Notas do Autor
Betado por Aisha Andris!
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No dia seguinte ao encontro com o espírito de Kheíron de Sagitário e após recuperarem a Chave em sua guarda, Aldebaran olhava o sol nascer no horizonte, segurando o precioso objeto em sua mão.
—Kheíron, não se preocupe. A Chave ficará segura no Santuário. –murmurou o cavaleiro.
No entanto, sua atenção foi atraída para o rapaz que estava sentando em uma rocha, um pouco distante deste. Colocou a urna sobre o ombro e caminhou até ele.
—Vamos, Tafari. É uma longa caminhada até o Santuário! –chamou bem humorado e notou que o rapaz estava tenso. –Que foi?
—E se eu não for aceito no Santuário pelo que eu era?
—Isso? –Aldebaran colocou a mão na cintura e deixou a urna no chão, sentando.
—Isso! Você não fala nada, mas eu estive do lado inimigo e...
—Pessoas mudam. –Aldebaran não permitiu que ele continuasse a falar. –Muitos andam pelos caminhos errados, por motivações erradas. Alguns acham que estão seguindo um líder forte, ou que ele irá construir um mundo melhor, e percebem que estavam errados em algum momento e querem se redimir. Alguns dos cavaleiros mais fortes e respeitados do Santuário já estiveram nessa posição antes. Hoje, não há quem ouse duvidar da honra e lealdade deles.
Tafari não acreditava naquelas palavras. Cavaleiros de Atena já trilharam o caminho das trevas um dia?
—Como?
—É uma longa história.
Aldebaran sorri antes de começar a contar a história de Saga de Gêmeos, de como sua alma foi dominada pelo mal, de cavaleiros que ficaram ao seu lado, e na remissão de seus crimes e o perdão de Atena a eles. O jovem queniano ouvia atentamente as palavras de seu novo mestre com admiração e uma centelha de esperança de que ele também poderia trilhar o mesmo caminho da justiça que eles.
—Então, não pense em besteiras antes da hora. –pediu Aldebaran se levantando.
—Sim, senhor!
Súbito, Aldebaran sente a presença de um cosmo terrível e agressivo próximo a eles. Tafari não consegue deixar de sentir seu sangue gelar ao reconhecer aquele cosmo.
—COMO É PATÉTICO! ESTOU ENVERGONHADO DE VOCÊ, TAFARI!
—Quem? –o cavaleiro de Touro olha ao redor, tentando descobrir de onde vinha esse cosmo, que parecia tomar todo aquele lugar.
—N-não é possível!
Tafari olha em uma determinada direção e Aldebaran se posiciona de modo defensivo na frente do jovem a quem escolheu como discípulo, quando o possuidor de tamanho cosmo agressivo finalmente se faz presente, mesmo com a identidade oculta pelo intenso brilho negro de seu cosmo.
—SIRHAN! –Tafari diz o nome com certo temor.
—Quem?
Então, o homem chamado Sirhan dá alguns passos para frente. Armadura negra como a noite, cujo brilho lembrava uma bela ônix, as ombreiras possuíam espinhas pontiagudas e as pontas das manoplas lembravam garras. Já o rosto daquele homem era totalmente oculto por um elmo com a forma de um lobo, sendo praticamente impossível vislumbrar suas feições, permitindo-se apenas perceber um par de olhos cor de âmbar.
—Sou Sirhan, o Lobo Sanguinário! –ele se anunciou e apontou o dedo para Tafari. –Vim para punir o traidor Tafari que se uniu à Atena e manchou o nome do grandioso Oizus!
—Sirhan... –Tafari parecia hesitar, mas Aldebaran se colocou diante dele, com a finalidade de protege-lo.
—Esqueceu de um detalhe. Esse rapaz está agora sob a proteção do Santuário e minha!
—Acha mesmo que temo suas bravatas, cavaleiro de ouro? –Sirhan estreitou o olhar, elevando perigosamente seu cosmo.
—Deveria aprender boas maneiras, isso sim! –Aldebaran eleva seu cosmo e em resposta sua armadura sagrada abandona sua urna e se une ao seu corpo à velocidade do pensamento.
—Saia do meu caminho, Cavaleiro! Minha missão é levar a cabeça do traidor ao meu mestre! Por enquanto sua vida será poupada! –elevando o cosmo de modo agressivo, fazendo as rochas abaixo de seus pés se elevarem e estilhaçarem.
—Acho muito engraçado o modo que fala com confiança, de que vai me derrubar! –diz Aldebaran, cruzando os braços e assumindo sua usual postura de combate.
—Pare! Não há necessidade de lutas!
—Ouviu o rapaz! –diz Aldebaran confiante.
—Irmão, pare!
—Irmão?!
Aldebaran se distrai com a nova informação e por isso Sirhan o ataca com sua cosmo energia e consegue acertá-lo logo em seguida. Aldebaran é lançado longe pela carga de energia, para a surpresa de Tafari, que antes de poder reagir se vê frente a frente com o irmão, que não parecia disposto a ouvi-lo.
—Pronto para morrer, traidor?
—Sirhan, meu irmão. Me ouça! Não posso continuar seguindo ...
—NÃO QUERO OUVIR NADA QUE VENHA DE VOCÊ! –diz o Lobo, lançando contra o irmão sua cosmo energia.
Tafari cai ao chão, com o corpo todo dolorido pelo golpe recebido, sem forças para levantar ou reagir. Sirhan sempre foi muito forte, fato que Oizus percebeu rapidamente. Movido pelo ódio nascido da chacina de sua família, Sirhan sempre se devotou a Oizus, a quem considerou seu salvador e segue seus sonhos como se fossem dele próprio. Tafari ter traído o deus que os salvou, para aliar-se aos seus inimigos, era algo que ele jamais poderia compreender ou perdoar.
—Não posso te perdoar, Tafari. –se aproxima, preparando suas garras, avançando contra a garganta do rapaz, para dar o golpe final. –SUA VIDA É MINHA!
—ESPERA!
A voz autoritária de Aldebaran detém o golpe de Sirhan, que para a poucos milímetros de seu alvo, erguendo o rosto na direção do cavaleiro, que estava bem próximo a eles agora.
—Como pode atacar e querer a morte de seu próprio irmão? Isso é inaceitável! –Aldebaran dizia, olhando severamente para Sirhan. –Esse menino é agora meu pupilo. Não permitirei que lhe faça mal!
—Não permitirá? –Sirhan começa a rir, erguendo o rosto e voltando sua atenção a Aldebaran agora. –Admiro que tenha sobrevivido ao meu golpe, mas não comece achando que pode falar comigo nesse tom, cavaleiro.
—Ah, cale essa boca! –Aldebaran entrelaça os dedos de suas mãos e estalando-os com um gesto ao esticar os braços para frente. –Só porque me pegou desprevenido tá se achando poderoso? Não me faça rir! Seu golpe sequer arranhou minha armadura, garoto!
—Como ousa..?
Aldebaran apenas sorri de lado e em seguida seu cosmo explode em um poderoso ataque contra o Sombrio.
—GRANDE CHIFRE!
A poderosa cosmo energia do Cavaleiro de ouro, que avança contra Sirhan na forma de um touro dourado selvagem, o lança aos ares e em seguida ele cai ruidosamente ao chão, fazendo com que seu elmo caísse longe de seu corpo, revelando seu rosto finalmente.
—É esse todo o seu poder? –Aldebaran o provoca. –Sinto, mas com esse nível não vai me derrotar ou chegar perto de Tafari.
Sirhan consegue se levantar, com um pouco de dificuldade de início e olhando com fúria em seus olhos âmbar para o cavaleiro dourado que permanecia com os braços cruzados esperando seu próximo movimento. O homem ergueu-se, mostrando que possuía feições rudes, com algumas cicatrizes causadas por anos de lutas e treinos em seu rosto, um cavanhaque e cabelos negros cortados rente à cabeça.
—S-Sirhan... –Tafari tenta se erguer, mas seu corpo ainda não havia se recuperado do golpe direto de seu irmão e observava a luta apreensivo.
—Vai pagar caro por isso, maldito! –vociferou Sirhan.
—Você é pior que seu irmão em modos, garoto! –dizia Aldebaran, nem se abalando com o crescente cosmo cheio de ódio do Sombrio diante dele.
—Maldito! Farei com quem se arrependa disso! –Sirhan vocifera, elevando o próprio Cosmo, destruindo o solo ao redor. –VENTO DO CANINO DIABÓLICO!
Aldebaran estreita o olhar, esticando os braços para receber o golpe de Sirhan, cujo cosmo lhe dava a forma de um lobo negro gigante e monstruoso. A força do golpe era tão poderosa que fez com que o cavaleiro fosse arrastado alguns metros para trás, mas este encarava seu oponente com um sorriso confiante em seu rosto.
—Já chega, não? –diz o cavaleiro. –Não vou matá-lo hoje por ser irmão de Tafari, mas... –elevando o cosmo de modo que causa admiração e temor nos dois jovens. –Se ousar me desafiar novamente, não terei piedade! GRANDE CHIFRE!
Aldebaran ataca ofensivamente Sirhan com a fúria de seu cosmo. Ele concentra seu cosmo em seus punhos e dispara uma onda de choque com sua cosmo energia, um golpe que mesmo o Lobo Sanguinário colocando os braços diante do corpo para tentar se defender, não surte o efeito desejado. Sirhan é envolvido pelo poder do Grande Chifre e lançado bem longe, permanecendo inerte.
Tafari se ergue e cambaleante caminha pensando em ver como o irmão estava, mas Aldebaran o detém colocando a mão em seu ombro, olhando de modo tenso na direção de Sirhan.
Logo o motivo dessa postura se revela na forma de Oizus, que se materializa ao lado do caído Sirhan, fitando Aldebaran de braços cruzados, um sorriso cínico em seu belo rosto, à medida que a brisa movia seus longos cabelos dourados com leveza. Ele trajava vestes ocidentais, na forma de um terno negro com uma gravata vermelha.
—Eu estava certo. –diz Oizus, erguendo Sirhan com seu cosmo. –Meus irmãos e eu deveríamos ter matado todos os cavaleiros de ouro naquela ocasião, mas meu "líder" amado resolveu recuar diante de Atena. Tsc...
—Eu me lembro de você. –Aldebaran estreita o olhar. -Foi você quem feriu Mu!
—Espero que ele não guarde rancor de mim. –falou com cinismo.
—Oizus, deixe de ser covarde e me enfrente! –desafiou Aldebaran, em fúria, assustando até mesmo Tafari.
—Quem sabe da próxima vez?
—OIZUS, SEU COVARDE SEM HONRA!
Oizus em seguida desaparece, levando Sirhan consigo, diante dos olhos do cavaleiro e de Tafari. Apenas o silêncio restou, um pesado e incomodo silêncio, que foi quebrado por Aldebaran alguns minutos depois.
—Vamos, Tafari. Vamos para casa. –disse, virando seu rosto para o rapaz.
Tafari com alívio percebeu que a ira não mais o dominava e concordou com um aceno de cabeça.
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Casa da Noite.
Oizus olhava pela janela de um aposento os soldados humanos que foram recrutados para servi-los, treinando furiosamente em um vasto pátio, tendo em sua mão uma taça dourada com vinho.
—Soube que seu humano de estimação falhou miseravelmente. –Nêmesis o provoca, encostada numa parede próxima a porta, fitando-o. –Isso que dá mandar humanos em uma missão tão importante!
—Sirhan teve apenas um contratempo. Eu deveria calcular que ele ainda não estava pronto para enfrentar um cavaleiro de ouro. –diz se servindo de mais vinho. –Se fosse um mísero cavaleiro de bronze poderia ter vencido.
—Suposições não vencem guerras, irmão! Soldados perfeitos e cruéis, sim!
—Se refere às suas Fúrias? –ele sorri bebericando o vinho. –Só aceitarei isso se elas matarem um cavaleiro de ouro, ou mesmo trazerem a cabeça de Atena a nós.
—Quando quiser, elas farão. –ela ri. –O que fará com seu bichinho?
—O levarei a perfeição. –Oizus sorri, olhando para seu reflexo no líquido rubro.
Em seguida, ele deposita a taça numa mesinha e sai dos aposentos, passando sem se dignar a olhar para sua irmã, caminhando na direção dos aposentos de seus soldados, onde Sirhan estava se recuperando.
Assim que vê seu mestre adentrar o local, todos os soldados fieis a ele se ajoelharam ao chão em sinal de servidão. Entre eles, Sirhan.
Oizus para diante dele. Sirhan baixa mais a cabeça, se sentindo frustrado por ter falhado com o deus, esperando ser castigado por sua derrota.
—Levante-se, meu caro.
Oizus ordenou e Sirhan, surpreso por não ter recebido nenhum castigo, fita com receio seu mestre.
—Não fique assim, meu filho. -A divindade toca no ombro de Sirhan de modo paternal. –Quer a chance de se redimir? Não importando quanto tempo leve?
—Sim! É o que mais desejo, senhor!
—Ótimo! –ele entrega a Sirhan uma esfera negra, e o guerreiro o fita sem entender. –Isso vai levá-lo à perfeição, Sirhan! E lhe deixará tão forte que irá colocar o Santuário todo ao chão!
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Dois anos se passaram após o retorno de Aldebaran e seu novo discípulo do Quênia. A chave trazida pelo cavaleiro de Touro foi entregue em mãos à Atena, que ao lado de Mu tratou de encontrar um local adequado e seguro para ela.
Muitos estranharam a presença do rapaz que viera acompanhado por Aldebaran e que olhava a tudo admirado. Com espanto, Mu escutou a história dele contada por seu amigo e de como foi aceito para ser seu discípulo. Nem é preciso dizer que a presença dele foi aceita com desconfianças por alguns cavaleiros, como Seiya e Hyoga, mas Shun demonstrou amabilidade com o rapaz desde o primeiro momento.
Foi com extrema ansiedade e timidez que Tafari foi apresentado a Atena, que o recebeu com um sorriso e cosmos acolhedores. Tafari se indagava se em algum momento de sua vida havia conhecido alguém tão linda quando Atena, e com um cosmo tão quente quanto poderoso.
—Sua boca tá no chão. Fecha ela, Tafari. –Aldebaran brincou com o discípulo pelo modo que ele fitava a deusa, que constrangido baixou o olhar.
Depois dessas apresentações, o ritmo de treinamento de Tafari começou. Foram dois anos rígidos no qual Tafari foi submetido. Dia e noite ele treinava no berço dos sagrados cavaleiros de Atena, onde seu corpo, cosmo e mentes eram levados ao limite, onde muitos antes dele desistiam ou sucumbiam.
Mas o jovem queniano desafiava qualquer lógica pela sua resistência.
Havia determinação em ser um cavaleiro de Atena. Como se isso pudesse fazê-lo se redimir das escolhas erradas feitas em sua vida. E Aldebaran não escondia que sentia orgulho de sua escolha para sucessor, e após dois anos, todos acostumaram e aceitaram a presença de Tafari.
Ao final de mais um longo dia de treinamento, Aldebaran e Tafari voltavam para a Segunda Casa. Aldebaran sentia-se satisfeito com o desenvolvimento do rapaz, cujo cosmo estava a ponto de alcançar o sétimo sentido, mas notava que ele ainda se segurava, como se temesse todo o seu poder.
—Tafari, estive pensando. –Aldebaran comentou parando na porta de sua casa. –Vamos treinar amanhã nas montanhas ao norte.
—Nas montanhas ao norte?
—Sim, sair do Santuário! Faz dois anos que você não coloca o pé pra fora daqui e das imediações. –disse o brasileiro. –Acho que precisamos de outros ares para mostramos do que somos capazes!
—Sim, senhor! –disse o rapaz animado com a ideia.
—LIMPEM OS PÉS ANTES DE ENTRAR! –uma voz autoritária e feminina os assustou.
Tafari e Aldebaran miraram com os olhares a pequena adolescente de cabelos castanhos que os fitava com um olhar furioso, mãos na cintura e batendo o pé impaciente no chão.
—Hein? –Aldebaran parecia não entender.
—Eu acabei de limpar! Será que vai cair o teto na cabeça dos dois se tirarem as botas sujas antes de entrar? –ela falava impaciente, apontando para os pés dos dois, cujas botas estavam sujas de lama.
—Er... quem é você?
—Agathé! –uma vez masculina respondeu antes por ela, e apareceu um idoso, que andava um pouco vacilante. –Fale com mais respeito com o guardião da segunda casa, menina!
—Acis, meu velho! –Aldebaran acena para o idoso servo. –Tudo bem. Quem é a menina?
—Essa é minha sobrinha neta Agathé. –o idoso os apresentou. –O senhor bem sabe mestre Aldebaran, que estou muito velho para continuar cuidando do senhor como fiz durante todos esses anos e logo vou me aposentar. Agathé vai ficar em meu lugar e estou ensinando a ela tudo o que precisa saber.
—Puxa, sentirei sua falta e dos pratos deliciosos que sempre fez, Acis. –Aldebaran estava entristecido. –Mas você merece um bom descanso por tantos anos me ajudando, meu velho amigo.
—Fico feliz que me considere um amigo! –o idoso sorriu. –Desculpe minha menina. Ela realmente leva a sério o serviço dela. Não vai se arrepender de tê-la por perto!
—Acredito que não. –Aldebaran sorri para a menina, que apesar da expressão séria fica corada com o gesto. –Agathé, muito prazer. Eu sou Aldebaran de Touro e esse é meu discípulo, Tafari.
—Muito prazer. –disse o rapaz, acenando para a menina.
—Muito prazer! –ela coloca as mãos na cintura e dá as costas para os homens. –Vou terminar o jantar! Tirem as botas sujas antes de entrar! Eu limpei tudo e não quero manchas de lama e terra no piso de mármore branco!
—Ela é mandona. –comentou Tafari.
—Melhor tirar os sapatos. Ela parece bem brava! –Aldebaran riu, retirando os sapatos. –Vamos que estou com fome!
—VÃO SE LAVAR ANTES! –ela gritou do fundo do corredor, assustando os dois.
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Dias depois, Salão do Grande Mestre.
O homem que agora assumia o manto de Grande Mestre olhava com preocupação as construções seculares do Santuário, com as mãos atrás do corpo, e com a mente em pessoas queridas que agora estavam distantes.
—Uma moeda por seus pensamentos, meu amigo. –a voz de Mu o retirou de seus devaneios.
—Pensava em Miao Yin. –a menção do nome da falecida esposa fez com que Dohko desse um sorriso triste. –E na nossa filha.
—Soube que ela está com Milo agora. Sendo treinada para ser sua sucessora. –comentou o ex cavaleiro de Áries. –Vai dar tudo certo!
—Eu sei que vai. –Dohko sorri. –Talvez eu considere treinar outro discípulo também.
—Outro? Shiryu não basta para ser seu sucessor?
—Transmitir conhecimento para outros nunca é demais. –Dohko sorri. –Pretendo visitar Rozan mais uma vez esse ano e decidirei sobre um discípulo quando retornar.
—Certo, não vou discutir isso. –Mu se rendeu à energia de seu amigo. –E Atena?
—Preocupada com Saga e Camus que simplesmente desapareceram e ninguém consegue encontrá-los. –Dohko esfregou os olhos, demonstrando cansaço.
—Você não acha que eles tenham sido derrotados pelo inimigo?
—Não! Definitivamente não! Camus não seria derrotado tão facilmente, e se Saga tivesse travado alguma batalha mortal, sentiríamos a fúria de seu cosmo. –Dohko caminha até uma fruteira e pega uma maçã. –Quero acreditar que eles estão bem.
Mu fitou o amigo, no íntimo ambos sabiam que o pior podia ter ocorrido, apesar de tentarem ser otimistas, sabiam que estavam em guerra e que baixas eram inevitáveis.
—Posso enviar mais cavaleiros para procurá-los.
—Não. –Dohko brincava com a maçã, jogando-a para o alto e pegando-a novamente enquanto falava. -A segurança de Atena sempre vem em primeiro lugar. Já fiz muito em permitir que Aiolia, Hyoga e Shun percorram o globo atrás de qualquer pista sobre seus paradeiros.
—Entendo, você tem razão. –Mu ficou ao lado do amigo, enquanto ele dava uma bela mordida na maçã. -Aiolos tomou para si a missão de terminar o treinamento dos discípulos de Saga.
—Achei uma boa ideia. Aqueles dois irmãos já perderam muito e ter Aiolos como mestre vai ser muito bom para ambos, e eu soube que são talentosos!
—Deveria ver como Aiolos fala deles, principalmente da garotinha. Com muito orgulho! –Mu comenta com um sorriso. –O que está te incomodando nesse momento, Dohko? Além do desaparecimento de nossos amigos?
—Apenas um pressentimento ruim... espero sinceramente que não seja nada.
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Em outro ponto bem afastado do Santuário, nas ruínas de um antigo coliseu.
—GRANDE CHIFRE!
Tafari repetia exaustivamente o golpe que aprendera com seu mestre, desferindo contra ele diversas vezes, na tentativa de desfazer sua postura de defesa e ataque em vão, enquanto dominava o próprio Cosmo.
—Um bom golpe. –disse Aldebaran repelindo Tafari mais uma vez com seu próprio golpe. –Mas não me fez cócegas. TREINE MAIS, GAROTO! ONDE ESTÁ O SÉTIMO SENTIDO?
Tafari se levantava novamente, elevando o cosmo ofegante, fitando o Cavaleiro de Touro com sua armadura dourada diante dele.
—Sétimo sentido? Eu estou tentando, Aldebaran! –gritou, atacando novamente com o Grande Chifre e sendo novamente repelido pelo mestre.
—Não está tentando direito! Só quando atingir o Sétimo sentido é que vai enxergar esse golpe corretamente e me derrotar! Vamos descansar.
—Não! –a decisão de Tafari surpreendeu Aldebaran. –Eu posso fazer isso o dia todo!
O rapaz estava visivelmente cansado e com várias escoriações causadas pelos contra golpes que recebera, mas mesmo assim estava determinado a continuar.
—Que tal pararem para o almoço? –a voz de Agathé chama a atenção de ambos. Ela mostra a enorme cesta de piquenique que trazia. –Estão com fome?
—FAMINTOS!
Falaram ao mesmo tempo e em seguida foram até a jovem que deixou a cesta sobre um pilar caído e sentou próximo, esperando que eles terminassem de comer.
—Espero que gostem! –ela sorri quando vê que ambos comiam com satisfação, e em seguida repara nos ferimentos em Tafari. –Senhor Aldebaran, me desculpe mas... não acha que esse treinamento seja perigoso demais?
—Não se preocupe, Agathé. Eu estou bem! –disse Tafari, dando uma mordida em um pedaço de carne.
—Não se preocupe, Agathé. Não pretendo matar seu namoradinho!
Ao dizer aquilo em tom de brincadeira fez Tafari engasgar com o pedaço de carne que devorava e Agathé ficou mais vermelha que um pimentão.
—NÃO FALE BESTEIRAS, SENHOR ALDEBARAN! –Agathé pediu, super nervosa, enquanto Aldebaran dava tapas nas costas de Tafari para ele desengasgar. –SOMOS SÓ AMIGOS!
—Só estava brincando. –ele falou rindo, finalmente desengasgando Tafari que o fitou furioso com lágrimas nos olhos. –Não me levem a sério.
—Não fique inventando histórias! –disse Tafari furioso.
—Afff... o senhor não tem jeito mesmo! –Agathé cruzou os braços, fechando a cara. –Vou na vila comprar algo para fazer no jantar, tem algo que queiram?
—Er... não sei. –Aldebaran coçou a cabeça.
—Aquela bolacha de mel que você sabe fazer... será que...? –Tafari pediu sem graça.
—Por que gosta tanto de biscoito de mel? –Aldebaran perguntou.
—Lembra minha casa.
—Farei sim, Tafari. Até mais tarde e levem a cesta pra casa!
Agathé se despediu acenando, pegando o caminho para Rodório, Tafari acenou de volta e parou com a mão no ar ao ver o rosto de Aldebaran, fitando-o com um sorriso bobo nos lábios.
—Bolachas de mel, hein? Hmmm?
—NÃO FICA PENSANDO BESTEIRA! –Tafari se ergueu na defensiva, fazendo Aldebaran cair na gargalhada. –ACABA DE COMER E VAMOS TREINAR LOGO!
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Em Rodório.
Agathé caminhava pela rua do comércio, onde as pessoas da vila dividiam espaço com turistas para venderem seus produtos e comprarem suprimentos. Muitos vinham da cidade para adquirirem azeite de fabricação caseira de algumas famílias tradicionais e deixavam aquele pequeno lugarejo bem movimentado em alguns dias da semana.
Parou diante de uma barraca, falando com o seu proprietário.
—Vim buscar os legumes que encomendei para o Senhor Aldebaran! –ela pediu e imediatamente foi atendida.
As pessoas em Rodório sempre foram fieis a Atena e não era incomum ver cavaleiros e servos do Santuário passeando por suas ruas, desde que a vila foi fundada há centenas de anos. Todos ali eram tão receptivos aos moradores do Santuário, que Agathé nem sequer reparou que havia atraído a atenção de um desconhecido ao falar o nome do Cavaleiro de Touro.
Caminhou calmamente na direção de outro comerciante, precisava comprar o mel para fazer os biscoitos que Tafari havia lhe pedido. Estava ali vendo os produtos quando foi abordada pelo estranho.
—Procura mel para curar algum mal da garganta ou para culinária? –ele perguntou, pegando um dos potes e analisando.
—É para fazer biscoitos de mel. –ela explicou. –Um amigo meu adora esse biscoito!
—Esse então. –o estranho entrega a ela um pote de mel. –É puro e perfeito para isso. Lembro que minha mãe usava esse tipo de mel para fazer biscoitos para mim e meu irmão.
—Ah, muito obrigada!
O estranho larga o pote que se espatifa no chão e agarra o pulso de Agathé com força, assustando-a. Agathé ergue o rosto e fita o estranho. Pele cor de ébano, sorriso cruel e rosto marcado por várias cicatrizes.
—Me diga, mocinha... seu amigo acaso se chama Tafari?
Continua...