Nota da tradutora: Aqui está a continuação de "um beijo não é apenas um
beijo". Quero agradecer a Neto pela capa e a Dimitria pela correção. Pra
quem está lendo, espere ver mais mistérios, aventura, ação e obviamente,
muito romance e cenas um pouco mais quentes... Aproveitem a história e por
favor, mandem seus comentários!
E-mail da autora (em inglês): eliasheldon@yahoo.com
Harry Potter e a Tábula de Transmora
de Elia Sheldon
Nesse capítulo, conhecemos uma pessoa nova e sabemos o que aconteceu nesse ano e meios desde o fim de Um beijo não é apenas um beijo. É o verão anterior ao sétimo ano e Harry tem um emprego de verão.
Capítulo 1: A visita
"BIZZ, BIZZ, BIZZ, BIZZ!" O alarme de Harry zunia em seu ouvido. Resmungando, ele esticou o braço sobre seu criado-mudo, parando o barulho incessante - pelo menos até o dia seguinte. Tateou procurando seus óculos e os colocou, olhando a hora - 5:02 da manhã. Ele rolou da cama sem vontade de se levantar, mas sabendo que não tinha muita escolha.
Ao menos esse seria o último verão que teria que suportar os Dursley. Depois que ele se formasse em Hogwarts, em junho, seria livre pra viver como quisesse, fazer o que quisesse, na hora que quisesse, e ele estava esperando por esse momento quase tanto quanto esperava a hora de dormir com Hermione - quase.
Harry saiu da cama e se aprontou para o trabalho, vestindo seu uniforme. Desde que retornara para a casa dos Dursley naquele verão, estava trabalhando numa sorveteria, a Doces Gostosos, que ele tinha que abrir de manhã cedo, mais ou menos às 6:00 para o café da manhã dos clientes.
Esse foi o primeiro ano que os Dursley permitiram que ele trabalhasse fora. Normalmente, eles não deixariam que Harry saísse tão facilmente da casa nº 4 da rua Alfeneiros - porque isso deixaria Harry feliz, algo contra o que eles lutaram por quase dezesseis anos. Mas esse verão foi diferente. Tio Valter deixou que Harry trabalhasse na Doces Gostosos como um favor a um de seus clientes que era o dono do estabelecimento e precisava de uma ajuda. Harry não podia estar mais feliz com sua liberdade. A única coisa ruim foi que os Dursley não deixavam que ele ficasse com muito do que ganhava - começaram a cobrar aluguel. Isso não preocupava muito Harry, pois ele sabia de algo que sua família desconhecia - ele era dono de uma pequena fortuna em seu cofre em Gringotes na qual seus tios nunca colocariam as mãos.
Harry olhou seu reflexo no espelho, ajeitando seu chapéu, que na opinião dele parecia um barco de papel ao contrário. Tinha um prendedor que o mantinha seguro na cabeça que Harry usava para ajudar a ajeitar seus cabelos negros indomáveis. Ele enrolou as mangas da camisa branca do uniforme e pegou o avental preto da cadeira, colocando por cima da cabeça e amarrando na cintura. Pegou a carteira e as chaves, colocou nos bolso da calça jeans. Deu de uma última olhada no espelho e achatou o cabelo sobre a cicatriz, bocejando.
Quando ia descer as escadas para fazer o café para os Dursley, que ainda dormiam, Harry ouviu o som familiar das asas de Edwiges. Ela voou pela janela e tinha um pacote amarrado em sua perna. Surpreso, Harry percebeu que era seu décimo sétimo aniversário. Ele recebeu vários presentes à meia- noite - um de Hermione, de Rony, Hagrid e Sirius. Ele não esperava mais nada.
Ele desamarrou o pacote de Edwiges e abriu a carta que estava anexa. Era de Dumbledore:
Feliz décimo sétimo aniversário, Harry. Como você pode ou não saber, essa é uma data muito importante, pois significa que você finalmente é maior de idade na Comunidade Mágica.
Você pode ser um membro oficial da Ordem de Fênix, apesar de ser apenas uma formalidade, já que você está operando como um membro há um ano e meio. Vamos ter nossa próxima reunião em outubro, em Hogwarts. Entrarei em contato futuramente do jeito de costume.
Está anexo um símbolo de sua associação com nossa estimada Ordem. Pertencia a seu pai. Esperamos que use como símbolo de sua devoção inquestionável à Ordem de seus pais e das gerações anteriores a eles.
Professor Dumbledore.
Harry desembrulhou o papel marrom e abriu a pequena caixa que revelou um anel de ouro. Ele o tirou da caixa e segurou entre seu polegar e indicador, examinando o desing. A frente do anel tinha a figura de uma fênix destacada por desenhos vermelhos a seu redor que pareciam chamas. Então isso pertencera a seu pai. Por um instante, Harry se perguntou como Dumbledore estava com ele - teria tirado do dedo seu pai depois dele ser assassinado por Voldemort? Antes que ele pudesse continuar com seus pensamentos, Harry foi distraído por um pequeno pedaço de pergaminho no fundo da caixinha.
Ao pegar, notou que estava bem velho e rasgado, e a escrita já desaparecendo. Ele apertou os olhos, tentando decifrar o que dizia. Pareciam instruções para usar o anel. Pelo que pôde ler, tinha que usá-lo no anelar da mão direita. Depois que o colocasse, desapareceria, reaparecendo apenas quando outra pessoa usando um anel igual o tocasse. Desse jeito, os membros da Ordem podiam se identificar. Quando o dono morria, o anel se materializava para o chefe da Ordem, para que fosse passado a um novo membro.
Então foi assim que ele estava com o anel de seu pai. Provavelmente apareceu para Dumbledore quando ele foi morto. Talvez tivesse sido assim que descobriram que os Potter estavam mortos. Harry respirou fundo tentando não pensar sobre isso.
Ele fechou a mão ao redor do anel, uma sensação intensa de tristeza e arrependimento passando por ele - tristeza por nunca ter conhecido seu pai e arrependimento por não poder fazer nada sobre isso. Apesar de ter dezessete anos, ele ainda desejava todos os dias que pudesse ver seus pais de novo, apesar de saber que isso era impossível.
Depois de alguns instantes, Harry abriu a mão e colocou o anel no dedo. Cabia perfeitamente, o que queria dizer que ou era magicamente feito para isso ou que seu dedo era do mesmo tamanho do de seu pai. Segundos depois, como as instruções disseram, o anel desapareceu. Harry ainda sentia o peso em seu dedo, mas esse era o único sinal que ainda estava ali.
De repente, tomando noção da hora, Harry abriu seu malão de Hogwarts e colocou a caixa vazia do anel lá, fechando em seguida. Ele tentou abrir, confirmando que a mala estava trancada antes de sair o começo de mais um dia.
******
Quando Harry chegou na Doces Gostosos, ficou surpreso por ela já estar aberta. Maldito ônibus! Era pra ele ter chegado dez minutos antes, mas o ônibus fez com que ele se atrasasse. Ele esperava que o Sr. Fitzwillian, o dono da loja, não se chateasse muito com seu atraso.
Quando ele entrou pela porta, foi recebido com um grande sorriso de uma americana atraente que trabalhava lá naquele verão. Maddie Smith era uma universitária de 20 anos que estava passando o verão na Inglaterra com sua tia. Estava trabalhando na Doces Gostosos para ganhar um dinheiro extra para o ano seguinte. Ela tinha começado no dia posterior a Harry.
Se alguém pedisse a Harry para descrever Maddie em uma palavra, seria arrasadora. Ela tinha 1,70m e possuía as medidas de uma supermodel. Quase sempre usava a camisa branca do uniforme amarrada na frente, sem o avental, deixando seus músculos do abdome bem definido e seu umbigo à mostra. Ela tinha cabelos castanhos ondulados e compridos, olhos amendoados e lábios carnudos que, em conjunto com seu corpo arrasador, eram usados para flertar incessantemente com qualquer homem que tivesse sangue nas veias.
Quando Harry conheceu Maddie, não acreditava no quanto ela era atraente. O primeiro pensamento que lhe veio à mente era que ela deveria ser algum tipo de veela para ter uma aparência tão magnética. Depois se lembrou que ela era trouxa e que ele estava no mundo trouxa, onde coisas assim não existiam. Mas não podia negar que tinha uma forte resposta física sempre que ela estava por perto. Ele se sentiu culpado por causa disso durante dias, até que notou que quase todos os homens que entravam em contato com ela viravam idiotas que não sabiam o que estavam falando.
Após superar o desconforto inicial que sentia perto dela, Harry se deixou conhecê-la melhor. Ele estava suficientemente confortável com seu amor por Hermione para saber que isso não criaria nenhum dilema moral para ele. Ele nunca em um milhão de anos a trairia, e saber isso o ajudou a superar sua culpa inicial e conhecer melhor a garota americana.
Poucas semanas depois, Maddie e Harry se tornaram bons amigos. Os dois trabalhavam três turnos - Maddie porque precisava do dinheiro, Harry porque queria ficar longe dos Dursley - então eles tinham muito tempo para bater- papo e falavam sobre quase qualquer assunto possível. Maddie era uma festeira e chegava ao trabalho quase todas as manhãs com óculos escuros e voz rouca falando sobre sua última conquista. Ela tratava os homens como alguém no deserto trata água - como se nunca fosse ter o suficiente e sempre quisesse mais. Ela nunca deu em cima de Harry porque ele logo deixou bem claro seus sentimentos por Hermione e ela o respeitava por isso. Entretanto, isso não a impedia de flertar com ele; parecia ser uma função vital para ela como respirar, comer ou dormir.
O Sr. Fitzwilliam parecia pensar que Maddie era a melhor funcionária que já tivera. Isso não era apenas por achá-la atraente, mas também por que as vendas de sorvetes na loja triplicaram desde que ela começara a trabalhar. Harry ria ao ver os grupos de homens de todas as idades entrar para comprar sorvete e ficar olhando-a, pedindo que ela dissesse coisas com seu sotaque americano. Quando isso acontecia, ela parecia amar a atenção, e sempre fazia com que eles voltassem.
Essa manhã ela aparentemente chegara mais cedo que o de costume e já tinha aberto a loja. Harry sorriu para ela, grato que ela tivesse feito isso sem ele.
"Muito obrigado," Harry disse, indo para trás do balcão e apertando o seu avental. Ele deu uma olhada na loja e parecia estar tudo pronto para receber a multidão que chegaria assim que eles abrissem às 6:30. "te devo uma. Eu saí um pouco mais tarde essa manhã e o maldito ônibus se atrasou".
Ela sorriu para ele distraidamente, refazendo o rabo-de-cavalo em seus cabelos castanhos. Ela usava um tipo de elástico coberto por tecido para prender os cabelos. Harry imaginou por um segundo porque ela não parecia estar com tanta ressaca quanto de costume. Ele imediatamente teve sua resposta pelo que ela disse depois.
"Sem problemas, Harry. Imaginei que você chegaria um pouco mais tarde hoje. É seu aniversario, não é? Planejei vim mais cedo hoje no caso de você ter saído ontem e ter dado sorte". Ela piscou.
"É, bem, eu não tive sorte - a não ser que você chame ficar preso em um ônibus dez minutos a mais de sorte." ele disse, tentando lembrar quando lhe dissera seu aniversário. Provavelmente tinha sido durante uma das conversas nas semanas anteriores.
"Bem, tenho algo pra você," ela disse bastante animada e correndo até o lugar onde guardava a bolsa atrás do balcão.
"Por que você fez isso?" Harry disse, tentando parecer zangado para esconder sua animação. "Me sinto péssimo. Nem sei quando é seu aniversario".
Ela foi até ele com o presente atrás das costas. Tinha um olhar bastante sedutor em seus olhos, quase como se o presente fosse algo que ela faria a ele, e não algo que lhe desse. Ele recuou alguns passos e ela riu.
"Estou com ele atrás das costas, mas vai ter que tirar de mim." ela disse, piscando para ele. Harry revirou os olhos. Como ela podia flertar a uma hora dessas? Onde ela arranjava tanta energia?
Harry sorriu e arregaçou as mangas. "Vamos lá, Maddie. Você sabe que eu não vou tentar, então pra que insistir ?" ele cruzou os braços, segurando um sorriso.
Ela fez bico. "Parece que uma garota não pode se divertir por aqui, não é? Ao menos não coloquei dentro da minha camisa como tinha planejado. Sabia que você nunca iria buscar!" ela sorriu e entregou o pacote colorido. "Ah, e meu aniversário é 21 de setembro, então você não vai poder me dar meu presente porque vou estar de volta aos Estados Unidos."
"Ei, é perto do aniversário de Hermione - o dela é dia dezenove," Harry disse enquanto desembrulhava o presente e descobriu que era um canivete suíço. Ele nunca possuíra um e olhou confuso para o instrumento. Quase como se tivesse lido sua mente, ela tomou de sua mão e começou a demonstrar suas várias funções. Até explicou a ele como o canivete apareceu no exército suíço original. Era em horas como essa que Harry suspeitava que ela era muito mais esperta do que deixava transparecer. Ela, às vezes, lembrava Hermione, pelo jeito que contava alguns fatos sobre eventos aleatórios, lugares ou coisas.
"Eu tenho um desse e carrego pra onde quer que eu vá. Uma garota nunca está suficientemente protegida esses dias." ela disse séria. Ela deve ter percebido o quão séria pareceu, porque imediatamente retomou seu sorriso de flerte e foi até a porta para mudar o cartaz com "Aberto" virado para fora.
****
"Ding dong". A campainha soou anunciando a entrada de outro cliente. Harry não parou o que estava fazendo debaixo do balcão porque só ia demorar um minuto. Estava trocando as mangueiras de gás dos refrigerantes e se errasse, ele e Maddie ficariam cobertos de refrigerantes pelo resto do dia.
"Por favor, eu queria um sundae de chocolate com creme chantilly e uma cereja extra em cima." Ele ouviu uma voz bastante familiar fazer o pedido.
Harry se levantou rapidamente pra ver se seus ouvidos tinham lhe enganado. Era Hermione! Ela sorria para ele e Rony estava ao lado dela, maravilhando a sorveteria. Harry teve a impressão que iria distender algum músculo do rosto de tão grande que era seu sorriso.
"Não dá pra dizer o quanto estou feliz em ver vocês!" ele exclamou. Os três riram animados.
"Surpresa!" Rony disse, jogando os braços para cima.
"Feliz aniversário Harry!" Hermione deu os parabéns, e esticou os braços por cima do balcão, os colocou atrás do pescoço dele e lhe deu um beijo na bochecha. "Nós queríamos fazer uma surpresa!"
Harry realmente estava muito surpreso. Essa era a última coisa que ele esperava que acontecesse hoje. Como conseguiram achá-lo? Como chegaram até ali? Ele queria dizer e fazer milhões de coisas, mas também estava preocupado com seu emprego. Sua alegria diminuiu ao perceber que teria que terminar seu turno antes de poder ficar com eles.
"Uau!" ele disse, ainda se recuperando do choque de rever seus melhores amigos. "Eu realmente não sei o que dizer. Esse deve ser o melhor aniversário de minha vida!" os dois sorriram para ele, Rony ainda um pouco distraído com os arredores, mas Hermione o olhou nos olhos e piscou para ele. Ele virou a cabeça um pouco e a olhou desconfiado. O que ela tinha planejado? Ele realmente esperava que envolvesse uns amassos porque ele estava precisando muito desse tipo de intimidade, tendo passado quase dois meses sem ela - o que parecia uma eternidade.
Desde que eles começaram a namorar no quinto ano, ele e Hermione ficaram mais próximos de várias maneiras. A amizade deles, que começou com a vitória sobre um trasgo montanhês com a ajuda de Rony no primeiro ano de Hogwarts, continuou a crescer durante o namoro. A relação romântica deles, que começou com uma aventura bizarra envolvendo uma maldição invocada pelo primeiro beijo deles, virou uma ligação física e emocional apaixonada. Eles passaram o último ano e meio explorando as fronteiras de sua nova aproximação, apesar do caos ao redor deles. Harry agradecia todos os dias pela sua sorte de ser abençoado pelo amor e afeição de Hermione.
Ele sorriu para ela, piscando em resposta. Ela estava absolutamente estonteante, o cabelo preso pelo pente que ele dera no natal do quinto ano, seu short branco mostrando um tanto de pele suficiente para fazer o coração dele bater mais forte no peito.
Rony virou para ele, os olhos arregalados de admiração. "Então, uma sorveteria trouxa é assim? Eu não esperava que tivesse tantos tubos e móveis de vidro. Pra que serve aquilo?" Ele apontou pra o freezer de porta de vidro, cheio de grandes potes de mais de quarenta sabores de sorvete.
"Ali é onde os sorvetes ficam gelados, Rony." Hermione respondeu no seu tom sabe-tudo. Ela e Harry trocaram um olhar.
"Quer dizer que eles têm que ficar ali pra ficar gelados? Impressionante o que tem que se fazer no lugar de um simples feitiço de resfriamento." Harry percebeu que eles tinham que falar baixo ou alguém poderia ouvi-los e começar a fazer perguntas. Felizmente, não havia clientes como de costume numa quinta de manhã normal.
"Shh," ele disse, olhando nervoso para trás dele para porta que dava pro estoque nos fundos. "O dono da sorveteria está lá atrás e pode ouvir a gente conversando." Rony fez uma careta e se desculpou, colocando as mãos nos bolsos e continuando a olhar a loja, fascinado. Ele estava cada dia mais parecido com seu pai, Harry pensou. Talvez ele fosse trabalhar com ele quando se formasse em Hogwarts esse ano.
"Bem, não acho que ele vai ficar muito surpreso de nos ver aqui." Hermione disse.
"Como assim?" Harry perguntou, imaginando o que ela estava aprontando.
"Bem, você me disse que o nome da sorveteria era Doces Gostosos, então eu procurei e liguei para o sr. Fitzwilliam. "
"Você ligou para o sr. Fitzwilliam? Falou com ele?" Harry perguntou, pasmado com sua ousadia.
"Sim. Ele foi bem legal e eu expliquei que eu e Rony viríamos fazer uma surpresa em seu aniversario. Ele me disse que deixaria você ficar livre o resto do dia. Isso não é ótimo?" ela praticamente gritou as últimas palavras de tão animada que estava.
Harry queria gritar também, mas nessa hora o sr. Fitzwilliam entrou pela porta atrás do balcão.
"Então, esses dois devem ser seus amigos. Hermione, acredito." ele disse estendendo sua mão.
Ela deu um pequeno sorriso pra Harry antes de apertar a mão do sr. Fitzwilliam. "Muito prazer em conhecê-lo pessoalmente, senhor." ela disse respeitosamente.
"E você deve ser Rony. Harry falou muito sobre você também." O sr. Fitzwilliam disse com um sorriso paternal. Rony apertou a mão e acenou com a cabeça.
"Prazer em conhecê-lo, senhor."
Sr. Fitzwilliam virou para Harry. "Harry, tenho que sair para o almoço, mas volto uma hora, e depois você pode tirar o resto do dia de folga se quiser. Deixaria você sair agora, mas Maddie se sentiu mal de repente e teve que ir para casa."
Harry procurou por Maddie apesar de saber que não a veria. Ele ficou tão animado por ver Hermione e Rony que não notou que não estava lá. Pena, ele queria apresentá-los. Ela era a primeira amiga que ele fazia fora de Hogwarts e ele achava que ela gostaria de conhecer as duas pessoas de quem falava incessantemente desde que eles começaram a trabalhar juntos, no começo do verão.
Hermione e Rony concordaram em passear pelas horas seguintes enquanto Harry terminava o trabalho. Quando deu uma hora, Harry praticamente correu para o restaurante onde eles tinham combinado de encontrar para o almoço.
******
Durante o almoço, Harry teve a oportunidade de descobrir os detalhes de como Rony e Mione conseguiram surpreendê-lo. Hermione foi pra casa de Rony no carro de seus pais e de lá eles usaram uma chave de portal dada pelo sr. Weasley para chegarem numa área segura na rua onde Harry trabalhava.
Foi tudo idéia de Hermione, obviamente. Ela planejou isso desde quando eles ficaram de férias, sabendo em como seria difícil ela e Rony conseguirem tempo pra fazer qualquer coisa. Ela só conseguiu um dia de folga do programa especial de verão no qual ela estava matriculada para aprender mais sobre matérias trouxas, que seus pais a encorajaram a fazer. Rony estava passando o verão num estágio no ministério da Magia no escritório do pai, que agora era chefe do setor de Mau uso de Artefatos Trouxas. Ele teve que subornar sua mãe com promessas de boas notas em seus NIEMs para conseguir permissão de sair de casa em tempos tão perigosos.
E esses eram tempos perigosos para todos bruxos e bruxas. Harry sempre se lembrava disso enquanto ouvia as histórias de Rony sobre o que estava acontecendo esse no Ministério.
No ano anterior foi de um despertar terrível na comunidade Mágica. Rumores que Voldemort retornara não eram mais considerados fofocas infundadas, mas um fato aterrorizador. Voldemort e seus aliados atacaram a escola Beauxbauton na França e ameaçaram destruí-la se Dumbledore não entregasse Harry a eles. Dumbledore e a Ordem de Fênix recusaram, apesar de Harry ter proposto um plano dele servir de isca para atrair Voldemort para que ele pudesse ser derrotado de uma vez por todas. Voldemort terminou destruindo a escola, deixando tudo no chão para conseguir escapar dos Aurores do ministério e dos membros da Ordem da Fênix que vieram caçá-lo. Meia dúzia de professores de Beauxbatons foi morta no confronto.
Apesar dos avisos de Dumbledore para que Harry ficasse, ele viajou para França querendo fazer alguma coisa pra ajudar. Ele foi seguido por seus dois amigos que insistiram que queriam ajudá-lo a enfrentar o que quer que fosse. Harry e Hermione foram encarar Voldemort de perto enquanto Rony organizou a evacuação do castelo, com a ajuda de Hagrid, Madame Maxine, e os gigantes aliados. Com muita habilidade e determinação, Harry e Hermione foram a chave para distrair Voldemort tempo suficiente para que o castelo fosse evacuado e que os Aurores pudessem prender os Comensais da Morte. Por sua participação na batalha de Beauxbatons, todos três receberam recomendações do Ministério de Magia, o que quase compensou pela bronca que levaram de Dumbledore por causa do envolvimento desautorizado.
Enquanto ouvia as histórias de Rony, os pensamentos de Harry se voltaram pra o Ministério da Magia, que estava mergulhado em uma confusão ainda maior depois dos eventos desse verão. O ministro da Magia Cornélio Fudge foi assassinado no início de junho, a Marca Negra flutuando sobre a sede do ministério pela primeira vez em dezessete anos. Harry se lembrava bem desse dia porque recebeu uma dúzia de corujas logo cedo para checar se ele estava seguro e contando as notícias horríveis.
Harry e Hermione ouviam intensamente enquanto Rony contava os problemas que o Ministério estava enfrentando desde o assassinato de Fudge e o ataque a Azkaban que seguiu o retorno. Os Comensais da Morte finalmente conseguiram libertar seus membros que ainda restavam na prisão mágica, dando permissão aos Dementadores de se nutrir dos bruxos nascidos trouxas que encontrassem enquanto aproveitavam sua nova liberdade de ir aonde quisessem.
Por que Voldemort e seus Comensais da Morte pareciam querer eliminar todos nascidos trouxas era um mistério para todos - pelo menos para todos que eles conheciam. Hermione tinha uma teoria que isso estava relacionado à obsessão de Voldemort por controlar a vida e a morte, mas isso era só uma teoria, e ela não tinha nenhum fato para apoiar. A única outra conexão que eles conseguiram pensar foi dos Sonserinos sempre falarem da importância de ser um bruxo de sangue puro. Se isso era apenas um preconceito antigo ou alguma aliança com os objetivos de Voldemort, eles não sabiam. Uma coisa que sabiam era que muitos que apoiavam esse "Orgulho Bruxo" estavam ligados a Voldemort de alguma maneira.
Quando Rony estava terminando de contar as notícias do Ministério da Magia, Harry lembrou do anel que recebera de Dumbledore naquela manhã. Não sabia se podia contar a eles sobre o anel, então decidiu não mencionar. Teria que perguntar a Sirius - outro membro - para saber se podia compartilhar essa informação com pessoas de fora da Ordem.
Quando ele voltou a prestar atenção na conversa, Rony estava dizendo pra terminarem qualquer discussão sobre Você-sabe-quem, ao menos até o fim da visita.
"Certo, acho que é o suficiente de conversa séria por enquanto." ele disse, "O que eu quero saber é se algum dos dois está fazendo contagem regressiva até o grande dia?" Ele sorriu malicioso para os dois, com as sobrancelhas levantadas.
Harry e Hermione se entreolharam e riram. Ambos tinham uma resposta pra essa pergunta: Sim! Com certeza sim!
No quinto ano, o primeiro beijo deles que resultou em Hermione ser atingida pela Maldição de Morgana que a deixaria num estado de sonhos futurísticos até seu décimo sétimo aniversário a não ser que fosse acordada por um contra-feitiço. Esse contra-feitiço tinha que ser invocado por Harry e outro bruxo que a amasse. Estranhamente, esse outro bruxo acabou sendo Draco Malfoy que insistiu, sob a influência de uma poderosa poção do amor, que ele era o único que podia ajudá-la. O contra-feitiço funcionou e Malfoy nunca explicou seus motivos para ajudar, mas freqüentemente lembrava que Harry lhe devia um favor.
Infelizmente, um dos efeitos colaterais foi que Harry e Hermione teriam que se abster de sexo até que Hermione completasse dezessete anos ou arriscariam que a Maldição voltasse a atingi-la, mas dessa vez sem cura. Para tristeza de Harry, esse efeito colateral teria sido evitado se ele tivesse pesquisado mais sobre os efeitos das anotações feitas a mão na página com a receita da poção. Ele nunca cometeria esse erro de novo.
Claro que essa limitação não se aplicava a Hermione dormir com outra pessoa, apenas com Harry pois ele foi quem invocou a maldição ao beijá-la. Isso nunca foi discutido, entretanto, pois Harry e Hermione se amavam muito e nenhum dos dois pensou em nenhum momento em dormir com outra pessoa.
"Exatamente cinqüenta dias, três horas e dois minutos," Harry disse olhando para seu relógio e sorrindo. "Por que você não nasceu mais cedo?" ele perguntou a ela brincando enquanto esticou o braço e acariciou a bochecha dela com as costas da mão. Todos riram.
"Podemos falar de outra coisa?" Hermione disse sorrindo, mas parecendo impaciente. Nos últimos meses esse assunto era garantia de mudar o humor dela. Ela, como Harry, achou essa limitação muito difícil de ser seguida na medida que o relacionamento deles foi progredindo durante esse ano e meio. Ela pesquisou em como lidar com esse tipo de frustração e não achou nada. No final, eles chegaram a conclusão que era melhor esperar já que eles eram tão novos e precisavam dar tempo a eles mesmos para aprofundar e nutrir seu relacionamento. Mas agora que eles tinham quase dezessete e ainda se amavam muito, os dois achavam que já estava na hora de ir para o próximo nível.
"Claro que podemos falar sobre outra coisa," Harry disse, pensando se Hermione ficou muito chateada. "Como está a escola? Por que não trouxe o distintivo de monitora-chefe para mostrar?"
Hermione deu um largo sorriso. Estava muito animada em ser monitora-chefe e Harry estava muito feliz por ela. Ele achava que ela merecia e sabia o quanto ela queria. Ela mudou a expressão, entretanto, enquanto contava que tinha acabado de saber quem era o monitor-chefe.
"Então quem é?" Rony disse com a boca cheia de curry de galinha, "E por que só estamos sabendo agora? Por que não mandou uma coruja?"
"É, por que não mandou uma coruja?" Harry concordou com Rony.
Hermione olhou irritada para os dois. "Vocês não acham que eu teria mandado se tivesse a chance? Eu mandei várias corujas pra você Harry, quase todos os dias. Você não acha que teria dito se soubesse? Francamente!"
"Não se irrite, Hermione." Harry disse segurando a mão dela e sorrindo, o que a ajudou a se acalmar um pouco. Ele sabia quando ela estava irritada pelo jeito que seu corpo ficava tenso. Ele tinha o palpite que essa noticia não era muito boa. E estava certo. Não era.
"É o Malfoy." Hermione disse, torcendo o nariz.
"Eca!" Rony e Harry disseram ao mesmo tempo, Rony de queixo caído.
"Como é que Dumbledore escolheu aquele canalha para monitor-chefe? Ele não sabe que ele está com Você-sabe-quem? Como podemos confiar nele?"
"Não podemos confiar nele, esse é o problema." Hermione respondeu a Rony, remexendo na comida em seu prato. Ela olhou para Harry.
Ele coçou a cabeça e se recostou na cadeira. Malfoy era monitor-chefe: talvez Dumbledore tenha levado muitos feitiços estonteantes nos últimos anos. Harry balançou a cabeça, sem palavras depois do choque dessa notícia.
"A única explicação que consigo encontrar é que Dumbledore está tentando trazê-lo para nosso lado antes que se forme e acha que assim vai conseguir. Também ajuda que Malfoy é o segundo melhor em nossa turma e é provavelmente o aluno mais popular, tirando Lilá Brown, claro. Provavelmente é por isso."
"Bela tentativa Hermione, mas acho que devemos atribuir essa ao fato de Dumbledore estar ficando um pouco maluco com idade. Concorda, Harry?"
"Não, Rony. Dumbledore está tão são quanto qualquer um de nós. Ele deve ter suas razões. Ou talvez Hermione esteja certa e ele espera que Malfoy vá se arrepender, ver seus erros e se juntar a nós que estamos lutando contra Voldemort." Harry disse a última parte com tanto sarcasmo, que Rony se engasgou com a água e Hermione riu dele.
"Esse vai ser o dia que aquele bastardo luta por algo remotamente honrável e decente. Sabia que ele está apostando com quantas garotas vai dormir esse ano?" Rony disse com um tom de animação.
"Mesmo? Em quanto está?" Harry disse, inclinando-se para frente de curiosidade e extremamente animado.
"Harry!" Hermione disse chocada.
"Da ultima vez que chequei com Simas, estava em doze. Isso é demais! Ele nunca vai conseguir tantas!"
"Rony!"
"Então quer dizer doze garotas novas, ou conta aquelas com quem ele já dormiu antes? De cara, lembro de cinco com quem ele dormiu ano passado, sem contar as do sétimo ano."
"Harry!"
"Não. Tem que ser outras garotas, por isso acho que ele não tem nenhuma chance. Ele dá um novo sentido ao título de Monitor-chefe, não é?". Rony disse com um sorriso perverso.
"Certo! Isso basta! Já chega vocês dois! E se alguém fizer algum comentário sobre Monitora-chefe, a próxima coisa que vai sentir é meu pé fazendo contato com a canela." Hermione falou, num tom cheio de nojo e cobrindo as orelhas com as mãos. Rony lançou um olhar de quem se divertia para Harry.
"E é melhor você não me dizer que entrou nessa aposta primitiva, Rony." Hermione completou, raiva piscando em seus olhos.
O sorriso animado de Rony desapareceu no mesmo instante, e Harry teve que segurar a risada. Ele, como Rony, sabia que só havia uma resposta para essa pergunta.
"Claro que não, Hermione." Rony disse estreitando os olhos. "Eu só estava dizendo que se fosse apostar, seria contra ele. Só isso." Ele olhou para Harry e sorriu. Harry se esforçou muito para não rir, mas Hermione decifrou a expressão dele.
"E o que você acha tão engraçado, Sr. Potter?" Hermione disse com os braços cruzados.
"Nada não, Srta. Granger, nada mesmo. Só não sei porque alguém namoraria aquele perdedor, quanto mais dormir com ele."
"É, eu realmente não sei como ele consegue." Rony disse questionando. "Ele é um idiota feio e nojento, mesmo assim as garotas vivem atrás dele. Quase me faz vomitar."
"Bem, ano passado Lilá Brown me disse que o achava o rapaz mais bonito da escola e achei que ela estava brincando. Mas as outras garotas que estavam na nossa mesa concordaram. Eu não tenho idéia do que elas estavam falando." Hermione disse com nojo.
"Eu não entendo as mulheres." Rony disse balançando a cabeça e olhando para mesa. "Vocês não fazem sentido. Olhe Meg, por exemplo. Um dia ela diz que somos chatos juntos e que nossa relação não tem nenhum tempero, depois no dia seguinte ela grita comigo por fazer muitas brincadeiras com ela. Por que isso?"
Harry e Hermione trocaram um olhar ansioso. Nenhum dos dois queria se arriscar a dar uma opinião - eles tinham juízo. Desde que começaram a namorar no quinto ano, Rony e Meg tinham o que se podia dizer uma relação tumultuada. Harry perdeu as contas de quantas vezes eles terminaram e voltaram. Nesse momento eles estavam dando um tempo, mas Harry sabia que Rony estava planejando como reconquistá-la quando voltassem a escola em setembro. Harry e Hermione tentaram aconselhar Rony várias vezes sobre seu namoro, mas sem utilidade. Os dois concordaram que era melhor ficar fora e evitar o fogo cruzado.
Hermione limpou a garganta e respondeu usando seu tom diplomata que Harry achava muito atraente, "Já que sou a única mulher na mesa, vou responder. As pessoas se comportam de um jeito estranho quando estão amando - e isso não se aplica só às mulheres. Pense com o coração e não com a cabeça e será considerado irracional - isso é injusto em minha opinião. Você está sendo apenas humano!"
"Bem este humano aqui está cansado das mulheres pensarem com o coração e quebrarem o meu." Rony disse irritado.
"Então, o que vocês dois querem fazer agora?" Harry disse, tentando evitar outra demonstração de antagonismo entre seus dois amigos.
Eles discutiram os planos que Hermione fizera para o resto do dia. Rony precisava chegar em casa antes de escurecer, então ele iria usar a chave de portal e voltar para a Toca e devolver a Hermione via coruja para que ela pudesse voltar mais tarde e pegar o carro. Harry tinha que estar em casa às onze, já que era esse o horário que ele geralmente voltava da Doces Gostosos, por isso precisava pegar o ônibus de volta pra rua dos Alfeneiros antes disso.
Como o dia estava muito bonito, eles decidiram passear e acabaram em um parque que tinha grandes campos e várias estradas de pedra cheias de bancos de madeira. Eles eram das poucas pessoas que estavam sentadas na grama, aproveitando o sol pelas poucas horas que ainda ficaria no céu. Decidiram ficar ali até a hora de Rony ir embora, Harry pegando uma bola de futebol emprestada de uma família e mostrando a Rony como chutá-la. Hermione se levantou e ajudou a mostrar como passar e logo os três estavam correndo pelo campo, e tentando roubar a bola um do outro. Harry não se lembrava a última vez que se divertira tanto no Mundo trouxa.
Quando chegou a hora de Rony ir, ele deu um tapinha nas costas de Harry, desejando-lhe Feliz Aniversário. Os três foram para um lugar seguro de onde Rony pegaria a chave de portal de volta a toca. Quando ele ia tocar a chave, parou.
"Hei," ele disse, com um brilho nos olhos, "passamos o dia inteiro aqui com você e não conhecemos a Maddie. Nunca conheci uma garota americana antes, mas ouvi dizer que elas são quentes." Hermione rolou os olhos e balançou a cabeça enquanto Harry cruzou os braços e franziu a testa.
"Você ouviu o sr. Fitzwilliam, Maddie não estava bem. Eu com certeza teria lhe apresentado se ela estivesse por lá - mas ela não é seu tipo Rony. Ela é mais do tipo de alguém como Malfoy. Na verdade, ela troca de homem do mesmo jeito que ele troca de mulher. Eles provavelmente fariam um bom par se não fosse pelo porém dela ser boa demais pra ele."
"Então, você está dizendo que eu não sou bom suficiente pra ela?" Rony disse, um pouco irritado. Hermione olhou para Harry sondando.
"Não, Rony, não é nada disso. Só que você não gostaria de se envolver com alguém como ela. Você devia ver os coitados que passam pela sorveteria tentando conversar com ela. É patético como ela os usa. Dava pra pensar se ela não tem algo contra os homens se ela não fosse tão legal."
"Bem, pelo que você nos contou ela parece legal o suficiente pra mim." Hermione disse sem nenhum rastro de ciúmes ou insegurança. Isso deixou Harry extremamente feliz e aliviado. Isso também pareceu acalmar Rony.
"Bem, é melhor eu ir. Minha mãe vai ter um ataque se eu chegar de noite. Até!" Ele disse. Depois de um segundo, ele não estava mais lá. Harry agora estava sozinho com Hermione pela primeira vez desde que eles se despediram na estação King Cross no fim do ano letivo.
*****
"Tem certeza que não tem ninguém aí?" Hermione perguntou nervosa, enquanto Harry remexia nas chaves procurando a da porta dos fundos da sorveteria.
"Tenho. São dez e cinco e as luzes estão desligadas. Sempre desligamos as luzes quando vamos embora. Provavelmente a noite foi fraca, então já devem ter ido embora há meia hora pelo menos. Não se preocupe." ele afirmou para ela.
Eles ficaram andando depois de uma noite divertida que envolveu muita dança e um jantar tardio até que eles viram a sorveteria fechada. Isso deu uma idéia a Harry.
Ele abriu a porta e segurou a mão dela, levando-a para dentro com cuidado para não derrubar as caixas de casquinha que ele sabia que estavam empilhadas à sua direita. Fechou a porta atrás deles e eles ficaram numa escuridão praticamente completa.
Harry colocou seus braços ao redor de Hermione e ela se encostou a ele, seu corpo contra o dele. Ele se inclinou para beijá-la, errando a boca dela na primeira, mas logo encontrou. Já tinha passado muito tempo desde o último beijo deles. A boca dela estava tão úmida e convidativa e logo os dois estavam ofegantes e beijando-se entusiasticamente, permitindo que suas línguas se encontrassem de um jeito muito primitivo e sensual várias vezes.
Enquanto seus olhos se ajustavam à escuridão do estoque, Harry os sentou numa das caixas mais pesadas que tinha os vasos com calda de chocolate. Se ele fosse mais aventureiro e se preocupasse menos com a aparência deles quando voltassem para casa, poderia ter aberto um dos vasos e ver se ela queria usá-los para alguma diversão. Mas ele estava muito além de qualquer pensamento, racional ou criativo, muito mais distraído em abrir o sutiã dela e em sentir a pele dela contra a sua. Suas mãos tremiam enquanto ele fazia o que podia para manter o controle de seu forte desejo.
Quando eles estavam chegando ao ponto mais distante que já tinham chegado quando ficavam juntos assim, Hermione começou a fazer uma coisa que eles nunca fizeram antes - ela ia lhe dar um orgasmo com a boca. Ele nunca pediu que ela fizesse isso, porque não queria pressioná-la a fazer algo com que se sentisse desconfortável. Na verdade, ele passava a maior parte do tempo que eles estavam juntos tentando achar novas formas de dar a ela o prazer que merecia. Ele amava fazê-la perder o controle assim e se sentia orgulhoso por ter habilidade de fazer isso.
"Tem certeza que quer fazer isso?" Ele perguntou, quase sem conseguir falar.
A boca dela encontrou a dele mais uma vez antes que sussurrasse a resposta em seu ouvido, "Estive esperando pra fazer isso o verão todo." ela respirou, "Uma de minhas amigas no acampamento de verão me disse que isso é uma coisa que os garotos gostam muito, então eu planejei fazer uma surpresa em seu aniversário. Você não se importa, não é?"
Harry engoliu a seco. Importar? Como ele podia se importar? Para ser franco, ele estava um pouco intimidado com a idéia porque estava com medo de não agüentar muito e ela não ter tempo pra fazer muita coisa, mas estava mais excitado do que podia dizer. Com um gemido de prazer ele concordou.
Minutos depois, os dois se deitaram nas caixas, Hermione suspirou contente, deitando sua cabeça no ombro dele, sua mão repousando em seu peito nu. Harry ainda estava ofegando, seu corpo cheio de prazer. Ele se sentia tonto e sonolento.
"Esse deve ser o melhor presente de aniversário que já recebi." ele murmurou inclinando sua cabeça e beijando-a docemente. "De verdade. Você foi incrível, meu amor. Não acho palavras para descrever o quanto foi bom."
Ela olhou para ele. "Ainda bem que você gostou. Estava com medo de estragar tudo e você me achar uma idiota." Ela afundou a cabeça no ombro dele, claramente envergonhada.
Harry respirou profundamente antes de dizer. "Você é incrível, Hermione Granger. Nunca vou deixar você dizer o contrario. Eu te amo."
Ele sentiu uma lágrima cair em seu ombro antes que ela respondesse com um suspiro contente. "Eu também te amo Harry, sempre amarei."
Harry Potter e a Tábula de Transmora
de Elia Sheldon
Nesse capítulo, conhecemos uma pessoa nova e sabemos o que aconteceu nesse ano e meios desde o fim de Um beijo não é apenas um beijo. É o verão anterior ao sétimo ano e Harry tem um emprego de verão.
Capítulo 1: A visita
"BIZZ, BIZZ, BIZZ, BIZZ!" O alarme de Harry zunia em seu ouvido. Resmungando, ele esticou o braço sobre seu criado-mudo, parando o barulho incessante - pelo menos até o dia seguinte. Tateou procurando seus óculos e os colocou, olhando a hora - 5:02 da manhã. Ele rolou da cama sem vontade de se levantar, mas sabendo que não tinha muita escolha.
Ao menos esse seria o último verão que teria que suportar os Dursley. Depois que ele se formasse em Hogwarts, em junho, seria livre pra viver como quisesse, fazer o que quisesse, na hora que quisesse, e ele estava esperando por esse momento quase tanto quanto esperava a hora de dormir com Hermione - quase.
Harry saiu da cama e se aprontou para o trabalho, vestindo seu uniforme. Desde que retornara para a casa dos Dursley naquele verão, estava trabalhando numa sorveteria, a Doces Gostosos, que ele tinha que abrir de manhã cedo, mais ou menos às 6:00 para o café da manhã dos clientes.
Esse foi o primeiro ano que os Dursley permitiram que ele trabalhasse fora. Normalmente, eles não deixariam que Harry saísse tão facilmente da casa nº 4 da rua Alfeneiros - porque isso deixaria Harry feliz, algo contra o que eles lutaram por quase dezesseis anos. Mas esse verão foi diferente. Tio Valter deixou que Harry trabalhasse na Doces Gostosos como um favor a um de seus clientes que era o dono do estabelecimento e precisava de uma ajuda. Harry não podia estar mais feliz com sua liberdade. A única coisa ruim foi que os Dursley não deixavam que ele ficasse com muito do que ganhava - começaram a cobrar aluguel. Isso não preocupava muito Harry, pois ele sabia de algo que sua família desconhecia - ele era dono de uma pequena fortuna em seu cofre em Gringotes na qual seus tios nunca colocariam as mãos.
Harry olhou seu reflexo no espelho, ajeitando seu chapéu, que na opinião dele parecia um barco de papel ao contrário. Tinha um prendedor que o mantinha seguro na cabeça que Harry usava para ajudar a ajeitar seus cabelos negros indomáveis. Ele enrolou as mangas da camisa branca do uniforme e pegou o avental preto da cadeira, colocando por cima da cabeça e amarrando na cintura. Pegou a carteira e as chaves, colocou nos bolso da calça jeans. Deu de uma última olhada no espelho e achatou o cabelo sobre a cicatriz, bocejando.
Quando ia descer as escadas para fazer o café para os Dursley, que ainda dormiam, Harry ouviu o som familiar das asas de Edwiges. Ela voou pela janela e tinha um pacote amarrado em sua perna. Surpreso, Harry percebeu que era seu décimo sétimo aniversário. Ele recebeu vários presentes à meia- noite - um de Hermione, de Rony, Hagrid e Sirius. Ele não esperava mais nada.
Ele desamarrou o pacote de Edwiges e abriu a carta que estava anexa. Era de Dumbledore:
Feliz décimo sétimo aniversário, Harry. Como você pode ou não saber, essa é uma data muito importante, pois significa que você finalmente é maior de idade na Comunidade Mágica.
Você pode ser um membro oficial da Ordem de Fênix, apesar de ser apenas uma formalidade, já que você está operando como um membro há um ano e meio. Vamos ter nossa próxima reunião em outubro, em Hogwarts. Entrarei em contato futuramente do jeito de costume.
Está anexo um símbolo de sua associação com nossa estimada Ordem. Pertencia a seu pai. Esperamos que use como símbolo de sua devoção inquestionável à Ordem de seus pais e das gerações anteriores a eles.
Professor Dumbledore.
Harry desembrulhou o papel marrom e abriu a pequena caixa que revelou um anel de ouro. Ele o tirou da caixa e segurou entre seu polegar e indicador, examinando o desing. A frente do anel tinha a figura de uma fênix destacada por desenhos vermelhos a seu redor que pareciam chamas. Então isso pertencera a seu pai. Por um instante, Harry se perguntou como Dumbledore estava com ele - teria tirado do dedo seu pai depois dele ser assassinado por Voldemort? Antes que ele pudesse continuar com seus pensamentos, Harry foi distraído por um pequeno pedaço de pergaminho no fundo da caixinha.
Ao pegar, notou que estava bem velho e rasgado, e a escrita já desaparecendo. Ele apertou os olhos, tentando decifrar o que dizia. Pareciam instruções para usar o anel. Pelo que pôde ler, tinha que usá-lo no anelar da mão direita. Depois que o colocasse, desapareceria, reaparecendo apenas quando outra pessoa usando um anel igual o tocasse. Desse jeito, os membros da Ordem podiam se identificar. Quando o dono morria, o anel se materializava para o chefe da Ordem, para que fosse passado a um novo membro.
Então foi assim que ele estava com o anel de seu pai. Provavelmente apareceu para Dumbledore quando ele foi morto. Talvez tivesse sido assim que descobriram que os Potter estavam mortos. Harry respirou fundo tentando não pensar sobre isso.
Ele fechou a mão ao redor do anel, uma sensação intensa de tristeza e arrependimento passando por ele - tristeza por nunca ter conhecido seu pai e arrependimento por não poder fazer nada sobre isso. Apesar de ter dezessete anos, ele ainda desejava todos os dias que pudesse ver seus pais de novo, apesar de saber que isso era impossível.
Depois de alguns instantes, Harry abriu a mão e colocou o anel no dedo. Cabia perfeitamente, o que queria dizer que ou era magicamente feito para isso ou que seu dedo era do mesmo tamanho do de seu pai. Segundos depois, como as instruções disseram, o anel desapareceu. Harry ainda sentia o peso em seu dedo, mas esse era o único sinal que ainda estava ali.
De repente, tomando noção da hora, Harry abriu seu malão de Hogwarts e colocou a caixa vazia do anel lá, fechando em seguida. Ele tentou abrir, confirmando que a mala estava trancada antes de sair o começo de mais um dia.
******
Quando Harry chegou na Doces Gostosos, ficou surpreso por ela já estar aberta. Maldito ônibus! Era pra ele ter chegado dez minutos antes, mas o ônibus fez com que ele se atrasasse. Ele esperava que o Sr. Fitzwillian, o dono da loja, não se chateasse muito com seu atraso.
Quando ele entrou pela porta, foi recebido com um grande sorriso de uma americana atraente que trabalhava lá naquele verão. Maddie Smith era uma universitária de 20 anos que estava passando o verão na Inglaterra com sua tia. Estava trabalhando na Doces Gostosos para ganhar um dinheiro extra para o ano seguinte. Ela tinha começado no dia posterior a Harry.
Se alguém pedisse a Harry para descrever Maddie em uma palavra, seria arrasadora. Ela tinha 1,70m e possuía as medidas de uma supermodel. Quase sempre usava a camisa branca do uniforme amarrada na frente, sem o avental, deixando seus músculos do abdome bem definido e seu umbigo à mostra. Ela tinha cabelos castanhos ondulados e compridos, olhos amendoados e lábios carnudos que, em conjunto com seu corpo arrasador, eram usados para flertar incessantemente com qualquer homem que tivesse sangue nas veias.
Quando Harry conheceu Maddie, não acreditava no quanto ela era atraente. O primeiro pensamento que lhe veio à mente era que ela deveria ser algum tipo de veela para ter uma aparência tão magnética. Depois se lembrou que ela era trouxa e que ele estava no mundo trouxa, onde coisas assim não existiam. Mas não podia negar que tinha uma forte resposta física sempre que ela estava por perto. Ele se sentiu culpado por causa disso durante dias, até que notou que quase todos os homens que entravam em contato com ela viravam idiotas que não sabiam o que estavam falando.
Após superar o desconforto inicial que sentia perto dela, Harry se deixou conhecê-la melhor. Ele estava suficientemente confortável com seu amor por Hermione para saber que isso não criaria nenhum dilema moral para ele. Ele nunca em um milhão de anos a trairia, e saber isso o ajudou a superar sua culpa inicial e conhecer melhor a garota americana.
Poucas semanas depois, Maddie e Harry se tornaram bons amigos. Os dois trabalhavam três turnos - Maddie porque precisava do dinheiro, Harry porque queria ficar longe dos Dursley - então eles tinham muito tempo para bater- papo e falavam sobre quase qualquer assunto possível. Maddie era uma festeira e chegava ao trabalho quase todas as manhãs com óculos escuros e voz rouca falando sobre sua última conquista. Ela tratava os homens como alguém no deserto trata água - como se nunca fosse ter o suficiente e sempre quisesse mais. Ela nunca deu em cima de Harry porque ele logo deixou bem claro seus sentimentos por Hermione e ela o respeitava por isso. Entretanto, isso não a impedia de flertar com ele; parecia ser uma função vital para ela como respirar, comer ou dormir.
O Sr. Fitzwilliam parecia pensar que Maddie era a melhor funcionária que já tivera. Isso não era apenas por achá-la atraente, mas também por que as vendas de sorvetes na loja triplicaram desde que ela começara a trabalhar. Harry ria ao ver os grupos de homens de todas as idades entrar para comprar sorvete e ficar olhando-a, pedindo que ela dissesse coisas com seu sotaque americano. Quando isso acontecia, ela parecia amar a atenção, e sempre fazia com que eles voltassem.
Essa manhã ela aparentemente chegara mais cedo que o de costume e já tinha aberto a loja. Harry sorriu para ela, grato que ela tivesse feito isso sem ele.
"Muito obrigado," Harry disse, indo para trás do balcão e apertando o seu avental. Ele deu uma olhada na loja e parecia estar tudo pronto para receber a multidão que chegaria assim que eles abrissem às 6:30. "te devo uma. Eu saí um pouco mais tarde essa manhã e o maldito ônibus se atrasou".
Ela sorriu para ele distraidamente, refazendo o rabo-de-cavalo em seus cabelos castanhos. Ela usava um tipo de elástico coberto por tecido para prender os cabelos. Harry imaginou por um segundo porque ela não parecia estar com tanta ressaca quanto de costume. Ele imediatamente teve sua resposta pelo que ela disse depois.
"Sem problemas, Harry. Imaginei que você chegaria um pouco mais tarde hoje. É seu aniversario, não é? Planejei vim mais cedo hoje no caso de você ter saído ontem e ter dado sorte". Ela piscou.
"É, bem, eu não tive sorte - a não ser que você chame ficar preso em um ônibus dez minutos a mais de sorte." ele disse, tentando lembrar quando lhe dissera seu aniversário. Provavelmente tinha sido durante uma das conversas nas semanas anteriores.
"Bem, tenho algo pra você," ela disse bastante animada e correndo até o lugar onde guardava a bolsa atrás do balcão.
"Por que você fez isso?" Harry disse, tentando parecer zangado para esconder sua animação. "Me sinto péssimo. Nem sei quando é seu aniversario".
Ela foi até ele com o presente atrás das costas. Tinha um olhar bastante sedutor em seus olhos, quase como se o presente fosse algo que ela faria a ele, e não algo que lhe desse. Ele recuou alguns passos e ela riu.
"Estou com ele atrás das costas, mas vai ter que tirar de mim." ela disse, piscando para ele. Harry revirou os olhos. Como ela podia flertar a uma hora dessas? Onde ela arranjava tanta energia?
Harry sorriu e arregaçou as mangas. "Vamos lá, Maddie. Você sabe que eu não vou tentar, então pra que insistir ?" ele cruzou os braços, segurando um sorriso.
Ela fez bico. "Parece que uma garota não pode se divertir por aqui, não é? Ao menos não coloquei dentro da minha camisa como tinha planejado. Sabia que você nunca iria buscar!" ela sorriu e entregou o pacote colorido. "Ah, e meu aniversário é 21 de setembro, então você não vai poder me dar meu presente porque vou estar de volta aos Estados Unidos."
"Ei, é perto do aniversário de Hermione - o dela é dia dezenove," Harry disse enquanto desembrulhava o presente e descobriu que era um canivete suíço. Ele nunca possuíra um e olhou confuso para o instrumento. Quase como se tivesse lido sua mente, ela tomou de sua mão e começou a demonstrar suas várias funções. Até explicou a ele como o canivete apareceu no exército suíço original. Era em horas como essa que Harry suspeitava que ela era muito mais esperta do que deixava transparecer. Ela, às vezes, lembrava Hermione, pelo jeito que contava alguns fatos sobre eventos aleatórios, lugares ou coisas.
"Eu tenho um desse e carrego pra onde quer que eu vá. Uma garota nunca está suficientemente protegida esses dias." ela disse séria. Ela deve ter percebido o quão séria pareceu, porque imediatamente retomou seu sorriso de flerte e foi até a porta para mudar o cartaz com "Aberto" virado para fora.
****
"Ding dong". A campainha soou anunciando a entrada de outro cliente. Harry não parou o que estava fazendo debaixo do balcão porque só ia demorar um minuto. Estava trocando as mangueiras de gás dos refrigerantes e se errasse, ele e Maddie ficariam cobertos de refrigerantes pelo resto do dia.
"Por favor, eu queria um sundae de chocolate com creme chantilly e uma cereja extra em cima." Ele ouviu uma voz bastante familiar fazer o pedido.
Harry se levantou rapidamente pra ver se seus ouvidos tinham lhe enganado. Era Hermione! Ela sorria para ele e Rony estava ao lado dela, maravilhando a sorveteria. Harry teve a impressão que iria distender algum músculo do rosto de tão grande que era seu sorriso.
"Não dá pra dizer o quanto estou feliz em ver vocês!" ele exclamou. Os três riram animados.
"Surpresa!" Rony disse, jogando os braços para cima.
"Feliz aniversário Harry!" Hermione deu os parabéns, e esticou os braços por cima do balcão, os colocou atrás do pescoço dele e lhe deu um beijo na bochecha. "Nós queríamos fazer uma surpresa!"
Harry realmente estava muito surpreso. Essa era a última coisa que ele esperava que acontecesse hoje. Como conseguiram achá-lo? Como chegaram até ali? Ele queria dizer e fazer milhões de coisas, mas também estava preocupado com seu emprego. Sua alegria diminuiu ao perceber que teria que terminar seu turno antes de poder ficar com eles.
"Uau!" ele disse, ainda se recuperando do choque de rever seus melhores amigos. "Eu realmente não sei o que dizer. Esse deve ser o melhor aniversário de minha vida!" os dois sorriram para ele, Rony ainda um pouco distraído com os arredores, mas Hermione o olhou nos olhos e piscou para ele. Ele virou a cabeça um pouco e a olhou desconfiado. O que ela tinha planejado? Ele realmente esperava que envolvesse uns amassos porque ele estava precisando muito desse tipo de intimidade, tendo passado quase dois meses sem ela - o que parecia uma eternidade.
Desde que eles começaram a namorar no quinto ano, ele e Hermione ficaram mais próximos de várias maneiras. A amizade deles, que começou com a vitória sobre um trasgo montanhês com a ajuda de Rony no primeiro ano de Hogwarts, continuou a crescer durante o namoro. A relação romântica deles, que começou com uma aventura bizarra envolvendo uma maldição invocada pelo primeiro beijo deles, virou uma ligação física e emocional apaixonada. Eles passaram o último ano e meio explorando as fronteiras de sua nova aproximação, apesar do caos ao redor deles. Harry agradecia todos os dias pela sua sorte de ser abençoado pelo amor e afeição de Hermione.
Ele sorriu para ela, piscando em resposta. Ela estava absolutamente estonteante, o cabelo preso pelo pente que ele dera no natal do quinto ano, seu short branco mostrando um tanto de pele suficiente para fazer o coração dele bater mais forte no peito.
Rony virou para ele, os olhos arregalados de admiração. "Então, uma sorveteria trouxa é assim? Eu não esperava que tivesse tantos tubos e móveis de vidro. Pra que serve aquilo?" Ele apontou pra o freezer de porta de vidro, cheio de grandes potes de mais de quarenta sabores de sorvete.
"Ali é onde os sorvetes ficam gelados, Rony." Hermione respondeu no seu tom sabe-tudo. Ela e Harry trocaram um olhar.
"Quer dizer que eles têm que ficar ali pra ficar gelados? Impressionante o que tem que se fazer no lugar de um simples feitiço de resfriamento." Harry percebeu que eles tinham que falar baixo ou alguém poderia ouvi-los e começar a fazer perguntas. Felizmente, não havia clientes como de costume numa quinta de manhã normal.
"Shh," ele disse, olhando nervoso para trás dele para porta que dava pro estoque nos fundos. "O dono da sorveteria está lá atrás e pode ouvir a gente conversando." Rony fez uma careta e se desculpou, colocando as mãos nos bolsos e continuando a olhar a loja, fascinado. Ele estava cada dia mais parecido com seu pai, Harry pensou. Talvez ele fosse trabalhar com ele quando se formasse em Hogwarts esse ano.
"Bem, não acho que ele vai ficar muito surpreso de nos ver aqui." Hermione disse.
"Como assim?" Harry perguntou, imaginando o que ela estava aprontando.
"Bem, você me disse que o nome da sorveteria era Doces Gostosos, então eu procurei e liguei para o sr. Fitzwilliam. "
"Você ligou para o sr. Fitzwilliam? Falou com ele?" Harry perguntou, pasmado com sua ousadia.
"Sim. Ele foi bem legal e eu expliquei que eu e Rony viríamos fazer uma surpresa em seu aniversario. Ele me disse que deixaria você ficar livre o resto do dia. Isso não é ótimo?" ela praticamente gritou as últimas palavras de tão animada que estava.
Harry queria gritar também, mas nessa hora o sr. Fitzwilliam entrou pela porta atrás do balcão.
"Então, esses dois devem ser seus amigos. Hermione, acredito." ele disse estendendo sua mão.
Ela deu um pequeno sorriso pra Harry antes de apertar a mão do sr. Fitzwilliam. "Muito prazer em conhecê-lo pessoalmente, senhor." ela disse respeitosamente.
"E você deve ser Rony. Harry falou muito sobre você também." O sr. Fitzwilliam disse com um sorriso paternal. Rony apertou a mão e acenou com a cabeça.
"Prazer em conhecê-lo, senhor."
Sr. Fitzwilliam virou para Harry. "Harry, tenho que sair para o almoço, mas volto uma hora, e depois você pode tirar o resto do dia de folga se quiser. Deixaria você sair agora, mas Maddie se sentiu mal de repente e teve que ir para casa."
Harry procurou por Maddie apesar de saber que não a veria. Ele ficou tão animado por ver Hermione e Rony que não notou que não estava lá. Pena, ele queria apresentá-los. Ela era a primeira amiga que ele fazia fora de Hogwarts e ele achava que ela gostaria de conhecer as duas pessoas de quem falava incessantemente desde que eles começaram a trabalhar juntos, no começo do verão.
Hermione e Rony concordaram em passear pelas horas seguintes enquanto Harry terminava o trabalho. Quando deu uma hora, Harry praticamente correu para o restaurante onde eles tinham combinado de encontrar para o almoço.
******
Durante o almoço, Harry teve a oportunidade de descobrir os detalhes de como Rony e Mione conseguiram surpreendê-lo. Hermione foi pra casa de Rony no carro de seus pais e de lá eles usaram uma chave de portal dada pelo sr. Weasley para chegarem numa área segura na rua onde Harry trabalhava.
Foi tudo idéia de Hermione, obviamente. Ela planejou isso desde quando eles ficaram de férias, sabendo em como seria difícil ela e Rony conseguirem tempo pra fazer qualquer coisa. Ela só conseguiu um dia de folga do programa especial de verão no qual ela estava matriculada para aprender mais sobre matérias trouxas, que seus pais a encorajaram a fazer. Rony estava passando o verão num estágio no ministério da Magia no escritório do pai, que agora era chefe do setor de Mau uso de Artefatos Trouxas. Ele teve que subornar sua mãe com promessas de boas notas em seus NIEMs para conseguir permissão de sair de casa em tempos tão perigosos.
E esses eram tempos perigosos para todos bruxos e bruxas. Harry sempre se lembrava disso enquanto ouvia as histórias de Rony sobre o que estava acontecendo esse no Ministério.
No ano anterior foi de um despertar terrível na comunidade Mágica. Rumores que Voldemort retornara não eram mais considerados fofocas infundadas, mas um fato aterrorizador. Voldemort e seus aliados atacaram a escola Beauxbauton na França e ameaçaram destruí-la se Dumbledore não entregasse Harry a eles. Dumbledore e a Ordem de Fênix recusaram, apesar de Harry ter proposto um plano dele servir de isca para atrair Voldemort para que ele pudesse ser derrotado de uma vez por todas. Voldemort terminou destruindo a escola, deixando tudo no chão para conseguir escapar dos Aurores do ministério e dos membros da Ordem da Fênix que vieram caçá-lo. Meia dúzia de professores de Beauxbatons foi morta no confronto.
Apesar dos avisos de Dumbledore para que Harry ficasse, ele viajou para França querendo fazer alguma coisa pra ajudar. Ele foi seguido por seus dois amigos que insistiram que queriam ajudá-lo a enfrentar o que quer que fosse. Harry e Hermione foram encarar Voldemort de perto enquanto Rony organizou a evacuação do castelo, com a ajuda de Hagrid, Madame Maxine, e os gigantes aliados. Com muita habilidade e determinação, Harry e Hermione foram a chave para distrair Voldemort tempo suficiente para que o castelo fosse evacuado e que os Aurores pudessem prender os Comensais da Morte. Por sua participação na batalha de Beauxbatons, todos três receberam recomendações do Ministério de Magia, o que quase compensou pela bronca que levaram de Dumbledore por causa do envolvimento desautorizado.
Enquanto ouvia as histórias de Rony, os pensamentos de Harry se voltaram pra o Ministério da Magia, que estava mergulhado em uma confusão ainda maior depois dos eventos desse verão. O ministro da Magia Cornélio Fudge foi assassinado no início de junho, a Marca Negra flutuando sobre a sede do ministério pela primeira vez em dezessete anos. Harry se lembrava bem desse dia porque recebeu uma dúzia de corujas logo cedo para checar se ele estava seguro e contando as notícias horríveis.
Harry e Hermione ouviam intensamente enquanto Rony contava os problemas que o Ministério estava enfrentando desde o assassinato de Fudge e o ataque a Azkaban que seguiu o retorno. Os Comensais da Morte finalmente conseguiram libertar seus membros que ainda restavam na prisão mágica, dando permissão aos Dementadores de se nutrir dos bruxos nascidos trouxas que encontrassem enquanto aproveitavam sua nova liberdade de ir aonde quisessem.
Por que Voldemort e seus Comensais da Morte pareciam querer eliminar todos nascidos trouxas era um mistério para todos - pelo menos para todos que eles conheciam. Hermione tinha uma teoria que isso estava relacionado à obsessão de Voldemort por controlar a vida e a morte, mas isso era só uma teoria, e ela não tinha nenhum fato para apoiar. A única outra conexão que eles conseguiram pensar foi dos Sonserinos sempre falarem da importância de ser um bruxo de sangue puro. Se isso era apenas um preconceito antigo ou alguma aliança com os objetivos de Voldemort, eles não sabiam. Uma coisa que sabiam era que muitos que apoiavam esse "Orgulho Bruxo" estavam ligados a Voldemort de alguma maneira.
Quando Rony estava terminando de contar as notícias do Ministério da Magia, Harry lembrou do anel que recebera de Dumbledore naquela manhã. Não sabia se podia contar a eles sobre o anel, então decidiu não mencionar. Teria que perguntar a Sirius - outro membro - para saber se podia compartilhar essa informação com pessoas de fora da Ordem.
Quando ele voltou a prestar atenção na conversa, Rony estava dizendo pra terminarem qualquer discussão sobre Você-sabe-quem, ao menos até o fim da visita.
"Certo, acho que é o suficiente de conversa séria por enquanto." ele disse, "O que eu quero saber é se algum dos dois está fazendo contagem regressiva até o grande dia?" Ele sorriu malicioso para os dois, com as sobrancelhas levantadas.
Harry e Hermione se entreolharam e riram. Ambos tinham uma resposta pra essa pergunta: Sim! Com certeza sim!
No quinto ano, o primeiro beijo deles que resultou em Hermione ser atingida pela Maldição de Morgana que a deixaria num estado de sonhos futurísticos até seu décimo sétimo aniversário a não ser que fosse acordada por um contra-feitiço. Esse contra-feitiço tinha que ser invocado por Harry e outro bruxo que a amasse. Estranhamente, esse outro bruxo acabou sendo Draco Malfoy que insistiu, sob a influência de uma poderosa poção do amor, que ele era o único que podia ajudá-la. O contra-feitiço funcionou e Malfoy nunca explicou seus motivos para ajudar, mas freqüentemente lembrava que Harry lhe devia um favor.
Infelizmente, um dos efeitos colaterais foi que Harry e Hermione teriam que se abster de sexo até que Hermione completasse dezessete anos ou arriscariam que a Maldição voltasse a atingi-la, mas dessa vez sem cura. Para tristeza de Harry, esse efeito colateral teria sido evitado se ele tivesse pesquisado mais sobre os efeitos das anotações feitas a mão na página com a receita da poção. Ele nunca cometeria esse erro de novo.
Claro que essa limitação não se aplicava a Hermione dormir com outra pessoa, apenas com Harry pois ele foi quem invocou a maldição ao beijá-la. Isso nunca foi discutido, entretanto, pois Harry e Hermione se amavam muito e nenhum dos dois pensou em nenhum momento em dormir com outra pessoa.
"Exatamente cinqüenta dias, três horas e dois minutos," Harry disse olhando para seu relógio e sorrindo. "Por que você não nasceu mais cedo?" ele perguntou a ela brincando enquanto esticou o braço e acariciou a bochecha dela com as costas da mão. Todos riram.
"Podemos falar de outra coisa?" Hermione disse sorrindo, mas parecendo impaciente. Nos últimos meses esse assunto era garantia de mudar o humor dela. Ela, como Harry, achou essa limitação muito difícil de ser seguida na medida que o relacionamento deles foi progredindo durante esse ano e meio. Ela pesquisou em como lidar com esse tipo de frustração e não achou nada. No final, eles chegaram a conclusão que era melhor esperar já que eles eram tão novos e precisavam dar tempo a eles mesmos para aprofundar e nutrir seu relacionamento. Mas agora que eles tinham quase dezessete e ainda se amavam muito, os dois achavam que já estava na hora de ir para o próximo nível.
"Claro que podemos falar sobre outra coisa," Harry disse, pensando se Hermione ficou muito chateada. "Como está a escola? Por que não trouxe o distintivo de monitora-chefe para mostrar?"
Hermione deu um largo sorriso. Estava muito animada em ser monitora-chefe e Harry estava muito feliz por ela. Ele achava que ela merecia e sabia o quanto ela queria. Ela mudou a expressão, entretanto, enquanto contava que tinha acabado de saber quem era o monitor-chefe.
"Então quem é?" Rony disse com a boca cheia de curry de galinha, "E por que só estamos sabendo agora? Por que não mandou uma coruja?"
"É, por que não mandou uma coruja?" Harry concordou com Rony.
Hermione olhou irritada para os dois. "Vocês não acham que eu teria mandado se tivesse a chance? Eu mandei várias corujas pra você Harry, quase todos os dias. Você não acha que teria dito se soubesse? Francamente!"
"Não se irrite, Hermione." Harry disse segurando a mão dela e sorrindo, o que a ajudou a se acalmar um pouco. Ele sabia quando ela estava irritada pelo jeito que seu corpo ficava tenso. Ele tinha o palpite que essa noticia não era muito boa. E estava certo. Não era.
"É o Malfoy." Hermione disse, torcendo o nariz.
"Eca!" Rony e Harry disseram ao mesmo tempo, Rony de queixo caído.
"Como é que Dumbledore escolheu aquele canalha para monitor-chefe? Ele não sabe que ele está com Você-sabe-quem? Como podemos confiar nele?"
"Não podemos confiar nele, esse é o problema." Hermione respondeu a Rony, remexendo na comida em seu prato. Ela olhou para Harry.
Ele coçou a cabeça e se recostou na cadeira. Malfoy era monitor-chefe: talvez Dumbledore tenha levado muitos feitiços estonteantes nos últimos anos. Harry balançou a cabeça, sem palavras depois do choque dessa notícia.
"A única explicação que consigo encontrar é que Dumbledore está tentando trazê-lo para nosso lado antes que se forme e acha que assim vai conseguir. Também ajuda que Malfoy é o segundo melhor em nossa turma e é provavelmente o aluno mais popular, tirando Lilá Brown, claro. Provavelmente é por isso."
"Bela tentativa Hermione, mas acho que devemos atribuir essa ao fato de Dumbledore estar ficando um pouco maluco com idade. Concorda, Harry?"
"Não, Rony. Dumbledore está tão são quanto qualquer um de nós. Ele deve ter suas razões. Ou talvez Hermione esteja certa e ele espera que Malfoy vá se arrepender, ver seus erros e se juntar a nós que estamos lutando contra Voldemort." Harry disse a última parte com tanto sarcasmo, que Rony se engasgou com a água e Hermione riu dele.
"Esse vai ser o dia que aquele bastardo luta por algo remotamente honrável e decente. Sabia que ele está apostando com quantas garotas vai dormir esse ano?" Rony disse com um tom de animação.
"Mesmo? Em quanto está?" Harry disse, inclinando-se para frente de curiosidade e extremamente animado.
"Harry!" Hermione disse chocada.
"Da ultima vez que chequei com Simas, estava em doze. Isso é demais! Ele nunca vai conseguir tantas!"
"Rony!"
"Então quer dizer doze garotas novas, ou conta aquelas com quem ele já dormiu antes? De cara, lembro de cinco com quem ele dormiu ano passado, sem contar as do sétimo ano."
"Harry!"
"Não. Tem que ser outras garotas, por isso acho que ele não tem nenhuma chance. Ele dá um novo sentido ao título de Monitor-chefe, não é?". Rony disse com um sorriso perverso.
"Certo! Isso basta! Já chega vocês dois! E se alguém fizer algum comentário sobre Monitora-chefe, a próxima coisa que vai sentir é meu pé fazendo contato com a canela." Hermione falou, num tom cheio de nojo e cobrindo as orelhas com as mãos. Rony lançou um olhar de quem se divertia para Harry.
"E é melhor você não me dizer que entrou nessa aposta primitiva, Rony." Hermione completou, raiva piscando em seus olhos.
O sorriso animado de Rony desapareceu no mesmo instante, e Harry teve que segurar a risada. Ele, como Rony, sabia que só havia uma resposta para essa pergunta.
"Claro que não, Hermione." Rony disse estreitando os olhos. "Eu só estava dizendo que se fosse apostar, seria contra ele. Só isso." Ele olhou para Harry e sorriu. Harry se esforçou muito para não rir, mas Hermione decifrou a expressão dele.
"E o que você acha tão engraçado, Sr. Potter?" Hermione disse com os braços cruzados.
"Nada não, Srta. Granger, nada mesmo. Só não sei porque alguém namoraria aquele perdedor, quanto mais dormir com ele."
"É, eu realmente não sei como ele consegue." Rony disse questionando. "Ele é um idiota feio e nojento, mesmo assim as garotas vivem atrás dele. Quase me faz vomitar."
"Bem, ano passado Lilá Brown me disse que o achava o rapaz mais bonito da escola e achei que ela estava brincando. Mas as outras garotas que estavam na nossa mesa concordaram. Eu não tenho idéia do que elas estavam falando." Hermione disse com nojo.
"Eu não entendo as mulheres." Rony disse balançando a cabeça e olhando para mesa. "Vocês não fazem sentido. Olhe Meg, por exemplo. Um dia ela diz que somos chatos juntos e que nossa relação não tem nenhum tempero, depois no dia seguinte ela grita comigo por fazer muitas brincadeiras com ela. Por que isso?"
Harry e Hermione trocaram um olhar ansioso. Nenhum dos dois queria se arriscar a dar uma opinião - eles tinham juízo. Desde que começaram a namorar no quinto ano, Rony e Meg tinham o que se podia dizer uma relação tumultuada. Harry perdeu as contas de quantas vezes eles terminaram e voltaram. Nesse momento eles estavam dando um tempo, mas Harry sabia que Rony estava planejando como reconquistá-la quando voltassem a escola em setembro. Harry e Hermione tentaram aconselhar Rony várias vezes sobre seu namoro, mas sem utilidade. Os dois concordaram que era melhor ficar fora e evitar o fogo cruzado.
Hermione limpou a garganta e respondeu usando seu tom diplomata que Harry achava muito atraente, "Já que sou a única mulher na mesa, vou responder. As pessoas se comportam de um jeito estranho quando estão amando - e isso não se aplica só às mulheres. Pense com o coração e não com a cabeça e será considerado irracional - isso é injusto em minha opinião. Você está sendo apenas humano!"
"Bem este humano aqui está cansado das mulheres pensarem com o coração e quebrarem o meu." Rony disse irritado.
"Então, o que vocês dois querem fazer agora?" Harry disse, tentando evitar outra demonstração de antagonismo entre seus dois amigos.
Eles discutiram os planos que Hermione fizera para o resto do dia. Rony precisava chegar em casa antes de escurecer, então ele iria usar a chave de portal e voltar para a Toca e devolver a Hermione via coruja para que ela pudesse voltar mais tarde e pegar o carro. Harry tinha que estar em casa às onze, já que era esse o horário que ele geralmente voltava da Doces Gostosos, por isso precisava pegar o ônibus de volta pra rua dos Alfeneiros antes disso.
Como o dia estava muito bonito, eles decidiram passear e acabaram em um parque que tinha grandes campos e várias estradas de pedra cheias de bancos de madeira. Eles eram das poucas pessoas que estavam sentadas na grama, aproveitando o sol pelas poucas horas que ainda ficaria no céu. Decidiram ficar ali até a hora de Rony ir embora, Harry pegando uma bola de futebol emprestada de uma família e mostrando a Rony como chutá-la. Hermione se levantou e ajudou a mostrar como passar e logo os três estavam correndo pelo campo, e tentando roubar a bola um do outro. Harry não se lembrava a última vez que se divertira tanto no Mundo trouxa.
Quando chegou a hora de Rony ir, ele deu um tapinha nas costas de Harry, desejando-lhe Feliz Aniversário. Os três foram para um lugar seguro de onde Rony pegaria a chave de portal de volta a toca. Quando ele ia tocar a chave, parou.
"Hei," ele disse, com um brilho nos olhos, "passamos o dia inteiro aqui com você e não conhecemos a Maddie. Nunca conheci uma garota americana antes, mas ouvi dizer que elas são quentes." Hermione rolou os olhos e balançou a cabeça enquanto Harry cruzou os braços e franziu a testa.
"Você ouviu o sr. Fitzwilliam, Maddie não estava bem. Eu com certeza teria lhe apresentado se ela estivesse por lá - mas ela não é seu tipo Rony. Ela é mais do tipo de alguém como Malfoy. Na verdade, ela troca de homem do mesmo jeito que ele troca de mulher. Eles provavelmente fariam um bom par se não fosse pelo porém dela ser boa demais pra ele."
"Então, você está dizendo que eu não sou bom suficiente pra ela?" Rony disse, um pouco irritado. Hermione olhou para Harry sondando.
"Não, Rony, não é nada disso. Só que você não gostaria de se envolver com alguém como ela. Você devia ver os coitados que passam pela sorveteria tentando conversar com ela. É patético como ela os usa. Dava pra pensar se ela não tem algo contra os homens se ela não fosse tão legal."
"Bem, pelo que você nos contou ela parece legal o suficiente pra mim." Hermione disse sem nenhum rastro de ciúmes ou insegurança. Isso deixou Harry extremamente feliz e aliviado. Isso também pareceu acalmar Rony.
"Bem, é melhor eu ir. Minha mãe vai ter um ataque se eu chegar de noite. Até!" Ele disse. Depois de um segundo, ele não estava mais lá. Harry agora estava sozinho com Hermione pela primeira vez desde que eles se despediram na estação King Cross no fim do ano letivo.
*****
"Tem certeza que não tem ninguém aí?" Hermione perguntou nervosa, enquanto Harry remexia nas chaves procurando a da porta dos fundos da sorveteria.
"Tenho. São dez e cinco e as luzes estão desligadas. Sempre desligamos as luzes quando vamos embora. Provavelmente a noite foi fraca, então já devem ter ido embora há meia hora pelo menos. Não se preocupe." ele afirmou para ela.
Eles ficaram andando depois de uma noite divertida que envolveu muita dança e um jantar tardio até que eles viram a sorveteria fechada. Isso deu uma idéia a Harry.
Ele abriu a porta e segurou a mão dela, levando-a para dentro com cuidado para não derrubar as caixas de casquinha que ele sabia que estavam empilhadas à sua direita. Fechou a porta atrás deles e eles ficaram numa escuridão praticamente completa.
Harry colocou seus braços ao redor de Hermione e ela se encostou a ele, seu corpo contra o dele. Ele se inclinou para beijá-la, errando a boca dela na primeira, mas logo encontrou. Já tinha passado muito tempo desde o último beijo deles. A boca dela estava tão úmida e convidativa e logo os dois estavam ofegantes e beijando-se entusiasticamente, permitindo que suas línguas se encontrassem de um jeito muito primitivo e sensual várias vezes.
Enquanto seus olhos se ajustavam à escuridão do estoque, Harry os sentou numa das caixas mais pesadas que tinha os vasos com calda de chocolate. Se ele fosse mais aventureiro e se preocupasse menos com a aparência deles quando voltassem para casa, poderia ter aberto um dos vasos e ver se ela queria usá-los para alguma diversão. Mas ele estava muito além de qualquer pensamento, racional ou criativo, muito mais distraído em abrir o sutiã dela e em sentir a pele dela contra a sua. Suas mãos tremiam enquanto ele fazia o que podia para manter o controle de seu forte desejo.
Quando eles estavam chegando ao ponto mais distante que já tinham chegado quando ficavam juntos assim, Hermione começou a fazer uma coisa que eles nunca fizeram antes - ela ia lhe dar um orgasmo com a boca. Ele nunca pediu que ela fizesse isso, porque não queria pressioná-la a fazer algo com que se sentisse desconfortável. Na verdade, ele passava a maior parte do tempo que eles estavam juntos tentando achar novas formas de dar a ela o prazer que merecia. Ele amava fazê-la perder o controle assim e se sentia orgulhoso por ter habilidade de fazer isso.
"Tem certeza que quer fazer isso?" Ele perguntou, quase sem conseguir falar.
A boca dela encontrou a dele mais uma vez antes que sussurrasse a resposta em seu ouvido, "Estive esperando pra fazer isso o verão todo." ela respirou, "Uma de minhas amigas no acampamento de verão me disse que isso é uma coisa que os garotos gostam muito, então eu planejei fazer uma surpresa em seu aniversário. Você não se importa, não é?"
Harry engoliu a seco. Importar? Como ele podia se importar? Para ser franco, ele estava um pouco intimidado com a idéia porque estava com medo de não agüentar muito e ela não ter tempo pra fazer muita coisa, mas estava mais excitado do que podia dizer. Com um gemido de prazer ele concordou.
Minutos depois, os dois se deitaram nas caixas, Hermione suspirou contente, deitando sua cabeça no ombro dele, sua mão repousando em seu peito nu. Harry ainda estava ofegando, seu corpo cheio de prazer. Ele se sentia tonto e sonolento.
"Esse deve ser o melhor presente de aniversário que já recebi." ele murmurou inclinando sua cabeça e beijando-a docemente. "De verdade. Você foi incrível, meu amor. Não acho palavras para descrever o quanto foi bom."
Ela olhou para ele. "Ainda bem que você gostou. Estava com medo de estragar tudo e você me achar uma idiota." Ela afundou a cabeça no ombro dele, claramente envergonhada.
Harry respirou profundamente antes de dizer. "Você é incrível, Hermione Granger. Nunca vou deixar você dizer o contrario. Eu te amo."
Ele sentiu uma lágrima cair em seu ombro antes que ela respondesse com um suspiro contente. "Eu também te amo Harry, sempre amarei."