Capítulo 1 — A aposta

Logo que cheguei nesse colégio já fui muito bem recepcionada pelo novos colegas de classe, inclusive os garotos a qual achei que iriam ficar pegando no meu pé de jeito. Sinto informar que não tenho um bom passado com esses seres com coisas penduradas no meio das pernas — Sei de algo assim, pois foi desse jeito que descobri que era O Akira e não A Akira aos 5 anos de idade —. Oh sim, continuando. Na minha antiga escola primária sempre fui alvo de zoações deles. Bem, o que resultou nisso foi muito tenso, afinal ninguém gosta de visitar hospitais já no início do ano, entretanto sinto muito por eles terem destroncado o pé ao cair da escada. Oh não, eu não empurrei ninguém de lá, eles mesmo escorregaram ao tentar ver em baixo da minha saia. Claro, que puxar o tapete ajudou na queda dos cincos elementos; é cinco pirralhos azarados pela natureza.

O colegial parecia ser algo calmo agora e, por sorte fiquei numa classe onde a maioria são de garotas. — Ah, quase esqueço de me apresentar, como sou lesada. Sou Sadie Wright. Mestiça de japonesa com inglês, mas isso não vem ao caso agora —. Onde estava? Ah, sim. No momento meu maior objetivo é ter um período bom de estudos e diversão entre garotas. — Se bem que os momentos de leitura dos novos capítulos dos mangás também poderia ser algo muito produtivo para se fazer —. Olhei em redor e pude ver as meninas em grupos de quatro conversando sobre diversos assuntos. Infelizmente falar sobre os seres humanos com coisas penduradas não era meu assunto preferido no momento. Olhei entediada para o lado e, me deparei com Amelia me olhando sorridente — ela é minha melhor amiga desde a infância. Sempre juntas —. De fato, era ótimo ter uma amiga que lhe entendesse tão bem.

— Por que não tenta mudar um pouco no Colegial? — Amelia sempre fora direta nas coisas.

— Não sinto nenhuma vontade para tal — Respondi simplesmente — O que tem demais nesses projetos de homens?

— Você deveria parar de ser assim e, se deixar apaixonar, Sadie — Oh, não. Amelia estava começando a parecer a minha mãe. Socorro!

— Não começa, amada — Fiquei de pé involuntariamente. As conversas vinham ficando altas demais.

— Ué?! Vai fugir tão rápido assim? — A garota de olhos mel me encarou com um sorriso malicioso nos lábios. Santa Amelia.

— Não irei fugir, mas como temos essa aula vaga irei passear um pouco no jardim de sempre — É claro que eu ia fugir desse assunto desastroso, amor.

— Tome cuidado para não trombar com eles — Silabou divertida — Sabe, os projetos de homens.

— Eu sempre tenho cuidado — Corri dali. — "É eles que se jogam em cima de mim, claro".

xXx

E mais um dia estava eu ali correndo para o melhor lugar do Colégio, o jardim dos fundos. Um lugar agradável e totalmente calmo nessa hora. Oh, como era bom ter uma aula livre nesses dias de sol. Poder caminhar livremente por onde eu quiser; sem ter que ser assediada por mais ninguém. Sentar sob a minha cerejeira preferida e ler o meu mangá preferido. Tão perfeito quanto o sol se pondo no inverno. Ah, o silêncio, como eu amava essa parte do lugar...

E-Eu gosto de você! — Uma voz gritou espontânea.

Espera. E o meu silêncio?!

— Eu sempre estive lhe observando — Era uma garota pela voz, claro.

Me levantei devagar e, ainda de joelhos olhei sobre os arbusto, ali estava, uma garota tão fofa e meiga. Ela era baixa se fosse medir com as outras garotas do colégio. Cabelos castanhos curtos e ondulados nas pontas. Pele branquinha e cílios longos — Oh sim, dá pra ver muito bem daqui isso. Ela era definitivamente uma boneca, que sorte a dela. Me olhando... deixa pra lá.

— … — Mas que garoto é esse, hein? Como consegue ficar tão quieto e sereno diante de uma princesa como ela?

— Por favor, saia comigo! — Corajosa, eu diria.

— Eu sinto muito, mas não estou interessado nisso agora — O QUE?! Eu realmente ouvi ele dizer isso?

— M-Mas…

— Passar bem — Disse isso e simplesmente saiu. SAIU!

Ok, quem era ser aí com pose de sou o gostosão do pedaço. Quero torcer o pescocinho dele várias vezes aqui e agora. Coitada da doce donzela que ficou para trás ao vento... Oh, cadê ela mesmo?!

— Hm, por essa eu não esperava — Murmurei pensativa — Quem é você, hein?!

xXx

Novamente estava dentro da sala de aula, sentada em minha carteira suspirando pela quinta vez. Além de não conseguir tirar a cena da parte da manhã de cabeça, estava observando os grupinhos de garotas continuando a falar sobre os tais garotos. Olhando bem agora, acho que minha mãe tinha toda razão quando dizia que eu nasci falhada. Oras, e eu tenho culpa se foi ela que inventou de saltar de Bungee Jumping em plena gestação?! Se bem que não deve ter sido isso também…

Desde pequena sempre fui dona de minhas própria decisões e, isso incluía o meu lado emocional também. Minha prima era toda assanhada para o seu professor do primário; hoje ela diz que ele foi o seu primeiro amor. O meu era um jovem adulto muito energético e com pose de heroi. Vincent Knight foi um professor legal até, mas não desistia de tentar chamar a minha atenção; um tempo perdido, eu diria.

— Atenção, pessoal — Hm, o Professor Takenaka lembrou onde é sua sala — Antes de começar a aula preciso de um minuto de atenção.

Ele parece sério — Amelia sussurrou para mim. Ela não tinha um bom passado com eles.

— Não deve ser nada demais — Murmurei calma, olhei para a janela ao lado.

— Você pode entrar e falar — Ele falava agradavelmente. Alguns bichos mordem as vez.

— Obrigado, não irei demorar — Espera ai, essa voz!

"É o idiota que rejeitou aquela linda boneca" — Voltei meus olhos para o quadro, lugar onde ele estava — Então é você!

— Hm? — Ele me encarou chocado. O Professor Takenaka me encarou chocado. A classe toda me encarou chocada. Opa.

Espera ai. Eu falei alto ou eles ouviram os meus pensamentos?!

Wright! — O Professor Takenaka me encarou irritado — Sente-se, por favor.

— Me desculpe — Sentei rapidamente vermelha.

Não posso acreditar que me deixei levar tão fácil assim e, como sempre tem um garoto no meio. Esse idiota da rejeição é o culpado por isso, oh não, a sua voz reconhecível é a culpa. Levantei o meu olhar um pouco em sua direção e, ali estava ele ainda me observando confuso. Agora pude percebê-lo fisicamente e, aquele olhos num tom azul lapis lazuli reluziam para mim. Seu cabelo num tom castanho escuro era meio repicado até o queixo e, jogava a franja longa para um lado, enquanto o outro lado possuía uma simples trança embutida.

"Odeio admitir, mas o idiota é bonito. Digno de mangá shoujo." — Reprimi uma risada sarcástica com o meu último pensamento. Alguém me mate, sério.

— ...como estava falando, ele é o nosso atual Presidente do Conselho Estudantil — O Professor Takanaka enchia a boca para falar da tal coisa — Ele veio aqui para apresentar sobre o primeiro evento escolar.

— Obrigado, Professor Takanaka — Ele se curvou levemente — Meu nome é Azusa Kuse, muito prazer — Se virou para a turma — Estarei apresentando sobre o nosso primeiro festival do ano. Peço que todos que forem participar tragam esse formulário assinado pelos pais.

"Deve ser o famoso festival cultural do colégio" — Ao menos aquele assunto me interessava — "Quero participar da sessão de desenho mangá".

— ...e mais detalhes estarão anexado nos murais pelo colégio — Não ouvi metade da explicação, vish — Muito obrigado pelo tempo de todos.

— Fantástico, Presidente — Professor Takanaka, seu puxa saco — Agora vamos continuar a aula.

Depois disso me desliguei de tudo.

xXx

Quantas semanas haviam se passado desde que ouvimos sobre o primeiro festival cultura do ano e, o mais importante: quantas rejeições eu tive que presenciar do meu amado lugar?! Esse idiota do Azusa estava precisando aprender a escolher lugares melhores que esse, ou quem sabe aceitar de vez alguma garota. Eu quase conseguia listar todas as garotas da sala do 1º ano sendo rejeitadas por ele. E pensar que teve até um garoto se declarando… Não entrarei em detalhes.

Hoje eu estava decidida a dar um ponto final em toda essa história e, ele ia aprender direito a sua lição. E ali estava eu no arbusto de sempre, só aguardando a deixa para entrar em ação. Claro que não havia vindo de varde, ouvira a menina da sala vizinha dizer que iria se confessar sem falta no intervalo. Hana, era uma garota de fios loiros e naturais por ser mestiça como eu, os olhos puxavam para um castanho claro, enquanto mantinha os traços nipônicos na face. Ou seja, mais um boneca perdendo seu tempo com essa coisa. Oh, Azusa, você não sabe o quanto eu espero por esse momento, só venha, querido.

— Eu não vou demorar — Ok, chegaram na hora.

— Tome o tempo que precisar, por favor — Azusa exibia um sorriso simpático. Cretino!

— Sim, obrigada — Tadinha, fazendo aquela cara de "Oh, ele é tão amável". É roubada, Hana. Roubada.

— Você me chamou aqui para algo, certo? — Tira esse ar de inocente querido, porque isso você não tem nada.

— Chamei, eu gostaria de ser o mais direta possível — A voz era alta e clara. Isso, acaba com a dor logo, Hana.

— Por favor — Arranque esse sorriso falso da cara!

— Eu gosto de você — Hana dizia corando completamente — Desde aquele dia do guarda chuva…

É agora!

— Eu sinto muito — Azusa se curvou — Mas não estou interessado num relacionamento agora.

— Obrigada por me ouvir — Hana saiu correndo, chorando.

"Esse idiota!" — pulei fora do meu esconderijo — "Interessante que dessa vez ele quem ficou".

— ...só… — Azusa permanecia de cabeça baixa murmurando algo — ...e então…

— Ei! — chamei sem me importar.

Caminhei em passos largos até ele e, olhando bem em seus olhos suspirei pesadamente. Ele me encarou confuso, afinal eu havia aparecido do nada. Antes que pudesse falar qualquer coisa ele me exibiu um sorriso pra lá de falso. Argh. Quase vomitei naquele instante o meu almoço corrido. Revirei os olhos com impaciência, precisava dar uma lição logo e seguir em paz com o meu cantinho amado.

— O que deseja, Wright da Sala A? — Que?!

— Eh, como pode se lembrar da minha sala? — Fiquei perplexa.

— Eu conheço todos os alunos, afinal sou o Presidente do Conselho Estudantil — Sorriu de novo falsamente.

— Muito bem, isto não interessa agora — Falei rapidamente antes que caísse em sua cilada — Quero que pare de rejeitar garotas aqui! — Mais direto que isso só uns tapas nele!

— Como? — Novamente ele me encarou confuso.

— Olha, sinceramente esse lugar é o meu aconchego de cada dia — Era perda de tempo, mas estava eu ali explicando — Não quero ter que lidar com suas confissões amorosas aqui.

— Oh…

— E por favor, pare de rejeitar as meninas — Saiu — Isso é totalmente irritante.

— Ora — É impressão minha ou sua voz mudou — O que sabe sobre mim, Wright?

— Que é um idiota convencido que rejeita todas as garotas que aparece…

— 99!

— O que?! — Agora eu estava confusa.

— 99 rejeições até hoje — Ele exibiu seu sorriso novamente, mas dessa vez era um tão sinistro que senti os pelos… da coluna se arrepiarem. DA CO-LU-NA!

— Você é doente, ou o que? — Céus, eu sou sincera demais. E sinceros morrem cedo, lembre-se disso.

— Não te interessa — Ele deu de ombros — Só não se meta nessa história. Em breve eu terei a minha 100º confissão.

— Como pode achar graça disso? — Estava irada.

— É só tratar elas bem que já caem aos meus pés — Coçou o queixo divertido — As garotas são tão ingênuas… Apenas mais uma para minha coleção.

Monstro! — cuspi a palavra.

— O que sabe sobre mim, garota? — Ele exibiu uma expressão pior que a outra.

— O bastante pra saber que não presta nenhum pouco — Eu vou torcer seu pescoço!

— Que garota ingênua você — Eu passei a odiar sorrisos. Pronto.

— Eu não vou deixá-lo completar algo asqueroso como isso — Exibi o meu melhor sorriso de ataque.

— Oh, e como planeja? — Ele não se sentiu nenhum pouco intimidado — Vai deixar todas as garotas longe de mim?

— Isso mesmo! — O que?! Eu não tenho plano nenhum na verdade — Irei revelar a todas a verdade sobre sua aura negra.

— Boa sorte, sou um aluno modelo — Ele OUSOU revirar os olhos pra mim.

— Está apostado então! — Não, isso é loucura total.

— Aposta? — Ele me olhou desconfiado — Não acha isso infantil demais?

— Pode até ser, mas ao menos conseguirei parar você — Alguém me pare, por favor.

— E como planeja fazer isso? — Azusa me encarou diretamente nos olhos — Me surpreenda.

— Você parece ser do tipo que não se apaixona por ninguém, pelo jeito — Olha quem fala, Sadie Wright.

— Amor é perda de tempo no mundo de hoje — Bem, ele pensa quase como eu. Quase.

— Então é isso — Vou ganhar fácil essa — Você terá que evitar as garotas apaixonadas do Colégio. Apenas eu e você nesse jogo. Aquele que se apaixonar primeiro perde.

— O que você está planejando, garota? — Azusa arqueou levemente a sobrancelha desconfiado.

— 10 dias! — Falo sem pensar — Em 10 dias teremos o vencedor.

— Ok, qual o prêmio?

— Se você perder, terá que namorar a primeira garota que se confessar pra você — Sorrio vitoriosa. Isso já estava ganho.

— Muito bem — Ele parecia concordar — Se você perder, terá que se confessar para mim na frente de todos e, assim terei a minha 100º rejeição.

Argh. Cretino!

— Combinado! — Definitivamente não irei perder para você, Azusa Kuze.

Agora mesmo sinto como se tivesse acabado de fazer um pacto com o diabo.

Continua...