderiam me escutar bater também. Sem pensar duas vezes fechei minha mão em punho e bati com toda a força contra a porta.

Doeu, mas eu recebi uma batida de em resposta.

"Socorro" Eu gritei, minha voz saindo eufórica. Eu sentia a esperança se espalhar em meu corpo, algo que eu não sentia há anos.

"Tem alguém ai" Eu escutei, era bem baixo, mas eu tinha certeza que era um grito.

"Sim, socorro. Eu to presa. Por favor, me tira daqui. Me tira daqui, por favor. Socorro, eu tenho uma criança comigo. Por favor, socorro."

Eu não conseguia nem pensar no que estava dizendo. Meu coração parecia que iria pular para fora do meu corpo. Meus olhos transbordavam de lágrimas.

"Senhora, se afaste da porta, teremos que arrombar" A voz abafada falou.

"Tudo bem. Só me tira daqui, eu imploro"

Eu desci as escadas e me acomodei ao fim delas. Meu coração se enchia de esperança.

Ao que pareceu uma vida inteira depois a porta finalmente se escancarou. Eu segurei um soluço na garganta, completamente incapaz até de respirar.

No fundo do peito eu sentia que estava ganhando uma nova chance de viver.