N/A: Toda vez que eu escrevo uma fanfic eu volto no tempo e penso em todas as pessoas que eu conheci através desse mundo. Quando eu escrevo uma fanfic para dedicar a alguém, eu penso em quanto eu amo a pessoa e, com esse amor, eu digito cada letra, cada palavra.

Eu te amo muito, KuchikiRukia.13; depois dessa, você só tem mais certeza né?!


Cherry Bomb,

Draco Malfoy x Harry Potter


"Seus sonhos sem futuro não te fazem sorrir,

vou te dar algo pelo que viver."


07/04, 01h17min am

O barulho do alarme do micro-ondas chamou a atenção do garoto que quase dormia na mesa enquanto esperava os três minutos necessários para seu cup noodles estar pronto. Sentiu algo bater em sua cabeça e olhou para cima a tempo de ver o rapaz com quem dividia a casa com uma colher de pau na mão.

— Seu jantar está pronto.

— Eu ouvi.

— Eu preciso da mesa, e você está babando nela.

Com um grunhido de insatisfação, ele se levantou e passou os dedos nos cabelos escuros. Ajeitou os seus óculos – percebendo que a armação estava um pouco torta – e abriu a portinha do micro-ondas embaçando suas lentes. Mal deu tempo dele pegar seu noodles e o outro morador da casa já havia utilizado todo o espaço disponível da mesa com alimentos que nunca viu em sua vida. Antes que sua barriga roncasse e desse motivo para alguma piadinha, saiu da cozinha.

Harry Potter estava morando naquele apartamento há três meses. Havia se mudado do seu bairro para o centro de Londres por conta da faculdade que havia decidido ingressar, a única que havia lhe dado uma bolsa de estudos. A casa que estava não era tão ruim. Sua localização não era assim tão agradável, mas era o que ele podia pagar no momento. O dono do lugar também não se incomodava com o atraso do aluguel, o que ajudava muito na sua escolha.

Diferente do que aparentava, Harry tinha dinheiro. Muito dinheiro, na realidade. Mas não iria utilizá-lo tão cedo graças aos seus tios que em uma jogada suja, bloqueou-o do testamento de seus pais. Ele não tinha dinheiro para pagar um advogado, por isso, em uma atitude meio louca para um rapaz que nunca gostou de estudar, decidiu se tornar advogado.

Havia encontrado um trabalho de meio período em uma cafeteria e outro na biblioteca da própria faculdade, o que lhe permitia ter acesso a mais livros que um estudante normal. Por ser um trabalho simples, Harry utilizava aquele tempo para estudar para seus testes. Realizava seus trabalhos à noite em seu pouco tempo livre que na realidade era de madrugada. Se Ron e Hermione estivessem ali, diriam que ele estava exagerando e que em uma hora ele ia surtar.

Uma pena que os dois amigos não estavam ali.

E que ele já havia surtado há muito tempo.

A campainha tocou em certo ponto, fazendo-o despertar. Ele havia cochilado durante seus estudos novamente. Olhando para o relógio em seu pulso, notou que eram quatro da manhã. E então, olhou para o seu noodles que jazia frio em cima da mesinha da sala e bufou, irritado. Levantou em um salto para expulsar quem quer que fosse da porta, mas se surpreendeu ao abri-la.

Um moreno, provavelmente uns dez centímetros mais alto que ele, estava o observando com um sorriso enorme nos lábios apesar da hora, que era sinônimo de mau humor. Seus olhos foram do cabelo aos pés, fazendo com que Harry desse um passo pra trás incerto, com uma das sobrancelhas arqueadas. Já havia recebido aquele tipo de olhar, e sabia o que ele significava.

— E você deve ser o famoso Harry Potter.

— Quem é você? O que quer? Como sabe meu nome?

— Arisco! – Ele deu uma risadinha e se aproximou mais um passo. – Draco, você não me disse que ele tinha olhos tão bonitos.

Harry foi rápido em desviar das mãos que tentaram lhe puxar para um tipo de abraço, e lhe deu um empurrão rápido, fazendo-o bater as costas no batente da porta. Ouvindo outra risada, olhou para trás e viu o dono da casa.

— Não o provoque Blaise.

— Certo, certo...

— Hey – Malfoy se aproximou, e encostou a mão no braço de Harry que ainda estava fulminando a visita inesperada com o olhar. – Você pode nos ajudar com essas caixas?

Só então Harry desviou o olhar e percebeu que o tal de Blaise estava parado na porta com várias caixas de, ele presumiu, alimentos. Vendo que não tinha escapatória, puxou duas e começou a carregá-las pra cozinha a tempo de ouvir o moreno soltar uma risadinha e murmurar que ele era forte e que deveriam contratá-lo.

Draco Malfoy, o proprietário da casa, tinha o sonho de ser cozinheiro. Ele não lhe disse nada, mas Harry adivinhou diante das evidências. Não importava a hora, se Draco não estava na faculdade, ele estava enfiado na cozinha. Ele tinha uma coleção estranha de aventais, e mais de uma vez Harry recebeu-os dos entregadores da lavanderia. A coleção mais estranha e perigosa, talvez, fossem a de facas. Um dia ele queria apenas cortar um pão que havia pegado no trabalho e se surpreendeu com a quantidade delas na gaveta.

Outra coisa que havia percebido é que Malfoy era rico.

Muito rico.

Rico ao ponto da sua família ter um brasão próprio, e mesmo que não estivesse em todos os lugares, Harry sem querer viu em suas roupas de grife, seus ternos – em uma das vezes que ele estava limpando a casa e acidentalmente abriu a porta do seu guarda-roupa. Outro fato que provava a riqueza dele, era que ele estudava o curso mais caro do campus e ele nunca havia visto o loiro trabalhar.

Ele apenas cozinhava.

E Harry tinha de admitir, a comida cheirava muito bem. Draco mudava completamente quando colocava seu avental, tão branco quanto o tom da sua pele. Ele cortava os alimentos com tanta rapidez e precisão que mais de uma vez Harry se perguntou se alguma vez ele já sofreu um acidente. Talvez ele devesse lhe perguntar quando tivesse oportunidade.

Em seus meses morando na casa, nunca haviam trocado muitas palavras, mas isso não tornou a convivência difícil. Eram educados e respeitavam a privacidade um do outro, o que já era o suficiente para Harry.

Olhou para ele depois de carregar todas as caixas, e sem nem ao menos pedir, pegou duas maças vermelhas como pagamento. Desafiando-o com o olhar, e o loiro deu de ombros, agradecendo pela ajuda. Ao passar por Blaise que estava apoiado no balcão, mostrou o dedo do meio ao vê-lo lamber os lábios pra ele.

— Ele nem fica vermelho. – Ouviu o moreno comentar, com voz baixa. – Seu brinquedo novo veio com defeito.

Assim que voltou para a sala, Harry notou que não teria tempo de finalizar seus relatórios já que tinha poucas horas para dormir antes de ir para seu primeiro trabalho. Apenas ajeitou os livros, organizando-os em pilhas, e com o som baixo da conversa dos dois e das panelas no fogo, adormeceu ali mesmo no sofá.

x-x-x

07/04, 23h51min pm

Após mais um dia exaustivo, Harry chegou a casa disposto a apenas ir direto para seu quarto e dormir. Subiu os lances das escadas equilibrando três livros nos braços, sentindo as pernas enfraquecerem a cada degrau. Não conteve um suspiro aliviado ao chegar ao quarto andar do prédio, ansiando sua cama.

Seus planos, ele percebeu irritado, iriam mudar.

— Seja bem-vindo, Harry Potter. – Por ter derrubado seu molho de chaves no corredor, o amigo de ontem (ou hoje?), Blaise, abriu a porta assim que ouviu o barulho. – Estávamos esperando por você.

— Não me diga.

— Fiquei com saudades.

— Eu vou lhe dar uma foto minha. – Respondeu irônico, passando por baixo do braço dele no batente, não perdendo a oportunidade de bater sua mochila pesada no seu corpo.

Com sua visão periférica viu Malfoy na sala, sorrindo levemente para ele. Estava sentado com um dos braços sob o encosto do sofá e na sua outra mão, segurava uma taça de... vinho? Ele nunca bebeu essas coisas, então não podia adivinhar.

— Chegou tarde hoje.

Harry estranhou a pergunta, mas respondeu.

— Perdi o horário do metrô.

— Hm. – Ele pareceu satisfeito com a resposta. – Já jantou?

Ele apenas balançou a cabeça negativamente, não querendo dizer que não havia jantado ou comprado um noodles porque não tinha dinheiro suficiente. Que na sua mochila havia apenas uma das maças que havia pegado mais cedo e que ele provavelmente a guardaria para o almoço do outro dia.

Mas pelo que viu, ele não precisou dizer nada. Malfoy apenas estreitou os olhos acinzentados e levantou-se. Antes que ele pudesse perguntar, o rapaz puxou sua mochila das costas a jogando de qualquer jeito no chão junto com os livros que ele havia trago com tanto cuidado. O puxou pelo antebraço na direção da cozinha e Blaise veio no encalço deles. Por um rápido momento, Harry ficou com medo do que viria.

— Sente-se. – Não que ele tivesse lhe dado muita escolha, já que o havia jogado na cadeira. – Você terá a honra de ser o primeiro a experimentar um prato do nosso futuro restaurante.

— Você quer dizer que eu serei a cobaia, certo? – Draco revirou os olhos e sentou-se ao seu lado. – Isso é algum tipo de pegadinha? Eu não tenho esse tipo de humor.

— Apenas coma.

Harry olhou para o prato na sua frente, que Blaise estava montando, e sentiu água na boca. Além de o prato estar esteticamente chamativo, o cheiro estava-o matando. Puxou o garfo do lado do prato e remexeu o arroz branco que acompanhava... er...

— Isso é camarão?

— Me espanta saber que você sabe o que é isso. – Draco riu, e bateu em seu ombro com o dele. – Anda. Experimenta.

Tentando não parecer tão ansioso, sob o olhar dos dois cozinheiros, Harry levou o garfo na boca, e quase gemeu ao mastigar a refeição. Era a melhor coisa que ele havia comido em seus vinte anos. Draco e Blaise riram e bateram as mãos em um comprimento quando ele perdeu a vergonha e o medo e passou a comer como um animal faminto. Agradeceu quando Blaise puxou a panela para encher mais o seu prato.

— Você deixa o garoto passar fome, Draco?

— Eu não sou o responsável pelo o que ele come.

Harry nunca, nunca, pediria comida para Draco. Não enquanto ainda atrasava alugueis.

— Pronto para a sobremesa?

Olhou para o lado, apenas para ser surpreendido com o loiro sorrindo de forma maliciosa. Blaise assobiou, mas Harry não se importou. Apenas balançou a cabeça positivamente, fazendo o sorriso malicioso virar uma risada contagiante.

— Você parece uma criança.

E então veio mousses de todos os sabores, doces com frutas caramelizadas, sorvetes, tortas geladas, chocolate branco, preto, amargo...

— Ainda acha que é nossa cobaia?

— Sim. – Respondeu rápido. – Espero que eu continue sendo.

— Posso ir dormir bem sabendo que fiz uma criança feliz hoje. – Blaise sorriu para os dois e levantou-se da mesa, dando tchau para Harry pela primeira vez de forma normal.

O olhando mais atentamente, Harry percebeu que ele mais parecia um modelo do que um cozinheiro. A roupa que ele usava provavelmente pagaria duas mensalidades da sua faculdade. E ele tinha de admitir por mais estranho que soasse que Blaise era bonito.

— Tente não morrer. – Draco levantou-se para levá-lo até a porta, sob o olhar curioso de Harry que ainda se deliciava com a calda de chocolate da ultima sobremesa. – Está tarde.

— Preocupado comigo, Malfoy? – O loiro ajudou-o a colocar seu casaco que estava atrás da porta. – Estou emocionado.

— Apenas vá embora, eu preciso dormir também.

— Te vejo na aula amanhã.

Harry quase engasgou quando viu Draco fechar a distancia entre eles, erguer-se na ponta dos pés e se despedir com um leve beijo no seu rosto. Blaise sorriu, lançou um olhar na sua direção e logo depois sumiu pelo corredor, fechando a porta. Harry podia sentir sua boca abrindo em choque, com uma rapidez absurda. A colher em sua mão caiu, e ele nem percebeu.

Quando o loiro voltou para a cozinha ergueu as sobrancelhas quase inexistentes diante do semblante dele.

— Porque essa cara? Está passando mal?

— Ah... Eu não sabia que vocês eram namorados, só isso.

— Não somos.

— Mas você o beijou.

— ... e daí?

— Como assim "e daí"?!

— Eu beijo quem eu quero.

— Simples assim?

Como se pra provar seu ponto, Draco caminhou na sua direção em passos firmes. A única coisa que Harry teve tempo de fazer foi pular para cadeira do seu lado. Não foi muito efetivo, percebeu, quando viu o loiro debruçando sobre a cadeira que estava, mãos apoiadas na mesa, cobrindo os lábios com os seus ao invés de beijar sua bochecha. Foi tão rápido que ele quase não sentiu.

Mas demorou tempo suficiente para lembrar-se há quanto não tinha contato com uma pessoa.

— Ew! – O empurrou com as duas mãos, e depois levou a manga da blusa a boca. – Qual é, Malfoy!

— Eu disse. – Ele sorriu, tornando a situação pior. – Eu beijo quem eu quero. Quando eu quero.

— Idiota.

— Roubei o seu primeiro beijo, Potter?

Com mais um empurrão, Harry se levantou. Saindo da mesa, resmungando ainda, o rapaz lembrou-se de Cho Chang e seus longos cabelos negros que enroscavam nos seus dedos quando ele a segurava. Lembrou-se de Ginny Weasley e suas sardas que ficavam evidentes com a proximidade. Lembrou-se dos relacionamentos fracassados, desgastados pelo tempo...

Pela falta de amor.

Ele gostaria de dizer que foi difícil dormir aquela noite, mas assim que encostou a cabeça em seu travesseiro, o sono veio com sonhos estranhos aonde ele ia embora da casa e Draco lhe beijava os lábios.


N/A: Essa fic era uma oneshot (muuuuuuito grande), mas minha beta (aka pessoa que recebeu o presente), me deu a dica de postar em capítulos, e... é isso. –q

Ah, não me julguem; é minha primeira Drarry (primeira slash, na realidade).

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