N/A: Olá pessoal! Espero que gostem muito dessa história, é uma das minhas favoritas. A história pertence à Johanna Lindsey.

Vamos ao capítulo...

Beijos


Capitulo 1

Noruega 873 d.C.

Jacob Black caiu ao solo e se arrastou para chegar perto do rio, onde estava a jovem de cabelos castanhos.

Isabella Swan olhou para trás, como se o tivesse ouvido, e depois amarrou as rédeas de seu cavalo de grande porte. Avançou diretamente até a beira do rio. A sua esquerda o fiorde Horten levava águas velozes por seu leito. Mas aqui uma massa de penhascos enfrentava as correntes, e a água se deslocava suave e serena, como num lago quieto. Jacob sabia por experiência que a água estava também deliciosamente morna, e que era tão tentadora que a jovem não poderia ignorá-la. Isabella tinha chegado a este lugar depois de que ele a viu sair da casa de seu tio Charlie e cavalgara para o fiorde.

Quando ambos eram mais jovens, bem mais jovens, costumavam nadar ali com os irmãos e os primos da moça. Isabella tinha uma família numerosa: três irmãos, um tio e dúzias de primos longínquos por via paterna. Todos eles acreditavam que essa jovem era o sol e a lua reunidos. Jacob tinha pensado o mesmo, até uns tempos atrás. Tinha reunido coragem e pedido a Isabella que se casasse com ele, como tinham feito muitos outros antes. Ela o tinha recusado, amavelmente, como ele reconhecia de má vontade, mas de todo modo à decepção foi quase terrível. Ele tinha visto como Isabella crescia, e a menina alta e desajeitada se convertia numa mulher majestosa e deslumbrante, e nada tinha que ele desejasse mais do que poder afirmar que Isabella Swan lhe pertencia.

Jacob conteve a respiração quando ela começou a tirar a túnica de linho. Tinha abrigado à esperança de que fizesse precisamente isso. Era a razão pela qual a tinha seguido, pensando que talvez o fizesse, abrigando esperanças, e Odín lhe ajudava! Era o que estava fazendo.

A visão foi mais do que ele podia suportar; as pernas longas e bem formadas...a suave curva dos quadris...as costas delgadas e retas coberta unicamente por uma grossa trança.

Não tinha passado duas semanas, ele tinha agarrado essa grossa trança, e tinha obrigado os lábios dessa jovem a unir-se com os seus num beijo que lhe tinha acendido o sangue quase até a loucura. Ela o tinha esbofeteado energicamente, descarregando-lhe um golpe que na realidade lhe obrigou a se equilibrar, pois Isabella não era uma moça miúda e de músculos débeis; na verdade, eram sós cinco centímetros mais baixa que ele, e Jacob media um metro e oitenta. Mas isso não o amedrontou. Nesse momento, nessa ocasião, tinha sentido que realmente podia enlouquecer se não a conseguisse.

Felizmente Jasper tinha se intrometido, o irmão mais velho de Isabella mas, por desgraça, fez precisamente quando Jacob a tinha preso de novo e tratava de jogá-la ao solo. Ele e Jasper tinham ficado feridos depois do encontro, e Jacob tinha perdido assim um bom amigo, não porque lutaram, pois os noruegueses sempre estavam dispostos a lutar pela razão que fosse, mas pelo que ele tinha tentado fazer a Isabella. E Jacob não podia negar que a teria tomado, ali mesmo, sobre o chão do estábulo do pai. Se tivesse conseguido, teria morrido. E não teria tido que lutar contra os irmãos ou os primos, mas contra o pai, Carlisle, que teria destruído Jacob com suas próprias mãos.

Isabella estava coberta agora pela água, mas o fato de que Jacob já não pudesse ver todo seu corpo não acalmou o fogo que lhe percorria as veias. Não tinha previsto que para ele seria uma tortura vê-la enquanto nadava. Só tinha pensado que estaria só, longe de sua família, e que talvez essa fosse a única possibilidade em que voltaria a vê-la só.

Corriam rumores no sentido de que logo se comprometeria com Michael, o filho maior de Perrin, que era o melhor amigo do pai de Isabella. Porém, outras vezes já tinham corrido rumores; para dizer a verdade, muitíssimas vezes, pois Isabella já tinha vivido dezenove invernos, e durante os últimos quatro anos, quase todos os homens aptos que viviam ao redor do fiorde a tinham pedido para esposa.

Agora ela boiava de costas, e podia ver as pontas dos dedos de seus pés, a superfície rosada de suas coxas, os seios erguidos (que Loki a levasse, na verdade estava pedindo que a possuíssem!). Jacob não pôde suportar mais tempo. Na urgência, praticamente arrancou as roupas do corpo. Isabella ouviu o golpe na água e olhou na direção em que, segundo supunha, tinha sucedido algo; mas não viu nada. Com movimentos rápidos descreveu um círculo completo, mas o lago de águas mornas estava vazio, salvo ela mesma, e as únicas ondulações na água eram as que ela provocava. De todo modo, começou a nadar para a beirada onde tinha deixado sua túnica, bem como a única arma que levava consigo, a adaga de empunhadura cravejada, utilizada mais como enfeite que como proteção.

Tinha sido uma tonta por vir sozinha, em lugar de esperar que a acompanhasse um de seus irmãos. Mas eles estavam atarefados preparando a grande nave viking do pai, a mesma na qual Jasper partiria para o leste na semana seguinte; e o dia era deliciosamente morno depois de uma primavera fresca e um inverno excepcionalmente frio. Ela não tinha podido resistir à tentação. Tinha-lhe parecido fascinante fazer o que nunca tinha feito antes, e efetivamente lhe encantava a aventura. Mas todas suas aventuras anteriores tinham sido compartilhadas por outros. E talvez não tivesse sido muito sensato de sua parte despir-se por completo, ainda que no momento que o fez lhe tinha parecido uma atitude deliciosamente perversa e temerária. Isabella era audaz. Se lamentava sua própria audácia era sempre como agora, depois de ter-se arriscado.

No momento em que os pés de Isabella tocaram o fundo do lago, Jacob se elevou frente a ela, alto e ameaçador. Isabella gemeu intimamente quando viu que era Jacob e não outro, pois ele já tinha tentado uma vez impor-lhe sua vontade. A expressão de sua cara era a mesma que tinha visto duas semanas atrás. Era um homem bronzeado de vinte e um anos, a mesma idade que Jasper, o irmão maior de Isabella. Na realidade, tinham sido grandes amigos. Ela tinha acreditado que Jacob era também seu amigo, até o dia em que a atacou no estábulo. Ele já não era o menino com quem Isabella tinha crescido, cavalgado, caçado, e nadado nesse mesmo lago. Se o via tão belo como sempre, com seus cabelos marrom escuro e os olhos castanhos. Mas não era o mesmo Jacob a quem ela conhecia, e a jovem temia que o que tinha sucedido no estábulo o outro dia, repetisse-se no lago.

— Isabella, não deveria vir aqui.

A voz de Jacob era grave, quase áspera. Os olhos de Jacob se viram atraídos pelas gotas de água que brilhavam como diamantes sobre as pestanas da moça. Outras gotas corriam sobre as altas maçãs e o nariz pequeno e reto. A língua de Isabella emergiu para lamber a umidade dos lábios cheios, e ele emitiu um gemido. Isabella o ouviu e seus olhos se arregalaram, não alarmados, mas sim coléricos. Esses olhos, tão parecidos com os do pai, uma mistura entre o céu, o mar e a terra, com muita luz do sol, de maneira que cobraram um tom claro, como de água luminosa. Agora mesmo os via turquesa, turbulentos, como as ondas espumosas de um mar agitado.

— Jacob, deixe-me passar.

— Creio que não.

— Pense bem.

Ela não subiu o tom de sua voz; não precisava. Sua fúria era evidente em cada traço de seu rosto. Mas Jacob estava submetido a um monstro que o dominava, o monstro da sensualidade. Haviam sumido seus pensamentos anteriores a respeito da sorte que tinha tido em não tê-la possuído antes...

— Ah, Isabella — levantou ambas as mãos para segurar-lhe os ombros nus, e a sustentou com firmeza quando ela tentou afastar-se. — Sabe o que me provoca? Tem idéia de que um homem pode perder a cabeça quando deseja uma mulher tão formosa como você?

Nos olhos da moça havia uma luz perigosa.

— Na verdade, perdeste a cabeça se acredita que...

Ele a beijou brutalmente para silenciá-la. As mãos que lhe prendiam os ombros a puxaram mais, e oprimiram os seios juvenis e redondos contra o peito do homem. Isabella se sentiu sufocada. A boca de Jacob a oprimia dolorosamente e ela detestava isso, detestava o contato de seu corpo tão próximo. O fato de que tivessem estatura tão parecida determinava que sua virilidade tocasse diretamente o portal que procurava, e isso era o que ela detestava mais, porque não era tão ignorante das relações entre um homem e uma mulher, e do que sucedia quando faziam amor. Sua mãe, Esme, tinha-lhe explicado muito tempo atrás todos os aspectos do amor; mas não podia dar-se a esse homem para isto, sobretudo quando ela sentia unicamente repugnância.

Amaldiçoou o vigor do moço enquanto se debatia para afastá-lo. Admirava a força e a coragem num homem, mas não quando os utilizavam contra ela. Para Jacob não seria difícil encontrar a entrada e arrebatar-lhe sua inocência. Se o fizesse, ela o mataria, pois isso era algo que ele não tinha direito de tomar. A ela lhe correspondia dá-lo, e o faria de boa vontade quando encontrasse o homem a quem quisesse entregar-se. Mas nunca seria assim, e Jacob Black nunca seria esse homem. Segurou entre os dentes o lábio inferior de Jacob e mordeu com força, e ao mesmo tempo afundou as unhas no peito do jovem. Acentuou a pressão sobre o lábio até que ele retirou as mãos; depois, obrigou-lhe a deslocar-se para o lado, até que os dois trocaram lugares.

Ele poderia tê-la golpeado e desse modo ela o teria soltado mas porem, Isabella lhe tinha rasgado completamente o lábio, e era indubitável que ele o soubesse. No entanto, ela decidiu não correr riscos e manteve apertados os dentes até que num gesto inesperado para ela apoiou os pés sobre o ventre de Jacob. Isabella soltou o lábio de Jacob no mesmo momento em que utilizou como ponto de apoio o estômago do jovem, e cobrando impulso se lançou para a orla, e empurrou Jacob para as águas mais profundas. Quando ele caiu, Isabella dispôs de tempo suficiente para sair da água e agarrar fortemente a adaga até que ele chegasse. Mas Jacob não tentou nada. Uma olhada para a arma que ela sustentava o fez deter-se.

— Tem tantas armadilhas como a filha de Loki! — explodiu Jacob enquanto limpava a sangue dos lábios, e os olhos castanhos a olhavam com fúria.

— Jacob, não me compare com os seus deuses. Minha mãe me educou como cristã.

— Não me importa em que Deus crê — replicou Jacob — Isabella, deixa a faca.

Ela mexeu a cabeça. Se parecia serena, era porque tinha uma arma na mão. E por Odín, era um espetáculo grandioso, de pé ali, completamente nua, seu corpo reluzente da água, os seios como que desafiando em sua plenitude, o ventre suave e liso sobre a mata de belo castanho entre as pernas. E o desafiava, desafiava-o em realizar o mais ínfimo movimento para aproximar-se; sustentava a faca como se soubesse como tinha que manejá-la.

— Creio que a sua mãe a ensinou mais do que amar ao seu Deus. — na voz de Jacob tinha ironia. — o seu pai e os seus irmãos jamais a teriam ensinado a manejar este brinquedo, nem aceitado que aprendesse, porque isso implicaria menosprezar a proteção que eles lhe dispensam. A dama Esme ensinou as suas armadilhas celtas, não é verdade? Depois de todos estes anos deve ter aprendido que sua habilidade celta não pode comparar-se com as de um viking. Isabella, que mais te ensinou?

— Conheço o modo de usar todas as armas, salvo o machado, pois é um instrumento muito torpe que não exige habilidade — contestou ela com orgulho.

— Torpe só porque carece da força necessária para manejá-lo — replicou ele com gesto bruto — e o que diria seu pai se o soubesse? Estou seguro de que você e sua mãe seriam castigadas com o chicote.

— Será você que o dirá? — desafiou-o Isabella.

Ele a olhou hostil. Porem, não diria nada ao pai, se o fizesse teria que explicar como tinha chegado a sabê-lo. O sorriso nos lábios da moça lhe indicou que ela sabia o que o detinha. E a recordação de Carlisle Swan, que era mais alto quinze centímetros que ele e possuía um corpo excelente, inclusive num homem de quarenta e seis anos, esfriou parte do ardor de Jacob, mas não todo. Seus olhos castanhos exploraram os de Isabella.

— Isabella, que defeitos vê em mim? Por que não me quer?

A pergunta a surpreendeu, pois tinha sido formulada com acento de confusão, baixinho. Estava tão nu quanto ela, ereto na totalidade de seu orgulho masculino, e ela passeou vacilante os olhos sobre o corpo alongado. Não lhe inquietou o que conseguiu ver, pois tinha observado homens adultos nus o dia em que sua melhor amiga, Leah, tinha deslizado na casa de banhos do tio, e se escondido por trás do barril de água para observar vários de seus primos enquanto se banhavam. Mas isso tinha sido há mais de dez anos atrás, e tinha outra diferença entre aquela ocasião e esta: nunca tinha visto o instrumento de prazer de um homem tão orgulhoso e ereto como o estava agora o de Jacob.

Isabella contestou a verdade, pelo menos até onde ela tinha consciência do assunto.

— Jacob, não se trata dos seus defeitos. Tem um corpo excelente e é agradável olhá-lo. Seu pai é dono de terras férteis e você é o herdeiro. Para uma mulher seria grato ter-lo por esposo.

Não mencionou que Leah estava disposta a fazer um pacto com os deuses para ter Jacob, e que por essa razão Isabella não estava disposta a tê-lo em conta. Leah estava apaixonada por esse homem nos últimos cinco anos, mas ele não sabia. E Isabella tinha jurado que nunca diria a ninguém o segredo de sua amiga, e sobretudo que não o revelaria a Jacob.

— Jacob Black, simplesmente não é para mim. — concluiu com acento firme.

— Por quê ?

— Você não consegue fazer com que meu coração se acelere.

Ele a olhou incrédulo e perguntou:

— O que tem isso a ver com o casamento?

— Tudo, — disse-se ela. E a Jacob: — sinto muito, Jacob. Não o quero para marido. Já lhe disse.

— É verdade que se casará com Michael? — Isabella podia mentir e utilizar essa desculpa para sair do aperto, mas não lhe agradava enganar só para facilitar as coisas.

— Michael é como um irmão para mim. Tive-o em conta, porque meus pais querem que o despose, mas também o recusarei — e ele se sentirá super feliz, pensou a jovem, pois me vê também como uma irmã, e se sente tão incomodado como eu ante a idéia da união.

— Isabella, terás que escolher alguém. Todos os homens que vivem ao redor do fiorde pediram sua mão em diferentes ocasiões. Deveria ter casado há muito tempo.

Não era um tema agradável para Isabella, pois conhecia sua situação melhor do que ninguém, e não desejava contrair matrimonio com nenhum dos homens que viviam nas orlas do rio. Ansiava por um amor como o de seus pais, mas sabia que cedo ou tarde teria que se arrumar com menos do que isso. Tinha postergado o assunto por vários anos, e recusado todos seus pretendentes.

Seus pais tinham permitido isso porque a amavam. Mas não podia continuar indefinidamente na mesma situação. Encolerizou-se com Jacob, porque lhe recordava sua difícil situação, a que tinha mantido sempre presente em seu espírito durante o último ano.

— Jacob, quem eu escolho não é assunto que lhe interesse, porque não será você. Ocupe-se de encontrar uma outra, e por favor, não volte a molestar-me.

— Isabella, poderia tomá-la e obrigá-la a aceitar o casamento — lhe advertiu baixinho —. Como recusou tantos oferecimentos, seu pai bem que poderia aceitar-me depois que eu arruíne suas possibilidades com outro. Assim se fez em situações anteriores.

Era uma possibilidade. Porém, antes de mais nada, seu pai o castigaria quase até matá-lo. Mas se depois Jacob ainda vivesse, era provável que ela tivesse que o aceitar. Teria que considerar o fato de que ela já não seria donzela.

Isabella o olhou com o cenho franzido.

— Se meu pai não o matasse, o faria eu. Não seja tonto, Jacob. Jamais perdoaria uma armadilha tão suja.

— Mas seria minha.

— Estou dizendo que o mataria!

— Creio que não — disse ele com tanta confiança que ela se inquietou — creio que o risco valeria a pena.

Os olhos de Jacob se fixaram nos seios da moça ao dizer isso. Isabella endureceu o corpo. Nunca tivesse falado com ele. Teria sido melhor que montasse em Torden e se afastasse a galope com o corcel, em lugar de agarrar a adaga para enfrentá-lo.

— Então, tente agora, malditos sejam os seus olhos, e eu o matarei no ato! — explodiu.

Jacob olhou de novo para a arma e viu que ela a movia de tal modo que sem dúvida lhe encontraria o corpo antes que ele pudesse afastar-se. Se pelo menos ela não fosse tão alta como ele, e não tivesse a força conforme a sua estatura... Sua própria cólera se avivou, mas desta vez se concentrava na mãe da moça, que tinha cometido à loucura de ensinar a sua filha as artes de guerreiro. Ele rosnou:

— Isabella, não terá sempre esse brinquedo na mão — ela elevou ainda mais o queixo.

— É um tolo em advertir-me. Agora me ocuparei de que nunca me surpreenda sozinha.

Ele se limitou a replicar:

— Em tal caso, fecha bem a sua porta quando for dormir, porque muito cedo arrumarei um modo de possuir-la.

Isabella não se dignou responder tal ameaça e se inclinou para recolher as roupas que tinha aos seus pés e jogá-las aos ombros. Sem afastar seus olhos de Jacob, estendeu a mão para atrás procurando as rédeas de torden e retrocedeu com o cavalo. Quando estava a vários metros de distância, agarrou as crinas de torden, e montou; sem perder um instante, fincou os calcanhares nos flancos do animal. Ouviu as irritadas maldições de Jacob, mas não prestou atenção; só lhe interessava vestir suas roupas sem diminuir a velocidade de marcha de seu cavalo, antes de chegar ao povoado de Swan, onde alguém poderia vê-la. Nunca poderia explicar a situação, e se dissesse a verdade imporiam restrições severas a sua liberdade, e Jacob Black se veria em graves dificuldades.

Se não fosse por essas restrições teria confessado o sucedido, mas apreciava demasiado sua liberdade. Tal como estavam as coisas, o pai já se preocupava bastante por ela. Não sucedia o mesmo com a mãe, pois Esme a tinha ensinado a proteger-se bem durante os verões em que o pai navegava para vender mercadorias, e levava com ele os irmãos da jovem.

Esme tinha ensinado em segredo a Isabella tudo o que ela tinha aprendido de seu próprio pai: a habilidade e a astúcia necessária para manejar uma arma contra um inimigo mais poderoso; a astúcia porque como Isabella era quinze centímetros mais alta que sua mãe, e sua força era maior que a da maioria das mulheres, de qualquer modo carecia do valor de um homem. Isabella estava orgulhosa de sua capacidade para proteger-se mas esta era a primeira vez que tinha precisado pôr em prova sua habilidade, pois não podia usar armas às claras contra um homem, caso contrário seu pai se irritaria se soubesse o que sua mãe tinha ensinado. De todo modo não desejava usar armas, pois se sentia orgulhosa de sua feminilidade.

A família amava, cuidava e protegia Isabella. Além do irmão Jasper, dois anos mais velho que ela, havia Eric, que já tinha completado dezesseis, e Thorall de quatorze, ambos eram quase tão altos como o formidável pai de todos. Também tinha um primo chamado Jared, alguns meses mais velho do que Jasper, e muitos primos em segundos e terceiro grau por via paterna. Todos eram homens que lutariam até a morte se lhe infringia o mais mínimo insulto. Não, estava bem protegida e não precisava demonstrar sua coragem, a diferença do que tinha sucedido a sua mãe quando tinha a idade de Isabella.

Se pudesse navegar com Jasper e seus amigos na semana seguinte aos centros comerciais do leste, não precisaria preocupar-se novamente com Jacob, pelo menos até o regresso, para fins do verão. E a essa altura das coisas era muito provável que ele tivesse encontrado outra mulher, e não desejasse molestá-la outra vez. Por azar, já tinha pedido para participar nessa viagem comercial, e tinham negado. Já era uma mulher feita e direita e não podia viajar com tantos jovens, ainda que fosse numa das embarcações de seu pai, num barco que estava ao comando de Jasper. Se Carlisle não ia, também ela não viajaria; e, assim estavam as coisas.

Nem sequer o tinha comovido com a observação formulada em brincadeira de que ela podia conhecer um outro príncipe mercador como ele em Birka ou Hedeby, e voltar para casa com um marido. Se ele não podia estar ali para cuidá-la, como tinha feito às três vezes que permitiu que Isabella e sua mãe o acompanhassem, por Odín que ficaria em casa!

Carlisle não tinha navegado nos últimos oito anos, e preferia passar os calorosos meses de verão com Esme; já tinha bastante idade, e seu amigo Perrín, ou Jasper se encarregavam de comandar o barco. Os pais de Isabella iriam sozinhos para o norte e não regressariam até o final do verão.

Caçavam e exploravam juntos, e faziam amor, e Isabella sonhava em chegar a ter uma relação parecida com a deles. Mas, onde estava um homem como Carlisle, que podia mostrar-se gentil com as pessoas a quem amava, mas ao mesmo tempo ser tão perigoso e ameaçador com seus inimigos, o homem que pudesse acelerar as batidas de seu coração, como lhe sucedia a Esme só de olhá-lo?

Isabella suspirou e caminhou em direção a seu lar. Na região não havia muitos homens valiosos. Tinham uns poucos indivíduos gentis, mas não muitos, ainda que era bastante considerável o número dos que podiam ser, e eram perigosos. As regiões setentrionais geravam um conjunto de homens rudes, exemplares excelentes, mas ninguém que comovesse ainda seu jovem coração. Se pelo menos ela pudesse navegar para o leste com Jasper... Aqui ou lá seguramente encontraria o homem que lhe estava destinado, talvez um mercador ou um marinheiro como seu pai, talvez um dinamarquês, ou um sueco, ou inclusive um norueguês do sul. Todos comerciavam nos grandes centros mercantis do leste. Somente precisava encontrá-lo.