Prólogo

Estacionei o carro na garagem, sentindo dores no pescoço e com um pouco de culpa por ter extrapolado minhas horas no hospital, mas feliz de não ter que ficar por todo o plantão conforme liguei avisando. Massageei meu pescoço, entrando em casa pela porta da cozinha e sorri para minha foto com James. Meu marido tem sido extremamente atencioso e compreensível. Ele não aprova a medicina, mas sei que tem orgulho das minhas conquistas e busca entender minhas longas horas fora de casa, minha nova bolsa de estudos para pesquisa e meu tempo me dedicando a pediatria que tanto amo. Deixei a chave no aparador e tirei meu casaco, com um pouco de frio. Pelo silêncio, Victória deve estar na faculdade e meu marido dormindo, o que significa que poderemos namorar sem nos preocupar com barulhos.

Desde que a minha irmã veio viver conosco por um tempo, enquanto não tem um emprego que lhe ajude a dividir o aluguel com alguém, temos sidos cuidadosos. Ela só tem dezoito anos e está no seu primeiro ano da faculdade. Ainda é uma menina e mesmo que não sejamos tão próximas, estou tentando que se sinta a vontade e tenha um lar saudável para crescer na vida. Renée nunca completou os estudos e Phil, pai de Victória, não é a pessoa que podemos dizer que tem um cérebro afiado, muito pelo contrário. Tirei meus sapatos para não fazer barulho e peguei um copo, enchendo de água.

Subi a escada feliz por ter dois dias inteiros de folga para curtir James. Ele tem reclamado que quase não lhe dou atenção, fiquei preocupada que estivesse negligenciando meu marido, mas ele garantiu que não era sexualmente, porque sei que nós temos uma vida sexual ativa. Não importa o quão cansada estou, sinto saudades dele em todos os aspectos e desejo estar junto. Poderemos dormir agarradinhos, passear e até posso preparar seu jantar favorito. Espero que ele não invente de visitar sua mãe, por mais que goste muito da minha sogra, quero ficar somente com ele. O quarto que Victória dormia estava aberto e todo bagunçado, encostei a porta para fingir que não vi a zona e virei no corredor, deparando-me com duas pessoas fazendo sexo na minha cama e uma delas era o meu marido.

O som do copo se quebrando misturou com o do meu coração. Eles saltaram surpresos e me olharam com um misto de medo, pânico e quase arrependimento.

James, nu, parou na minha frente e me segurou pelos ombros. Eu não conseguia olhar no seu rosto ou para qualquer direção. Gritei que me soltasse, apenas gritei batendo em suas mãos imundas, que estavam tocando outro corpo com o prazer que devia ser dedicado a mim. Meu peito estava apertado e a falta de ar só aumentava conforme meus soluços explodiam e meus olhos ficavam inundados.

Desci a escada aos tropeços, não suportando ficar nem mais um segundo naquele lugar. Peguei meu sapato e as chaves do meu carro, puxando meu braço que ele ficava me segurando. Entrei no meu carro e arranquei fora da garagem, seguindo pela minha rua sem prestar atenção no caminho, porque tudo que vinha na minha mente é que meu compreensível marido, atencioso e apaixonado estava me traindo com a minha irmã caçula e menor de idade.