Com lavanda, por favor
Fanfiker_Fanfinal
Tradução de Potterfoy
Harry Potter suspira ao ver todos os papéis em sua mesa: novamente precisa preencher relatórios sobre a última missão. Harry bebe um pouco de seu chá preto, assim é como se deixasse um pouco de lado o trabalho para mais tarde; ama ser auror, mas a parte de preencher a papelada não é para ele. Um pouco de tranquilidade depois da ação é bem vinda, se não fosse porque tem que preencher tudo isso. Pergunta-se por que o Ministério não coloca ali Hermione Granger, acabaria com a papelada e evitaria que eles tivessem que passar por esse trabalho tão tedioso.
— Bom, suponho que todas as coisas tem seus prós e seus contras.
Seu companheiro, Wellington, um homem da idade que tinha Remus Lupin, o contempla desde sua mesa.
— O quê? Sua vez de preencher relatórios?
— Como sabe? — suspira o herói, aborrecido.
— Porque conheço suas expressões. E essa é a de "hora de preencher relatórios".
— Por que não me ajuda? Minha redação é horrorosa. Você já viu a cara que Kingsley faz quando entrego.
Um grupo de aurores entra no Departamento, conversando animadamente entre eles, interrompendo a conversa de ambos amigos. Se sentam nas mesas e continuam comentando o que quer que viessem contando desde a cafeteria; sua conversa é audível até para Harry, cuja mesa fica ao lado de uma das janelas, a mais afastada da porta.
— Eu vou voltar, é caro mas vale a pena.
— Dá pra notar que Malfoy contratou os melhores — Harry gira a cabeça, curioso. Ouviu o sobrenome Malfoy?
— Sim, mas ele já te atendeu alguma vez? Porque eu levo meses frequentando e o herdeiro Malfoy nunca me deu uma massagem.
— O que quer que eu diga? Acho que ele só administra o negócio. Por acaso você o imagina tocando nossos corpos? Do jeito que é com isso do sangue, me surpreende que deixe entrar bruxos mestiços e traidores do sangue.
— Diminuiria muito sua clientela, não acha? Ele goste ou não, o local está aberto a todos — Harry leva um tempo olhando-os, tentando unir as pontas. Malfoy administrando um negócio? Um negócio onde aparentemente fazem massagens?
— Reserva-se o direito de admissão — risos.
Uma pergunta vem de outro canto, aparentemente dirigida a ele.
— E você, Harry, já foi lá? — o moreno parece sair de seus pensamentos, sacudindo a cabeça.
— Eh?
— O negócio do Malfoy, já foi alguma vez?
— N-não.
— Bom, Harry, eu também recomendo — diz o auror Wellington. — Principalmente depois de uma missão difícil, lá desfazem qualquer contratura muscular.
Harry imagina Draco Malfoy apertando os músculos de outros homens e parece-lhe engraçado.
— O quê? Do que tá rindo? Se não acredita, vai visitá-lo. Só que prepara a carteira. É muito caro.
Harry quer explicar que acredita, que só acha estranho imaginar um negócio como aquele nas mãos de Draco.
— Não acho que Malfoy queira me ver por lá
— diz, solícito, mais para si mesmo.
— Não costuma dar massagens a ninguém. Pelo menos aqui no departamento ninguém foi atendido por ele. Acho que se reserva para gente com outro status.
Harry meio que sorri. Isso sim se enquadra mais, isso sim se parece razoável dentro do caráter do loiro. Draco Malfoy, o que tem sido dele? Desde que deixaram Hogwarts, Harry perdeu de vista alguns dos antigos colegas, exceto pelos Weasley, Hermione, Luna - que está há uns andares de distância, no Departamento de Criaturas Mágicas -, Neville - que ainda continua estudando para ser professor numa Academia Mágica - e mais alguns poucos. Harry olha seu chá e dá outro gole, mas já está frio, assim o deixa de lado e se dispõem a preencher os relatórios das últimas operações e ataques.
Kingsley não fica convencido com seu trabalho e o manda repetir várias vezes. Harry demora três dias para preencher tudo novamente e quando seu chefe aprova, Harry decide ir tomar algo com Ron depois do trabalho. Ron sempre acha graça que Harry, em vez de celebrar quando captura bruxos das trevas ou delinquentes perigosos, o faz quando termina com a papelada. O moreno disfruta de suas saídas com Ron, que relata como vai com Rastreio, Ocultação e as outras matérias ensinadas na Academia de Aurores da qual ele mesmo saiu anos antes.
Dias depois, Harry é chamado para investigar a possível falsificação de documentos mágicos por uma organização ilegal junto com seu parceiro Wellington. Quando a missão acaba, prendendo os culpados em tempo recorde, Harry volta a preencher relatórios. Aquela tarde fica no escritório mais horas do que o normal para terminar, mas às 19h seu pescoço sente.
— Preciso de uma boa massagem — diz, e então lembra-se da conversa de semanas atrás em que seus companheiros falavam da casa de massagens tão famosa. Recolhe suas coisas, deixa fixada no mural uma nota para o departamento e é quando vê o cartão: Casa Saúde Malfoy pregado ao mural por, obviamente, algum cliente assíduo. Na nota está escrito em uma admirável caligrafia o endereço do lugar e uma das laterais está enfeitada com narcisos.
Quiromagos, está escrito abaixo do nome do local. A quiromagia, segundo Hermione, é uma rama da medimagia aplicada ao trabalho manual sobre o corpo humano. Também aplica a cura do corpo através de poções. Talvez Malfoy só se dedique a fazer poções e não a tocar músculos. Mas a sua curiosidade sempre ganha, então, depois de olhar a nota cuidadosamente, Harry a leva.
Harry toma chá no seu dia de folga. Molly Weasley o convida para ir n'A Toca e é com pesar que ele declina o convite porque precisa descansar; seu pescoço ainda dói e além disso tem contraturas no trapézio. Vive só na enorme e lúgubre casa de quatro andares; entretanto, ocupa seu tempo pensando enquanto gira em seus dedos o cartão da casa de massagens. Não sabe por qual motivo, Harry quer evitar ir lá, como se estivesse reticente de ver algo que não quer. Mas nesse dia se cansa e, sabendo que tem uma boa desculpa para ir, aparata na zona de Knights Bridge, localiza a rua Pavilion, assim como o edifício que simula uma grande torre, e que só os magos podem ver.
Há alguns anos, o Ministério falou de uma nova construção para a sociedade bruxa e, tendo em conta que já possuem O Beco Diagonal, decidiram abrir um enorme edifício de sete andares para os novos negócios dos bruxos; o protegeram com um tipo de feitiço desilusiório e no momento cinco daqueles andares já estavam cheios com negócios em funcionamento, como restaurantes, salas de jogos, escritórios, clínicas e um longo etcétera; obviamente, o Ministério não o tinha posto ao alcance de todos os bolsos e notava-se que o prédio em si era uma grande obra de engenharia.
Harry entra no salão principal, onde há uma pequena fonte rodeada de plantas e bancos para se sentar, várias fadas travessas que jogam seu pó nos visitantes e escadas semi ocas para alcançar os outros andares.
Harry sobe as escadas localizando restaurantes e pequenas filiais de outros negócios, lugares pequenos, até chegar no último andar, e ao fundo, junto a um escritório de chaves de portal, ele o vê. É provavelmente o maior lugar de uns quantos que há ali; paredes de vidro, de modo que se pode ver seu interior desde fora; a recepção, enfeitada com vários jarros de flores com algum encantamento conservador; estantes em madeira branca. A estética do lugar chama a atenção de Harry; tudo é completamente neutro, exceto pela cor que as flores e alguma bandeja com caramelos ou feijãozinhos traz; e a luz é tênue, como se o lugar o convidasse a relaxar. Harry imagina de repente Draco Malfoy vestido como aquele garoto da recepção, e é quando pensa ter se equivocado; seu antigo rival de Hogwarts sempre se vestiu com cores escuras. O que tem mudado na vida de Malfoy para que ele tenha levantado um negócio onde todos os bruxos usem semelhante vestuário? Contudo, passa uma mão pelo cabelo e entra. Um garoto jovem de cabelo curto e castanho, magro e de aspecto amável lhe sorri.
— Bom dia, senhor.
— Bom dia — responde Potter, com um olhar distraído, contemplando o teto e as paredes. Deve ter passado algum tempo porque o recepcionista pergunta:
— Senhor, o que posso lhe oferecer?
Harry se encontra cara a cara com o garoto: olhos castanhos e traços doces; deve ser um pouco mais velho.
— Eh... Olá, eu, bom, me recomendaram esse lugar, vocês fazem massagens, certo? — de repente pensa que o garoto deve ter se decepcionado totalmente com Harry O Herói porque é evidente por aquele olhar que o reconheceu.
— Quer informação?
Harry assente. Então, o garoto estende um folheto e começa a explicar sobre os diferentes tratamentos disponíveis. A cada certo tempo uma porta se abre e outro empregado vestido de branco sai dela; Harry sempre gira a cabeça, para o caso de que algum deles pudesse ser Malfoy. Aquela deve ser a sala de espera, onde são visíveis vários sofás de couro branco encaixados nas paredes.
—... senhor Potter.
— Ah, sim, desculpe.
— Eu perguntava se está interessado em contratar algum dos pacotes disponíveis.
— Eh... Desculpa, é a primera vez que venho aqui.
O garoto sorriu ligeramente.
— Sim, pude notar. Não se preocupe, eu posso ajudá-lo. O que precisa exatamente? É para o senhor ou pensa em presentear um tratamento?
— É pra mim — diz Harry ainda ausente.
— Sente alguma dor?
Harry então percebe que não está prestando atenção no que ele fala. Sobre cada camiseta branca há um pequeno crachá com o nome do empregado. A sua diz "Kevin Rogel".
— Hm, senhor Rogel...
— Me chame de Kevin, senhor Potter —
Harry o olha de novo nos olhos e se da conta que o jovem é bastante atraente; e aquele rapaz desperta curiosidade nele. Deixa para trás todo pensamento sobre Malfoy, e lhe sorri ligeramente.
— Desculpa, estou um pouco perdido. Nunca vim a um lugar como esse, e além do mais nunca me deram uma massagem.
Kevin corresponde seu sorriso indicando:
— Não tem que se preocupar; muitos de nossos clientes são aurores, alguns vem sabendo o que querem e outros nem sequer sabem o que pedir.
— Me encontro no segundo grupo — brinca Harry divertido, e de repente a energia entre ambos se transforma. Harry tem certeza nesse instante, pelo breve olhar, de que Kevin - como ele - gosta de garotos.
— Te dói algo? Se não quer um tratamento podemos lhe dar uma massagem de manutenção. São mais baratas e pode escolher entre massagem intensa ou massagem de relaxamento. Pessoalmente sou bastante bom nas primeras.
— Acho que seria bom; meu pescoço dói bastante.
Kevin pega um pergaminho e começa a anotar algo com uma pena branca. Caramba, até as penas combinam com o lugar, se diz Harry; Malfoy e sua perfeição. Mas lhe parece divertido, de fato essa cor branca e a voz de Kevin estão ajudando-o a sentir-se bem. Faz tempo que não está com um garoto e o bruxo recepcionista parece bastante agradável. Tem uns traços bonitos.
— Pra quando quer o encontro?
— Perdão? — diz Harry alterado, corando.
— Para a massagem, que dia quer?
— Ah. Pode ser hoje?
Kevin pega uma agenda aberta sobre a mesa e passa várias páginas.
— Temos todas as horas completas, mas posso te encaixar às quatro e meia. Tudo bem?
O moreno sorri e assente:
— Está bem. Volto a essa hora, então, como você diz.