N.A.: POR FAVOR, LEIAM A NOTA NO FINAL (E TENTEM NÃO ME ASSASSINAR).
Últimas Chances
Capítulo 1
Sakura não acreditou no que viu passando pela porta do hospital.
Ela não demorou um segundo para reconhecer um Sasuke carregado por dois outros shinobis. Mesmo à distância ela viu o que pareceu uma infinidade de lesões no corpo do Uchiha: várias perfurações no tronco e abdome que, para o seu desespero, sangravam muito; o rosto inchado, roxo, os olhos semicerrados em fraqueza; a perna esquerda deslocada de um jeito quase grotesco, assim como o braço direito dele.
Ela não pensou duas vezes antes de correr até o grupo. Foi a primeira a chegar e a gritar ordens para quem quer que estivesse por perto. O seu tom de voz era mais brusco do que o usual, mas ela pouco se importava. Durante todos aqueles anos como médica ela havia se treinado a soar calma, composta e gentil na medida do possível com os seus colegas de trabalho, mas, naquele momento, aquilo era simplesmente impossível.
Era Uchiha Sasuke quem estava ali. Era a vida de um dos seus melhores amigos, o amor da sua vida, que estava em suas mãos – e era óbvio para ela que ele corria um enorme risco de morte ali.
Ela teve que combater algumas lágrimas que ameaçaram inundar os seus olhos. Era assim que ele voltava para ela depois de quase um ano fora? Parecia que todos os seus temores tinham virado realidade.
"Vocês sabem me informar alguma coisa sobre ele?" Sakura perguntou para os dois homens que trouxeram Sasuke até ali e agora auxiliavam os enfermeiros a colocá-lo na maca.
"Desculpe, Sakura-san, mas não sabemos. Ele praticamente se arrastou para dentro dos portões de Konoha desse jeito e nós o trouxemos direto para cá o mais rápido possível. Ele não conseguiu falar nada."
Os olhos de Sakura percorrem todo o corpo de Sasuke enquanto os enfermeiros rapidamente terminavam de cortar a roupa já injuriada dele. Ela teve que engolir em seco ao ver o que estava por debaixo dos panos. Mais hematomas, fraturas, cortes, sangramentos.
Por um momento ela achou que não fosse conseguir aquilo. O seu peito estava apertado, as suas mãos começavam a tremer e gotículas de suor brotavam na sua testa. É Sasuke quem está aqui. É Sasuke quem está quase morrendo bem na minha frente. Ela conseguia se manter estável tratando absolutamente qualquer um— ela não esteve tão nervosa nem quando teve que enfiar uma mão dentro do peito de Naruto e segurar o coração dele com os próprios dedos.
Mas agora era Sasuke.
Por que ele tem que fazer isso comigo?
"Sakura-san!"
Ela saiu do seu torpor e do quase ataque de pânico quando um dos enfermeiros a sacudiu. Ela balançou a cabeça para se recompor. Controle-se! Ele nunca precisou tanto de você e você precisa estar mais focada do que já esteve em toda a sua vida. Ela esticou os ombros, lutou contra as lágrimas e voltou a olhar para a sua equipe com a seriedade de sempre.
Ela não podia falhar. Não podia deixar as suas emoções a atrapalharem justamente agora. Tinha treinado tão duro e por tantos tempo justamente para estar preparada para momentos como aquele – para ajudar os seus amigos quando eles precisassem dele. Ela não iria titubear. Não mais. Não com Sasuke.
Ela checou os sinais vitais dele o mais rápido possível. Péssimos, tão ruins quanto ela suspeitava. A pressão estava baixíssima, os pulsos acelerados, mas muito fracos, a pele pálida, a boca e os dedos arroxeando, a respiração quase inexistente.
"Eu quero uma sala de cirurgias preparada e três pacotes de O+ agora," ela ordenou para ninguém em particular. Dois dos enfermeiros saíram apressados cumprir as ordens dela.
"Sakura-sama, você tem certeza que está bem? Eu posso chamar outro médico para –"
"Eu estou ótima. Pare de se preocupar comigo e se concentre nele."
Sakura não fazia a menor ideia de quanto tempo se passou quando finalmente pôs os pés para fora da sala de cirurgia. Estava exausta tanto emocional quanto fisicamente.
Sasuke tinha chegado quando ela estava pronta para ir para casa depois de um plantão de vinte e quatro horas. Ela não tinha energias para tratar de lesões tão extensas e complexas quanto as dele – ou melhor, ela achava que não tinha. Até mesmo o chackra que ela tinha armazenado na testa foi insuficiente. Ela não sabia de onde buscou forças para terminar o seu trabalho e salvar a vida dele, mas ela não iria gastar o que lhe restava de sanidade para descobrir. O que importava era que ele estava vivo. Em estado grave, entubado, respirando com a ajuda de aparelhos, mas vivo e estável.
Sakura desabou as costas na parede atrás de si, escorregou até o chão, enfiou o rosto nas mãos e chorou as lágrimas que ela segurou por tantas horas.
Houve momentos em que ela achou que tudo estava perdido. Sasuke chegou a morrer nas suas mãos. O coração dele parou de bater duas vezes e ela imaginou que o dela parou junto com o dele enquanto fazia de tudo para ressuscitá-lo.
Ela não conseguia explicar o que passou pela cabeça enquanto a vida dele escorregava pelos seus dedos. Ela queria abrir o próprio peito e dar o seu coração a ele, queria sacudi-lo até que ele acordasse e a abraçasse e dissesse que estava tudo bem, queria chorar, gritar, espernear, culpar alguém por coloca-los naquela situação.
Tsunade e Shizune chegaram logo depois que Sakura terminou a primeira manobra de ressuscitação. Ela sentiu o peso dos seus ombros diminuir minimamente com a chegada das outras duas melhores médicas da vila. Ele ficará bem agora, ela pensou. Sasuke não teria o disparate de morrer sob os cuidados das melhores médicas disponíveis no país – mas nem mesmo elas impediram uma segunda parada cardiorrespiratória.
"Sakura, saia daqui!" Tsunade gritou enquanto Sakura fazia a massagem cardíaca com braços trêmulos de exaustão e medo.
Ela fingiu não ouvir.
"Sakura, eu mandei você tirar as mãos dele e sair daqui –"
"Eu não vou tirar os meus olhos dele enquanto ele não estiver bem!" ela gritou de volta. "Eu não vou deixa-lo sozinho agora. Não vou."
"Está ficando maluca? Eu e Shizune estamos aqui! Ele não vai ficar sozinho."
Ela ignorou a sua mentora mais uma vez. Sentia que se Sasuke não a matasse do coração Tsunade o faria por ser tão petulante.
Ela sentiu uma mão no seu ombro. "Sakura, pare com isso. Você está prejudicando vocês dois."
"Não encoste em mim," ela sibilou contra a antiga Hokage. Nunca a havia tratado daquela forma. "Eu estou tentando salvá-lo e você está me atrapalhando. Se não quer ajudar, por favor, saia. Sou eu a médica no comando aqui e assim vai ser até que ele saia daqui vivo."
Tsunade suspirou e não disse mais nada.
Por estar chorando copiosamente com o rosto na palma das mãos, Sakura não viu Shizune se agachar na sua frente. Só sentiu os braços dela a envolverem e a puxaram para si em um abraço. Sakura não opôs qualquer resistência. Devolveu o gesto da sua amiga e se permitiu chorar contra o ombro dela.
"Ele vai ficar bem," Shizune a confortou. "O que você fez foi estúpido e irresponsável, mas salvou a vida dele. Ele vai ficar bem."
Sakura fungou e se afastou de Shizune, um sorriso triste e cansado no rosto molhado. "Ele adora me dar trabalho."
"Eu posso dizer o mesmo de você," Tsunade disse quando saiu da sala e encontrou as suas duas pupilas sentadas no chão. Ela olhou de cima para baixo para Sakura, as mãos na cintura e uma expressão feroz nos olhos. "Eu estou com uma vontade quase incontrolável de torcer o seu pescoço, Sakura. Se você falar comigo nesse tom de novo eu juro que chuto a sua bunda magra para fora desse planeta."
Sakura riu, limpando as lágrimas. "Me desculpe, shishou, mas foi necessário."
"Necessário? Você acha necessário mandar embora da sua sala a mulher que te ensinou tudo o que sabe e que claramente estava em melhores condições física do que você só para ser a heroína do dia?" Tsunade rugiu. "Você poderia ter matado vocês dois naquela mesa de cirurgia, Sakura!"
"Eu não fiz isso para ser a heroína!" ela rebateu com indignação. "Fui quem o tratou desde o segundo que ele entrou pelo hospital. Eu sabia perfeitamente bem tudo o que estava acontecendo com ele – e eu estava bem. Eu jamais iria trata-lo se soubesse que não estava apta para isso."
"Você não estava pensando direito, sua idiota! Você não sabia discernir se estava bem ou não! Todos naquela sala sabiam que você não tinha condições de –"
"Shishou, por favor, chega," Sakura a interrompeu. "O que passou, passou. Sasuke está bem, eu estou bem, todo mundo está bem, mas eu estou exausta demais para ouvir sermões agora."
"Sua –"Tsunade se calou quando Shizune lhe lançou um olhar significativo. Brigue com ela depois. A ex-Hokage teve que fechar os olhos e respirar fundo para se impedir de esmagar a cabeça da sua antiga aluna idiota na parede. "Está bem, Sakura. Mas você vai ouvir tudo o que eu tenho a dizer mais tarde. Não pense que saíra impune dessa."
"Com o maior prazer."
Um silêncio tenso pairou sobre o trio. Shizune estava confusa sobre quem apoiar, Tsunade ainda estava bufando de raiva e Sakura cansada demais para se mexer.
"Levante-se," Tsunade ordenou para a Haruno. "Saia daqui e vá colocar uma máscara de oxigênio e repor o seu chackra."
"Eu não consigo me mexer." Todo o corpo de Sakura parecia pesar uma tonelada. Ela mandava o comando para os seus braços e pernas mexerem, mas nada acontecia. Nem mesmo os seus olhos queriam ficar abertos. Ela tinha a impressão de que alguém falava alguma coisa, mas o zumbido nos seus ouvidos a impediam de entender. Os seus pulmões não pareciam captar ar o suficiente.
Ela sentiu alguém a pegar no colo antes de perder a consciência.
Ela acordou em uma cama de hospital.
"Ei, Sakura-chan."
Ainda grogue ela se virou em direção a voz. Naruto. Ele segurava a sua mão e a fitava com um sorriso triste, preocupado.
"Como você está?" ele quis saber, massageando o dorso da mão dela.
A garganta dela estava extremamente seca. Ela teve que pigarrear e tentar falar duas vezes antes de a sua voz sair, arranhada, fraca. "Ótima. Sasuke?"
"Do jeito que você o deixou. Está tudo bem, Sakura-chan. Eu não quero que você se preocupe. Só se recupere, por favor."
"Há quanto tempo eu estou aqui?"
"Você esteve inconsciente por dois dias."
"Dois dias?" ela exclamou, desesperada. Não conseguia acreditar que esteve dormindo por dois dias enquanto Sasuke ainda estava em estado crítico. Que tipo de amiga ela era – que tipo de médica era ela para deixar o seu paciente assim?
"Ei, pare com isso. Está tudo bem." Naruto se levantou para se sentar no colchão ao lado do quadril dela. "Tsunade está cuidando de Sasuke pessoalmente. Ela disse que o pior já passou, que ele está bem – desacordado e ainda em estado grave, mas tudo está dentro do esperado."
Sakura suspira. Era óbvio que ela confiava em Tsunade com a sua própria vida e, mais importante ainda, com a de Sasuke, mas isso não significava que ela deveria ter ficado de cama por tanto tempo. Ele precisava dela, principalmente nesses dois primeiros dias, que eram os mais críticos em pacientes como aquele. Ele estava no estado mais frágil que qualquer ser humano pode ficar enquanto ela dormia.
Ela queria ter ficado ao lado dele o tempo todo. Queria sentir com as próprias mãos que ele estava vivo – e queria que ele sentisse que ela estava ali. Ela sabia que isso era possível. Ele estava inconsciente em um coma induzido, mas ela tinha certeza de que o subconsciente dele a sentiria por perto. Ela não o deixaria passar por isso sozinho. Foi isso o que ele fez durante toda a vida: enfrentar os problemas sozinho. Algumas vezes porque quis, porque rejeitou o apoio dos seus amigos; em outras ele não teve essa opção. Era claro como um cristal que toda aquela solidão não fez bem algum para ele.
"Você pode chamar Tsunade aqui, Naruto?" ela pediu.
Ele franziu a testa. "Por quê? Está sentindo alguma coisa?"
"Não, eu só preciso conversar com ela. A sós. Por favor."
Ele hesitou antes de acatar com o pedido dela. Ele deu um beijo amigável na testa da sua amiga antes de sair do quarto para chamar a outra médica.
Sakura aproveitou o momento sozinha para se sentar na cama e tirar os fios que penetravam na sua pele com raiva. Por que eu tenho que ser tão fraca?
Quando Tsunade entrou no quarto Sakura já estava de pé; tonta, sobre pernas instáveis, mas em pé.
"O que você pensa que está fazendo?" Tsunade gritou, marchando até a sua paciente para empurrá-la de volta para a cama. "Eu ainda não te autorizei a sair da cama, mocinha."
"Eu já estou ótima," Sakura rebateu. Não estava ótima. O quarto ainda girava e o seu peito doía, mas ela não se importava. "Eu quero ver Sasuke."
"Ele está bem, Sakura. Pelo amor de Deus, pare com isso. Se ele não morreu quando chegou ele não vai morrer mais. Eu te garanto."
"Eu quero ver com os meus próprios olhos."
"Vai ter que esperar. Sakura, você não vai sair desse quarto ainda," Tsunade continuou quando Sakura abriu a boca para retrucar. "Os seus exames ainda estão muito alterados – e você sabe muito bem por que. Pare de ser uma paciente chata e trate de ser recuperar direito."
Sakura respirou fundo para se acalmar. Não iria discutir com Tsunade agora. Ela não iria dar o braço a torcer, principalmente depois de Sakura já ter desobedecidos as ordens dela na sala de operações.
Mas ela daria o seu jeito de ver Sasuke sem que ela soubesse.
"O que você contou para Naruto?" ela perguntou baixinho, certificando-se de que ninguém mais ouviria.
Tsunade suspirou. "Nada."
"Está me falando a verdade?"
"Ele estaria se debulhando em lágrimas se eu tivesse dito."
Sakura assentiu. Aquilo fazia sentido. Naruto estava calmo demais. Conhecia o seu amigo bem demais para ter certeza de que ele não estaria tão quieto assim se tivesse a verdadeira noção de tudo o que estava acontecendo.
"E-Eu ainda não quero que ele saiba," ela murmurou.
"Eu sei disso. Eu te prometi, não foi? Você sabe que eu cumpro com a minha palavra. Ele acha que você está aqui por depleção de chackra. Só isso."
Sakura deu graças a Deus que Naruto não sabia absolutamente nada de medicina. Se ele soubesse, com certeza perceberia que uma simples depleção de chackra – especialmente em alguém como Haruno Sakura – não a derrubava por dois dias.
"Mais alguém sabe o que aconteceu comigo?" ela quis saber.
"Só Mayama. Ele esteve aqui mais cedo. Eu imaginei que você teria esse desejo idiota de manter o segredo – como sempre. Eu pedi a Naruto que mantivesse a boca fechada também. Ele não entendeu muito bem por que, mas eu deixei claro que eu não precisava de ter explicações para um pirralho como ele. Você que se vire para saciar a curiosidade dele."
Sakura agradeceu a sua mentora mentalmente por conhece-la tão bem. Ela realmente não queria que mais pessoas soubessem que ela teve um colapso no hospital. Com o retorno e o estado de Sasuke, ela não tinha mais espaço na cabeça para ter que responder as perguntas que os seus amigos certamente fariam se soubessem do ocorrido. Já bastava Naruto.
"Você está me preocupando, Sakura," Tsunade confessou. "Essa crise foi pior do que as outras. Os seus exames estão muito mais alterados."
Sakura não estava surpresa. "Nós duas sabemos que isso mais cedo ou mais tarde aconteceria."
"Isso não muda nada. Eu já cansei de repetir isso, mas vou fazê-lo quantas vezes necessário: Sakura, você precisa se cuidar." Sakura resistiu ao impulso de rolar os olhos. Tsunade tinha razão: ouvir aquilo já estava ficando exaustivo. "Não me olhe com essa cara. Você sabe que eu estou certa e sabe muito bem o que vai acontecer daqui para frente se continuar nesse ritmo."
"Eu estou me cuidando –"
"Você acha que a peça que você me pregou dois dias atrás com Sasuke é cuidar de si mesma? Acha que estaria nessa cama se estivesse realmente sendo responsável?"
"Sinceramente, acho, sim, que eu estaria aqui. É inevitável."
"Pode ser que seja, mas você não está se esforçando para retardar o processo."
"Eu estou fazendo o que posso."
"Não, não está. Pare de mentir para mim e para si mesma. Eu sou médica e não sou burra. Eu sei melhor do que ninguém ver que você está longe de fazer o que pode."
Sakura desviou os seus olhos úmidos para os seus pés. Não tinha como contrariar Tsunade – e não tinha como contrariar o seu corpo. Tsunade sentou ao lado dela na cama e colocou uma mão calorosa no seu joelho.
"Sakura, eu não quero te ver assim," ela murmurou. "Eu sei que é difícil e que muitas vezes os resultados não vêm, mas me dói ver que você não está nem ao menos tentando."
"Eu quero ver Sasuke."
Era essa a estratégia dela quando aquele assunto era tocado. Mudar o rumo da conversa. Ela não queria ouvir aquelas verdades. Machucava.
Tsunade suspirou. Por que Sakura tinha que ter puxado a sua teimosia? "Você vai ficar quieta nessa cama se eu te deixar vê-lo?"
"Eu não posso ficar nessa cama."
"Por que não?"
"As pessoas vão desconfiar."
"Sakura, do jeito que você tem levado as coisas, as pessoas não vão demorar para desconfiar. Você não está trabalhando para manter isso por debaixo dos panos."
"Eu sei," ela respondeu com rispidez. "Mas eu não quero ficar aqui e você não pode me obrigar."
Tsunade a encarou intensamente com irritação e preocupação, e Sakura não se deixou intimidar. Devolveu o olhar com a mesma intensidade. Estava resoluta. Tsunade não a faria mudar de ideia.
"Você tem razão," a loira disse, devagar, ainda encarando Sakura. "Eu não posso te obrigar a ficar nessa cama. Mas eu posso te impedir de ver Sasuke."
Sakura abriu a boca em surpresa. "Você não faria isso –"
"Faria. Sou eu a médica no comando desde que você me fez o favor de apagar por dois dias – sem contar que sou eu quem dirige essa droga de hospital. Portanto, eu posso restringir o seu acesso a Sasuke quando quiser."
Sakura mordeu a língua para evitar de dizer coisas que das quais certamente se arrependeria no futuro – e que certamente a colocariam em uma encrenca maior ainda. Ela não duvidava que Tsunade faria o que ameaçou. Ela tinha o coração mole no que dizia respeito a Sakura, mas também sabia ser dura quando necessário – não que Sakura achasse que ela precisava ser tão rígida naquele momento em particular.
"Só me deixe ir para casa," Sakura pediu. "Eu prometo que vou seguir as suas orientações e não vou cometer nenhuma extravagância."
"Você já me prometeu isso antes e não deu certo."
"Eu estarei aqui no hospital todos os dias com Sasuke. Você pode me checar quando quiser," ela argumentou. "Pode ver que eu estou – estarei – na linha. Eu juro. Por favor, shishou, só não me prive de vê-lo. Eu só vou ficar mais nervosa e você sabe que isso não vai ajudar em nada."
Sakura não gostava muito de fazer chantagens emocionais, mas Tsunade não tinha lhe dado outra opção. Ela havia feito uma ameaça, e Sakura tinha que responder com uma – que não deixava de ser verdade. Não faria bem nenhum a ela ficar presa a uma cama ansiosa por saber o que estava acontecendo com Sasuke.
Tsunade a olhou de soslaio. Não acreditava plenamente em Sakura. "Eu vou te checar de hora em hora."
"Pode checar."
"E você não vai encostar um dedo nele, está me ouvindo? Sou eu que cuido dele e, modéstia à parte, ele não poderia estar em melhores mãos. Melhores até que as suas nesse estado."
"Tudo bem. Eu só quero ficar do lado dele," ela justificou. "Ele ficou viajando por quase um ano e eu não o vi durante todo esse tempo, shishou." Ela limpou a garganta. A saudade que sentia dele ainda doía. "Você não consegue imaginar como eu fiquei preocupada com ele, e ver ele assim quando retorna... E-Eu não posso suportar não vê-lo. Por favor."
Tsunade a encarou por alguns segundos antes de se levantar de supetão, exclamando: "Mas que droga, Sakura! Pare de me olhar e falar desse jeito comigo." Ela conseguia qualquer coisa com aquela carinha. Sakura era praticamente a filha de Tsunade; e que mãe podia negar uma filha que pedia algo com o coração na mão?
Sakura segurou o sorriso. Tinha ganhado. Não era a sua intenção usar essas estratégias emocionais, mas ela estava desesperada demais por Sasuke. Faria qualquer coisa para se certificar de que ele estava bem.
N.A.: Como vocês podem ver, eu estou reescrevendo essa história – por vários motivos. Sei vocês estão furiosos comigo (e eu sei que estão), eu peço, por favor, que leiam essa nota com carinho e com o coração aberto.
1) O final do manga. Com tudo o que aconteceu e foi mostrado está difícil para mim achar inspiração para escrever algo que não está dentro daquele contexto – principalmente por eu ter começado a escrever essa fic anos, milênios, atrás. Muita coisa aconteceu em Naruto desde então e eu estou tendo dificuldades de encaixar esses acontecimentos na minha história. Aliás, não só em Naruto, mas também comigo. Por isso eu resolvi reescrevê-la como se ela estivesse começando após o final do manga.
2) Para ser sincera, eu estou passando por uma fase muito difícil na minha vida. Está muito complicado para mim encontrar inspiração para escrever – para não falar outra coisa mais mórbida. Eu vou confessar a vocês que por MUITO, mas MUITO pouco eu não apaguei a minha conta e deletei todas as minhas histórias. Eu cheguei a fazer o backup delas, pronta para deletá-las para sempre. Eu estava detestando tudo o que eu via e ler o que eu escrevi estava me fazendo muito mal (e foi por isso que eu recomecei "O Plebeu"). Eu não sei explicar por que. Eu só não tomei essa medida drástica por respeito a vocês e por saber que, sabe-se lá como e por que, muitas das minhas histórias agradam e trazem alguns breves minutinhos de felicidade a vocês. Eu sei como é bom chegar em casa depois de um dia cansativo e ler um pouquinho de uma história que te prende e te envolve.
3) O conteúdo dessa história é dramático (os que já a leram sabem), e escrevê-la no tom que eu estava adotando também não estava me fazendo bem. Descrever sentimentos tão escuros dos personagens com tanta precisão estava me deixando mais para baixo do que eu já estou. Eu não digo isso para parecer melodramática e apelativa. Eu só estou sendo sincera com vocês, porque vocês merecem depois de todo esse tempo comigo. Vocês devem ter percebido essa mudança de estilo – tanto é que eu passei a história de primeira para terceira pessoa. Eu estou fazendo o melhor que posso por vocês. Eu sei como é irritante quando uma fic é abandonada, e eu não quero fazer isso com as pessoas que sempre foram tão carinhosas e me apoiaram por tanto tempo. Só Deus sabe como me faz bem ler cada review que vocês deixam, curta, longa, animada ou reprovadora.
Eu tenho perfeita ciência de que estarei incitando a ira de muita gente, mas eu peço paciência e compreensão, se possível. Eu honestamente espero e suspeito que as atualizações serão mais frequentes. Eu já escrevi alguns capítulos e estarei atualizando-os periodicamente.
Eu estou cogitando a ideia de enviar a história antiga por e-mail ou algo do tipo para quem estiver interessado em tê-la. Ela está incompleta, mas é o máximo que eu poderia fazer por vocês. Eu ainda não tenho certeza se farei isso. Caso decida, podem ficar tranquilos que vocês serão avisados.
Muito obrigada pela atenção.
"A reader reads to live a thousand lives. And a writer writes because he cannot bear the life inside".