Normal: narração e fala

Itálico: pensamento

Capítulo 3.

Infelizmente, sua alegria não durou muito ao reparar em um pequeno detalhe: havia apenas um fusível. Para o elevador perto da escada funcionar, eram necessários dois: um para dar energia ao cômodo em que estava e outro para dar energia ao cômodo superior.

Onde será que eu acho outro fusível? Na sala, talvez? Ou na cozinha? - pensou Lindinha, antes de recordar o que o sorveteiro havia dito minutos antes e acrescentar: - Aproveito pra checar a geladeira.

Trocando o fusível para dar energia à cozinha, Lindinha voltou para lá, ficando de frente para a geladeira. Havia uma painel digital ao lado desta, indicando que era necessária uma senha de quatro dígitos para abrir.

Olhando o painel mais de perto, a loira notou que os mais marcados eram os números 1, 7 e 9.

Talvez seja um ano! - pensou, digitando o número 1 e, logo em seguida, testando possibilidades com os números 7 e 9. Quando digitou "1977" é que, enfim, conseguiu abrir a geladeira, encontrando sacolas grandes e, aparentemente, pesadas, penduradas por ganchos no teto.

Carne. Como num açougue.

Se eu já não gostava de comer carne, agora que eu não vou comer mesmo! - pensou, enojada, até notar algo curioso. - É impressão minha ou aquela sacola do fundo parece maior que as outras?

Colocando uma cadeira na frente da porta, impedindo-a de fechar, Lindinha entrou na geladeira e andou até a última sacola pendurada. Após balança-la um pouco, a mesma rasgou, despejando seu conteúdo no chão...

... e horrorizando Lindinha quando a mesma percebeu o que havia no meio da carne.

- Florzinha! Docinho! - exclamou ela, ajoelhando-se chorando diante dos corpos sem vida de suas irmãs. - Isso não está acontecendo! Não pode estar acontecendo!

Sem conseguir se conter, a loira deixou as lágrimas escorrerem, tentando não pensar nas barbaridades que o sorveteiro havia feito com suas irmãs antes de mata-las.

Após alguns minutos chorando, Lindinha se recompôs e, enxugando as lágrimas, ficou de pé, com um olhar zangado e cheio de ódio.

- Quando eu sair daqui, ele vai pagar por tudo que fez! Eu prometo! - afirmou, como se suas irmãs pudessem ouvi-la. Estava para sair da geladeira, mas acabou tropeçando em algo e olhou o que era: uma chave.

Pelo visto, estava na mesma sacola que suas irmãs e acabou caindo junto com elas.

Ela deve abrir alguma coisa. Talvez uma gaveta. - pensou, saindo de vez da geladeira e verificando as gavetas trancadas da cozinha. E foi em uma delas que encontrou exatamente o que procurava.

Outro fusível.

Próxima parada: fora daqui. - anunciou, em pensamento, voltando correndo para o hall. Colocando o novo fusível no painel, e trocando o outro novamente de lugar, Lindinha dirigiu-se ao elevador. Apertando o botão, o último começou a se mexer, levando a loira para o andar de cima.

Não havia nada de muito diferente, tirando duas portas: uma que levava ao banheiro e outra que, de acordo com a placa acima dela, era a saída.

- Finalmente liberdade! - exclamou, animada, correndo até a porta... - AAAAAAHHHHHH!

... e caindo num enorme buraco no chão, coberto por um tapete.

X_X

- SUA DESGRAÇADA! - berrou uma voz que Lindinha conhecia muito bem... e que estava bem abaixo dela. Havia caído bem em cima do sorveteiro, que estava no Hall.

Furioso, o sorveteiro tentou imobiliza-la, mas a loira foi mais rápida e lhe deu uma rasteira, fazendo-o cair no chão e bater a cabeça, desmaiando.

- Sorte a sua eu eu ter pego leve. A polícia não vai ser tão boazinha. - afirmou Lindinha, num tom gelado, antes de pegar novamente o elevador.

X_X

-... segundo fomos informados, o criminoso conhecido como "Sorveteiro Sangrento" foi finalmente capturado e colocado na prisão perpétua.

- "Sorveteiro Sangrento"? Que codinome mais ridículo! - reclamou o Professor Utonium. Já havia se passado alguns dias desde que Lindinha havia fugido de seu sequestrador, e agora ela e o Professor assistiam, pela TV, a prisão do mesmo.

- Ridículo ou não, não vai mudar o que aconteceu. Não vai trazer minhas irmãs de volta. - afirmou a loira, sem impedir que as lágrimas escorressem por seu rosto.

Sem dizer nada, até porque não havia o que falar, o Professor abraçou a sua, agora, única filha, que retribuiu o abraço. Logo, ambos estavam chorando um nos braços do outro.

O Professor não queria admitir em voz alta, mas Lindinha estava certa: nada, muito menos um codinome ridículo, traria Florzinha e Docinho de volta. Nada traria suas duas filhas de volta.

E ninguém em Townsville poderia dizer, novamente, que mais uma vez o dia foi salvo, graças às Meninas Super Poderosas.

FIM!


Admito que essa foi uma das fanfics mais dramáticas e assustadoras que já escrevi (provavelmente, a mais dramática e assustadora). Espero que tenha ficado, pelo menos, razoável.