CAPÍTULO 11 de Corações Unidos Tradução de Susan Meier

Alguns dias depois, Edward adiantou-se até a entrada do prédio da Wedding Belles. O sol matinal de abril o aquecia, mas não contribuía em nada para abrandar seu nervosismo.

Respirou fundo. Tinha de fazer aquilo.

Abriu a porta da frente, adiantando-se pela recepção. Uma morena detrás de uma mesa saudou-o com um sorriso expansivo.

— Bem-vindo a Wedding Belles — cumprimentou, como se estivesse surpresa em vê-lo. — É o noivo de alguém?

Edward engoliu em seco.

— Não. Estou aqui para falar com Isabella Swan.

Uma loira de olhos verdes se aproximou da mesa da recepção. Segurava um imenso buquê de flores.

— Ângela, eu... — Notando Edward, fez uma pausa. — Quem é este?

— Ele veio ver Bella.

A loira abriu um sorriso perspicaz.

— Oh, é mesmo? — Estendeu a mão livre. — Sou Callie. A melhor amiga de Bella. Em que posso ajudá-lo?

Ele apertou-lhe a mão.

— Ela está aqui?

— Sim.

— Então, pode me levar até o escritório dela.

O sorriso de Callie se alargou.

— Com prazer.

Pela expressão no rosto dela, Edward imaginou que o bombardearia de perguntas enquanto atravessavam a recepção e subiam vários lances de escadas. Mas a loira não disse uma palavra, embora uma mulher com alfinetes na boca e uma outra segurando um bolo o tivessem olhado através de portas abertas como se fosse um espécime raro.

Tomado por grande alívio quando ele e Callie pararam diante de uma porta fechada, Edward deu um longo suspiro.

Callie riu.

— Não sei quem é você. Não sei o que está acontecendo entre você e Bella, mas boa sorte. Ela não está de bom humor.

E ele era o culpado.

— Não sei como alguém pode voltar do Caribe zangado, mas nossa Bella conseguiu.

Callie abriu a porta.

Com cortinas amarelo-claras ao fundo, Bella sentava-se a uma grande mesa que dominava o escritório. Quando o viu, arregalou os olhos com contentamento, mas sua expressão foi rapidamente substituída por um ar cauteloso.

— O que você quer?

— Preciso conversar com você.

— Acho que dissemos tudo o que tínhamos a dizer um ao outro na sua casa naquela noite.

— Eu também achava. Mas estar sem você não tem sido fácil. Joshua...

O súbito medo evidenciou-se na expressão de Bella.

— Joshua está bem?

— Ele está bem, mas...

— Mas você não quer ter de passar tanto tempo com ele. — A decepção na voz dela causou uma pontada no coração de Edward e o deixou zangado.

— Você sabia que eu estava me tornando um bom pai quando foi embora. Nada mudou.

Bella soltou um suspiro de alívio.

— Fico feliz em saber.

Esperando uma discussão, Edward se viu sem palavras de repente. O silêncio se prolongou.

Bella respirou fundo, soltando o ar devagar.

— Então, por que está aqui?

Apesar de todo o planejamento que Edward fizera, não conseguia encontrar as palavras. A dor tomava conta de seu coração. Estava cansado. Porém, mais do que isso, sentia-se vazio. Como explicar aquilo a alguém a quem havia magoado? Por que ela deveria se importar?

Lançou um olhar a Callie.

— Será que podemos ter alguma privacidade?

— Ei, Bella pode achar que estamos todas alheias ao que lhe acontece porque o trabalho dela não interage com o nosso, mas todas vimos que o coração dela foi partido novamente. Se você está aqui para magoá-la, não vou permitir. É provável que lhe dê um soco.

Sem poder se conter, Edward riu. Bella empertigou-se.

— Callie, sou capaz de travar minhas próprias lutas.

Edward sabia que era verdade. Bella

— Acredite. Ela sabe me enfrentar. — Virando-se, encontrou os olhos de Audra. — E não tenho intenção de magoá-la.

Ela lançou um olhar a Callie.

— Dê-nos um minuto.

— Mas...

— Pode sair. E feche a porta.

Bufando, Callie adiantou-se até a porta e fechou-a ao sair.

Bella decidiu não dizer uma só palavra. Edward partira seu coração de uma maneira pior que James. Sua dor depois de ter sido abandonada no altar tivera mais a ver com humilhação do que com saudade de James. Desta vez, suas lágrimas eram por ter perdido Edward. Seu amor. Tudo que poderiam ter tido juntos. Não achara possível que a dor pudesse transpassar seu coração e atingir sua alma, mas era o que acontecia. Agora ele estava ali. Parecendo incrivelmente bonito. Forte. Inteligente. Capaz. Não podia se culpar por ter se apaixonado por ele. Exceto pelo fato de que avisara a si mesma para não se envolver. Ainda assim, deixara- se levar por seus sentimentos, pela atração, pela química e se apaixonara tanto que seu coração parecia tomado por uma dor física. Então, ele a fizera despertar para a dura realidade. Mais uma vez, ela tentava juntar os fragmentos de seu coração porque mais um homem podia gostar dela, ver as vantagens de tê-la por perto, mas não a amava.

Por mais ilógico que parecesse — porque nem sequer tinha certeza de que aquilo existia mais —, queria aquele amor completo e incondicional. Queria que alguém a amasse de verdade.

— Vim até aqui para lhe pedir desculpas.

— Desculpas?

— Sei que magoei você...

— Não se preocupe. Sou adulta e sabia exatamente que tipo de homem você é. Não tem por que que se desculpar.

Edward passou a mão pela nuca, esfregando os músculos tensos.

— Nem tudo na vida se resume a simples lógica.

— É mesmo?

Ele riu.

— Sim

— Então, você está aqui por causa de algo ilógico?

— Na verdade, estou. — Edward aproximou-se mais da mesa. — Estou aqui para pedir você em casamento.

Droga. Ela devia ter esperado aquilo. Ele não era o tipo de homem que deixava uma mulher rejeitá-lo. Estava tão acostumado a ter as coisas à sua maneira que provavelmente acreditava que pedi-la em casamento era a atitude certa a tomar — ao menos no momento. Uma vez que o pânico por ter sido deixado desaparecesse, poderia, enfim, rejeitá-la.

— Não.

— Não?

— Convenhamos, Edward. Você está apenas zangado por eu tê-lo rejeitado. Assim, está me oferecendo o que lhe falei que eu queria. Casamento. Mas você não quer se casar comigo. Para todos os fins práticos, sou a filha da empregada.

— É do que se trata tudo isso?

— E não é?

— Não! Bella, eu acreditava realmente que nunca iria querer me casar com ninguém.

— Oh, entendi. Enfim, assimilou o que minha mãe disse. Você percebeu que precisa mesmo de uma mãe para Joshua. Sou a escolha lógica. — Bella sacudiu a cabeça, desgostosa. — Mas também não quero isso.

Era doloroso relembrar a última discussão de ambos e a maneira como Edward a deixara ir embora, nem mesmo a chamando de volta quando saíra da mansão. De maneira alguma recomeçaria aquela tortura.

— Está bem. Devo estar fazendo isto da maneira errada porque, desta vez, eu sei que queremos a mesma coisa. — Ele fez uma pausa, fechando os olhos.

— A casa está vazia sem você. — Tornando a abrir os olhos, fitou-a com intensidade. — Eu me sinto como metade de uma pessoa. Eu me levanto de manhã percebendo que o dia se arrastará como os dias anteriores. Que o sol sairá, mas que isso não fará a menor diferença. Posso ter tudo o que quiser, mas não importa. — Respirando fundo, aproximou-se ainda mais da mesa. — Alguns dias, acordo me sentindo tão vazio que juro que chega a ser uma dor física.

Bella sabia muito bem como era aquilo. Vivera daquela maneira durante meses depois de James e, agora, sentia- se muito pior porque amava Edward centenas de vezes mais do que amara James.

— Isso está me parecendo depressão — declarou ela, levantando-se de sua poltrona para poder acompanhá-lo até a porta. — Sugiro que procure um médico.

— Não há motivo para eu ir a um médico. Descobri o que está errado.

— Bem, seu médico é o único que pode lhe prescrever antidepressivos. — Bella contornou a mesa. — Não posso ajudá-lo nisso.

Edward pegou-lhe o braço e a deteve.

— Não quero ir ao médico. Não preciso de antidepressivos. Preciso apenas ter você de volta na minha vida.

— Já entendi que é por isso que está me pedindo em casamento. Rejeitei você porque me disse que jamais se casaria comigo e, então, agora...

— Bella, eu amo você.

Por alguns segundos o mundo parou de girar. O tempo ficou em suspenso. Ainda assim, aquelas palavras podiam ser apenas parte do plano dele de não ser rejeitado por ela.

— Bela tentativa.

— Não foi. Até agora, amar você só me fez sofrer. Mas não consigo mudar o fato de que amo você. — Edward soltou um riso gentil. — Você é perfeita... quase como se tivesse sido feita para que eu a amasse. Você ri das minhas piadas, não me deixa ser menos do que o homem que posso ser e me ama também

Olhou-a no fundo dos olhos marrons.

— Você disse isso na sexta-feira. Ignorei as palavras como se não significassem nada. Mas tudo o que diz tem significado. Você me ama. E eu a amo. Embora eu não tenha ideia de como fazer um casamento funcionar, também não tinha ideia de como criar um bebê e, ainda assim, aprendi. Assim, vendo como já começaremos amando um ao outro, eu diria que passarmos o resto da vida juntos será fácil.

Bella não disse nada, apenas o fitou, tomada pela esperança de que Edward estivesse falando a sério, de que aqueles fossem seus verdadeiros sentimentos.

— Agora entendo Emmett e Rosalie. Por que nunca queriam estar longe um do outro. Por que tiraram milhões de fotos de tudo que faziam juntos. Poderiam ter sido as duas pessoas mais pobres do mundo e ainda teriam sido felizes. Porque tinham um ao outro.

— Não se importa que eu seja a filha da administradora da sua casa?

Edward riu.

— É claro que não. Só tenho medo de que ela me esfole vivo se magoar você. O que não acontecerá. — Segurou os braços de Bella, aproximando-a mais de si. — O que sinto por você não tem nada a ver com quem é a sua mãe. Nada a ver com Joshua. Não tem nada a ver com o fato de eu ter perdido minha antiga vida ou assumido a de Emmett. Finalmente me dei conta de que você teria mudado o meu mundo inteiro sozinha.

— Fala sério? — A voz de Bella soou vulnerável e desesperada. Queria tanto acreditar nele que rezava para não o estar interpretando mal.

Edward abriu um sorriso.

— Sim

— Você me ama?

Ele soltou um riso manso.

— Amo você.

— Para sempre?

— Para sempre, e com todo o romantismo que faz parte desse amor. Assistindo a um dos DVDs que você mandou fazer para Joshua, entendi que me sentia por você da mesma maneira que Emmett se sentia por Rosalie, mas eu não havia dito isso. Porque me sentia como um peixe fora d'água. Eu estava diante de algo que achava que nunca enfrentaria e que achava que não queria. Não acreditava que era o tipo de cara para se casar com alguém. Mas quero me casar com você e isso me assusta.

Bella riu.

— Acho que você é o homem mais bonito, mais maravilhoso e mais enlouquecedor do mundo. Mas sei que é essa última parte que não nos deixará ficar entediados.

Ele também riu.

— Bem, você quer dizer às suas amigas que estão ouvindo do outro lado da porta que elas têm mais um casamento para organizar?

— Sim e não.

— Sim e não?

— A última vez me deixou com um gosto amargo na boca por ter ficado à espera inutilmente numa igreja enfeitada, num vestido de noiva. — Bella fitou-lhe os olhos com intensidade. — Eu gostaria que fôssemos a um juiz de paz e, em seguida, partíssimos para uma ilha tropical.

— Você acaba de voltar de uma ilha tropical.

— Fiquei sentada a um canto, pensando em você o tempo todo. Assim, agora seria maravilhoso desfrutar de uma ilha tropical com você.

— Depois de meses sobrecarregado de trabalho, duas semanas de lua de mel numa ilha soam como o paraíso.

— Você é o chefe.

Ele riu.

— Não. Nada de chefes aqui. Gosto mais de nós como uma equipe.

Ela sorriu, feliz.

— Eu também.

Então, Edward beijou-a apaixonadamente, entrelaçando suas vidas, unindo seus destinos. Não precisou repetir as palavras. Bella não precisou ouvi-las outra vez. O beijo dele e a maneira como o corpo dela reagia diziam tudo.


E acabou. Logo logo vem mais adaptações...