Lily Evans não era o tipo de pessoa que matava aulas, especialmente quando ia ter uma prova que estava marcada desde o início do bimestre, por isso a sala inteira ficou preocupada quando a ruiva não apareceu, fazendo até mesmo a professora McGonagall pensar em adiar a prova, coisa que não aconteceu, pois McGonagall acabou chegando à conclusão de que Evans deveria ter um bom motivo para ter faltado, por isso minha surpresa não poderia ter sido maior ao encontrar a dita cuja em um bar no centro da cidade as nove horas da noite.

Minha prova com certeza ganharia um dois, por isso eu decidi beber algo antes de ir para casa, mas Evans não tinha motivos para beber, além é claro de perder uma prova, mas ela sempre conseguia dobrar a professora McGonagall com tamanha facilidade, que ela com certeza faria aquela prova mesmo sem ter um atestado médico para explicar sua ausência, e fora isso a ruiva não tinha motivos para se embebedar em um bar qualquer.

Ela tinha praticamente a vida perfeita, seus pais tinham trabalhos ótimos, sua irmã estava cursando faculdade na capital e ela era a pessoa mais inteligente da Hogwarts High School, tinha um futuro brilhante pela frente. Álcool não me parecia algo que ela abusaria logo aos 18 anos, por isso a minha curiosidade falou mais alto, me fazendo me sentar ao lado nela no pequeno balcão.

— Me deixe em paz, Potter.

Mal me sentei no banco e a Evans já começou a me atacar. Típico.

— Relaxe ruiva, não quero brigar hoje. — disse em um tom calmo para a ruiva ao mesmo tempo que pedia a mesma bebida que ela tinha em mãos ao barman.

— Disse para me deixar em paz.

— E eu disse que não quero briga. — me virei para encara-la, e eu quase não consegui esconder o espanto ao ver o estado dela. Evans estava com os olhos vermelhos, seus lábios estavam borrados de batom e tremiam e seus cabelos pareciam o sobrevivente dos Jogos Vorazes.

— O que foi? Nunca viu uma garota beber? — sua fala foi marcada pelo barman que colocou um copo na minha frente.

— Sabia que você perdeu uma prova hoje, Evans? — a garota revirou os olhos e bufou.

— Grande coisa.

Me assustei mais ainda ao ouvi-la falar isso, pois Lily Evans nunca perdeu um dia sequer de aula. Decidi ignora-la virando o copo de uma vez pela minha garganta, que desceu queimando. Fiz uma careta e voltei a encarar a ruiva.

— O grande James Potter não dá conta de um copinho de bebida! — ela gargalhou e apontou um dedo para a minha cara.

— Porra Evans, isso aqui é vodka. — larguei o copo no balcão e voltei a encara-la.

— Sim. — ela me respondeu depois de virar mais um copo.

— Qual parte de isso ser vodka você não entendeu? — sinalizei ao barman que eu e nem ela não iriamos mais beber.

— A parte de você não aguentar um copo de vodka.

— Eu aguento tomar vodka!

— Sério? Não consegui perceber. — Evans voltou a gargalhar.

— Lily, porra, você nunca bebeu antes! Vodka é forte!

— Por que você acha que eu escolhi vodka? — ela pareceu entrar em transe por um momento, logo depois ela balançou a cabeça. Joguei uma quantia de dinheiro que eu nem contei em cima do balcão e me levantei, colocando uma mão em seu ombro.

— Vem, vou te levar para casa.

— Desde quando você se preoc... — Evans pareceu se embaralhar com as palavras, fazendo tudo parecer um grande nada para mim.

— Anda logo, Evans, não tenho a noite inteira.

— Me deixe em paz! — a olhei incrédulo. Ela estava claramente bêbada e recusava ajuda de um conhecido?

Foda-se, Evans não quer minha ajuda, então não a ajudarei. Lancei meu olhar para ela uma última vez antes de sair daquele lugar. Peguei as chaves do meu carro no bolso do meu moletom e já estava com elas na porta do carro quando uma verdade me atingiu com a velocidade do soco do Flash.

Lily Evans vivia bêbada a quase nove meses.

As suas constantes faltas, as notas baixas e o cantil que ela começou a carregar por toda a escola começaram a fazer sentido. Ela não estava abatida e o cantil não era uma forma de manter a memória dele viva, ela estava se afundando nas bebidas. Lenta e profundamente. O que me surpreendeu ainda mais foi o fato de ninguém perceber isso antes.

Merda, merda, merda, o que eu fiz?

Lily está bêbada, ela não tem controle do que sai de sua boca ou de suas ações, e eu acabei de deixa-la em um bar qualquer.

Voltei correndo para dentro, somente para encontrá-la com mais um copo na mão e um homem, que aparentemente tinha uns 40 anos, sentando no banco que eu ocupada a uns minutos atrás. Cheguei ao lado dela, arrancando o copo de sua mão e a fazendo levantar.

— Qual o seu prob-blema, Potter? Eu di-disse para me deixar em p-paz!

A ruiva tentou me empurrar, para depois pegar o copo que eu tinha colocado em cima do balcão outra vez.

— Eu ouvi, e não dou a mínima, agora vamos. — Arranquei o copo da mão dela mais uma vez, porém dessa vez eu bebi o liquido antes de colocar o copo no balcão.

— Qual o seu problema, idiota? Não ouviu o que a moça disse?

O homem que estava sentando ao lado dela disse, tentando puxa-la pelo braço. O ignorei e continuei arrastando a ruiva pelo braço até a saída.

— Eu não q-quero ir! — Evans reclamava e se debatia.

— Você não quer nada, você está bêbada. — Abri a porta do passageiro do carro e a coloquei lá dentro, então coloquei o cinto de segurança nela. Fechei a porta e dei meia volta, entrando no carro também. — Tem alguém na sua casa, Evans?

— Hum? — percebi que ela estava quase dormindo no banco.

— Perguntei se tem alguém na sua casa, pois eu sei que seus pais tinham uma viajem longa para fazer. — não obtive uma resposta dela, e ao olha-la, constatei que ela já dormia. — Droga, Evans!

A xinguei mil vezes por pensamento em quanto dirigia para o apartamento que eu dividia com o meu melhor amigo. Sirius iria me matar por isso, mas eu não podia deixar a Lily em qualquer lugar.

Quando cheguei no prédio em que morava, tive que levar a ruiva no colo, pois ela não acordou de jeito nenhum, e como já era de se esperar, Sirius não estava em casa.

Levei Lily até o meu quarto e a coloquei em minha cama, logo depois eu tirei os sapatos dela. Eu estava acabado e necessitava de um banho, mas antes deixei um copo de agua e um remédio para ressaca para a ruiva na cômoda ao lado da cama, e desativei o despertador, pois a última coisa que eu queria era que essa pessoa acordasse com um barulho estritamente com uma puta de uma ressaca.

Tomei um banho quente, e então me joguei no sofá colocando a TV em um canal qualquer de filmes, na esperança de que Sirius chegasse em casa antes do meu sono me vencer, o que obviamente não aconteceu.