N/delly: hello peple. Desculpem pela demora, eu meio que tinha desistido de postar, mas pretendo ao menos terminar essa - já que já está toda escrita.


Capítulo 5


— Que tal foi a reunião com o advogado?

James deu uma olhada ao assento ao lado, surpreendido que Remus a recordasse. Havia mencionado a reunião na sexta passada em Las Vegas a seu amigo, ao redor das quatro da manhã enquanto devoravam alguns burritos de algum lugar oculto a sete quadras da Strip (Remus usara o antigo truque de "ao menos ninguém nos reconhecerá aqui").

É claro, James não mencionou nesse momento que a reunião com o advogado deveria ter sido mais cedo nesse dia, justo no momento em que Remus se acercara à mesa dos dados na sala VIP do Bellagio. Se Remus soubesse desse detalhe em particular, sem dúvida teria feito algum comentário sarcástico que James — que na noite dessa sexta perdera $100,000 na dita mesa de dados — não estava com humor para escutar.

Não era sobre o dinheiro, dizia James repetitivamente para Remus (que havia mencionado sem compaixão que ele fazia cerca de dez vezes essa soma em um dia de filmagem) — era o princípio do problema. Simplesmente detestava perder.

James voltou seu olhar à autoestrada enquanto considerava como responder à pergunta de seu amigo. Conduzindo como Mario Andretti depois de haver consumido cocaína — havia aprendido fazia muito tempo que essa era a única maneira de evitar ser seguido pelos paparazzi — acelerou seu Aston Martin Vanquish pela rampa de saída que os levaria a Staples Center. Ele e Remus tinham entradas para o jogo desta noite dos Lakers contra os Knicks.

Assentos próximos da cesta, é claro. Era uma das poucas vantagens da fama de James que Remus aproveitava.

James tratou de pensar na melhor forma de descrever sua reunião com a ilustre Srta. Lily Evans.

— A reunião foi ... esclarecedora — disse, finalmente.

Remus deixou de se agarrar aos lados do assento de couro negro do passageiro, relaxando agora que James saía da autoestrada.

— Era bom, pelo menos?

— Posso assegurar que ELA me interrogou como um demônio — disse James, sorrindo para si mesmo.

Remus o estudou com cuidado.

— O que é que não está me dizendo?

De alguma maneira, Remus sempre sabia quando lhe estavam escondendo algo. Os dois vieram para Los Angeles fazia quase 16 anos, com uma grande bolsa de sonhos sobre a indústria de filmes. Quando a carreira de ator de James decolou como um foguete, praticamente todos os aspectos de suas vidas haviam mudado. Sua amizade foi uma das coisas que não mudou. Remus era a única ponte para a normalidade no mundo de James — algo que Remus nunca perdia a oportunidade de recordar-lhe.

— O que te faz crer que não estou lhe dizendo tudo? — Perguntou James inocentemente.

— A última vez que fez essa cara foi há dois meses no bar do Four Seasons, depois de sua entrevista com a repórter da 'Vanity Fair'. Quando me pediu que fosse em uma hora gritar "Fogo!" fora de seu quarto.

James riu. Foram bons tempos.

— Hey, isso funcionou. Com o escândalo da evacuação do edifício, nem sequer tive que lhe prometer que ligaria.

— Estou certo que as outras quarentas pessoas que desceram correndo as vinte escadarias de emergência à uma da manhã ficariam felizes em saber que o salvaram de outro incômodo momento pós-coito.

— Por favor, foi o susto de suas vidas. Todos eles devem pensar que fui magnífico ao me oferecer para segurar a porta de emergência para que todos pudessem sair.

— Claro, era o único que sabia que não havia nenhum incêndio.

James moveu sua mão, como se tirasse a importância disso.

— Detalhes, detalhes.

Remus virou os olhos.

— Somente conte-me sobre a advogada.

Havia tantas possíveis respostas, James pensou para si mesmo. Podia dizer para Remus como lhe incomodou que a "Srta. Evans" gastara um dia de seu tempo, especialmente quando tinha coisas que preparar para sua seguinte filmagem; como o irritou que fosse tão teimosa que não pudesse esquecer e começar novamente (certo, havia perdido algumas reuniões — isso dificilmente era um crime); ou, o pior de tudo, contar que lhe incomodara que ela o houvesse manipulado para derrotá-lo em um pequeno interrogatório.

Ou talvez poderia dizer que havia ficado impressionado, literalmente, quando ela deu a volta pela primeira vez e o fitou.

Porque Lily Evans era surpreendente. E certamente não havia esperado isso. Comprido cabelo escuro — uma profunda cor acobreada — que caía diante de um de seus olhos e mais além de seus ombros em camadas cacheadas. Pele branca que se ruborizava quando estava aborrecida (algo que definitivamente vira em primeira mão) e profundos e expressivos olhos verdes.

Foram seus olhos que o fizeram se deter. Tinham um brilho de vida — um pequeno reluzir — que diziam que estava cinco passos à frente de você todo o tempo e que o sabia.

É claro, também poderiam ser suas pernas, pensou James. Ela, com ar de arrogância, o tinha pego fitando-as e isso o perturbara. Mas não podia resistir: com sua saia colada que lhe chegava ao joelho e saltos à Mary Jane, parecia clássica e sexy ao mesmo tempo, como as mulheres dos filmes em preto e branco que eles costumavam ver em suas aulas de cinema.

Mas não importava como parecesse Lily Evans, concluiu James, o pensamento dela insultando-o e reclamando dele era totalmente ridículo.

Ou altamente atraente. Ainda não podia decidir. James se voltou e viu que Remus continuava esperando uma resposta.

— Estava aborrecida comigo — disse finalmente com um sorriso, pensando que essa era a melhor maneira de descrever sua experiência.

— Aborrecida com você? — Remus se deteve, refletindo. — E nem sequer dormiu com ela ainda. — Logo o consultou. — Ou sim?

James lhe deu um olhar.

— Não estava aborrecida como "Mas essas três noites em Londres não significaram nada para você?"— Imitou uma chorosa voz de mulher.

— Mais problemas com a top-model?

— Sloug está se ocupando disso. - James inclinou a cabeça enquanto pensava. — Foi diferente com essa advogada. Ela foi... — Deixou de falar, procurando a palavra correta, que foi surpreendente para ele quando a pronunciou. — Desdenhosa.

Olhou para Remus em busca de apoio. Justo em tempo de pegar o sorriso de seu amigo.

— Desdenhosa? — Repetiu Remus, como se estivesse horrorizado. — Com James Potter? Posso perguntar por quê?

James encolheu os ombros enquanto estacionava seu Aston Martin na frente da entrada VIP do Staples Center.

— Pode ser porque a deixei esperando em uma ou duas reuniões na semana passada. — Desligou o automóvel e deu um inocente olhar para Remus. — Não pensei que fosse se importar quando apareci esta manhã.

Remus agarrou seu peito, em estado de choque simulado.

— Quer dizer que não se ajoelhou imediatamente e agradeceu por ter entrado por sua porta?

James sorriu enquanto saía do carro.

— É justo dizer que essa não foi sua reação.

— E assegure-se de que ela receba a mensagem imediatamente.

James e Remus estavam sentados assistindo ao jogo dos Lakers. Acabavam de sentar em seus lugares quando James pegou o celular dois minutos antes de começar a partida. Tomara uma decisão enquanto viajavam.

Esta manhã não seria a única vez que veria Lily Evans.

Ao chegar a essa conclusão, James chamara seu empresário e pedira pessoalmente que desse uma mensagem a ela, palavra por palavra: "O Sr. Potter gostou muito da lição que aprendeu da Srta. Evans e, respeitosamente, pede-lhe a oportunidade de outra reunião."

Sabia que ela se surpreenderia com a mensagem subentendida. Sorriu enquanto pensava em sua reação: sorriria timidamente — talvez viesse a brincar com seu comprido cabelo escuro — enquanto analisava uma apropriada resposta coquete.

Depois de despachar seu administrador, James voltou a se concentrar no jogo. Sua mente voltou só um par de vezes a Lily Evans e o que usaria em sua próxima reunião. Gostava do look de inteligente e sexy advogada que tivera essa manhã. Agora, se ela abrisse um ou dois botões de sua blusa, poderia ser denominada uma "advogada travessa". Talvez pudesse usar óculos de bibliotecária séria para completar o look. Poderia prender o cabelo em um rabo de cavalo do tipo sou-toda-negócios, que, é claro, acabaria desarrumado de uma maneira muito pouco profissional justamente quando eles...

O celular de James soou, interrompendo seu debate interno sobre qual seria a posição mais confortável para fazer sexo na cadeira do júri. Gostava das possibilidades que esse meio muro representava.

Franziu o cenho quando se deu conta de que a chamada era de seu relações públicas, Sloug. Esperava que a chamada fosse de seu empresário, com a resposta fingidamente hesitante (mas em segredo, encantada) da Srta. Evans aceitando sua proposta. E franziu o cenho, plenamente consciente da crença compartilhada entre seu agente, seu empresário, e advogado, de que só Sloug sabia como "manejá-lo" quando era para lhe dar más notícias.

James atendeu o celular no segundo toque. — Sim, Sloug. O que há?

Sentado junto a James, Remus deu uma olhada e observou como o relações públicas de seu amigo lhe dava o que aparentava ser alguma notícia inesperada. Remus poderia ter rido fortemente quando escutou a resposta de James.

— O que quer dizer com ela "recusou com pesar" o meu convite? — Disse, aturdido. — Bem, disse algo mais?

Embora Remus tivesse pouco interesse naquelas aventuras de James, escutou com atenção esta conversa. Escutara a mensagem que James enviara para Lily Evans, e notara — com bastante surpresa — que soava como uma desculpa. E até onde Remus sabia, James não havia se desculpado ante uma mulher que não fosse sua mãe em quinze anos.

Remus observou como a expressão de Remus mudava para uma de diversão enquanto Marty terminava de lhe dar o resto da mensagem de Lily Evans.

— Isso é o que disse? — James se reclinou em seu assento e riu entredentes. — Bem, diga- lhe que vi sua bunda quando saiu do tribunal, e poderia ficar tentado a fazer justamente isso.

James escutou seu relações públicas falar novamente, logo enfatizou ao telefone:

— Escute-me, Sloug, não quero trabalhar com ninguém mais. Quero ela. A que pensa que pode se afastar de mim. Assegure-se de que sua firma entenda isso. E depois necessito que se concentre no assunto de Londres.

Moveu a mão impacientemente ante as seguintes palavras de seu relações públicas.

— Digo-lhe, tudo isso foi um mal-entendido. Somente lhe perguntei se queria ir para Londres. Nunca disse que voltaria comigo. Diga a seu agente que não quero ver meu nome junto ao dela em nenhuma outra fofoca. A viagem publicitária acabou.

Com isso, firmemente desligou o telefone. Remus o fitou.

— A top-model novamente?

James franziu o cenho.

— Acredite, se tivesse escutado sua estúpida tagarelice por três dias, a teria deixado em Londres também. Não me importo como pareça em um biquini, ou sem ele.

Escutando o tom lacônico de James, Remus não disse nada e decidiu que era melhor deixar que a partida os distraísse por um tempo. Sabia muito bem o quanto James se incomodava quando as mulheres com as que se metia iam em busca da atenção da mídia. Atrizes, cantoras, modelos — e nunca falhava: uma reportagem de James Potter e teriam milhares de fotos nas famosas agências Ivy e a de Ted Casablanca rapidamente.

Remus observou como os dois rapazes de seus vinte anos ocupavam os assentos vazios na fila detrás deles. Vagamente reconheceu um deles como Rob "Algo", um ator em um desses shows da Warner, que Remus conhecera em uma festa do diretor de seu último roteiro. Se recordava corretamente, Rob rondava em torno de Severus Snape.

Enquanto Remus assentia como modo de saudação a Rob Como-se-chame, notou uma das garotas dos Lakers que estava de um lado, saltando e movendo sua mão freneticamente em direção a eles.

— Creio que alguém quer chamar sua atenção. — Remus mostrou a líder de torcida para que James a fitasse.

Ela agitou vertiginosamente quando James prestou atenção nela. Ele deu um meio sorriso antes de se voltar desinteressado. Revirou os olhos para Remus.

— Estive ali, tive essa. — Depois sorriu com malícia, incapaz de resistir, e orgulhosamente apontou a várias garotas dos Lakers. — E essa, oh, e essa e essa também. — Fez um gesto malicioso. — Juntas.

— E surpreendentemente, juntas completam um cérebro. — Completou Remus secamente.

James negou com pesar ante isso.

— Infelizmente, nem assim.

Mais tarde nessa quinta-feira, quando Lily já estava em seu segundo latte com leite desnatado grande do dia, finalmente conseguiu arrumar um par de momentos livres para se sentar em sua sala e revisar o terceiro rascunho de Gildeon sobre as instruções de sua simulação de júri.

O tempo, se deu conta, não estivera de seu lado nos três dias desde seu encontro com James Potter.

Já Frank da CIOT estava em pé de guerra e começara a atacar com brusquidão seu cliente nos meios de comunicação.

Ela imediatamente reconheceu a tática pelo que era: uma descarada tentativa para prejudicar o acusado aos olhos dos potenciais membros do júri. Por isso, em troca, ela pessoalmente havia pedido contra Frank uma moção de emergência para as sanções. E depois de sua argumentação apaixonada, o juiz emitiu uma ordem de silêncio no caso e severas punições se qualquer um dos advogados fosse visto ou ouvido falando na mídia. "Melhor trazerem sua escova de dentes à corte" (jeito informal de ameaçar advogados de desacato). Fora a segunda vez essa semana que Frank saíra enfurecido da Corte recusando-se a falar com ela.

Agora, depois de estar fora de ação durante os últimos três dias com a moção de emergência, Lily se sentiu correndo atrás da bola no preparo do julgamento. Mal havia se sentado em sua mesa e começado a revisar o rascunho de Gildeon quando seu telefone soou.

Tão logo viu o familiar código de área 312 no identificador de chamadas, Lily levantou o fone e se desculpou imediatamente.

— Eu sei, eu sei. Sou uma amiga horrível.

Do outro lado da linha, Marlene riu. Ela também trabalhava em uma das melhores firmas de advocacia de Chicago e sabia muito bem quão loucas podiam ficar as coisas.

— Tem um passe livre já que está se preparando para um julgamento. Já se tornou sócia?

Lily suspirou alegremente ante a lembrança de sua meta, a coisa que mais queria na vida.

— Em dois anos, um mês e três semanas. Ao menos.

— Acho verdadeiramente assustador que saiba isso. Suponho que nem sequer deveria me incomodar em perguntar se está se divertindo por aí.

— Antes que comece a me fazer sermões, tem que saber que algumas destas ocupações não foram culpa minha. Estive temporariamente distraída por...

Lily se deteve, se dando conta de que dizer a Marlene que conhecera James Potter se traduziria em horas de conversas, voltando a contar cada momento com absolutos detalhes. Sem mencionar, para ser justa, que então teria que ligar para Dorcas, também. E essa era uma discussão que poderia durar vários dias.

— Esqueça — disse Lily em vez disso, disfarçando. — Contarei em outro momento, com um drink. — Ou talvez dois, ou três, pensou. Necessitaria tudo isso para se esquecer dos brilhantes que eram os olhos de James quando se fixaram nela.

Whoa!

De onde diabos viera esse pensamento em particular, explodindo sem convite em sua cabeça dessa forma, simplesmente não sabia.

Não que ela negasse o fato de que James Potter era lindo. Alto, magro, mais para musculoso, com os anteriormente mencionados olhos e feições marcantes — ela sabia muito bem que estas eram as coisas com que as mulheres sonhavam. Mas nossa!

O homem era um completo idiota

Lily forçou sua atenção de volta para Marlene, que estava lhe perguntando se possivelmente teria noites livres num futuro próximo.

— Não sei. Por quê, o que ocorre? — Respondeu distraidamente. Marlene vacilou. — Há alguém em L.A. que quero que conheça.

— Não.

Seu tom não podia ser mais definitivo.

— Não tem que ser um encontro, somente alguém com quem passar um momento de vez em quando — pressionou Marlene. — Nem todos são imbecis como Diggory, você sabe. — Ela de repente ficou em silêncio, provavelmente não tinha a intenção de que lhe escapasse a última parte.

Lily voltou a se tranquilizar, sua expressão suavizando-se ante as palavras de sua amiga.

— Eu sei, Marlene, mas... — Sua voz se interrompeu enquanto sua mente regressava momentaneamente a Chicago.

Mas então, se acalmou. Isso simplesmente não era algo em que iria pensar no trabalho.

— Agradeço o oferecimento — disse a Marlene, procurando dar um tom descontraído. — Mas estou atarefadíssima nesse momento, sabe? Não é um bom momento para isso. E falando disso, infelizmente, tenho que correr. Estamos defendendo algo amanhã e estou muito atrasada. — Murmurou um rápido adeus e desligou.

Depois de desligar o telefone, Lily se recostou na cadeira, sentindo-se muito cansada de repente. Mas nesse momento, pelo canto do olho, viu Linda hesitando no umbral da porta.

Como parecia que sentiu que pegara Lily em um mal momento, Linda sorriu incomodada.

— Sinto muito. Mas o Sr. Dumbleodore quer vê-la. Imediatamente.

Um pequeno redemoinho se formou no estômago de Lily. "Imediatamente" nunca era um bom presságio para um associado em uma grande firma de advocacia. Geralmente significava que realmente havia fodido algo ou que iam ter que resolver uma OPR (Ordem Provisória de Restrição) de emergência.

Com isso em mente, Lily assentiu. Pôs sua melhor cara novamente e aquietou as mariposas em seu estômago. Ela parou e alisou elegantemente sua saia.

Então se dirigiu pelo corredor até o escritório do chefe dos sócios.


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